quinta-feira, 31 de maio de 2012

Contraponto 8319 - "Mendes, Veja e o conluio dos desesperados"


31/05/2012

Mendes, Veja e o conluio dos desesperados

Veja perdeu sua principal fonte oficial – Demóstenes – e sua principal fonte não-oficial – Cachoeira. Restou-lhe tentar um último golpe: atacar Lula, o maior símbolo petista. E a escolha de Gilmar Mendes para o serviço faz todo o sentido neste verdadeiro conluio de desesperados.

Aos petistas interessa que os episódios do que se convencionou chamar, retoricamente (conforme o próprio inventor do termo), de mensalão, sejam julgados. A permanência do falatório acerca deste assunto só serve aos adversários do PT que, confrontados com os governos muito bem sucedidos de Lula e Dilma, há anos perderam a linha. E a compostura.

Eles sabem. O que se chamou de mensalão foi uma prática inaugurada por um dos seus (o tucano Azeredo, em Minas). Mas sabem, também, que em caso de condenação de um petista, a foto deste é que estampará a capa da revista Veja. Provavelmente ilustrado com chifres e fumaça nas ventas.

A ideia que preside a tática antipetista é simples: é preciso diminuir a força do PT. Porque o PT tem Dilma e o governo federal mais bem avaliado da história, a maior e uma das mais qualificadas bancadas do Congresso e é o partido preferido dos brasileiros. Como se isso não bastasse, às vésperas de mais uma eleição municipal, investigações da Polícia Federal provam que alguns dos maiores acusadores do PT fazem parte de um esquema criminoso que reúne corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros malfeitos. Encurralados, PSDB, DEM, PPS e outros ainda menores, precisam arranjar um jeito de tentar jogar o PT no vento - e o julgamento do dito mensalão parece ser o sopro da hora.

As investigações da PF já prenderam Carlos Cachoeira, o bicheiro a quem o líder do Democratas, senador Demóstenes, servia como um office-boy. Demóstenes era apontado pela revista Veja como um dos ícones éticos do Senado e mais forte acusador do PT. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça também comprometem seriamente o governador tucano Marconi Perillo, com quem Cachoeira negociou uma mansão e cuja Chefia de Gabinete utilizava um telefone “à prova de grampos”, presenteado pelo bicheiro. Demóstenes, Perillo, o desespero só aumenta. Até porque, há uma CPI em andamento no Congresso com potencial para estabelecer a responsabilidades políticas, cassar mandatos e desmontar de um esquema criminoso do, qual se beneficiaram os oposicionistas do PT. E quem conhece, sabe: o PT irá até o fim nesta investigação.

É neste contexto de desespero oposicionista que se insere um episódio tardio, a conversa entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes presenciada pelo ex-ministro Nelson Jobim. Dos três personagens do encontro, dois – Lula e Jobim – dizem a mesma coisa: não houve qualquer pressão para que se adiasse o julgamento do mensalão. O terceiro, Mendes, insinua que foi pressionado. Não por acaso, a insinuação vira manchete da revista Veja.

Logo Veja, que centenas de vezes moldou fatos, inventou dossiês, usou fontes suspeitas, sempre contra o PT.

Mas quem é Mendes e qual o papel de Veja em tudo isso? Mendes é o homem para quem um outro ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, disse: -Vossa Excelência não está nas ruas, está na mídia destruindo a Justiça desse país. Me respeite porque o senhor não está falando com seus capangas do Mato Grosso”. Capangas? Um ministro do Supremo com capangas? Reportagem da revista Carta Capital explica a afirmação do ministro Barbosa: “Nas campanhas de 2000 e 2004, Gilmar (Mendes), primeiro como advogado–geral da União do governo Fernando Henrique Cardoso e depois como juiz da Corte, não poupou esforços para eleger o caçula da família (Chico) prefeito de Diamantino, município a 208 km de Cuiabá/Mato Grosso... circulou pelos bairros da cidade, cercado de seguranças, para intimidar a oposição...” Para registro: o irmão do ministro é do PPS.

Sobre Mendes, vale lembrar que viajou várias vezes com Demóstenes, de quem era um dos interlocutores prediletos. A relação entre ambos é forte. E vem de longe. Tome-se, por exemplo, o ano de 2008, quando Mendes presidia o Supremo. Naquele ano, a Polícia Federal já estava chegando perto de Cachoeira. De repente, vem a revista Veja (Veja, sempre Veja) e traz uma notícia “bombástica”: o Supremo está sendo espionado. As fontes? Demóstenes e Gilmar Mendes. Nunca houve um áudio sequer que desse crédito ao grampo. Entretanto, Veja fez manchete. Mas justificado pelas suspeitas nunca provadas de que estaria sendo espionado, Mendes contrata para ser seu consultor de contra-espionagem, um ex-agente da ABIN chamado Jairo Martins. Sabem que é Jairo Martins? Ele mesmo, o homem apontado pela Polícia como um dos principais operadores do esquema de... Cachoeira, o araponga do bicheiro. Não por acaso, em Brasília, já se diz que entre Cachoeira e Mendes há pelo menos um dado comum incontestável: ambos utilizavam o mesmo personal-araponga. Seria risível se não fosse tão revelador. Há mais: Mendes foi o ministro que concedeu o discutível habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas num inesperado final de semana. Dantas... sim, a fonte a quem a revista Veja (olha a Veja aí de novo) deu crédito na história do estapafúrdio dossiê que revelaria contas de figurões da República no exterior, Lula entre eles. Jamais comprovado porque absolutamente forjado, o dossiê desapareceu das páginas da revista.

Pois é, esta é a Veja. Uma publicação que manteve relações tão estreitas com Cachoeira que este determinava até em qual espaço da revista suas “informações” deveriam ser publicadas. É diretor de Veja o jornalista que manteve centenas de telefonemas com Cachoeira e que das informações dele se servia para atacar o governo do PT. Veja é, portanto, o veículo de imprensa que melhor conhecia o modus operandi de Cachoeira. No entanto, jamais o denunciou. Repito: jamais o denunciou! Muito se poderia dizer ainda sobre Veja, mas fique-se com a fala de Ciro Gomes, um aliado de Dilma mas um crítico do PT: “Todo mundo sabe que a revista Veja tem lado. Todo mundo sabe que a revista Veja é a folha da canalhocracia brasileira. É ali que o baronato brasileiro explora o moralismo a serviço da imoralidade”.

Veja, a revista que mais ataca o PT, perdeu sua principal fonte oficial – Demóstenes – e sua principal fonte não-oficial – Cachoeira. Restou-lhe tentar um último golpe: atacar Lula, o maior símbolo petista. E a escolha de Gilmar Mendes para o serviço faz todo o sentido neste verdadeiro conluio de desesperados.


*Elvino Bohn Gass. Deputado Federal PT/RS, Secretário Nacional Agrário e vice-líder da bancada do PT na Câmara.

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Contraponto 8318 - "Tanques substitui Kakay para salvar Demóstenes de vexame maior na CPI"

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31/05/2012

Tanques substitui Kakay para salvar Demóstenes de vexame maior na CPI


Do Amigos do Presidente Lula - 31/05/2012

O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), recursou a responder perguntas na CPI do Cachoeira, alegando direito de ficar em silêncio para não se incriminar, ao lado de seu advogado Kakay, surpreendentemente agraciado com a generosa assistência do senador Pedro Taques (PDT-MT) .

Esse direito ao silêncio é constitucional para defesa dos réus não produzirem provas contra si, mas é fatal para um parlamentar, representante do povo, que deve explicações à seus eleitores e seu pares.

