domingo, 30 de junho de 2013

Contraponto 11.586 - "Médicos brasileiros X Médicos cubanos"

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30/06/2013


Médicos brasileiros X Médicos cubanos

 

Do Direto da Redação - 27/06/2013 

 

 

Urariano Mota

 

Recife (PE) - Na coluna “Um golpe comunista no Brasil”, nós já havíamos obervado que a Associação Médica Brasileira havia ameaçado acionar a Justiça e levar a classe, dos MÉDICOS, para as ruas, caso a ex-terrorista Dilma Rousseff importasse médicos cubanos. O presidente da associação Floriano Cardoso chegara mesmo a afirmar que o governo seria o responsável direto por erros, complicações e mortes que poderiam ocorrer caso médicos incompetentes passassem a atender o povo brasileiro.


Naquela ocasião, nada dissemos do risco de erros e de morte que todos já sofremos sem necessidade de importação dos médicos de Cuba. Os formados em medicina nas faculdades caça-níqueis, os profissionais submetidos ao regime do lucro e do desprezo pela vida da população já dão conta, com muita competência, do serviço.

 
Para isso, para quê trazer o jaleco alienígena? Mas agora, o que antes era ameaça se concretiza: a AMB (Associação Médica Brasileira) anunciou ontem que haverá uma paralisação nacional dos médicos no dia 3 de julho. O protesto, segundo a entidade, será feito por conta da decisão do governo federal de trazer médicos do exterior para que trabalhem no  Sistema Único de Saúde.


Avisa a AMB que serão mantidos apenas os serviços de urgência e emergência. Cirurgias e atendimentos eletivos, por exemplo, não serão feitos em 3 de julho. Não vem ao caso aqui, longe do colunista sequer a insinuação, que na greve serão mantidos todos os gêneros de cuidados médicos nos hospitais privados e nas clínicas particulares. Como o Dr. Jekyll, muitos dos nossos profissionais de medicina têm uma face pública e uma privada, queremos dizer, uma face particular, das suas contas bancárias. Sobre isso nem é bom falar. É natural, elementar, Mr. Hyde,  que todo o mundo precisa sobreviver.


A novidade maior, a esperteza escorregadia, vem do novo discurso dos dirigentes da categoria médica. Eles falam agora que não se opõem à vinda de médicos pura e simplesmente. Não, longe disso. O problema é que os médicos de Cuba têm que passar antes pelo Revalida, a Revalidação do Diploma Médico, porque, afinal, o povo tem que ser bem cuidado, não é qualquer um chegar aqui com diploma de quinta categoria pra cuidar dos brasileiros.  E sabe o leitor onde reside a esperteza?


O Revalida é uma prova que até mesmo os que a elaboram são incapazes de passar.

Ou segundo as palavras de Heleno Rodrigues Correa Filho, conselheiro do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e professor associado da pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Campinas:


No Revalida, exigem conhecimento sobre coisas que não são da rotina médica diária. E perguntam sobre o que nem eles sabem responder. São exames para reprovar 90% dos candidatos. E reprovam mesmo. O exame de revalidação de diplomas estrangeiros é elaborado por professores de universidades renomadas que estão politicamente decididos a não deixar entrar ninguém. O objetivo não é filtrar profissionais para o mercado, e sim impedir que entrem pessoas. Não há avaliação externa ao Revalida.


Quando são reprovados 90% dos candidatos, ninguém vem a público reclamar de tamanho absurdo, dizer que no Reino Unido ou na América do Norte uma prova assim seria reestruturada. Por que brasileiros passam em exames nos Estados Unidos e americanos não passam no Revalida brasileiro? É porque tem alguma coisa errada... Essa direita que não quer modificações no Revalida é a mesma que não quer as cotas nas universidades e os médicos oriundos dessa escola cubana”.


A opinião acima é um petardo demolidor sobre as boas intenções da AMB. E vem de um especialista médico, que bem conhece a prova e os seus pares. Mas o diabo do Revalida é que ainda assim se aprovam 10%. Então o que exigem mais agora, para que o povo brasileiro não fique sem médicos? Os nacionais querem, por cima, uma prova de português para os médicos alienígenas. É justo. Do meu canto, deixo a sugestão de uma prova matadora desses 10% de invasores.


Na prova de português, os médicos cubanos devem ser submetidos a uma prova dividida em 3 partes. Na primeira, uma análise sintática de todo o canto IV de Os Lusíadas, com identificação de orações, objetos, acessórios, inversões, elisões, alusões, metros raros, mais exegese com identificação dos personagens em Camões e suas biografias. Na segunda, uma interpretação de frases com gírias cariocas, pernambucanas, amazonenses e gaúchas. Na terceira, uma redação toda em termos da fala do caboclo do Acre. Pronto, creio não haver melhor Revalida para nos livrar de mais uma  invasão comunista.

 

Urariano Mota - É pernambucano, jornalista e autor dos livros "Soledad no Recife" e “O filho renegado de Deus”. O primeiro, recria os últimos dias de Soledad Barrett. O segundo, seu mais novo romance, é uma longa oração de amor para as mulheres vítimas da opressão de classes no Brasil.
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Contraponto 11.585 - "O plebiscito do povo"

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30/06/2013

 

O plebiscito do povo 

 

Do Direto da Redação - Publicado em 30/06/2013



Rodolpho Motta Lima

As manifestações populares prosseguem e, com elas, as mais variadas interpretações. Fato inegável, porém, é que, apesar da notória motivação de alguns grupos que, no início, pretenderam  canalizar o movimento para  um golpe institucional, os  resultados já obtidos revelam o indiscutível: é o povo que deve encaminhar o seu destino e só tem sentido a existência da chamada  classe política se ela de fato exercer o papel que a democracia representativa lhe confere.

Não cabe desconsiderar, nesse momento, as consequências para o próprio Governo Federal, materializadas na queda da popularidade de Dilma (de 57% para 30% de “bom” ´”otimo” para o Governo), mesmo sabendo que não é fato novo esse declínio em momentos de crise, principalmente quando amplificada pela mídia. Ele foi experimentada por Lula (28%) e, muito mais, por FHC (13%). Além disso, é bem fácil imaginar que, se houvesse também  pesquisas sobre outros políticos governantes (governadores, prefeitos, etc), os números registrariam  quedas iguais, ou maiores. Há um divórcio entre o mundo dos políticos  no geral  e  o mundo das pessoas que eles dizem  representar. O divórcio é maior para uns, menor para outros, mas exige mesmo reflexões.

