quinta-feira, 28 de julho de 2011

Contraponto 5879 - "Contra especulação no dólar, governo sobe imposto e planeja limites"

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28/07/2011


Contra especulação no dólar, governo sobe imposto e planeja limites

Da Carta Maior - 27/07/2011

Ministério da Fazenda decide taxar em até 25%, 16 vezes mais do que hoje, a compra e venda de dólares por especuladores do mercado de derivativos e obrigar o registro público de todos os contratos. Medida provisória também permite ao governo impor limites de quantias e de prazos para transações. Objetivo é frear queda sem fim do dólar, que ameaça exportações e empresas que enfrentam importados. "Agora temos arsenal maior para regular a questão cambial", diz o ministro Guido Mantega.

André Barrocal

BRASÍLIA – O governo decidiu intervir na especulação com o dólar para tentar frear o barateamento da moeda norte-americana, que nos últimos dias atingiu os menores níveis em uma década, prejudicando ainda mais as exportações e as empresas brasileiras que concorrem contra importados dentro do país. Vai taxar em até 25% a compra e venda de dólares feita no chamado mercado de derivativos, exigir o registro público de todos os contratos e poderá impor limites de quantias e de prazos às transações.

“Temos agora um arsenal maior para regular a questão cambial”, disse nesta terça-feira (27/07) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao explicar as medidas, que foram publicadas no Diário Oficial da União. “[O pacote] Atrapalha a especulação e aqueles que estão preocupados em ganhar com a flutuação do câmbio.”

A intervenção vai atingir em cheio operações especulativas por naureza. No mercado de derivativos, investidores negociam valores de um bem (como a cotação do dólar) ou de ativos abstratos (juros), não necessariamente mercadorias físicas. O que comanda as transações, realizadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) de São Paulo, são as apostas dos investidores sobre os rumos de um determinado valor.

Para o governo, a especulação com o dólar no mercado de derivativos tornou-se exagerada. Já seria inclusive possível detectar uma ação deliberada dos especuladores para forçar a cotação do dólar ainda mais para baixo.

Com a alta taxa de juros do Banco Central (BC), uma enxurrada de dólares vem ao país atrás de lucros com títulos públicos. Quanto mais barata estiver a moeda norte-americana, maior será o ganho de quem entrou no Brasil, aplicou no “mercado” e depois voltará ao país de origem. Para aplicar aqui, o investidor troca dólares por reais. Ao ir embora, faz o inverso. Se o câmbio estiver baixo, ele vai obter mais dólares pelos reais que obteve na especulação.

Para enfrentar isso, o governo baixou uma medida provisória (MP) e um decreto. A MP permite ao Conselho Monetário Nacional (CMN) inteferir nos contratos de derivativos para fixar limites de volume e de prazos. Formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC, o CMN tem reunião nesta quinta-feira (28/07) e já está autorizado a definir regras específicas.

A MP também obriga todos os contratos fechados na BM&F a serem registrados em entidades previamente autorizadas a operar pelo Banco Central, o que aumentará o poder do governo de controlar o mercado de derivativos.

Altera ainda lei de 1994 que define alíquota máxima de 1,5% ao dia para o imposto sobre operações de crédito, câmbio, seguro ou títulos e valores mobiliários, o IOF. Com a MP, a taxação dos especuladores no mercado de derivativos poderá ser até 16 vezes maior. Segundo Mantega, o novo limite, de 25%, é “alto”, mas o governo não vai usá-lo de uma vez. O novo IOF será calibrado aos poucos.

Já o decreto autoriza o governo a cobrar 1% de IOF sobre a diferença entre o valor das compras de dólares e o valor das vendas, não necessariamente um resultado de soma zero - há quem se comprometa a vender o que não possui no momento porque só precisa entregar no futuro; até lá, espera lucrar de algum jeito. "Estão ofertando dólar sem pôr dinheiro, isso valoriza o real", afirmou Mantega.
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Contraponto 5878 - "Morvan: os limites da faxina alcançam o minitro da defesa?"

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28/07/2011

Morvan: os limites da faxina alcançam o minitro da defesa?

Jobim por Bessinha

Do Viomundo - 27 de julho de 2011 às 23:56

por Morvan Bliasby

Vinte e seis (26) de julho do ano de dois mil e onze. Este dia pode não ser de nenhuma relevância para os anais de qualquer país, mas, no Brasil, este dia representa uma efeméride, daquelas a nunca mais ser olvidada: o dia em que o Ministro da Defesa peitou (mais uma vez) a Presidente.

O Ministro Jobim, em entrevista à Folha de São Paulo, afirmou “… ter votado em José Serra (PSDB) na eleição de 2010. Segundo ele, a então candidata Dilma Rousseff (PT) sabia de sua preferência pelo tucano. Depois de se eleger e de convidá-lo para o ministério, a petista não teria mais tocado no assunto…”

Leia aqui: oposição diz que outros ministros de Dilma votaram em Serra

Tal fato em si não evoca qualquer surpresa, mesmo para os que não acompanham a política no dia a dia, os quais sabem sobejamente que o Ministro Jobim declara simpatia pelo Projeto político derrotado nas últimas eleições e já é sabido pelos mais avisados que este político não goza de qualquer simpatia junto aos militantes do PT e nem mesmo entre os eleitores de Dilma Roussef, por vários motivos. As declarações do sr. Jobim com relação a determinadas posturas já são bastante corriqueiras; o próprio Ministro falou, há pouco tempo atrás, não haver mais documentos sigilosos a publicar, pois os mesmos teriam sido consumidos (sic!)…

O que causa espécie é a maneira acintosa com a qual o sr. Jobim emite suas ideias (o próprio veículo para transmissão de tais pensamentos já é acintoso, pois o Exmo. Sr. Ministro da Defesa sempre utiliza os canais do PIG para repercutir seus pensamentos), num claro tom de desafio à Presidente, como se dissesse: “Duvido que tu me demitas”.

Há que se ressaltar que a postura do sr. Jobim apresenta uma ambivalência: por um lado, ele é bastante homem para admitir não ter votado em Dilma Roussef; mesmo que o voto seja secreto, é de bastante arrojo declarar ter votado no adversário, principalmente quando não instado a fazê-lo (declarar seu voto). Numa cultura personalista como a nossa, o fato de não ter votado em A ou em B via de regra gera sequelas, ou, na melhor das hipóteses, pequenas pontas de ciúme político. Por sequelas entenda-se o que se quiser, inclusive ostracismo.