O silêncio é desmoralização total para um senador. A própria palavra "parlamentar" vem de parla (falar).

O deputado Silvio Costa (PTB-PE) abriu a sessão de criticas, passando um sermão político à Demóstenes.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) saiu em defesa do senador eleito pelo DEM, interrompendo constantemente a fala de Silvio Torres, o que levou a tumulto e ao encerramento da sessão pelo presidente da CPI.

Taques errou, e agiu como advogado de defesa de Demóstenes e não como parlamentar. Agiu como linha auxiliar de Kakay.

Costa é tão parlamentar como Taques e Demóstenes. Era um diálogo entre iguais, e não entre réu e promotores como ocorre em tribunais, onde os argumentos de Taques seriam válidos.

Novamente o senador pedetista apequena seu papel político, de senador, ao agir apenas como advogado de defesa de um colega de senado enrolado com o bicheiro.

Taques, ali, também não era juiz para interditar o debate entre Costa e Demóstenes. Se Costa estava criticando de forma contundente, a critica era política, caberia única e exclusivamente a Demóstenes rebater, nunca a Taques. Se escolheu o silêncio, é problema político dele, pois tinha total direito à palavra para rebater.

Apesar, de nem todos gostarem da forma de Costa se expressar frente aos holofotes, estava dentro de seu papel fazendo o debate político esperado de um parlamentar.

Curioso que Taques não repreendeu os excessos do deputado Francischini (PSDB-PE) em outras ocasiõs, quando já tratou alguns outros depoentes, sem mandato (portanto mais vulneráveis, e sem obrigações políticas), como se quisesse arrancar confissão de presos pendurados no "pau-de-arara".

Ao sair da reunião da CPI, Silvio Costa disse à imprensa que Pedro Taques "tirou a máscara e mostrou que é um dos defensores de Demóstenes no Senado":

– O senador Pedro Taques foi deselegante comigo, pois eu estava falando como líder e ele não podia interromper minha fala para uma questão de ordem para defender o colega. Mas agora ele tirou a máscara e mostrou que é um dos defensores de Demóstenes no Senado.

Contraponto 8317 - "A espiral da loucura na mídia"

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31/05/2012
A espiral da loucura na mídia

Do Cafezinho - 30/05/2012

Miguel do Rosário

A mídia enlouqueceu. No dia seguinte em que a CPI do Cachoeira quebra o sigilo nacional da Delta, num gesto corajoso contra a corrupção, e um senador é oficialmente questionado na tribuna por sua bandidagem, os jornalões estampam manchetes com declarações totalmente desequilibradas de Gilmar Mendes.

Mendes não demonstra a menor preocupação com o Brasil. Para ele, o país é uma espécie de Diamantino ampliada. Em sua cidade natal, onde sua família exerce o poder político de facto, Mendes tem o controle da mídia e posa de todo-poderoso. O que é absurdo numa cidade pequena, todavia, é infinitamente mais em escala nacional.

O Globo online de hoje estampa em sua capa:

É inacreditável. A Venezuela está vivendo um processo eleitoral. Um representante da alta corte do judiciário falar uma barbaridade dessas constitui uma agressão pública e gratuita ao presidente da república de um país com o qual mantemos excelentes relações diplomáticas e comerciais. A entrevista de Gilmar é repleta de leviandades.

Vamos analisar a entrevista “exclusiva” de Mendes e tentar trazer um cadinho de bom senso a esta espiral de loucura que Mendes, com ajuda da mídia, está provocando no país. Não temos como fugir disso. As palavras de Gilmar estão em todos os jornais, rádios e canais de TV.

A entrevista segue em negrito, meus comentários, em fonte normal.

O GLOBO: Como foi a conversa com o presidente Lula?

GILMAR MENDES: Começou de forma absolutamente normal. Aí eu percebi que ele entrava insistentemente com tema da CPMI, dizendo do controle, do poder que tinha. Na terceira ou quarta vez que ele falou, eu senti-me na obrigação de dizer pra ele: “Eu não tenho nenhum temor de CPMI, eu não tenho nada com o Demóstenes”.

Ué, a CPI tem participação de todos os partidos de oposição. Se há provas contra Gilmar Mendes nos autos, Lula seria capaz de controlar PSDB, DEM e PSOL? Tudo bem que o governo tem maioria, mas os membros da oposição tem a proteção sagrada que o parlamento, inclusive na CPI, reserva às minorias. Álvaro Dias, do PSDB, se prestaria a silenciar alguma coisa contra Gilmar na CPI por ordem de Lula? Não tem sentido.

Outra coisa: Gilmar revelou o desespero de quem tem culpa no cartório. Se Lula falava da CPI, é porque é o principal assunto do momento. Gilmar queria que Lula falasse do que? Das fotos da Carolina Dickmman? Gilmar diz que “sentiu-se na obrigação” de se explicar. Ora, só se sente na obrigação de se explicar quem tem culpa no cartório.

Isso soou a ele como provocação?

GILMAR: Isso. A reação dele foi voltar para a cadeira, tomou um susto. E aí ele disse: “E a viagem a Berlim? Não tem essa história da viagem a Berlim?” Aí eu percebi que tinha uma intriga no ar e fiz questão de esclarecer.

Que historinha mal contada! Lula tomou susto com quê? Quem está sob suspeita (mesmo que em tese) aqui é Gilmar, e Lula é quem toma susto? Quanto à viagem à Berlim, se Gilmar tem a consciência tranquila, qual o problema? Gilmar efetivamente tinha relações com Demóstenes Torres, mais do que com outros senadores. E Demóstenes tinha relações com Gilmar, mais do que com outros ministros. Isso é inegável, e de fato não comprova culpa nenhuma. Mas é evidente também que arrasta Gilmar para um processo político, visto que Demóstenes foi desmascarada como um grande bandido. Lula tem culpa disso? Lula não pode mencionar isso?

Antes disso ele tinha mencionado o mensalão?

GILMAR: É. Aqui ocorreu uma conversa normal. Ele disse que não achava conveniente o julgamento e eu disse que não havia como o tribunal não julgar neste ano. Visões diferentes e sinceras. É natural que ele possa ter uma avaliação, um interesse de momento de julgamento.

Ué, se Gilmar acha normal que ele possa ter uma avaliação, então onde está a “chantagem”? Por que ele ataca o ex-presidente por causa disso?

Isso é indício de que o presidente Lula não se desprendeu do cargo?

GILMAR: Não tenho condições de avaliar. Posso dizer é que ele é um ente político, vive isso 24 horas. E pode ser que ele esteja muito pressionado por quem está interessado no julgamento.

A pergunta é capciosa. Não existe isso de “se desprender do cargo”. Lula hoje é um cidadão comum. Não é mais presidente da república. A resposta de Gilmar, por sua vez, é positivamente idiota. “Lula é um ente político, vive isso 24 horas”. Ora, agora ele faz ilação do que Lula faz ou pensa em suas 24 horas?

Na substituição de dois ministros, acha que as nomeações podem atender a um critério ideológico?

GILMAR: É uma pressão que pode ocorrer sobre o governo. Toda minha defesa em relação ao julgamento ainda este semestre diz respeito ao tempo já adequado de tramitação desse processo. O presidente Ayres Britto tem falado que o processo está maduro. Por outro lado, a demora leva à ausência desses dois ministros que participaram do recebimento da denúncia e conhecem o processo, que leva à recomposição do tribunal sob essa forte tensão e pressão, o que pode ser altamente inconveniente para uma corte desse tipo, que cumpre papel de moderação.