Em muitos lugares do planeta em que também ocorreram manifestações populares, a ausência de sensibilidade por parte dos entes governamentais só fez aumentar o clamor  das ruas e praças, radicalizando posições, levando ao impasse.  Mas não está sendo  assim aqui no Brasil.  Aqui, a Presidenta Dilma – que muitos acusam de não ter jogo de cintura para conduzir a política em meio a tantas raposas e cobras  criadas – soube colocar-se, em resposta ao movimento, não apenas reconhecendo, em verdadeira autocrítica,  a necessidade de dar ouvidos às reivindicações, mas elencando, como consequência desse reconhecimento,  algumas metas a serem perseguidas de imediato . (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)

Em um passe de mágica, o quase sempre inoperante e fisiológico Congresso brasileiro apressou-se em votar a destinação dos recursos do pré-sal para a educação (e para a saúde), medida que sempre fora defendida por Dilma e que ela recolocou no centro dos debates.

Os legisladores, acuados pela força dos movimentos populares, colocaram rapidinho abaixo a PEC 37 e votaram a caracterização da corrupção como crime hediondo.

 Prefeitos e governadores dos mais variados partidos promoveram a revisão das tarifas de transporte, um passo inicial para o desenvolvimento da discussão sobre esses serviços, conforme proposto pela Presidenta.

Já que estamos em momento futebolístico, creio que, a partir de agora, vai começar o segundo tempo da manifestação popular.  E, sem dúvida, a maior vitória a obter-se das marchas nas ruas será, se concretizada,  a realização do plebiscito sugerido por Dilma, para definir a reforma política de que carece o país. Como sempre, tenta-se desqualificar a proposta, acusando a Presidência de ter voltado atrás de sua proposta original , que falava em uma Constituinte exclusiva.  Mas a política é, muitas vezes, a arte do possível, e o que Dilma fez, para manter sustentável sua tese  de delegar  decisões diretas ao povo,  foi encampar a posição que uniu a maioria dos seus apoiadores e mesmo de outros segmentos da sociedade, como a OAB e o STF. 

 

Não podendo mais vociferar contra a Constituinte, não mais  colocada em discussão, a Oposição – cujo único programa é ser Oposição – bate-se agora contra o plebiscito e se diz defensora do referendo.


Como afirmei no artigo anterior, e reafirmo agora, quem não sabe brincar nem deve entrar na brincadeira. A exaltação das manifestações populares, aplaudida como um despertar, não pode ser – porque nunca foi – uma palavra de ordem da direita. As ruas pertencem a todos. Agora, as coisas estão colocadas como devem ser. Os golpistas de sempre querem que a única “missão” do movimento seja a punição dos inimigos que consideram corruptos. Quanto aos “amigos”, silêncio total...  Acusam o governo de “desfocar” esse objetivo, que é, aliás a bandeira mais fácil de carregar, porque mesmo os corruptos a defendem... Você conhece alguém que defenda a corrupção?   A corrupção deve , sim, ser combatida, como vem sendo. Aliás, vem aí o outro mensalão, o  da terra do Aécio, que terá como relator o novo ministro empossado no STF. E que tal um movimento para redescobrir a verdade já revelada no livro “Privataria Tucana”, de Amauri Ribeiro Jr? E o Cachoeira, por onde anda?

A corrupção não tem um dono, como insiste em querer fazer crer a oposição e a mídia manipuladora. Ela transcende partidos,  é endêmica, fruto de um sistema apodrecido que passa pelos “sagrados” valores capitalistas e contamina  a política.

E aqui voltamos ao plebiscito. Chega a ser irônica a alegação de que ele é inoportuno, inexequível,  e que o bom é o referendo. Essa distinção marca mesmo as posições, agora claras, de quem acredita na força do povo e de quem apenas quer manipulá-la. O plebiscito nasce do povo e impõe uma decisão aos seus representantes. O referendo é articulado pelos políticos e sutilmente submetido ao povo. O plebiscito é a morte das raposas. O referendo perpetua a situação em que as raposas tomam conta – e se alimentam – das galinhas.

Há, por parte da turma antipovo - que pulula por aí com discurso demagógico  - um grande receio de que a moda pegue. Já pensou, por exemplo, o povo decidindo diretamente a taxação das grandes fortunas, a pauta da Comissão de Direitos Humanos do deputado homofóbico, a realização de uma Lei dos Meios, etc etc etc? 

Há quem diga, hipocritamente, que o povo não entenderia a “complexidade” de uma reforma política. Essa turma precisa se definir: afinal, o povo é ou não é soberano? 

Nos recentes episódios, ele foi à rua contra a PEC 37, porque  foi esclarecido a respeito. Um plebiscito pressupõe debate prévio, esclarecimentos... Mas é isso justamente que a “raposada”  não quer... Então, que venha o plebiscito.


Rodolpho Motta Lima. Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil. 

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PITACO DO ContrapontoPIG


Por que será que só a palavra plebiscito deixa a direita em pânico? 

Direitistas fogem de consulta popular como o diabo da cruz

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Contraponto 11.584 - "Dilma, Lula e a legitimidade "

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30/06/2013


Dilma, Lula e a legitimidade

 

Do Tijolaço - 30 de Jun de 2013 | 14:20


A legitimidade de um Presidente da República, numa democracia presidencialista, vem, obviamente, dos votos que o elegeram.

A de Dilma Rousseff, portanto, provém dos  55.752.529 brasileiros que sufragaram seu nome, 12 milhões a mais do que aqueles que preferiram José Serra, seu oponente no segundo turno.
Isso é inquestionável e merece o respeito de todos aqueles que não sejam golpistas, para os quais só há democracia quando eles estão no poder.

Mas a origem dos  55.752.529 votos de Dilma também faz parte de sua legitimidade.
E essa origem chama-se (governo) Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi ele quem a apresentou e avalizou ao povo brasileiro e, por isso, é a fonte primária do processo eleitoral que levou os brasileiros a conduzi-la à Presidência.

Por isso, nem ela nem ele podem e devem dar ouvidos aos assessores que temem que o ex-Presidente venha, no momento decisivo, partilhar com ela o enfrentamento de um  instante crucial para o projeto político que ambos representam, porque uma aparência de duplicidade de comando não seria bem entendida pela opinião pública.