Por outro lado, o sr. Jobim poderia ter tido mais hombridade e [ter] declinado do cargo ofertado, afinal, o que se pode fazer em um Projeto preterido por este, ou seja, o outro Projeto, o derrotado, é que contemplava a minha (dele) visão de poder? Como se trabalha com alguém com quem não se concorda, ideológica e politicamente falando? Trabalhar acima do Projeto, pelo bem do país? Bela tentativa; conte-me uma mais plausível! Outra coisa: a expressão “cargo de confiança” nos diz alguma coisa? Muitas. É de confiança por ter o critério de quem o convida, baseado na confiança de fazer (ou de não fazer) algo. É de confiança também porque quem pode nomear pode também, por critérios seus, demitir.

Então, o que leva um ser humano a aceitar um cargo de confiança quando ele mesmo não pode provê-la, por pensar diferente de quem o quis nomear? Vaidade, gana, oportunismo, tudo ao mesmo tempo? Não parece nada enobrecedor, qualquer que seja o motivo que fez o sr. Jobim aceitar o cargo de Ministro da Defesa.

O problema do voto secreto é que ele se assemelha muito a um casamento com relações extraconjugais: o (a) cônjuge pode até tolerar a infidelidade, mas não tolera os relatos…

A Caixa de Pandora está aberta; Jobim abriu-a, mais de uma vez e agora de forma contundente, definitiva, cabal, peremptória, ao peitar a Presidente, mais uma vez.

A Presidente vai demiti-lo ou vai roer a corda? Quais são os percalços ocultos da não demissão do sr. Jobim, caso esta, mais uma vez, não se concretize?

O que há, no Brasil, de tão inconfesso, que faz um simples Ministro peitar o mandatário maior do país e ficar por isto mesmo?

Nestes últimos dias, a palavra faxina tem sido o mote da direita brasileira. Pois bem. Não seria a hora certa de se fazer uma faxina em alguns Ministros claramente destoantes, até adversários, do Governo e, sem prejuízo de tempo, fazer uma faxina na nossa história oficial? Vamos discutir o Brasil com todos os brasileiros, Presidente Dilma!

*Morvan Bliasby é pedagogo, especializado em orientação educacional e em recursos humanos e psicologia organizacional e ganha a vida como servidor público (é agente de administração e trabalha na Seplag – Ce como técnico e especialista autodidata em Software Livre)

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PITACO DO ContrapontoPIG .

O Brasil aplaudiria de pé se a faxina pegasse o Johnbim. O cara está descaradamente provocando e desafiando a Presidenta. Está na hora da Dilma mostrar quem manda na casa. Ninguém é insubstituível.

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Contraponto 5877 - Charges on line do Bessinha

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28/07/2011
Charges do Bessinha (430,431 e 432)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Contraponto 5876 - "Recorrências e incertezas"

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27/07/2011

Recorrências e incertezas

O atual “impasse da dívida pública” americana não passa de um detalhe, dentro de uma luta longa e sem quartel que deverá definir os novos objetivos e caminhos estratégicos dos EUA. Como no mundo físico, estas conjunturas são momentos de grande incerteza e indeterminação, dentro de um sistema mundial que se expande e se transforma.

“Ao longo das últimas décadas, um conceito novo tem conhecido êxito cada vez maior: a noção de instabilidade dinâmica associada ao 'caos'. Este último sugere desordem, imprevisibilidade, mas veremos que não é assim. É possível (...) incluir o caos nas leis da natureza, mas contanto que generalizemos essa noção para nela incluirmos as noções de probabilidade e de irreversibilidade ”.
Ilya Prigogine, “As leis do caos”, Unesp, SP, 2002, p:8

Fica muito difícil de entender a intensidade do conflito e o impasse nas negociações sobre o “aumento do limite da dívida pública americana”, quando se lê apenas a análise dos economistas, sejam eles democratas ou republicanos, ortodoxos ou keynesianos. Uma vez que todos estão de acordo com o aumento do teto da dívida, e com a necessidade de cortar gastos e aumentar impostos. Ainda que discordem sobre as dimensões e sobre o ritmo de implementação destas medidas e, mais ainda, sobre a distribuição dos seus custos, dentro da sociedade americana, que apesar disto, segundo as pesquisas, permanece indiferente com relação ao debate. Talvez, porque a população intua que o conflito não tem a ver com a questão da “dívida pública” e dos “desequilíbrios fiscais”, e envolva desacordos muito mais sérios, que transcendem o campo da economia e das disputas partidárias convencionais.

Divergências profundas, dentro do próprio establishment americano, que só reaparecem periodicamente, em momentos de grandes mudanças mundiais, e, como consequência, na hora de redefinição da estratégia política e econômica, nacional e internacional, do estado norte-americano. Ou, pelo menos, foi o que aconteceu em três momentos cruciais da histórias americana do século XX. Começando pela divisão da sociedade e da elite política norte-americana - antes e depois da Primeira Guerra Mundial - que acabou afastando os EUA da Liga das Nações, e de todas as negociações internacionais que poderiam ter impedido a Grande Crise Econômica, da década de 30, que acabou atingindo em cheio a própria economia americana.

O mesmo voltou a acontecer, antes e depois da Segunda Guerra Mundial, quando o establishment e a sociedade americana dividiram-se de cima abaixo, com relação à própria Guerra, e depois da II Guerra, com relação à estratégia de cerco e isolamento da URSS, e com relação à ordem econômica desenhada em Bretton Woods. Depois da década de 50, a estratégia geopolítica americana pacificou a Europa, e os acordos de Bretton Woods, permitiram a reconstrução do Velho Continente e do Japão, promovendo um crescimento econômico assimétrico mas contínuo, da economia mundial.

Na década de 70, entretanto, os Estados Unidos foram derrotados no Vietnã e sofreram sucessivos revezes políticos e diplomáticos. E no campo econômico, tiveram que abandonar o sistema monetário que tinham criado, em Bretton Woods. Foi uma crise dura e profunda, mas foi também o momento e a oportunidade, em que os Estados Unidos mudaram a sua política econômica internacional. A nova estratégia levou à superação da crise e à uma reviravolta dentro do sistema mundial, mas sua definição tomou uma década – pelo menos – de divisão e de lutas intestinas, em torno da Guerra do Vietnã, da crise do Dólar, do Petróleo, do Oriente Médio, etc. Passando pela retirada da Indochina, pelo fim da convertibilidade ouro-dólar, pela renúncia do presidente Nixon, e pela imensa fragilidade e desorientação dos governos de Gerald Ford e Jimmy Carter, que abriram as portas para a restauração conservadora de Ronald Reagan.