Gilmar está jogando a reputação do STF na lama. Ele age como se fosse o dono do STF. Ele também faz uma ilação totalmente inapropriada sobre “pressão que pode ocorrer sobre o governo”. Ora, tudo é sempre “pode”, “se”. Não contente de politizar um tema que um ministro do STF deveria evitar ao máximo abordar, visto que o julgará em breve, Gilmar deita a falar de outros ministros, fazendo todo tipo de insinuação descabida. Ele trabalha para desprestigiar ministros que ainda nem foram nomeados!

A partir da publicação da conversa do presidente Lula com o senhor, os ministros do STF estariam pressionados a condenar os réus, para não parecer que estão a serviço de Lula?

GILMAR: Não deve ser isso. O tribunal tem credibilidade suficiente para julgar com independência (…) O que me pareceu realmente heterodoxo, atípico, foi essa insistência na CPMI e na tentativa de me vincular a algo irregular. E de forma desinformada.

Ué, Gilmar mesmo falou que Lula vinha apenas mencionado a CPI. Quem abordou as suspeitas de algo irregular, segundo Gilmar, foi ele mesmo, Gilmar. Releia a entrevista e confira.

Quem está articulando o adiamento do mensalão dá um tiro no pé?

GILMAR: Acho que sim. E talvez não reparar que o Brasil não é a Venezuela de Chávez… ele mandou até prender juiz. Um diferencial do Brasil é ter instituições estáveis e fortes. Veja a importância do tribunal em certos momentos. A gente poderia citar várias. O caso das ações policialescas é o exemplo mais evidente. A ação firme do tribunal é que libertou o governo do torniquete da polícia. Se olharmos a crise dos jogos, dos bingos, era um quadro de corrupção que envolvia o governo. E foi o Supremo que começou a declarar a inconstitucionalidade das leis estaduais e inclusive estabeleceu a súmula. Eu fui o propositor da súmula dos bingos.

Gilmar cometeu uma terrível infração ética ao insultar, gratuitamente, o presidente Chávez. Entendemos que Mendes é conservador e odeia Chávez. Mas Chávez não lhe fez nada de mal, não está envolvido na crise que ele, Gilmar, criou. Chávez não está envolvido com o mensalão nem com Demóstenes Torres nem com Cachoeira. Gilmar Mendes agiu com vulgaridade, como se fosse um falastrão conversando fiado num boteco, e não um ministro do Supremo Tribunal Federal dando entrevista para o jornal O Globo. O Judiciário é um poder republicano, que deve evitar se envolver em política, quanto mais produzir um atrito diplomático com um país vizinho, e no exato momento em que este país vive um processo eleitoral. Gilmar por acaso é especialista em Venezuela. Se o tema da entrevista fosse o judiciário da Venezuela, se Chávez não fosse mais presidente da república, Mendes poderia ter feito esta acusação, mas teria que embasá-la em informações muito detalhadas e consistentes, para não passar impressão de leviandade. Da maneira que fez, cometeu um ato de extrema impropriedade.

Depois que o ministro Jobim o desmentiu, o senhor conversou com ele?

GILMAR: Sim. O Jobim disse que o relato era falso. Eu disse: “Não, o relato não é falso”. A “Veja” compôs aquilo como uma colcha de retalhos, a partir de informações de várias pessoas, depois me procuraram. Óbvio que ela tem a interpretação. O fato na essência ocorreu. Não tenho histórico de mentira.

Esse trecho é uma pérola de caradurismo. Jobim desmentiu Gilmar, ponto. Jobim não disse jamais que não houve encontro. Os três conversaram e supõe-se que falaram de política. O que Jobim afirmou, repetidamente, foi que a conversa não correu “neste sentido”, ou seja, do sentido apontado por Gilmar e Veja. Não houve chantagem. Não entendi o que Gilmar fala sobre “colcha de retalhos” e de “interpretação”. Quer dizer que a Veja tenta manchar a honra de um ex-presidente, do homem mais amado pelo povo brasileiro, e Gilmar se limita a dizer, cinicamente, que “ela tem a interpretação”. Ou seja, Gilmar se exime de responsabilidade pela reportagem da Veja? Agora… dizer que “não tem histórico de mentira” é uma frase que, obviamente, qualquer mentiroso diria.

O julgamento já está em curso?

GILMAR: Sim, de certa forma. Por ironia do destino, talvez essas tentativas de abortar o julgamento ou de retardá-lo acabou por precipitá-lo, ou torná-lo inevitável.

Abortar o julgamento? Quem quer abortar o julgamento? Mendes fala como se o Brasil estivesse preocupado com o mensalão. Não está.

O momento é de crise?
GILMAR: Está delicado. O país tem instituições fortes, isso nos permite resistir, avançar.

Tem instituições fortes, sim. Mas não há instituição forte que resista às investidas alopradas de um ministro alucinado.

Tem uma ação deliberada de tumultuar processos em curso?
GILMAR: Ah, sim.

Ãh?

Existe fixação da figura do senhor?
GILMAR: Isso que é sintomático. Ficaram plantando notícias.

Oh, que perseguição. Por que será que as pessoas perseguem exclusiva e unicamente Gilmar Mendes? Logo ele, o único Homem Bom do STF?

Qual o motivo disso?
GILMAR: Tenho a impressão de que uma das razões deve ser a tentativa de nulificar as iniciativas do tribunal em relação ao julgamento desse caso.

Que besteira inominável.

Mas por que o senhor?
GILMAR: Não sei. Eu vinha defendendo isso de forma muito enfática (o julgamento do mensalão o quanto antes). Desde o ano passado venho defendendo isso. O tribunal está passando por um momento muito complicado. Três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão. Isso enfraquece, debilita a liderança. Já é um poder em caráter descendente.

Gilmar está tão alucinado que agora desanda a desqualificar, gratuitamente, outros ministros do Supremo. São “mais jovens”, ou seja, são incapazes? Diz que Ayres Brito é um presidente “tampão”, expressão altamente desrespeitosa, visto que a importância de um magistrado não se liga ao tempo em que permanece na presidência do STF, e sim pela lisura, sobriedade e competência com que exerce sua função. O que é “um poder em caráter descendente”? O STF? Ayres Brito? Gilmar está completamente louco.

Um tribunal com ministros mais recentes é mais fraco que um com ministros mais experientes?

GILMAR: Não é isso. Mas os ministros mais recentes obviamente ainda não têm a cultura do tribunal, tanto é que participam pouco do debate público, naturalmente.

Gilmar continua desqualificando ministros do Supremo. Nenhum ministro do STF é menor porque é mais jovem ou está há menos tempo no cargo. E a função de um ministro não é “participar do debate público”, e sim exercer a sua função de maneira justa nos julgamentos que lhe compete participar.

Dizem que os réus do mensalão querem adiar o julgamento para depois das substituições.

GILMAR: Esse é um ponto de ainda maior enfraquecimento do tribunal. Sempre que surge nova nomeação sempre vêm essas discussões acerca de compromissos, que tipo de compromissos teria aceito. Se tivermos esse julgamento, além do risco de prescrição no ano que vem, vamos trazer para esses colegas e o tribunal esta sobrecarga de suspeita.

Gilmar denigre a honra de juízes que sequer foram nomeados. Ou seja, ele lança insinuações contra ministros de maneira aleatória, gratuita. Segundo ele, se o STF não agir da maneira que ele, Gilmar, entende, estará sob suspeita. É muita arrogância.

Haverá suspeita se a indicação deles foi pautada pelo julgamento?