Ora, o povo brasileiro não apenas entende como deseja que seu melhores líderes, Lula e Dilma – onde está outro que mereça tanta confiança, mesmo nas pesquisas feitas agora, em meio à crise? – atuem juntos e firmemente nesse momento em que as instituições políticas, em parte por sua própria omissão e indiferença, estão sob o descrédito da rua.

Lula, é claro, por respeito político e pela consideração pessoal que tem à Presidenta, só poderá ocupar este papel se convidado a isso, e nos espaços políticos em que isso lhe venha a ser solicitado.

Não é crível que não o esteja sendo, e para ocupar a co-liderança da luta, porque Dilma é a primeira pessoa a saber que dele brotou sua legitimidade, consagrada pelas urnas.
Como não é crível que, chamado a cooperar, Lula pudesse estar se negando, até porque todas as suas (poucas) manifestações  públicas têm  sido de total apoio a Dilma.

O evidente, para qualquer pessoa acostumada a observar as relações entre pessoas no poder, é que, em matéria de decisões de Governo, é que Lula só  secundará Dilma, mas não antecipar-se a ela, em hipótese alguma.

E, portanto, enquanto a Presidenta não fala, Lula se cala, achando ou não que é preciso falar.
Como, provavelmente, acha, porque Lula sabe que líder que não fala não é líder, está morto politicamente.

Mas existe um campo de batalha onde não podem haver e não haverá estes melindres e delicadezas.

A luta política pelo plebiscito, que será a “avant-première” das eleições de 2014.
Mesmo as pesquisas divulgadas ontem e hoje não são capazes de negar que a Lula permanece intacto o arsenal de prestígio político que pode mobilizar para este combate a partir do que Dilma propuser.

E, pior ainda para a oposição, devolverá o ex-presidente ao centro do cenário político e manterá vivo o “pesadelo” de que ele próprio,  por mais sinceras que sejam suas negativas de que pudesse vir a ser o candidato do campo da esquerda, possa assumir outra vez a representação do campo popular.

O tempo que perdemos é grave e aí estão as sondagens de opinião para mostrar que sim.
Mas só será fatal se perdermos o foco no que é a essência da legitimação deste Governo nas urnas de 2010.

A de que Lula é Dilma, porque a escolheu para apresentar e pedir-lhe a confiança ao povo brasileiro.

E de que Dilma é Lula, porque essa foi a fonte original de sua legitimidade, confirmada pelas urnas e, neste momento, o que a faz responsável por apontar  o caminho de mudança que o povo brasileiro quer.

Não para que andemos para trás, mas para que avancemos mais.
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Contraponto 11.583 - "Lula venceria eleições no primeiro turno"

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30/06/2013

 




Folha de S. Paulo

Dilma perde apoio, e eleição de 2014 iria para o 2º turno

Assim como a popularidade, intenção de voto na petista desaba 21 pontos em três semanas, revela o Datafolha


Num dos cenários em que tem nome listado, Lula venceria no 1º turno; taxa de eleitores sem candidato dobra


FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Depois de três semanas de manifestações de rua em todo o país, a presidente Dilma Rousseff é a pré-candidata que mais perdeu apoio na corrida pelo Planalto.


Sua taxa de intenção de votos caiu até 21 pontos percentuais. Embora ainda lidere a disputa de 2014, a queda indica que hoje ela teria de enfrentar um segundo turno.

Para piorar a situação da presidente, seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, se mostrou bem mais resiliente à insatisfação geral dos eleitores com os políticos.

Além de ter perdido só dez pontos percentuais, o petista ainda ganharia no primeiro turno a eleição hoje em um dos cenários apresentados.

Há um crescente movimento dentro do PT que pede a volta de Lula em 2014.

O Datafolha foi às ruas na quinta e na sexta-feira. Entrevistou 4.717 pessoas em 196 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O cenário hoje mais provável para a sucessão inclui Dilma, Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Nessa simulação, a petista tinha 51% das intenções de voto nos dias 6 e 7 deste mês. Agora, desceu para 30%. Esse é o mesmo percentual da aprovação de seu governo, apurada no mesmo levantamento e divulgada ontem pela Folha.

Nesse mesmo cenário, Marina Silva subiu de 16% para 23%. Aécio Neves foi de 14% para 17%. Campos oscilou de 6% para 7%.

Os três adversários juntos pularam de 36% para 47%. Nessa hipótese, seria realizado um segundo turno entre a petista e Marina.

Impressiona o aumento de eleitores sem candidato --que dizem não saber quem escolher ou que afirmam votar em branco, nulo ou nenhum. No início do mês, eram 12%. Agora, são 24%.
No outro cenário no qual Dilma aparece como candidata é incluído também o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa --que tem negado intenção de disputar eleições. 

Nessa hipótese, a petista tem 29% e há três nomes empatados em segundo lugar: Marina (18%), Aécio e Joaquim (15% cada um). Campos pontua 5%.

Lula é testado em duas simulações. Numa delas, vai a 45%. Nesse cenário, Marina, Joaquim, Aécio e Campos somam juntos 43% e ficam empatados tecnicamente com o ex-presidente. Haveria possibilidade de segundo turno.

Em outra cartela, quando o nome de Joaquim não é incluído, Lula tem 46% contra 37% de Marina, Aécio e Campos somados - aí o petista venceria no primeiro turno.

No geral, é possível dizer que os votos perdidos por Dilma foram, em parte, herdados por Marina e Joaquim. Um outro segmento de ex-dilmistas preferiu fazer um "pit stop" no grupo dos que não têm candidato. Aécio e Campos não se beneficiaram da desidratação de Dilma.

Outro indicador duro com a atual presidente é na pesquisa espontânea, aquela na qual o entrevistado não é confrontado com uma lista de nomes. A petista já havia caído de 35% para 27% de março para o início de junho. Agora, bateu em 16%. Lula se manteve estável, com 6%. Joaquim Barbosa, que nunca aparecia na pesquisa espontânea, surge com 2%.

Há oscilações nas intenções de voto quando se comparam as taxas do interior do país e de áreas urbanas. Dilma vai melhor no interior.
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Contraponto 11.582 - "Sonegação da Globo tem o fedor da Privataria"

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30/06/2013

Sonegação da Globo
tem o fedor da Privataria


Do Conversa Afiada - Publicado em 29/06/2013


A Globo derruba a Dilma e negocia com o Temer pagar em cem anos. Bingo !