Agora de novo, na primeira década do século XXI, os revezes da política externa americana, somados aos efeitos nacionais e internacionais de sua crise econômica implodiram a coalizão de poder e o consenso dominante, desde a década de 1980, incluindo republicanos e democratas. O mais provável é que esta implosão dê lugar a um longo período de fragmentação de forças e posições, com um nível crescente de conflito e radicalidade, até que seja possível a formação de um novo consenso, como ocorreu no passado. Desta vez, entretanto, o processo será mais complexo, porque apesar das semelhanças, agora o poder americano é muito maior, e sua inserção internacional envolve disjuntivas diferentes, e incompatíveis, nos vários tabuleiros geopolíticos e econômicos do mundo.

Pode parecer paradoxal, mas o aumento do poder global dos EUA, internacionalizou sua política e sua economia, mais do que em qualquer outro país, aumentando a complexidade e confundindo seus conflitos externos, com suas lutas internas. Por isto, não existe a possibilidade, de uma simples repetição do passado, e o único absolutamente seguro, é que o atual “impasse da dívida pública” americana não passa de um incidente e de um detalhe, dentro de uma luta longa e sem quartel que deverá definir os novos objetivos e caminhos estratégicos dos EUA. Como no mundo físico, estas conjunturas são momentos de grande incerteza e indeterminação, dentro de um sistema mundial que se expande e transforma, apesar de suas recorrências.


José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Contraponto 5875 - "O que foram as medidas anti-especulação"

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27
/06/2011

O que foram as medidas anti-especulação



Do Tijolaço - 27/07/2011

Como os jornais não se ocupam de explicar as coisas, vamos tentar entender porque a medida anunciada hoje pelo Governo vai – embora sem a força que poderia ter – ao centro do alvo da especulação financeira com o dólar, ao taxar (minimamente, é verdade, com 1%) o mercado de derivativos.

Bom, mas o que são, afinal, estes tais derivativos?

São os contratos futuros baseados em um ativo (daí o nome de derivativos). E o ativo, no caso, é o dólar.

A função original do mercado de futuros é, simplesmente, “proteger” uma operação realizada em moeda estrangeira.

Uma empresa, por exemplo, que tome um empréstimo em dólar, vai ao mercado futuro de dólar e “compra” – na verdade apenas deposita uma pequena garantia, em torno de 10% – dólares que lhe permitam, em parte, honrar o pagamento do débito, pagando um premio de juros por isso.

É uma espécie de “seguro” que se faz contra uma oscilação brusca da moeda.

Mas este mercado passou a ser o centro da especulação da moeda.

Como é que funciona?

Quem tem capta dinheiro no exterior, bancos ou empresas, compra, para cobrir essa dívida.

Os especuladores, porém, vendem o dólar que possuem. Como são grandes volumes, isso pressiona para baixo a cotação do dólar.

Os números do Banco Central apontam para uma posição “comprada” dos bancos na faixa de US$ 15 bilhões. Já os investidores não-residentes no Brasil tinham uma posição “vendida” superior a US$ 20 bilhões.

Como qualquer mercadoria, também o dolar se desvaloriza quando tem mais gente querendo vender do que querendo comprar.

Taxar essa exposição ao dólar é correto e acertado. Mas será, como o aumento do IOF, paliativo.

O mercado já “precificava” – isto é, levava em consideração – esta medida. O movimento de alta hoje foi, basicamente, provocado por quem tinha posições muito vulneráveis. Em tese, os investidores estrangeiros deveriam cessar a especulação com dólar e ir para outras bandas.

Mas está difícil de achar outras bandas com o potencial de lucros do Brasil. Então, eles vão se adaptar, como se adaptaram ao IOF sobre aplicações de curto prazo.

Mas é compreensível que o Ministro Guido Mantega esteja indo, como se diz no Rio, “no sapatinho”.

Controle cambial, que é o nome do remédio que pode atenuar essa exposição do real – e isso é perigoso, como nos mostrou a crise de 2008, quando o dólar subiu quase 50% em apenas um mês – ainda é uma heresia no mundo das finanças.

Agora, é esperar o desfecho da intrincada situação dos EUA e da Europa , que pode deter ou reverter este fluxo de capitais “órfãos” de opções seguras e rentáveis como as que fazem aqui.

Mas aí não vamos ter tempo de ficar “telegrafando passe” como foi desta vez, apelando para que – como diz o economista Paulo Nogueira Batista – a “turma da bufunfa” aceite os apelos à racionalidade.

Porque boiada estourada não é racional.

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Contraponto 5874 - "Dilma recebe Cristina em Brasília para debater Copa e economia"

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27/07/2011


Dilma recebe Cristina em Brasília para debater Copa e economia

Dilma e cristina

Do Vermelho - 27/07/2011

Depois de participar da cerimônia de posse de Ollanta Humalla na Presidência do Peru, na próxima quinta-feira (28), a presidente Dilma Rousseff e a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, seguirão para Brasília. Na sexta-feira (29), elas terão mais um encontro bilateral, que dará sequência às reuniões semestrais entre Dilma e seus colegas do Mercosul e da Venezuela.
Embora vigorem restrições impostas pelo governo da Argentina a uma série de produtos brasileiros, o tema não consta oficialmente da pauta de discussão entre as duas presidentes. Isso não significa que Dilma e Cristina não possam falar sobre o assunto.

O Palácio do Planalto sabe que é preciso superar as restrições impostas pela Argentina, mas prefere deixar que as negociações sejam conduzidas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

Já o interesse de empresas argentinas em participar das obras destinadas à Copa do Mundo de 2014, em 12 cidades-sede, e às Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, deverá ser tratado pelas duas presidentes, segundo o embaixador do Brasil na Argentina, Enio Cordeiro.

As restrições à entrada de produtos brasileiros no país vizinho foram ampliadas pelo governo de Cristina Kirchner, que lançou uma série de medidas protecionistas no primeiro semestre deste ano. A preocupação da Argentina é com o crescente superávit comercial brasileiro.

De acordo com o embaixador, "os problemas comerciais que existem são menores". "Para a Argentina, o déficit comercial é um problema. Estima-se que até o final do ano o déficit na balança comercial com o Brasil será de US$ 6 bilhoes."

O Brasil, assinalou Cordeiro, é o maior mercado para os manufaturados argentinos. "Cerca de 85% das exportações de manufaturados argentinos são para o Brasil. A Argentina também é o maior mercado para produtos industrializados brasileiros."