GILMAR: Vai abrir uma discussão desse tipo, o que é altamente inconveniente nesse contexto.
Continua a denegrir o STF e juízes que sequer forem nomeados. Digamos que um ministro tenha algum problema familiar e renuncie, e a presidenta Dilma nomeia um novo: antes de assumir, este ministro já está condenado moralmente por Gilmar Mendes.

O voto do senhor na época da denúncia não foi dos mais fortes…

GILMAR: Não. É uma surpresa. Por que esse ataque a mim? Em matéria criminal, me enquadro entre os mais liberais. Inclusive arquei com o ônus de ser relator do processo do Palocci, com as críticas que vieram, fui contra o indiciamento do Mercadante, discuti fortemente o recebimento da denúncia do Genoino lá em Minas. Ninguém precisa me pedir cautela em termos de processo criminal. Combato o populismo judicial, especialmente esse em processos criminais, denuncio isso.

Aí ele passa a se autoelogiar, após a bola ser levantada pelo repórter. Gilmar, o liberal, o justo, o moderado. Aqui entra a frase de Cervantes, que o Fernando Brito gostava sempre de repetir: “Elogio em boca própria é vitupério”. Se Gilmar foi correto em seus julgamentos, não fez mais do que sua obrigação, visto que ganha muito bem para isso. Entretanto, o repórter poderia ter lembrado que Gilmar emitiu dois Habeas Corpus em menos de 24 horas para o banqueiro Daniel Dantas, condenado a 10 anos de prisão pelo juiz Fausto De Sanctis. Nenhum outro brasileiro, na história, teve tamanha regalia.

Todas as figuras que o senhor citou são petistas proeminentes. Por que querem atacar o senhor agora?

GILMAR: Desde o início desse caso há uma sequência de boatos, valendo-se inclusive desse poder perverso, essa associação de vazamentos, Polícia Federal, acesso de CPI. Como fizeram com o (procurador-geral da República, Roberto) Gurgel, de certa forma.

Gilmar tenta associar-se a Gurgel, as duas vítimas dos lobos do mensalão… O repórter deveria também argumentar: se o senhor é inocente e ilibado, porque temer “vazamentos, Polícia Federal, acesso de CPI”? Quem não deve, não teme.

Um ex-presidente empenhado em pressionar o STF não mostra alto grau de desespero com a possibilidade de condenação no mensalão?

GILMAR: É difícil classificar. A minha indignação vem de que o próprio presidente poderia estar envolvido na divulgação de boatos. E a partir de desinformação, esse que é o problema.

Olha só que irresponsabilidade. Ele diz que “o presidente poderia estar envolvido na divulgação de boatos”. Poderia? Que tipo de ministro é esse que acusa um ex-presidente a partir de uma hipótese?

Ele pode ter sido usado?

GILMAR: Sim, a sobrecarga… Ele não está tendo tempo de trabalhar essas questões, está tratando da saúde. Alguém está levando esse tipo de informação. Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF. Pra que ficar cultivando esse tipo de mito? São historietas irresponsáveis. Qualquer agente administrativo saberia esclarecer isso.

E aí temos o lado mais surreal de toda essa história. Gilmar, mídia, e todos que entraram nessa canoa, começam a tecer acusações a partir de uma hipótese. Gilmar inclusive se arvora em conhecedor dos hábitos e do tempo de Lula, ao afirmar que “não está tendo tempo… está tratando da saúde”.

Esses ataques não atingem o STF?

GILMAR: Claro, evidente. O intuito, obviamente, não é só me atingir, é afetar a própria instituição, trazê-la para essa vala comum.

Olha, o sujeito joga o nome do STF no esgoto e vem acusar os outros de atingir o STF.

*

Tão ou mais irresponsáveis do que Gilmar Mendes, são os órgãos de mídia que estão praticando todo tipo de manipulação a partir da bola levantada por Gilmar Mendes. No blog do Eduardo Guimarães, eu acabo de saber que o Globo cometeu o acinte de divulgar, em seu twitter, uma hashtag contra Lula, e isso no momento mais nervoso da crise politica provocada por Gilmar Mendes.

No Estadão, onde Mendes também figurou na capa, temos uma entrevista ainda mais barra pesada e irresponsável. Confiram esse trecho.

sobre o fato de o ex-ministro Nelson Jobim não ter confirmado a suposta tentativa de Lula de intimidá-lo, respondeu: “Se eu fosse Juruna eu gravava a conversa, né? Ficaria interessantíssimo. Estou dizendo a vocês o que ocorreu. Posso ter uma interpretação errada, é um relato de uma conversa de quase duas horas. Mas os senhores sabem de uma coisa: eu não tenho a tradição de mentir. Eu posso até interpretar os fatos, mas os senhores não me viram me desmentindo ao longo da minha carreira.”

Gilmar, visivelmente, está recuando, deixando um rastro de insanidade atrás de si. Agora ele afirma que pode ter feito “uma interpretação errada”? Agora diz que “posso até interpretar os fatos”? Como é possível atacar a honra de uma pessoa como Lula, com base uma interpretação que ele mesmo admite que pode estar errada?

Na Folha, previsivelmente, Gilmar também dá as cartas. Sua acusação é capa do jornal:

A tese de Gilmar é sofrível, ridícula, caricatural. Ele acusa Lula e Lacerda de serem fonte de “intrigas” contra ele, para melar o julgamento dos réus do mensalão. Perguntado de onde provinha essa informação, Gilmar disse que “jornalistas” lhe contaram. E fala que “gângsteres” espalham rumores sobre ele. Ora veja. Demóstenes Torres está sendo acusado, com provas, de ser um senador-gângster, sócio de uma máfia que corrompeu centenas de pessoas e desviou milhões de reais dos cofres públicos, e a Folha e Gilmar (e todos os jornais) dão manchete botando Lula como vilão. É uma loucura total. Gilmar Mendes, o maior gângster da história do judiciário brasileiro, posa para mídia como denunciador de gângsteres que espalham boatos. Quem é gângster, segundo Mendes? Pessoas comuns, que lutam para ganhar a vida, e comentam em blogs sobre as citações de Gilmar no relatório da PF sobre o esquema Cachoeira?

A Folha dá prosseguimento à canalhice nesta quarta-feira:

A estratégia é sórdida, e ao mesmo tão banal. Uma manipulação tão previsível! Os tais membros do governo, como era de se esperar, é uma fonte anônima, e a matéria pressupõe que a acusação contra Lula foi confirmada, o que não é verdade. Tanto Lula como Jobim, única testemunha, negaram o teor da conversa. Ou seja, perderam qualquer noção de bom senso, imparcialidade. Piraram de vez, embora se possa apontar, como fizeram com Hamlet, bastante lógica por trás desta insanidade…

Contraponto 8316 - "Da Carta Maior"


31/05/2015

Da Carta Maior

GILMAR, MENTES?

Um software de análise de voz da Truster Brasil dissecou três minutos da entrevista do ministro Gilmar Mendes veiculada na segunda-feira (28) pelo canal "GloboNews". O relato feito pelo magistrado sobre o encontro com o ex-presidente Lula e o ex-ministro Nelson Jobim, segundo a reportagem veiculada pela UOL, inclui 11 ocorrências de "alto risco", cinco de "provável risco" e duas de "baixo risco"."Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo", afirma o perito responsável pela análise, Mauro Nadvorny. A tecnologia da Truster detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz que permitem estabelecer uma escala de veracidade da narrativa oral. No caso de Mendes, o laudo técnico de sua versão sobre o polêmico encontro registrou alto risco de fraude nos trechos em que o ele diz: a) que o mensalão "entrou na pauta das conversas"; b) que "o presidente Lula tocou várias vezes na questão da CPMI" e c) no trecho em que Mendes disse não ter "nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes". A avaliação técnica foi reforçada nas últimas horas pelos 'ajustes' que o dono da voz vem introduzindo em aspectos centrais do relato original (Leia aqui ). A julgar pela esmagadora maioria dos que respondem à enquete proposta pelo blog do Emir (leia ao lado) há também forte convergência entre o diagnóstico do software da Truster e o discernimento público.