O ansioso blogueiro perguntou a um leão da Receita – daqueles que não tinham medo e cobravam de todo mundo … – se a Globo já tinha pago a multa devida pela sonegação que o Miguel do Rosário denunciou.

Resposta interessante:

A Globo não pagou. Nem fez acordo. O caso está no site da Receita inscrito como “em trânsito”, segundo um amigo. Ou seja, deve ter ficado preso num engarrafamento. Talvez tenha havido um protesto na rua.






 



Navalha 















 Não é preciso ser um engenheiro da NASA para entender a acrobacia.

A Globo derruba o Governo nas manifestações, dá posse ao Temer e paga a dívida em suaves prestações mensais ao longo de 100 anos.

Interessante também foi a interpretação que o ansioso blogueiro recolheu do Vasco, que leu e releu o Privataria Tucana, do Amaury Ribeiro jr.

(Engraçado, o pessoal da doença infantil do transportismo não levou nenhuma faixa para a Avenida Paulista pedindo a apuração da Privataria ou a legitimação da Satiagraha. Deve ter sido um lapso …)

O relatório do auditor Alberto Sodré Zile – que jamais aparecerá para as suaves apresentadoras da GloboNews – fala em “em aparência” para “dissimular”, ao descrever a operação da Globo num paraíso fiscal.

O Vasco mergulhou no relatório e no livro do Amaury e concluiu.

A Globo pode ter aberto uma empresa de fachada nas Ilhas Virgens para adquirir os direitos de transmitir a Copa do Mundo.

Uma empresa dela mesma, a Globo.

Para não pagar o imposto devido – deve ser em torno de 15% !!! – ela simula que essa empresa offshore foi que comprou os direitos.

A Globo do Brasil manda o dinheiro para a Globo offshore.

A Globo offshore compra os direitos.

A Globo fica com os direitos.

Não paga o imposto e em seguida fecha a empresa offshore.

Bingo !

Isso fede a Privataria Tucana, lembrou o Vasco, sempre alerta.

Essa é a tecnologia descrita no livro do Amaury para as operações do clã Cerra: Ricardo Sergio de Oliveira, o “Mr Big”, aquele do se isso der m…, Verônica Cerra e seu marido, Alexandre Bourgeois.

Abria a empresa nas Ilhas Virgens – as mesmas ilhas, coitadas, estupradas por brasileiros ilustres … – o clã Cerra fazia a negociata, não pagava imposto, lavava o dinheiro aqui dentro, numa boa, e depois fechava a empresa.

Tudo isso debaixo das barbas da Policia Federal do zé Cardozo !

E quem vai em cana é o Genoíno.

Quá, qua, quá !

Viva o Brasil !

Em tempo: o Bessinha, como se vê, presta singela homenagem ao Faustão, o filósofo do Faustão, que recebe os amigos para uma pizza em casa. Esse Bessinha …

Paulo Henrique Amorim
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Contraponto 11.581 - "O Brasil não se entedia"

 
30/06/2013

O Brasil não se entedia

 
 
Do rsurgente - junho 30, 2013 
 
 
 Por Marco Aurélio Garcia (*)
 

mag150Os franceses compreenderam, há 45 anos, que fatos aparentemente anódinos podem ser a origem de eventos de proporções históricas. Um acontecimento menor, em Nanterre, foi o estopim que provocou uma das maiores explosões sociais e políticas da segunda metade do século passado : o Maio de 68. Não se trata, obviamente, de explicar a amplitude dessa « deflagração » por seu « detonador », se bem que os laços entre os dois fenômenos sejam evidentes.

Em São Paulo, há pouco mais de uma semana, o aumento de 20 centavos no preço da tarifa de ônibus deu origem a uma onda de protestos que se propagou rapidamente por centenas de cidades brasileiras, para se tornar no que pode ser considerada a maior mobilização social que o país conheceu depois do fim da ditadura militar. O que, a primeira vista, parecia corresponder a uma demanda específica, transformou-se rapidamente em um movimento no qual convivem inúmeras – e às vezes contraditórias – reivindicações.

Tudo leva a crer que, apesar da grande transformação econômica e social que o Brasil viveu nos últimos dez anos, em consequência das reformas implementadas pelos governos de Lula e de Dilma Rousseff, o país « se entediou », como disse Pierre Viansson-Ponté a propósito da França, na véspera do Maio de 68.

O « tédio » brasileiro pode parecer paradoxal. Co efeito, nestes dez últimos anos, o país retomou o caminho do crescimento, após mais de 30 anos de estagnação. E conseguiu aliar a esse crescimento a saída de mais de 40 milhões de homens e de mulheres da condição de pobreza, sem sacrificar para isso o equilíbrio macroeconômico. O Brasil vive hoje uma situação de quase pleno emprego, com aumento significativo da renda dos trabalhadores. A vulnerabilidade externa da economia foi controlada. O país passou de uma situação de devedor a de credor internacional. Mesmo os problemas conjunturais que a economia brasileira enfrenta hoje não colocam em questão as perspectivas de seu desenvolvimento futuro.

Pela primeira vez na história do país, um governo decidiu enfrentar o problema principal de sua formação social : a desigualdade. Essa mudança foi realizada – uma façanha, aliás – ao mesmo tempo em que as liberdades democráticas foram aprofundadas. A presidenta Dilma Rousseff saudou a « voz das ruas », condenou os excessos das forças de segurança e convocou a Brasília os principais porta-vozes dos movimentos para um debate franco. Não estamos, portanto, diante de um movimento contra o autoritarismo.

No entanto, é impossível negar a existência de um mal estar na sociedade brasileira, que diz respeito a todas as instituições em seus diferentes níveis. Esse sentimento decorre de problemas de duas ordens distintas.

Em primeiro lugar, apesar dos grandes avanços dos últimos dez anos, as condições de vida de milhões de brasileiros seguem difíceis, incluídos aí os milhões que viveram recentemente uma ascensão econômica e social. A democratização do acesso à educação não foi acompanhada em todo o país por uma melhoria equivalente da qualidade. Nos serviços de saúde, áreas de excelência convivem com setores extremamente deficientes. A urbanização acelerado do país, que conta com aproximadamente 200 milhões de habitantes, colocou em evidência a situação precária do transporte nas cidades, onde os trabalhadores perdem horas de sua jornada para sair de suas casas e chegar até o local de trabalho.