Dilma foi à Argentina em janeiro deste ano, em sua primeira viagem internacional. Cristina Kirchner seguirá direto do Peru para Brasília. A previsão é que elas tenham um encontro privado na parte da manhã e façam uma declaração conjunta à imprensa depois. De acordo com o porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena, não há previsão de assinatura de atos entre os dois governos.

Após a declaração, a presidente argentina participará de um almoço no Palácio do Itamaraty. Na parte da tarde, Cristina Kisrchner participará da inauguração da nova sede da Embaixada da Argentina em Brasília.

Fonte: Agência Brasil

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PITACO DO ContrapontoPIG .

Bem que a Ley de Medios poderia ser assunto a ser tratado entre as duas. Quem sabe, o tema será abordado em off ...

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Contraponto 5873 - "Pelé é a face do Brasil na Copa. Todo mundo quer sair na foto com ele"

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27/07/2011


Pelé é a face do Brasil na Copa. Todo mundo quer sair na foto com ele




Do Conversa Afiada - Publicado em 26/07/2011

Os jornalistas gostariam de sair numa foto com o Teixeira ?

No blog do Planalto, o pronunciamento do Ministro Orlando Silva é de uma clareza solar.

A Presidenta quer a cara da Copa de 2014 seja a cara do Pelé e não a do “Mr. Teixera did you accept the bribe ?”

Orlando Silva falou em face do Brasil, Pelé é a face do Brasil, uma história de superação, vitória.

Pelé não precisa correr e fugir para dentro do carro.

Pelé não é desbocado.

É um brasileiro elegante, educado (e a cada dia ele fica mais parecido com o pai, o Dondinho).

Outra palavra chave do Ministro Orlando Silva, na breve cerimônia para anunciar a tabelinha Dilma-Pelé foi “interlocução”.

Interlocução com a FIFA, disse o Ministro.

Ou seja, o pessoal da FIFA, que sente sabor de sangue à distância, já percebeu que para “interlocutar-se”, agora, com a Dilma tem que ser através do Rei.

João Havelange e Ricardo Teixeira não são mais a cara do Brasil no mundo do futebol.

Eles vão dar de cara, isso, sim, com a Justiça da Suíça.

Porque a daqui é moleza.

Em tempo: no vídeo distribuído pelo Palácio do Planalto, os jornalistas que estavam ali para reportar o acontecimento não resistiram e pediram para sair numa foto com Pelé. O mundo inteiro quer sair na foto com Pelé. Você, amigo navegante, se deixaria fotografar ao lado do Ricardo Teixeira ?


Paulo Henrique Amorim

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Contraponto 5872 - "Jobim tem razão: os idiotas perderam a modéstia"

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27/04/2011


Jobim tem razão: os idiotas perderam a modéstia


Na Folha de hoje:

“O ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez uma revelação sobre sua preferência na disputa presidencial do ano passado: “Eu votei no Serra”.
Na avaliação dele, se o tucano José Serra tivesse derrotado a petista Dilma Rousseff, o governo “seria a mesma coisa” no manejo das recentes crises políticas, como a do combate à corrupção no Ministério dos Transportes.(…)
A escolha eleitoral de Jobim sempre foi conhecida ou pelo menos intuída nos bastidores em Brasília. Dilma também sabia, diz ele.
Azedou a relação? “Azeda quando você esconde. Eu não costumo fazer dissimulações, então não tenho dificuldades”, disse.
Passada a eleição, entretanto, o assunto foi esquecido nas conversas entre o ministro e a presidente. “Não se toca no assunto.”
Há menos de um mês, ele se envolveu em polêmica ao afirmar, durante cerimônia pelos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que “os idiotas perderam a modéstia”.
No governo, a interpretação foi de uma crítica à administração Dilma. Ele repetiu não ter sido cobrado pela presidente: “Não, não. Ela até riu”.
Jobim deu entrevista ontem ao programa “Poder e Política”, uma parceria da Folha e do UOL, em Brasília.

O ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, de quem sempre se discordou fortemente das idéias, era do PSDB, votou em Serra em 2002. Quando aceitou participar do Governo, porém jamais ficou de gabolices frívolas, afirmando que não tinha votado em Lula.

O contrrário do que faz o ministro Nélson Jobim.

Jobim tornou-se um símbolo nacional. É inexcedível em matéria de vaidade, de arrogância, de grosseria. Não se constrange de constranger. Não sabe se manter discreto, não sabe ser respeitoso, não sabe nada senão jactar-se de sua própria “grandeza”.

O ministro Nélson Jobim perdeu, realmente, a modéstia.

Deveria perder o cargo, também.

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PITACO DE ContrapontoPIG.

Jobim é o nome ideal para encerrar este período de faxina que a Presidenta vem fazendo. Seria o golpe de mestre da Dilma.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

Contraponto 5871 - "Índice de Confiança do Consumidor atinge em julho maior nível desde 2005"

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26/07/2011
Índice de Confiança do Consumidor atinge

Agência Brasil 26/07/2011 - 8h43

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), atingiu, em julho, o maior nível da série histórica, iniciada em setembro de 2005. O índice alcançou 124,4 pontos neste mês, 5,4% a mais do que em junho, quando ficou em 118 pontos.

O avanço do ICC é resultado do aumento do Índice de Situação Atual, que cresceu 4,3% de junho para julho, e do Índice de Expectativas, que subiu 4,9% no período. De um mês para outro, a proporção de consumidores que avaliam a situação atual da economia como boa aumentou de 27,8% para 31,7%, enquanto a daqueles que a julgam ruim diminuiu de 24,9% para 19,7%.

O percentual de consumidores que preveem melhora da economia nos próximos meses aumentou de 25,5% para 31,2% no período. Já a parcela dos que esperam piora diminuiu de 19,4% para 14,2%.

Edição: Juliana Andrade

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Contraponto 5870 - "Serra quer peitar Lula em 2014. Surtou!"


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26/07/2011

Serra quer peitar Lula em 2014. Surtou!



Por Altamiro Borges


Josias de Souza é bem enturmado no ninho tucano. Na semana passada, talvez com base numa conversa reservada, ele descreveu quais deverão ser os próximos passos de José Serra, o candidato do PSDB que já levou duas surras de Lula – em 2002 e 2010. Se não for mera especulação, a conclusão é que o tucano surtou de vez. Notívago conhecido, ele precisa dormir urgentemente!