(Carta Maior; 5ª feira/31/05/2012)

Contraponto 8315 - "Impeachment para Gilmar Mendes"

31/05/2012

Impeachment para Gilmar Mendes

O Conversa Afiada reproduz post de Celso Lungaretti (*) no blog Náufrago da Utopia:

IMPEACHMENT PARA GILMAR MENDES


“Admito que o ex-presidente pudesse estar preocupado com a realização do julgamento no mesmo semestre das eleições. Isso aí é aceitável. Primeiro, porque é um leigo na área do Direito. Segundo, porque integra o PT. Portanto, se o processo envolve pessoas ligadas ao PT, obviamente, se ocorrer uma condenação, repercutirá nas eleições municipais.”


A avaliação, simples mas correta, foi do ministro Marco Aurélio Mello, que sempre considerei o mais lúcido dos integrantes do Supremo Tribunal Federal.


Sim, é da natureza humana tentarmos convencer juízes a tomarem as decisões que nos convêm. O destrambelhado Gilmar Mendes só teria motivos para fazer a tempestade em copo d’água que fez:


– se Lula o tivesse procurado para tentar influir na sentença do processo do mensalão;

– se Lula lhe houvesse oferecido alguma forma de recompensa ou feito alguma ameaça, para tangê-lo a aceitar a postergação do julgamento para depois das eleições municipais.


Ora, nem em suas declarações mais furibundas à imprensa Mendes ousou acusar Lula de estar pressionando pela absolvição dos réus.


E, mesmo se acreditarmos na versão que Mendes deu do encontro e ninguém confirmou, a referência de Lula a (mais) uma ligação perigosa do seu interlocutor é insuficiente para caracterizar uma ameaça. Lula não disse nada parecido com “a militância do PT trombeteará dia e noite que é o Carlinhos Cachoeira quem custeia vossas viagens”, mas, apenas, sugerido que convinha ao próprio Mendes deixar esses assuntos melindrosos para mais tarde.


É inadequado alguém falar nestes termos a um ministro do Supremo? Sem dúvida! Mas, o que Mendes esperava, ao aceitar um encontro a portas fechadas com Lula sem ter nada de pertinente a tratar com ele?


Se Mendes é tão sensível a hipotéticas insinuações, certamente não as ouvirá atendo-se à liturgia do cargo.


Como explica Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional da FGV/RJ:


“…no STF há hoje dois perfis distintos. De um lado ministros mais discretos, que não se pronunciam, exceto nas audiências, e que mantêm distância de Executivo, Legislativo e representantes de interesses em julgamento. Vida pessoal recatada.


Por outro lado há ministros que se pronunciam fora dos autos, estão diariamente na mídia, mantêm contatos políticos, participam de seminários e reuniões com grupos de interesse.


A questão crucial, dizem uns, não é se o ministro deve falar fora dos julgamentos, estar na mídia ou se relacionar social e politicamente. A questão é haver transparência antes, durante e depois dos relacionamentos. E que não faça política. As agendas, os encontros, as atividades dos ministros deveriam ser publicados de antemão.


Em alguns países o juiz não recebe uma parte sem a presença da outra, tão grande é a preocupação com a imparcialidade. O que alguns ministros praticam aqui no STF. Ou grava-se a conversa para assegurar a fidelidade do que ocorreu e proteger o ministro de propostas inadequadas”.


Mendes é o pior exemplo de ministro pop star: pronuncia-se o tempo todo fora dos autos, só falta pendurar uma melancia no pescoço para aparecer mais na mídia, mantém contatos políticos a torto e direito, não recusa convites para eventos de poderosos que têm óbvio interesse em decisões do STF.


Pior, FAZ POLÍTICA (e sempre com viés direitista) –como quando produziu irresponsável alarmismo acerca de um estado policial que nem remotamente se configurava, ou quando contrapôs à frase da então ministra Dilma Rousseff, de que “tortura é crime imprescritível”, a estapafúrdia afirmação de que “terrorismo também é” (esquecendo não só a diferença jurídica entre terrorismo e resistência à tirania, como também o fato de que a imprescritibilidade do terrorismo só viria a ser introduzida nas leis brasileiras depois dos anos de chumbo).


E nunca tem gravações para apresentar, que comprovassem suas denúncias delirantes e bombásticas.


O veterano jornalista Jânio de Freitas (vide íntegra aqui) nos brinda com uma constatação explícita e uma sugestão implícita:


“O excesso de raiva e a aparente perda de controle em Gilmar Mendes talvez expliquem, mas não tornam aceitável, que um ministro do Supremo Tribunal Federal faça, para a opinião pública, afirmações tão descabidas.


…Com muita constância, somos chamados a discutir o decoro parlamentar. Não são apenas os congressistas, no entanto, os obrigados a preservar o decoro da função”.


Eu não insinuo, afirmo: já passou da hora de Gilmar Mendes ser submetido a impeachment.


Menos pela comédia de pastelão que está encenando agora e mais por haver, em duas diferentes ocasiões, privado da liberdade Cesare Battisti em função não das leis e da jurisprudência existentes, mas da esperança que nutria de as alterar.


Quando o ministro da Justiça Tarso Genro concedeu refúgio ao escritor italiano, cabia ao presidente do STF suspender o processo de extradição e colocá-lo em liberdade, como sempre se fizera. Mas decidiu mantê-lo preso, confiante em que convenceria seus colegas ministros a detonarem a lei e a instituição do refúgio, passando por cima do Legislativo e usurpando prerrogativa do Executivo. Conseguiu.


Da segunda vez, quando o então presidente Lula negou a extradição, exatamente como o Supremo o autorizara a fazer, o relator Mendes e o presidente Cezar Peluso apostaram de novo numa virada de mesa legal… E PERDERAM!


O desfecho do caso os tornou responsáveis pelo SEQUESTRO de Battisti durante os cinco meses seguintes –e nada existe de mais grave para um magistrado do que dispor tendenciosamente da liberdade alheia, cometendo abuso gritante de autoridade.


Se Mendes sofrer o impeachment agora, Deus estará escrevendo certo por linhas tortas.


* Celso Lungaretti . Jornalista, escritor, ex-preso polítio.
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com


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Clique aqui para ver o que o Dr Piovesan pensa do assunto.

O Memorial ao STF para cassar Gilmar

Contraponto 8314 - "Elói Pietá: Gilmar Mendes, um político de oposição no STF "


31/05/2012

Elói Pietá: Gilmar Mendes, um político de oposição no STF

Do Viomundo - publicado em 31 de maio de 2012 às 13:57

por Elói Pietá, no blog do Marcelo Souza

A polêmica suscitada pelo ministro do Supremo, Gilmar Mendes, a respeito de recente encontro seu com o ex-presidente Lula, merece algumas considerações sobre os juízes e a política.

Os juízes têm muito poder, assim como os governantes e os parlamentares. E têm ideologia. Às vezes são mais elitistas, às vezes mais igualitários. Nos processos e nas sentenças eles expressam mais a técnica jurídica ou mais as suas convicções. Sempre haverá a presença dos dois.