A referência a esses três temas, evocados nos cartazes dos manifestantes, é pertinente. Ela diz respeito a problemas que fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros.

A segunda razão desse mal estar brasileiro está ligada à esfera política. As mudanças econômicas e sociais dos últimos anos não foram acompanhadas pelas transformações institucionais necessárias dos poderes do Estado, dos partidos, e também dos meios de comunicação, fortemente concentrados no Brasil.

Os manifestantes reivindicam serviços públicos de qualidade, fustigam a burocracia e a corrupção. Mesmo no « país do futebol » os gastos com a preparação da Copa do Mundo e da Copa das Confederações tornaram-se alvo das manifestações. Critica-se sua falta de transparência.

Após dois pronunciamentos endereçados à nação, a presidenta da República retomou a iniciativa política. Para além do desenvolvimento das políticas públicas atuais, ela sublinhou a necessidade de uma ampla reforma política. Como em outras partes do mundo, especialmente na América do Sul, as instituições se revelaram tímidas e insuficientes face ao alargamento do espaço público e à integração em seu interior de novos sujeitos políticos.

Uma reforma política é essencial sobretudo no domínio da luta contra a corrupção, que como é o caso habitualmente na história, é apresentado por certos setores como o principal problema a resolver. As críticas formuladas pelos defensores dessa oposição são dirigidas principalmente às instituições, sem distinção, e aos partidos políticos em particular.

É bem conhecido que o ataque contra as instituições, em especial contra os partidos que constituem as bases sociais, reflete duas orientações. A primeira está ligada a uma regressão autoritária, que se articula em torno de um « homem providencial », capaz de implementar uma contrarreforma econômica e social.

A segunda, de natureza democrática, preconiza uma reforma urgente e profunda das instituições, em especial, dos partidos políticos. Hoje, uma tal reforma exigiria mudanças na lei eleitoral para corrigir as graves distorções dos mecanismos de representação, adotando o princípio do financiamento público das campanhas para eliminar a influência exercida pelo poder econômico nas eleições. Essa reforma deveria igualmente elaborar os mecanismos para fortalecer os programas do partidos, abrindo espaço para uma participação mais importante e determinante da sociedade na vida política. Neste sentido, a multiplicidade de mecanismos de controle de políticas públicas pela sociedade, de instrumentos como o « recall » de eleitos, e as consultas populares tornam-se pertinentes.

A crise profunda que atravessa o mundo hoje não diz respeito somente à economia. Os modelos políticos democráticos são, eles também, confrontados pelo desafio da mudança.

O Partido dos Trabalhadores, que foi a ponta de lança das transformações no Brasil nos últimos anos – não se opõe à necessidade de mudança. Nascido há 33 anos das lutas sociais, e comprometido com todos aqueles que viviam à margem da política neste país, o partido precisa hoje se renovar e reencontrar esse elan generoso que animou seus primeiros anos de vida.


(*) Artigo publicado originalmente no jornal Le Monde. Tradução de Marco Aurélio Weissheimer

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Contraponto 11.580 - "Barão pedirá que MP use seus poderes para investigar emissora"

 

30/06/2013

 

Barão pedirá que MP use seus poderes para investigar emissora



Do Viomundo - publicado em 30 de junho de 2013 às 0:27




Mensalão da Globo: se pagou, mostra o DARF!

 

por Miguel do Rosário, nO Cafezinho, 29/06/2013 – 11:15 pm


Minha fonte me liga para contestar a informação divulgada pela Globo, via UOL, (clique aqui), de que ela quitou a dívida de R$ 615 milhões com a Receita Federal.

A dívida é a soma do impostos mais juros e multa, resultantes de um auto de infração no qual a Receita detectou a intenção da Globo de fraudar o fisco. Em valores atualizados, chegaria perto de R$ 1 bilhão.

“Se ela pagou, então mostra o Darf, o povo quer saber”, diz o garganta profunda deste humilde blogueiro. Darf, como todo bom pagador de impostos sabe, é o documento da receita onde o contribuinte registra o pagamento de uma dívida tributária.

“Se tivesse pago, o processo não estaria constando como ‘em trânsito’, conforme se pode verificar com uma Consulta Processual no site da Receita Federal”.

Eu, um simples blogueiro leigo em assuntos tributários, que não trabalho na Receita, posso apenas repetir os garotos que protestam na rua e dizer à Globo: desculpe o transtorno, estamos mudando o Brasil: mostre o DARF.

Eu consultei o site da Receita e, de fato, consta lá “em trânsito” no processo que investiga a fraude da Globo. O leitor mesmo pode acessar o site da Receita e checar:

http://comprot.fazenda.gov.br/E-Gov/cons_generica_processos.asp
Vai encontrar isso:


Outra coisa, na matéria do UOL, o número do processo está errado. O número é de uma etapa anterior. O processo mais atualizado, com o assunto ” representação fiscal para fins penais”, é o que reproduzimos acima.

De qualquer forma, nos consideramos parcialmente satisfeitos por saber que a Globo admitiu a sua estrepolia. A Receita concluiu que houve uma gravíssima e comprovada fraude tributária e aplicou multa à empresa. O que está em aberto é se a Globo pagou ou não. A Globo diz que sim, mas minha fonte diz que não. Se pagou, diz ela, porque o processo consta ainda “em trânsito”?

Um detalhe: quem responde pela Globo, na matéria do UOL, é uma “assessoria particular”. Não é a assessoria oficial da empresa, nem nenhum funcionário autorizado. “Isso está me cheirando a bucha. Jogaram um verde, pra ver se cola”, diz minha fonte.

Bem, talvez a emissora esteja correndo contra o tempo, juntando as economias aqui e ali, para pagar logo o débito. Para uma família cuja fortuna é estimada em mais de R$ 20 bilhões, uma dívida de R$ 1 bilhão não é nada de outro mundo. Para o povo brasileiro, contudo, é muito dinheiro. Suficiente para dar passe livre a estudantes de todo o Brasil, por um ou dois anos.