Segundo o blog do Josias, hospedado no UOL, Serra está “decidido a disputar pela terceira vez” as eleições presidenciais e avalia que seu antagonista será Lula, e não Dilma. Ele também “desdenha da tese segundo a qual Aécio Neves tornou-se a bola da vez do tucanato. Em privado, Serra acalenta a expectativa de que Aécio não se animará a medir forças com o PT se o oponente for Lula”.

A arrogância do rejeitado

“Entre quatro paredes, Serra declara que tudo o que deseja é um novo confronto eleitoral com Lula. Nos dois embates anteriores, ele levou a pior. Em 2002, perdeu para o próprio Lula. Em 2010, foi batido pela candidata de Lula, uma Dilma novata em urnas. Serra acredita que o PSDB não terá como desprezar os 43,7 milhões de votos que ele obteve no ano passado”.

Ainda segundo o blogueiro preferido da famiglia Frias, que repercute as bravatas do tucano, Dilma não será candidata à reeleição por duas razões: sua gestão será um fracasso e Lula deseja voltar ao poder. “Na opinião de Serra, os primeiros seis meses de Dilma foram marcados pelo desperdício de tempo”. Ela teria se rendido à herança maldita de Lula e às mesquinharias partidárias.

“Discurso mais incisivo” contra Dilma

“Por todas essas razões, Serra defende internamente que a oposição escale sobre Dilma, adotando, desde logo, um discurso mais incisivo”, conclui o relato do papo amigável. Para o blogueiro, porém, a situação do tucano não é nada fácil. “Contra a vontade de Serra conspiram os fatos. Formou-se dentro do PSDB uma densa maioria pró-Aécio”.

Alguns veículos serristas, em especial a Folha, até gostariam que o ex-governador de São Paulo reunisse melhores condições para enfrentar a disputa presidencial de 2014. Ele representa a elite paulista e defende os seus interesses. O mineiro Aécio Neves, até mais conservador, é um “bom moço”, mas expressa outro bloco de poder e pode ser alvo do bafômetro e de outras blitz policiais.

Humilhado e derrotado no PSDB

Mas a situação de Serra é lamentável. Ele não sofreu apenas uma derrota eleitoral em 2010. Ele se desmoralizou politicamente, jogou a sua rala biografia no lixo. Oportunista, ele se aliou com o que há de mais reacionário na política nativa – da TFP e Opus Dei aos milicos saudosos da ditadura. O seu discurso direitista se parece com o manifesto racista do terrorista da Noruega.

Passadas das eleições, como bagaço imprestável, Serra foi rejeitado pelo seu próprio partido. Ele foi humilhado e derrotado nas disputas para os comandos nacional e estadual do PSDB; seus seguidores foram despachados do Palácio dos Bandeirantes, numa vingança maligna de Alckmin; a sua cria na capital paulista, Gilberto Kassab, destroçou o DEM e fragilizou a oposição demotucana.

Serra ainda tenta esbanjar valentia. Na conversa intima com Josias de Souza, ele arrota que quer um novo confronto com Lula, jacta-se dos 43 milhões de votos. Mas é pura bravata. Ele não consegue apoio nem para um documento em nome do tal conselho do PSDB. Ele já foi descartado pela elite. Caso tenha interesse funcional, poderá, no máximo, disputar a prefeitura em 2012.
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Contraponto 5869 - " Governo lança programa de bolsas de estudo no exeterior"

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26/04/2011

Governo lança programa de bolsas de estudo no exeterior

Da Carta Capital - 26/07/2011

A Ppresidenta Dilma Rousseff lançou, na terça-feira 26, o programa Ciência Sem Fronteiras, em uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em Brasília. Por meio da iniciativa, o governo federal vai financiar 75 mil bolsas de estudo em mais de 200 universidades estrangeiras, em um total de R$ 3,1 bilhões em investimentos. As outras 25 mil bolsas serão custeadas pela iniciativa privada.

A prioridade é para cursos nas áreas de engenharia, tecnologia, matemática, física, química e biologia, que apresentam falta de profissionais qualificados no mercado brasileiro. O programa, uma parceria entre os ministérios da Ciência e Tecnologia e Educação, vai destinar 27,1 mil bolsas de graduação, 24,5 mil de doutorado de um ano, 9,7 mil para doutorado integral e 2,6 mil para pós-doutorado.

Os alunos serão escolhidos por mérito, utilizando as notas do Sisu, Prouni e Enem, além de premiações em olimpíadas científicas.

As bolsas incluem passagem aérea, auxílios de instalação e mensal, seguro saúde e taxas da universidade, dependo de cada caso.

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Contraponto 5868 - "O Brasil e os rumos da Unasul"

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Da Folha.com

Brasil sabe que não pode ser potência sozinho, diz secretária-geral da Unasul

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Secretária-geral da Unasul, a colombiana Mara Emma Mejia, em entrevista à *Folha* no Rio de Janeiro

Foto: Paula Giolito/Folhapress Secretária-geral da Unasul, a colombiana Mara Emma Mejia, em entrevista à Folha no Rio de Janeiro

Num mundo que caminha para a regionalização, o Brasil sabe que não poderá ser uma potência forte sem integração com os vizinhos, afirmou a colombiana María Emma Mejía, que assumiu em maio a secretaria-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).

"Prevê-se que o Brasil será a quarta economia do mundo em 2014, é claro que o país tem um peso. Mas temos que trabalhar juntos se queremos ser potência. O Brasil sozinho não é a mesma coisa que o Brasil com 12 juntos", disse ela em entrevista à Folha, relembrando conversa recente sobre o tema com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota.

Mejía dividirá o mandato de dois anos com o atual ministro de Energia da Venezuela, Ali Rodríguez Araque. É uma prova, segundo ela, do "enorme êxito político" do bloco em desmontar crises regionais, como a que opôs seu país à Venezuela do presidente Hugo Chávez, acusada pelo ex-presidente colombiano Álvaro Uribe de apoiar as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Ministra da Educação e das Relações Exteriores nos anos 1990, Mejía dirigiu nos últimos oito anos a Pés Descalços, fundação educativa financiada pela cantora Shakira. Foi indicada pelo presidente colombiano Juan Manuel Santos para a Unasul apesar de ser ligada -- mas não "militante", diz -- a um partido de oposição, o Polo Democrático (esquerda).

A secretária-geral da Unasul veio ao Rio para inaugurar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, criado pelo bloco para promover o intercâmbio de programas e estudos na área.