Como tantos fatos demonstram, Gilmar Mendes é um magistrado tecnicamente preparado, mas profundamente político. Escolhido no governo do PSDB, seu lado sempre demonstrou ser de oposição ideológica ao PT.

Entre as muitas relações políticas que cultivou na oposição, uma agora lhe é incômoda: Demóstenes Torres. Compartilhavam eventos familiares. Viajavam juntos no exterior. Juntos protagonizaram o anúncio de um suposto grampo telefônico, nunca comprovado, que levou à demissão de um por eles indesejado diretor da ABIN. Juntos tiveram na revista Veja seu prioritário canal de expressão midiática. Juntos se enganaram quanto aos amigos: Demóstenes diz que achava Cachoeira não mais agir na ilegalidade; Gilmar diz que achava Demóstenes uma pessoa diferente da que agora foi revelada.

Na versão da polêmica atual a respeito de seu diálogo com Lula, são dois contra um. O ex-presidente e o ex-ministro do Supremo, Nelson Jobim, negam a afirmação de Gilmar Mendes de que Lula sugeriu adiar pra depois das eleições o julgamento do chamado mensalão.

E, se Lula realmente quisesse dizer isso, qual o problema? Gilmar em nada dependeu ou depende de Lula. É ministro vitalício. Tem posições fortes. Lula, como principal liderança do PT, teria todo direito de dizer ao ministro que fazer este julgamento antes das eleições é usar o processo como arma eleitoral.

Expor um ponto de vista jamais tira a liberdade do julgador. É do cotidiano no Judiciário. É da natureza de qualquer instituição de poder receber pressões sociais nesta ou naquela direção. Vide a intensa pressão para o STF fazer este julgamento antes das eleições. A oposição nacional, em todos os seus matizes partidários e midiáticos, quer o julgamento agora. Para influenciar a seu favor o resultado eleitoral. Ao PT, obviamente, interessa o julgamento após outubro.

O problema então estaria em supostas insinuações de Lula de que o ministro poderia ser alvo na CPI de Cachoeira. Fato mais uma vez negado. Dois contra um.

O ministro Mendes, conforme ele mesmo diz, relatou de imediato suas impressões da conversa a Agripino Maia, presidente do DEM. Evidencia-se que buscou guarida e conselhos no jogo político, que ele também joga. Tanto que foi compartilhá-la com um dos principais líderes da oposição, e não com seus colegas do Supremo. Quando resolveu, calculadamente, jogá-la a público, um mês depois, pelo canal oposicionista da Veja, certamente buscou tirar algum proveito político contra o PT ou para blindar preventivamente a si mesmo.

O ministro Gilmar Mendes afirmou que as pressões do PT para adiar o julgamento do mensalão seguem uma lógica burra, irresponsável, imbecil. Ao reverso dá para entender que, para ele, as pressões da oposição, em que milita, seguiriam uma lógica inteligente, responsável, esperta.

Na política, Gilmar Mendes tem lado. No Supremo, se inspira neste lado.

Elói Pietá é secretário geral nacional do PT

Leia também:

Serra participou da armação Veja-Gilmar

Embaixador da Venezuela repudia declarações de Mendes

Contraponto 8313 - Charge do Bessinha

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31/05/2012
Charge do Bessinha (667 e 668)


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Contraponto 8312 - "Argentina: O que há por trás de um jornal chamado Clarín"

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31/05/2012

Argentina: O que há por trás de um jornal chamado Clarín


No dia 7 de dezembro de 2012, o todo-poderoso grupo Clarín, que além do jornal de maior circulação da Argentina (e um dos maiores da América do Sul) detém, na prática, um império de comunicações no país, terá que começar a de desfazer de vários canais de televisão aberta e a cabo, além de um bom punhado de emissoras de rádio. O grupo tentou denunciar a nova legislação, aprovada por esmagadora maioria no Congresso, mas acumulou derrotas, inclusive da Suprema Corte argentina. O artigo é de Eric Nepomuceno.

O prazo final foi dado: dezembro. Ou, para quem aprecia precisão e detalhe, dia sete de dezembro de 2012, uma quarta-feira. É quando o todo-poderoso grupo Clarín, que além do jornal de maior circulação da Argentina (e um dos maiores da América do Sul) detém, na prática, um império de comunicações no país, terá de se enquadrar na nova legislação – ou seja, começar a de desfazer de vários canais de televisão aberta e a cabo, além de um bom punhado de emissoras de rádio. Num estranho neologismo, a questão é tratada, na Argentina, como ‘desenvestimento’. Ora, na verdade a questão é outra: o grupo terá de começar a se desfazer de um patrimônio que é ilegal. Terá de abrir mão de concessões de licenças para operar rádio AM, FM, televisão aberta e televisão fechada.

O grupo Clarín tentou, de todo jeito, denunciar essa nova legislação – aprovada, aliás, por esmagadora maioria no Congresso –, questionando sua constitucionalidade e alegando que atingia o direito à liberdade de expressão. A Suprema Corte disse que na nova legislação não há nenhum cerceamento à liberdade de expressão.

Denunciar atentados à liberdade de expressão cada vez que seus interesses empresariais são ameaçados é característica dos grupos de comunicação que, na América Latina, funcionam como grandes monopólios e, ao mesmo tempo, como ferozes escudeiros do poder econômico. Cada vez que um desses grupos se sente ameaçado, todos, em uníssono, denunciam que os governos estariam fazendo aquilo que, na verdade, esses mesmos grupos praticam descaradamente em seu dia a dia: o cerceamento à liberdade de expressão. À diversidade de informação.

O caso do grupo Clarín é típico do que ocorre em um sem-fim de países, a começar pelo Brasil, onde um seleto punhado de quatro ou cinco famílias controla ferreamente a distribuição de informação. Na Argentina, como no Brasil, esses conglomerados de comunicação funcionam como a verdadeira oposição ao governo. E não no sentido de vigiar, pressionar, denunciar erros e desvios, mas de lançar mão de todas as armas e ferramentas, por mais venais que sejam, para atacar qualquer governo que atente contra os seus interesses e os interesses de determinado poder econômico, que os monopólios das comunicações defendem movidos a ferro, fogo e ausência total de escrúpulos.

Vale a pena recordar como atua o grupo Clarín, fervoroso defensor do sacrossanto direito à liberdade de expressão. Sua prática, na defesa desse credo, é no mínimo esdrúxula: controla 56% do mercado de canais de televisão aberta e a cabo, e uma parcela ainda maior das emissoras de rádio; manipula contratos de publicidade impedindo que os anunciantes comprem espaço na concorrência; e, como se fosse pouco, ainda briga na Justiça para continuar exercendo o monopólio da produção e distribuição do papel de imprensa no país.

Não se trata de discutir o conteúdo – incrivelmente manipulado, aliás – dos meios de informação controlados pelo Clarín em todas as suas variantes. Trata-se apenas e tão somente de discutir até que ponto é lícito que um determinado grupo exerça semelhante controle sobre o volume de informação que chega aos argentinos.

Diante desse quadro, é fácil entender que o que fez o governo de Cristina Fernández de Kirchner é, para o grupo Clarín, algo inadmissível. Afinal, além da intervenção na fábrica Papel Prensa, fazendo com que o Estado assumisse o controle da produção, distribuição e venda de papel a jornais e revistas, o governo baixou uma lei, aprovada pelo Congresso, que dividiu o espaço da transmissão de televisão aberta e fechada em três partes iguais.