A minha fonte pergunta: “por que, após a procuradora da receita dar um voto dela – está lá no slideshare – recomendando que o processo fosse criminalizado, o Ministério Público não entrou em campo? Por que a Globo não foi inscrita na Dívida Ativa da União? A Globo é detentora de uma concessão pública, de maneira que o MP tem obrigação constitucional de investigar minuciosamente qualquer irregularidade.”

À guisa de conclusão, algumas observações importantes.

1. Mesmo que a Globo tenha pago a dívida, o que ela deve provar, isso não a exime do crime contra o fisco. Quando um ladrão de galinha é flagrado com a galinha em sua panela, o fato de devolvê-la ao dono não lhe tira a desonra de ter roubado. A gente fica imaginando quantas vezes isso não aconteceu antes, quando sua influência junto às autoridades era ainda maior do que hoje.

2. O Barão de Itararé, núcleo Rio de Janeiro, estará, segunda-feira, protocolando esses documentos junto ao Ministério Público, para que investigue a tentativa dos platinados de desviar dinheiro público.

3. No dia 03, quarta-feira, movimentos sociais farão uma manifestação em frente à Globo, no Jardim Botânico. Começa às 17 horas, com entrega do documento da fraude fiscal na portaria da empresa.  Às 17:30, haverá assembleia popular no local, para discutir regulação da mídia; e às 18:00 começará um protesto, no mesmo local, contra o monopólio da Globo.
Ajude a divulgar o protesto na porta da Globo: https://www.facebook.com/events/562115547160522/

Leia também:
Globo diz ao UOL que pagou multa por sonegação fiscal
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Contraponto 11.579 - "Xeque-mate"



30/06/2013

Xeque-mate


No Jornal o Povo - 30/06/2013

Valdemar Menezes

A presidente Dilma Rousseff desarmou o esquema desestabilizador montado contra seu governo ao colocar a reforma política na ordem do dia e defender que o povo opine diretamente sobre como deve ser essa reforma.(Todos os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG) 
Os que não cansavam de repetir hipocritamente “como é bonitinho o povo na rua” - imaginando que conseguiriam manipulá-lo - levaram um susto quando a presidente disse que era preciso ouvir esse mesmo povo, através de consulta direta, para que opine sobre a reforma política. A partir desse anúncio, foi um deus-nos-acuda nos segmentos que sempre emparedaram as reformas sociais e políticas no País. Dilma passou a ser chamada de “chavista” e “totalitária”, pois, para os donos do Brasil esse negócio de o povo intervir diretamente no processo decisório é um escândalo. Com esse simples gesto, a presidente desmascarou, perante a opinião pública, quem de fato está ao lado dos anseios populares e quem utiliza a palavra “povo” apenas como retórica vazia.

ESPORADA

A palavra mágica para dar uma sacudidela no Congresso Nacional foi “Constituinte Exclusiva”. Funcionou como uma esporada na ilharga de um cavalo modorrento. Bastou mencioná-la para que todos saíssem em disparada para impedir qualquer mudança efetiva nas regras atuais, beneficiadoras do status quo. Foram mobilizados todos os meios para lançar no ar o espantalho do “totalitarismo”. Claro que a presidente tinha noção de que se seguisse a via da Constituinte Exclusiva o processo seria moroso e polêmico. O que ela queria mesmo era dar mecanismos de decisão ao povo. Se tivesse falado apenas em plebiscito, não teria saído do lugar – pois para justificar objeções à participação do povo há doutrinas de toda ordem. Curvou-se, então, ao argumento da morosidade, mas conseguiu garantir, no final, o que queria: que o povo fosse ouvido. Pois, intervir nas decisões políticas é a cobrança principal da rua - o resto é decorrência dela. 

“PRATO FEITO”

Sem prever as declarações do próprio presidente do STF, Joaquim Barbosa - a favor da “inclusão do povo na definição da reforma” - e de seu colega Celso de Mello (“o povo tem o direito de exercer diretamente o poder nas hipóteses previstas em nossa lei fundamental”), a oposição conservadora reagiu como se esperava: condenou o plebiscito. Ao fazê-lo deixou cair a máscara. Quem não se lembra do refrão “o brasileiro não sabe votar”? Os liberais sempre preferiram entregar ao povo o “prato feito”. Daí, a proposta do referendo. Não acreditam que o “peão” (povo) tenha capacidade de escolher o próprio cardápio. Como se sabe, no plebiscito o cidadão é ouvido antes de se aprovar uma proposta. Já no referendo, apresentam-lhe a proposta montada e votada previamente pelos próprios políticos. Só depois o povo vai dizer se a aceita ou a rejeita, em bloco. É o “prato feito”. Acontece que o povo agora quer escolher, um a um, cada ingrediente a ser colocado no prato. Um duro choque para os políticos. O povo quer plebiscito, não referendo.
 
DESIDRATAÇÃO

O único receio dos setores populares é que os segmentos conservadores da base governista e os que participam no próprio governo desidratem o plebiscito proposto por Dilma, deixando de apresentar ao eleitor o conjunto dos ingredientes necessários à confecção do prato (isto é, à reforma política). O direito de participar nas decisões políticas e administrativas é um deles. E aí entra o recall (direito de o eleitor cassar o representante). Aliás, esse instrumento foi sugerido por Joaquim Barbosa e apoiado por Celso de Mello. Muito bom seria retirar a exclusividade do Congresso Nacional para convocar plebiscitos e referendos. O cidadão mesmo quer ter o direito de propor plebiscitos e vetar leis que considere lesiva aos interesses da coletividade.

DE FATO

A democracia participativa, mesmo que ainda não formalizada, já está em pleno funcionamento no País, na prática. Será difícil ignorá-la daqui para frente, depois que o povo sentiu seu gosto. Este entendeu que só se mobilizando as coisas caminham neste País. Esta é a lição aprendida agora. Os políticos conservadores vão tentar travar essa conquista. Ledo engano. Como diz Roberto Carlos, “daqui pra frente tudo será diferente”. Seria mais sábio regulamentar a democracia participativa do que fazê-la funcionar apenas pela pressão das ruas. Só não enxerga essa mensagem, quem realmente não quer ver.