Ela destacou a tarefa de institucionalizar e dar "carne" à Unasul, criada em 2008 e cujo tratado acaba de entrar em vigor, depois de ratificado por dez dos 12 integrantes. Citou a organização de um secretariado "flexível, não burocrático e econômico", em Quito, e a abertura há duas semanas do Centro de Estudos Estratégicos da Defesa, em Buenos Aires.

"É um tanque de pensamento [do inglês think-tank] para mostrar que podemos gerar nossa própria doutrina", disse, prevendo que a proteção dos recursos naturais será a principal tarefa dos militares da região daqui a "algumas décadas".

A Unasul também acaba de incorporar a estrutura técnica da IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), antes coordenada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Segundo Mejía, será proposto aos presidentes um "plano decenal" com 73 obras prioritárias -- uma meta ambiciosa, já que, nos dez anos de existência da IIRSA, 29 obras de grande parte foram concluídas.

A Unasul fará uma reunião de cúpula na próxima quinta-feira, em Lima, em paralelo à posse do presidente Ollanta Humala. Leia abaixo a íntegra da entrevista.

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FOLHA - A Unasul vem atuando mais como mediadora de crises na região e carece de uma institucionalização mais forte. Quais são os desafios?

MARÍA EMMA MEJÍA - A Unasul teve enormes êxitos políticos em desmontar crises, como foi o caso do rompimento de Colômbia e Venezuela, há menos de um ano, da tentativa de golpe de Estado de novembro de 2010 no Equador, da secessão prática de Santa Cruz [na Bolívia] em 2008. Todos foram problemas resolvidos, talvez de forma mais ágil do que por qualquer outro organismo multilateral que eu conheça.

A institucionalidade não existia porque somos muito jovens. O tratado foi firmado em 2008, é ratificado e entra em vigor em março de 2011. Agora, temos que gerar essa institucionalidade. O primeiro secretário-geral foi o presidente Néstor Kirchner [morto em outubro do ano passado], que teve que apagar incêndios nessas crises. Foi excelente mediador, mas não teve tempo de criar a secretaria, só ficou no cargo cinco meses. Agora nos cabe estabelecer a secretaria em Quito, trazer equipes, elaborar um orçamento, desenhar uma estrutura como os presidentes e presidentas querem: flexível, fácil, não burocrática, econômica.

O segundo desafio é a carne: os temas sociais; o Conselho de Defesa Sul-Americano, que é um grande modelo de soberania própria e não ditada por fórmulas; a área de saúde, criando esse instituto que é o segundo órgão ligado à Unasul, depois do Centro de Estudos Estratégicos de Defesa, com sede em Buenos Aires.

Há muito mais na Unasul do que se vê no plano político. Atrás da cena há toda uma bagagem de trabalhos que nascem em 2000, quando se cria a IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), que hoje está elaborando um plano decenal para 2022. Se os presidentes estiverem de acordo, queremos um plano decenal para todas as áreas, um pouco como fez a Europa quando se desenhou há mais de 40 anos.

Nas obras inicialmente escolhidas pela IIRSA, muita coisa ficou por fazer.

A herança técnica que recebemos da IIRSA foi o Cosiplan, Conselho Sul-Americano de Planejamento de Infraestrutura, presidido pela ministra brasileira, Miriam Belchior. Anteontem terminou em Montevidéu uma reunião em que analisamos 73 obras de um banco grande de projetos. Na última década foram realizadas 29, como a ligação entre o Atlântico e o Pacífico entre Brasil e Peru.

Iniciativas como essas eram impensáveis antes, incluindo as que reúnem dois, três, quatro, cinco países. Acaba de acontecer a cúpula de ministros de Relações Exteriores e especialistas em energia dos países andinos mais o Chile. Os cinco decidiram fazer um plano de desenvolvimento energético, chamaram também a Venezuela [que deixou a Comunidade Andina de Nações].

Não necessariamente têm que ser projetos de todos. Podem ser bilaterais, com apoio privado. Mas, se conseguirmos fazer em todas as áreas -- infraestrutura, luta contra as drogas, proteção das reservas naturais, segurança e defesa, saúde, educação -- um plano decenal como esse, teremos uma visão de como será a região ema 2022, quando terminam nossos bicentenários com o da Independência do Brasil. Não ditamos políticas de desenvolvimento, mas podemos ajudar a coordenar.

No dia em que a sra. foi nomeada para o cargo, o presidente colombiano Juan Manuel Santos disse que a América do Sul, a América Latina, era a região do futuro. É também a sua visão?

O presidente Santos disse uma coisa muito interessante: somos países muito fortes, mas unidos somos uma potência. Há alguns dias, quando o chanceler Antonio Patriota me visitou na sede da Unasul em Quito, eu lhe disse: vocês por si só são uma potência. Ele respondeu: uma potência só não pode fazer nada, faz mais ligada a outras.

Então creio que há entre os mandatários e também entre os especialistas uma sensação de que esta é a década da América Latina. Nós viemos de toda sorte de dificuldades políticas, econômicas e sociais, da década perdida dos 1980, da década frustrada dos 1990, de golpes militares, de carências de democracia, de hiperinflação. Agora arrumamos a casa, o crescimento [médio] foi de 6% no ano passado e neste ano está projetado em 4% a 5%, a inflação está controlada em quase todos os casos, e avançamos em temas sociais, alguns países mais do que outros.

Nesse tema creio que está nossa tarefa pendente e uma das grandes responsabilidades da Unasul. No dia 28, quando teremos a cúpula em Lima, os presidentes farão sua declaração sobre a igualdade, como podemos inclusive compartilhar modelos, o que o Brasil fez, o que continua fazendo para tirar gente da pobreza.

É uma realidade, não é uma fantasia, que a América Latina junta tem uma grande oportunidade. Os presidentes estão conscientes disso, que têm que atuar juntos, independentemente de outros mecanismos de integração, do Mercosul, da Comunidade Andina de Nações. A Unasul é uma experiência inédita, não há outro organismo igual.

O papel da Unasul é sobretudo de coordenação?

Depois de falar com quase todos os presidentes e presidentas da Unasul, creio que o papel político é o primeiro. Todos foram muito categóricos nesse objetivo. Hoje somos uma zona de paz, e isso nos permite trabalhar no objetivo político de nos unirmos em tudo que for possível, inclusive com as diferenças ideológicas e nos modelos de desenvolvimento que existem. Os presidentes querem dar uma enorme prioridade a essa unidade política. Como desenvolvê-la? Vamos trabalhar em como potencializamos áreas específicas para que sejam um elemento de integração.