Um terço desse espaço permanece em mãos de grupos privados, como o próprio Clarín. Outro terço passa a ser dividido entre emissoras públicas (nacionais e estaduais), e o terço final passa a emissoras que estarão sob controle da sociedade civil, através de organizações sociais. Quem está atuando além desses limites terá de abrir mão de licenças e concessões, que na Argentina – como no Brasil – são públicas.

Além disso, quem for dono de canais abertos não poderá ser dono de distribuidoras de canais a cabo numa mesma região. O grupo Clarín tem superposição de canais abertos e fechados em Buenos Aires, Córdoba, Mar del Plata e Bahía Blanca. Vai ter de escolher. Além disso, ao fundir duas distribuidoras de canais a cabo, a Calevisión e a Multicanal, estourou todos os limites de concessões estabelecidos pela lei (são cerca de 225 canais em mãos do grupo, e isso, para não mencionar as estações de rádio AM e FM).

A nova legislação foi questionada, é claro, por várias corporações que foram e serão atingidos. A gigantesca Telefônica espanhola, por exemplo, controla nove canais de televisão aberta no país. Terá abrir mão de todos, a menos que aceite integrar alguma cooperativa junto a organizações sociais.

Ninguém, em todo caso, fez o estardalhaço que o grupo Clarín está fazendo. Há uma explicação: o grupo decidiu partir, altaneiro, para o tudo ou nada. Confiou no próprio poder e na fraqueza do governo.
Tropeçou feio: Cristina Kirchner se reelegeu em 2011, e agora a Justiça decidiu que a nova lei tem data, sete de dezembro de 2012, para que seja cumprida.

A fúria do Clarín é evidente e é compreensível. Fez todas as apostas erradas, e está perdendo uma por uma.

A mais delicada dessas apostas foi a que fez no segundo semestre de 1976, quando ganhou – na base de uma cumplicidade sórdida com a ditadura militar que sufocava o país – o controle da produção e da distribuição de papel de jornais e revistas na Argentina. Foi o auge de seu poder, que agora começa a ser rapidamente minado. Já não há torturadores e militares corruptos e sanguinários a quem recorrer. Restou recorrer à Justiça. Foi quando o grupo começou a perder.

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Contraponto 8311 - "Cerra substituiu Cachoeira a Veja?"

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31/05/2012

Cerra substituiu Cachoeira a Veja?

Dá uma palavrinha com a Veja ... (Ou, como pegar o Lula !)

O Conversa Afiada publica e-mail do amigo navegante Jacinto Amaral:

Meus caros, a se confiar na notinha (sic) da Monica Bergamo de hoje nas Folhas, Zé Cerra ligou para o Jobim mandando ele falar com a Veja. E quando o Jobim ligou soube que era a estorinha do Gilmar. Ou seja, Cerra tá trabalhando como editor da revista!


(A notinha é a que se segue:


QUARTO ELEMENTO

Há alguns dias, José Serra ligou para o ex-ministro Nelson Jobim. Pediu a ele que falasse com a revista “Veja”. Jobim atendeu ao pedido do amigo -e só então soube da reportagem sobre Lula e o ministro Gilmar Mendes. Escaldado (sic), Jobim disse não ter presenciado nada beligerante na conversa entre os dois, que ocorreu em seu escritório, em Brasília.)

NAVALHA

Se a Veja, de fato, perdeu um colaborador inestimável, o Carlinhos Cachoeira, parece, segundo a Ilustrada Folha (*), que já o substituiu.

À altura.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.





Artigos Relacionados

Contraponto 8310 - "Leonardo Boff: Todo o Brasil foi vítima da ditadura militar"

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.31/05/2012

Leonardo Boff: Todo o Brasil foi vítima da ditadura militar

Do Viomundo - publicado em 30 de maio de 2012 às 23:24

1964: Golpe Militar a serviço do Golpe de Classe

Para que a missão da Comissão da Verdade seja completa e satisfatória, caberia a ela fazer um juízo ético-político sobre todo o período da ditadura. O assalto ao poder foi um crime contra a Constituição, uma ocupação violenta de todos os aparelhos de Estado para montar uma ordem regida por atos institucionais, pela repressão e pelo estado de terror.

*Leonardo Boff, na Carta Maior

O objeto da Comissão da Verdade deve sim, tratar dos crimes e dos desaparecimentos perpetrados pelos agentes do Estado ditatorial. É sua tarefa precípua e estatutária. Mas não pode se reduzir a estes fatos. Há o risco de os juízos serem pontuais.

Precisa-se analisar o contexto maior que permite entender a lógica da violência estatal e que explica a sistemática produção de vítimas. Mais ainda, deixa claro o trauma nacional que significou viver sob suspeitas, denúncias, espionagem e medo paralisador.

Neste sentido, vítimas não foram apenas os que sentiram em seus corpos e nas suas mentes a truculência dos agentes do Estado. Vítimas foram todos os cidadãos. Foi toda a nação brasileira. Para que a missão da Comissão da Verdade seja completa e satisfatória, caberia a ela fazer um juízo ético-político sobre todo o período do regime militar.

Importa assinalar claramente que o assalto ao poder foi um crime contra a Constituição. Configurou uma ocupação violenta de todos os aparelhos de Estado para, a partir deles, montar uma ordem regida por atos institucionais, pela repressão e pelo estado de terror.

Bastava a suspeita de alguém ser subversivo para ser tratado como tal. Mesmo detidos e sequestrados por engano como inocentes camponeses, para logo serem seviciados e torturados. Muitos não resistiram e sua morte equivale a um assassinato. Não devemos deixar passar ao largo, os esquecidos dos esquecidos que foram os 246 camponeses mortos ou desaparecidos entre 1964-1979.

O que os militares cometeram foi um crime lesa-pátria. Alegam que se tratava de uma guerra civil, um lado querendo impor o comunismo e o outro defendendo a ordem democrática. Esta alegação não se sustenta.

O comunismo nunca representou entre nós uma ameaça real. Na histeria do tempo da guerra-fria, todos os que queriam reformas na perspectiva dos historicamente condenados e ofendidos –as grandes maiorias operárias e camponesas– eram logo acusados de comunistas e de marxistas, mesmo que fossem bispos como o insuspeito Dom Helder Câmara.

Contra eles não cabia apenas a vigilância, mas para muitos a perseguição, a prisão, o interrogatório aviltante, o pau-de-arara feroz, os afogamentos desesperadores. Os alegados “suicídios” camuflavam apenas o puro e simples assassinato.

Em nome do combate ao perigo comunista, se assumiu a prática comunista-estalinista da brutalização dos detidos. Em alguns casos se incorporou o método nazista de incinerar cadáveres como admitiu o ex-agente do Dops de São Paulo, Cláudio Guerra.

O grande perigo para o Brasil sempre foi o capitalismo selvagem. Usando palavras de Capistrano de Abreu, nosso historiador mulato, “capou e recapou, sangrou e ressangrou” as grandes maiorias de nosso povo.

O Estado ditatorial militar, por mais obras que tenha realizado, fez regredir política e culturalmente o Brasil. Expulsou ou obrigou ao exílio nossas inteligências e nossos artistas mais brilhantes.

Afogou lideranças políticas e ensejou o surgimento de súcubos que, oportunistas e destituídos de ética e de brasilidade, se venderam ao poder ditatorial em troca benesses que vão de estações de rádio a canais de televisão.

Os que deram o golpe de Estado devem ser responsabilizados moralmente por esse crime coletivo contra o povo brasileiro.

Os militares já fora do poder garantiram sua impunidade e intangibilidade graças à forjada anistia geral e irrestrita para ambos os lados.