BLOQUEIO 

Longe de estar ausente dos acontecimentos, o ex-presidente Lula concitou os movimentos sociais, as centrais sindicais e as entidades estudantis a participar das manifestações para bloquear as manipulações da direita e evitar que o governo seja imobilizado pelos segmentos conservadores (que estão não só na oposição, mas também na própria base aliada e, inclusive, dentro do governo). Quanto mais o povo está nas ruas, mais Dilma se vê um pouco mais livre dos laços imobilizadores dos aliados fisiológicos. Basta ver o quanto o Congresso trabalhou nos últimos dias. O governo vive chantageado pela coalizão feita com as forças conservadoras. Se não faz alianças, não tem maioria mínima para funcionar. Se faz aliança, fica sob constante ameaça de rebelião dos que impõem a satisfação dos próprios interesses para continuarem apoiando. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Só com o povo pressionando, através da democracia participativa, 

Dilma poderá se livrar desse tipo de chantagem.
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sábado, 29 de junho de 2013

Contraponto 11.578 - "O que dizem as pesquisas pós-manifestações"

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29/06/2013

 

 





Autor: 
 
Algumas considerações sobre a pesquisa Datafolha registrando queda de popularidade de Dilma Rousseff.

Foi uma bela queda, mas Inês não é morta.

O que ocorreria se o Datafolha incluísse em sua pesquisa a avaliação sobre outros personagens da política: Geraldo Alckmin, Antônio Anastasia, Sergio Cabral, PT, PSDB, Aécio Neves, Congresso, STF? Todos registrariam queda similar. Foi o mundo político que desabou, não apenas um personagem ou outro. Obviamente, o personagem maior - a presidente - está exposta a desgaste maior.

 
Esta semana, pesquisa similar ao da Datafolha – contratado por um grupo de empreiteiras – revelou o seguinte:

  1. Queda de Dilma e Alckmin, Dilma um pouco mais, Alckmin um pouco menos.
  2. Queda expressiva tanto do PT quanto do PSDB. Incluindo aí o presidenciável Aécio Neves.
  3. Quem ganha são apenas Marina Silva, que sobe um pouco e Lula, que sobe mais – tanto na avaliação pessoal quanto do seu governo.
Chama atenção, no entanto alguns aspectos da pesquisa Datafolha:
  1. Mesmo tendo desabado, os índices de Dilma ainda são positivos. A maior parte dos que saíram do campo do ÓTIMO e BOM migrou para REGULAR. Agora, são 25% de RUIM e PÉSSIMO – um salto expressivo, ante os 9% da última pesquisa. Mas são 43% de REGULAR e 30% de ÓTIMO e BOM.
  2. O Datafolha omitiu a aprovação pessoal de Dilma. Como existe proporcionalidade entre a nota e a aprovação, analistas estimam que possa estar entre 55% e 58%.
  3. Em relação aos passos pós-crise, dois pontos a favor de Dilma. Em relação ao comportamento de Dilma frente aos protestos, 26% avaliaram como RUIM e PÉSSIMA contra 32% de ÓTIMA ou BOA e 36% de REGULAR. E 68% aprovaram a ideia do plebiscito.
Em suma, a bola continua com Dilma. Passado o impacto emocional das passeatas, sua maior ou menor aprovação dependerá de seus próximos passos. Se conseguir reestruturar seu governo e dar provas maiúsculas de melhoria de gestão e de interlocução, supera o momento. Se não conseguir, seu governo irá se arrastar até as eleições.
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Contraponto 11.577 - "Plebiscito pode economizar bilhões"

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29/06/2013

Plebiscito pode economizar bilhões


 

Da ISTO É INDEPENDENTE - 29/06/2013 

Em minha humilde ignorância, confesso que não entendo quem diz que o plebiscito sobre reforma política pode custar caro demais. Meio bilhão, disse alguém.

Paulo Moreira Leite


Até ministros do STF tocaram neste assunto. 

Data Venia, eu acho estranho.


Falar em meio bilhão ou até mais é falar de uma pechincha.


Nós sabemos que o Brasil tem um dos sistemas eleitorais mais caros do mundo. Isso porque é um sistema privado, em que empresas particulares disputam o direito de alugar os poderes públicos para defender seus interesses em troca de apoio para seus votos. As estimativas de gastos totais – é disso que estamos falando -- com campanhas eleitorais superam, com facilidade, meio bilhão de reais. 

São gastos que ocorrem de quatro em quatro anos, aos quais deve-se acrescentar uma soma imponderável, o caixa 2. Sem ser malévolo demais, não custa recordar que cada centavo investido em campanha é recuperado, com juros, ao longo do governo. Quem paga, mais uma vez, é o contribuinte. 


O debate não é apenas este, porém.  


Um plebiscito pode dar um impulso decisivo para o país construir um sistema de financiamento público, em que os recursos do Estado são empregados para sustentar a democracia – e não negócios privados.


Explico. Nos dias de hoje, o limite dos gastos eleitorais é dado pelo volume dos interesses em jogo. Falando de um país com um PIB na casa do trilhão e uma coleção de interesses que giram em torno do Estado na mesma proporção, você pode imaginar o que está em jogo a cada eleição.


Bancos contribuem com muito. Empreiteiras e grandes corporações, também. Como a economia não é feita por anjos nem a política encenada por querubins, o saldo é uma dança milionária na campanha. Troca-se o dinheiro da campanha pelo favor do governo. 

Experimente telefonar para o gabinete de um simples deputado e pedir para ser atendido. Não passará do cidadão que atender o telefone e anotar o recado, certo?


Mas dê um milhão de reais para a campanha deste deputado e conte no relógio os segundos que irá esperar para ouvir sua voz ao telefone. Não é humano. É político.


Não venha me falar que isso acontece porque o brasileiro está precisando tomar lições de moral na escola e falta colocar corruptos na cadeia em regime de prisão perpétua.


O sistema eleitoral norte-americano é privado, os poderes públicos são alugados por empresas de lobistas e muito daquilo que hoje se faz por baixo do pano, no Brasil, pode-se fazer às claras nos EUA.


A essência não muda, porém. Empresas privadas conseguiram impedir uma reforma do sistema de saúde que pudesse atender à maioria da população a partir de uma intervenção maior do Estado, como acontece na Europa. Por causa disso, os norte-americanos pagam por uma saúde mais cara e muito menos eficiente em comparação com países de desenvolvimento semelhante.


A força do dinheiro privado nos meios políticos explica até determinadas aventuras militares, estimulando investimentos desnecessários e nocivos ao país e mesmo para a humanidade.