Uma das coisas que mais me impressionou foi a receptividade dada à Unasul pelos europeus, os chineses. O mundo vai se dividir em blocos, é muito difícil negociar país a país. Uma entidade como a Unasul se torna muito mais poderosa do que apenas um conjunto de países muito assimétricos.

Antes do presidente Santos, a impressão é que a Colômbia resistia à Unasul. Mudou o líder ou também as circunstâncias? Fala-se que a aproximação do presidente Santos com os vizinhos ocorreu muito em função do atraso na ratificação do acordo de livre comércio com os EUA.

Houve uma mudança muito profunda na política externa colombiana, não apenas no tema dos Estados Unidos. Acho que em poucos dias vão aprovar o tratado de livre comércio [nos EUA], mas há uma visão em relação aos vizinhos muito forte do presidente Santos e de sua chanceler, María Ángela Holguín, que foi embaixadora na Venezuela, na ONU. Há muito peso nessa decisão, que privilegiou a paz com a Venezuela. Não é à toa que o presidente veio ao Brasil em sua primeira viagem ao exterior depois da posse, para mostrar a prioridade à região.

Devo dizer, no entanto, que foi o presidente Álvaro Uribe quem assinou o tratado de criação da Unasul e também, decisão mais difícil, assinou o acordo para o Conselho de Defesa Sul-Americano. Era uma coisa difícil para ele, uma pessoa que estava a ponto de assinar um acordo adicional de cooperação com os EUA. Acho então que há uma mudança, um olhar mais para o sul. Quem poderia pensar que na secretaria geral da Unasul poderia estar primeiro uma colombiana e depois um venezuelano?

O peso do Brasil na região também gera reações nos vizinhos, fala-se em alguns círculos de imperialismo brasileiro. Como o Brasil é visto nos outros países da região e na Colômbia?

Prevê-se que o Brasil será a quarta economia do mundo em 2014, é claro que é um país que tem um peso. Mas temos que trabalhar juntos se queremos ser potência. O Brasil sozinho não é a mesma coisa que o Brasil com 12 juntos. Creio que o Brasil é um país admirável, não apenas por ter conseguido transformar-se em potência emergente e estar no mapa mundial, mas também por seus avanços sociais. Não é minha sensação nem tem sido neste tempo que haja algo como o peso do império, como tivemos quase um século com os EUA.

É muito diferente. Creio que estamos nos aproximando mais, como nunca. O Brasil pesa na Unasul, é evidente, mas como podem pesar Venezuela, Peru, Uruguai, Argentina. Podemos trabalhar de forma complementar.

O próprio presidente Santos quando esteve no Brasil mencionou o superavit comercial brasileiro com a Colômbia. Não há uma cobrança para que o Brasil trabalhe por mais equilíbrio entre os países da região?

Na medida em que aprofundemos a institucionalidade da Unasul, não apenas como órgão de reflexão e reação política, mas como instância de integração real, o Brasil terá um peso específico grande porque há assimetrias internas profundas. Como lidar com isso os presidentes terão que dizer. Por enquanto é um organismo jovem, mas entramos em uma nova etapa. Temos que discutir como região, e eles como líderes, para onde queremos ir, que tipo de integração haverá, se vão criar um fundo de solidariedade, um fundo de complementaridade, se vão estudar modelos e exemplos de cada país, como estamos fazendo aqui hoje com o instituto de saúde.

A revista "Economist" qualificou a Área de Integração Profunda recém-lançada por Colômbia, Peru, Chile e México como um contraponto ao Brasil desses países banhados pelo Pacífico.

Não é um contraponto. Nascemos com o espírito integracionista de Simón Bolívar, San Martín, e agora que estamos celebrando o bicentenário estamos voltando a essas origens. Essa aliança do Pacífico, temos que ver como Ollanta Humala a vê, mas hoje há declarações interessantes do Rafael Roncagliolo, seu novo ministro de Relações Exteriores [ele disse que as prioridades externas do novo governo serão a Comunidade Andina de Nações e a Unasul].

Há diferentes instâncias de integração, todas podem coexistir e creio que são necessárias. Não acredito que tenhamos que fazer uma política excludente. A aliança do Pacífico não é um obstáculo nem concorre com o Brasil. São países que buscam alternativas de integração e acredito que todas elas são positivas.

Os países da região podem chegar ao ponto de tratar juntos do problema do narcotráfico, de prescindir da colaboração dos Estados Unidos?

O grupo de trabalho sobre drogas da Unasul já se converteu em um Conselho de Luta contra as Drogas, hoje coordenado por Bolívia, com plano de ação e estatutos. É um tema mais difícil, há divergências mais profundas, temos aqui três dos principais produtores de coca do mundo [Colômbia, Peru e Bolívia].

Avançamos muito, mas não vejo por enquanto a possibilidade de buscar uma política unitária de luta contra as drogas. Foi importante colocar o tema na agenda da Unasul, mas ainda há muito o que fazer. Há posições diferentes, é preciso ser francos.

O governo da Colômbia desistiu de levar ao Congresso o último acordo com os EUA [para uso de sete bases colombianas], não?

A Corte Suprema disse que seria preciso submetê-lo ao Congresso, e o presidente Santos não viu necessidade.

A presença de tropas americanas ainda suscita desconfianças nesta parte do continente. Há perspectiva do fim dessa presença e para o fim do conflito com as Farc?

Estou convencida de que o presidente Santos e seu governo estão buscando que esse signo trágico que a Colômbia teve, com uma presença insurgente de tantos anos, em algum momento se encerre. Mas podemos cooperar na região e ter boas relações com os EUA. Não se trata de amigos e inimigos, mas de somar todas as possibilidades que existem.

Só o fato de que pudemos recuperar a confiança em nosso país e em seu processo de integração, como demonstrado pela nomeação de um secretário-geral colombiano... Acho que é uma fórmula que nasceu aqui no Brasil, que caiu muito bem, que permite superar as preocupações que possam ter existido. Se armou uma institucionalidade que permitiu a superação das desconfianças.

Na relação entre Colômbia e Venezuela, também houve uma mudança de atitude no caso da Venezuela, não? Essa mudança na relação bilateral é duradoura?