Só para lembrar: na Guerra do Iraque, que fez pelo menos 200.000 mortos, George W. Bush beneficiava, entre outros, interesses dos lobistas privados do petróleo, negocio dos amigos de sua família, e de empresas militares, atividade do vice Dick Cheney.


Essa é a questão. A reforma política poderá consumar a necessária separação entre dinheiro e política, ao criar um sistema de contribuição pública exclusiva para campanhas eleitorais, ponto decisivo para uma política feita a partir de ideias, visões de mundo, valores e propostas – em vez de interesses encobertos e fortunas de bastidor.


Pense na agenda do país para os próximos anos. Os interesses privados, mais do que nunca, estarão cruzados no debate público. Avançando sobre parcelas cada vez maiores da classe média e dos trabalhadores, os planos privados de saúde só podem sobreviver com subsídios cada vez maiores do Estado. O mesmo se pode dizer de escolas privadas.


Não se trata, é óbvio, de uma batalha fácil. Não faltam lobistas privados para chamar o financiamento público de gigantismo populista e adjetivos do gênero. Eles não querem, na verdade, perder a chance de votar muitas vezes. No dia em que vão à urna, como eu e você. No resto do mandato dos eleitos, quando pedem a recompensa por seus favores.


Com este dinheiro, eles garantem um privilégio. Impedem a construção de um país onde cada eleitor vale um voto.


Os 513 congressistas que irão debater a reforma política são filhos do esquema atual. Todos têm seus compromissos com o passado e muitos se beneficiam das receitas privadas de campanha para construir um patrimônio pessoal invejável. As célebres “sobras de campanha” estão na origem de muitas fortunas de tantos partidos, não é mesmo?


O plebiscito é um caminho para se mudar isso. Permitirá um debate esclarecedor a esse respeito. Caso o financiamento público seja aprovado, colocará a opinião da população na mão dos deputados que vão esclarecer a reforma.

Paulo Moreira Leite. Desde janeiro de 2013, é diretor da ISTOÉ em Brasília. Dirigiu a Época e foi redator chefe da VEJA, correspondente em Paris e em Washington. É autor dos livros A Mulher que era o General da Casa e O Outro Lado do Mensalão.

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Contraponto 11.576 - "Uma análise do Datafalha. Dá para fazer a limonada"

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29/06/2013

Uma análise do Datafalha.
Dá para fazer a limonada



Do Conversa Afiada - Publicado em 29/06/2013


Por que a Folha não divulga, nunca, a avaliação PESSOAL da Dilma ?


Diante do Datafalha – “Datafalha, Dilma não caiu” -, o ansioso blog procurou reunir alguns pedaços de analise, consultou o Tirésias, o Oráculo de Delfos, o Vasco e outros confiáveis intérpretes, e se permitiu algumas observações: 


Era impossível que, depois do “terremoto neopolítico”,  engendrado na “doença infantil do transportismo”  não ocorresse uma queda  na avaliação da presidenta e de todos políticos, sem exceção.

Porém, Dilma reúne condições para se recuperar por causa dos seus atributos pessoais, do seu governo – o Lulilma – e do campo político do qual faz parte, onde desponta Lula.

Alguns aspectos:

TÉCNICOS

1. Mesmo com a grande queda, o índice ainda é positivo :


a) o número maior é de regular (43%)


b) o segundo é de ótimo e bom (30%)


c) o terceiro ruim e péssimo (25%)

2. Foi mantida a tendência de o aumento do regular ser maior que o do ruim e péssimo;

3. A avaliação por nota continua boa : agora é 5,8 quando antes era de 7,1 (queda de apenas 1,3);

4. Curiosamente, a Folha mais uma vez omite a aprovação pessoal da presidenta (que  deve estar
acima de 50%  – como, normalmente, existe uma proporcionalidade entre a nota e a aprovação, este índice pode estar girando entre 55% a 58% ;

5. Mesmo com toda a queda, este momento de inflexão de Dilma é maior do que o ponto mais baixo de Lula (28%)  e de FHC (13%);

6. E O MELHOR, DO PONTO DE VISTA POLÍTICO :  68% APROVAM A IDÉIA DO PLEBISCITO  E 73% ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE .


POLÍTICOS

a) seguramente não foi apenas a imagem de Dilma que despencou. Sem dúvida, a de todos os políticos,  em especial a dos principais  chefes de executivos: Alckmin, Cabral, Tarso, Anastasia, Eduardo Campriles, Aécio (por tabela), Paes, Haddad.
Os prefeitos das grandes capitais também devem ter despencado ;

b) a massa numérica é maior na presidenta por alguns motivos: quem está mais em cima, cai mais forte;


c) em momento de crise aguda, a pessoa que ocupa o poder central vira o maior
alvo, momentâneo, de insatisfações pois além de ser a “grande autoridade” recebe o “lixo” dos problemas localizados de cada Estado;

d) trata-se de um impacto político-emocional, que pode ser passageiro, pois as condições objetivas da vida das pessoas (salário, emprego, consumo) não mudaram tão abruptamente nas últimas três semanas;


e) o dado mais preocupante é que a  crise atingiu seu Governo em um momento já de queda gradativa, por causa da economia);

f) como não há nenhum líder de oposição ou partido capaz de  encarnar a revolta popular, a possibilidade de recomposição da presidenta é mais fácil.
A única exceção é, talvez,  Joaquim Barbosa, que pode reencenar o Fernando Ferrari contemporâneo: o “mãos limpas”;
Mas, como se sabe, Ferrari perdeu para o Jango.
E se Barbosa tem “mãos limpas” há de ter alguns defeitos para ser um candidato presidencial palatável.
A sua própria isenção ficará comprometida se, em sua presidência, não legitimar a Satiagraha.

Cadeia para todos os partidos, ou o PSDB tem privilegio de fôro ?
E seu ponto mais forte é o fato de a Globo – que sonega impostos – o eleger como “o que mais faz a diferença”.
No Brasil, isso vale mais do que toda a bancada do PMDB na Câmara e a do PT no Senado  …


g) duro, mesmo, vai ser aguentar os mervalicos pigais (*) , as cantanhedes, os prousts de Brasília…


h) Agora, com zé cardozo, Helena Chagas, Bernardão, Gleisi … aí já não é limonada – é óleo de rícino !


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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