As relações entre a Colômbia e Venezuela tiveram altos e baixos ao longo da história. Mas, quando alguém tem um irmão siamês, no final se entende. E isso é o bonito que sempre nos aconteceu. Hoje se reafirma uma relação que é muito realista, que tenta recuperar seus níveis comerciais, há cooperação na fronteira, entendem-se as diferenças. Creio que será duradoura pelo estilo em que estão levando, pela confiança. É possível ver isso no Conselho de Defesa Sul-Americano, agora que estamos trabalhando no tema da transparência dos gastos militares. Quando existe confiança, não há tantas suspeitas.

A esperança é que a Unasul parta para uma etapa de construção?

É a alternativa de criar nosso próprio modelo. A América do Sul sempre foi muito herdeira de modelos externos, e hoje temos uma possibilidade real, num momento de crescimento e de certa estabilidade econômica e política, de construir esse modelo de integração.

O último relatório da Cepal, além de destacar o crescimento da região, também advertiu para riscos de desindustrialização devido à China, que demanda as matérias-primas da região e exporta seus manufaturados. A integração pode ajudar a região a não voltar a a ser apenas exportadora de seus bens naturais?

Em primeiro lugar, somos um reservatório de biodiversidade, de água potável, de florestas.

A reflexão da Cepal é válida. Temos que ver onde estão nossos ativos e detectar com antecedência os riscos que enfrentamos. Não lidamos diretamente com o tema comercial, mas os presidentes discutem como teremos que ir ajustando nosso caminho num mundo global que mudou totalmente. Um grande desafio é como construirmos capital humano, porque aí é onde haverá uma diferença que nos permitirá uma inserção verdadeira entre os emergentes.

Como está funcionando o Conselho de Defesa?

Não só conseguimos criar o conselho como apresentá-lo à Junta Americana de Defesa [da Organização dos Estados Americanos] e a todos os presidentes e presidentas da região. Busca um protocolo de paz para dar transparência ao gasto militar. Há um aprofundamento do que pode ser a área de defesa e segurança numa zona que pode ser exemplo para o mundo, e que amanhã pode passar a converter-se em temas de defesa de nossos recursos naturais.

A defesa dos recursos naturais é hoje o papel dos militares na região?

Acho que será no futuro, em algumas décadas. O Centro de Estudos Estratégicos de Defesa que inauguramos em Buenos Aires é um tanque de pensamento [do inglês think-tank] próprio, da nossa própria doutrina, de apresentar quais são as nossas teses e mostrar também que em uma área tão complexa podemos ser inovadores e gerar nossos próprios pensamentos.

Não há desconfiança sobre os planos de modernização militar do Brasil?

Não vejo isso. Não sei porque você fala tanto de desconfiança, porque é o contrário. Há confiança, confiança, confiança. Em todos os setores, da política à defesa. Há a intenção de ser transparente, o que para mim é altamente positivo, pois é dessa forma que podemos crescer como região.
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Contraponto 5867 - "O fim do mundo adiado"



Por Heitor RAF

Comentário ao post A razão de não haver outro New Deal

Não acredito que a história se repita. É possível que haja alguma restrição ao ímpeto dos financistas, que impeça o mergulho que a Europa ensaia rumo ao Século XIX. A extrema direita será combatida, ainda que o Islã continue sendo demonizado. O Banco Central Europeu está ganhando tempo e criando mecanismos para transferir dos bancos privados - europeus, na maioria - para os Estados nacionais, os papéis das dívidas dos países em dificuldades. Mas os banqueiros terão de desistir da tentativa de voltar ao passado.

Mas a fila também está andando no Oriente Médio e na Eurásia. Rússia e China construiram uma aliança estratégica (Organização de Shangai para a Cooperação) que age em termos de garantir suprimentos energéticos - gás e petróleo - para a China a partir das repúblicas ao sul da Rússia, o que lhes garantirá recursos sem a tutela dos EUA, para quem a retribuição da ajuda aos países da região, é a instalação de bases militares - com mísseis apontados para Rússia e China - em seus territórios. Com gás e petróleo da Eurásia escorrendo para a Ásia, cai o projeto dos EUA de construir um oleoduto ao longo do sul da Rússia para levar petróleo até a Europa, afim de reduzir a dependência européia do fornecimento russo. A SCO tem projetos de suficiência energética para a Índia e o Paquistão, pendentes apenas da solução dos conflitos entre os dois países. O Irã também trabalha com o Sudeste Asiático, tendo construído um oleoduto até sua fronteira com o Paquistão, extensível até a China e a Índia.

rA África já está sendo invadida pela Otan - Líbia e Costa do Marfim - que encontra resistência da Organização da Unidade Africana. Nenhum dos 53 paises da OUA aceitou a instalação de bases militares dos EUA no continente. E na América Latina, bases militares foram fechadas no Equador, e as que Uribe autorizou no fim do seu governo não saíram do papel, barradas pelo equivalente colombiano do STF. Acredito que não será diferente no Peru. A Argentina bloqueou um projeto de cooperação entre policiais norte-americanos e argentinos, porque no cargueiro que levou material para treinamento, foram encontrados itens não descritos e pré-aprovados pelos hermanos para a ação. O avião voltou para casa e a manobra está congelada.

A diplomacia multilateral engatinha, mas já consegue que os EUA e a OTAN adiem planos, ainda que os objetivos se mantenham. Mas a viabilidade política - e agora econômica - da guerra permanente contra inimigo intangível - o terror - fica cada dia mais distante.

A repulsa às guerras de conquista cresce todos os dias, apesar do trabalho - ou da omissão - da imprensa na Europa e nos EUA. Os norte-americanos tentam trocar o Afeganistão pelo Paquistão para que possam dizer que venceram alguma coisa, face a retirada de tropas do território afegão prometida por Obama. Conquanto tenham matado Osama Bin Laden, se é que mataram, não foram muito além de assassinar civis com drones pilotados a partir da América, como num vídeogame. O irmão de Karzai, o principal preposto da CIA no país, foi assassinado este mês pelos talibãs, deixando sem pai e sem mãe a Robert Gates, ex-comandante militar na região e agora chefe da agência. A invasão e destruição do Iraque de Saddam Hussein, resultou na formação de um governo xiita, vale dizer, aliado do Irã. E em 31 de Dezembro, todas as tropas dos EUA deverão ter voltado para casa.

Por essas coisas é que não acredito no fim do mundo. As coisas estão cada vez mais difíceis para os países imperialistas, particularmente para os EUA. Uma crise econômica devastadora será a cereja do bolo servido à mesa deles, o mesmo bolo que empurraram goela adentro dos latino americanos nos últimos cem anos, e ao resto do mundo desde a Segunda Guerra.

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