Em nome deste status, resistem e fazem ameaças, como se tivessem algum poder de intervenção que, na verdade é inexistente e vazio. A melhor resposta é o silêncio e o desdém nacional para a vergonha internacional deles.

Os militares que deram o golpe se imaginam que foram eles os principais protagonistas desta façanha nada gloriosa. Na sua indigência analítica, mal suspeitam que foram, de fato, usados por forças muito maiores que as deles.

René Armand Dreifuss escreveu em 1980 sua tese de doutorado na Universidade de Glasgow com o título: 1964: A conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe (Vozes 1981).

Trata-se de um livro com 814 páginas das quais 326 de documentos originais. Por estes documentos fica demonstrado: o que houve no Brasil não foi um golpe militar, mas um golpe de classe com uso da força militar.

A partir dos anos 60 do século passado, se formou o complexo IPES/IBAD/GLC. Explico: o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Grupo de Levantamento de Conjuntura (GLC).

Compunham uma rede nacional que disseminava ideias golpistas, composta por grandes empresários multinacionais, nacionais, alguns generais, banqueiros, órgãos de imprensa, jornalistas, intelectuais, a maioria listados no livro de Dreifuss.

O que os unificava, diz o autor “eram suas relações econômicas multinacionais e associadas, o seu posicionamento anticomunista e a sua ambição de readequar e reformular o Estado”(p.163) para que fosse funcional a seus interesses corporativos.

O inspirador deste grupo era o General Golbery de Couto e Silva que já em “em 1962 preparava um trabalho estratégico sobre o assalto ao poder” (p.186).

A conspiração, pois estava em marcha, há bastante tempo. Aproveitando-se da confusão política criada ao redor do Presidente João Goulart, tido como o portador do projeto comunista, este grupo viu a ocasião apropriada para realizar seu projeto.

Chamou os militares para darem o golpe e tomarem de assalto o Estado. Foi, portanto, um golpe da classe dominante, nacional e multinacional, usando o poder militar.

Conclui Dreifuss: “O ocorrido em 31 de março de 1964 não foi um mero golpe militar; foi um movimento civil-militar; o complexo IPES/IBAD e oficiais da ESG (Escola Superior de Guerra) organizaram a tomada do poder do aparelho de Estado” (p. 397).

Especificamente afirma: “A história do bloco de poder multinacional e associados começou a 1º de abril de 1964, quando os novos interesses realmente tornaram-se Estado, readequando o regime e o sistema político e reformulando a economia a serviço de seus objetivos” (p.489). Todo o aparato de controle e repressão era acionado em nome da Segurança Nacional que, na verdade, significava a Segurança do Capital.

Os militares inteligentes e nacionalistas de hoje deveriam dar-se conta de como foram usados por aquelas elites oligárquicas que não buscavam realizar os interesses gerais do Brasil; mas, sim, alimentar sua voracidade particular de acumulação, sob a proteção do regime autoritário dos militares.

A Comissão da Verdade prestaria esclarecedor serviço ao país se trouxesse à luz esta trama. Ela simplesmente cumpriria sua missão de ser Comissão da Verdade.

Não apenas da verdade de fatos individualizados; mas, da verdade do fato maior da dominação de uma classe poderosa, nacional, associada à multinacional, para, sob a égide do poder discricionário dos militares, tranquilamente, realizar seus propósitos corporativos de acumulação. Isso nos custou 21 anos de privação da liberdade, muitos mortos e desaparecidos e de muito padecimento coletivo.

*Leonardo Boff é teólogo e escritor.

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PS do Viomundo: Li outro dia, na Folha de S. Paulo, um texto que fazia uma estranha aritmética sobre quantos tinham sido mortos pela esquerda durante a ditadura militar e quantos tinham sido mortos pelo regime. Descontextualizava o assunto, não mencionando quantos foram cassados, exilados, presos e perseguidos pela ditadura, quantos tiveram os domicílios, a correspondência ou os direitos sociais violados, nem os milhões que tiveram os salários arrochados. Uma forma mais sofisticada de dizer “ditabranda”. Por isso a sugestão de Leonardo Boff é importantíssima. Mais que isso, é preciso apontar claramente quem financiou e quem se beneficiou do regime. A Folha, por exemplo, ofereceu apoio ideológico e material, na forma de um jornal emprestado à turma do torturador Sergio Paranhos Fleury e de veículos para as campanas do maior centro de torturas montado no Brasil, na Operação Bandeirante. O que, aliás, explica a “ditabranda”.

Leia também:

Bernardo Kucinski: Quem financiou a repressão?

Ivan Seixas, sobre a Folha da Tarde: O jornal que matava nas manchetes

Ivan Seixas: Otavião tinha medo de ser fuzilado

Rose Nogueira: A ficha (verdadeira) da Folha

Maria Victoria Benevides: O esqueleto no armário

Beatriz Kushnir: Quem eram os cães de guarda

Beatriz Kushnir: Como a mídia colaborou com a ditadura

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Contraponto 8309 - "Ministros do STF não endossam jogada de Gilmar"

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Da Folha de S. Paulo

Para STF, atrito com Lula é caso pessoal

A maioria dos ministros decidiu que a corte não deve tomar posição oficial em defesa do colega Gilmar Mendes
A consulta foi feita nos últimos dias pelo presidente Carlos Ayres Britto, que concorda com essa avaliação

VALDO CRUZ
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) avalia que a corte não deve se posicionar em defesa do colega Gilmar Mendes ou contra o ex-presidente Lula. Entre os magistrados, predomina o entendimento de que o encontro entre Lula e Gilmar não foi um episódio institucional, mas pessoal.

A posição foi tomada a partir de consulta feita nos últimos dias pelo presidente do STF, Carlos Ayres Britto. No polêmico encontro, o petista teria pedido ao ministro para tentar adiar o julgamento do mensalão, segundo a versão de Mendes. Lula e o ex-ministro Nelson Jobim, o anfitrião do encontro, negam.

Ayres Britto conversou com a maioria dos ministros para ouvi-los se caberia algum tipo de posicionamento formal do Supremo, seja emitindo nota em defesa de Gilmar Mendes, seja adotando medida oficial interpelando o ex-presidente Lula.

Segundo a Folha apurou, todos os consultados "não viram sentido" num posicionamento formal da corte por avaliarem se tratar de caso "pessoal" envolvendo Mendes, e não um episódio que atinja a instituição diretamente. Esta também é a posição de Ayres Britto.

A decisão não significa que, individualmente, os colegas de Gilmar Mendes não o defendam, como já foi feito pelo ministro Celso de Mello.

Ontem, no intervalo da reunião de plenário do STF, Britto disse que Mendes não pediu nada ao ser questionado se o colega havia solicitado alguma posição do STF.

Afirmou ainda que "ninguém tomou essa iniciativa [de pedir posição oficial] porque entendeu que não há gravidade suficiente para isso, estou supondo".

Britto aproveitou para defender o Supremo de pressões políticas por conta do julgamento do mensalão.

"O Judiciário está imune a esses dissensos. Tenho dito reiteradamente que nós somos experimentados em enfrentamento de situações de toda ordem. Isso não nos tira do eixo. Nós não perdemos o foco, que o nosso dever é o de julgar todo e qualquer processo, inclusive esse chamado de mensalão, com objetividade, imparcialidade, serenidade", afirmou.

Britto disse que o STF "é sobranceiro, altivo, independente, consciente de sua função institucional", acrescentando que "aqui ninguém está abalado com isso [a polêmica entre Mendes e Lula], no sentido de predisposição para absolver ou condenar".

Durante a sessão de ontem, a primeira após a revelação do episódio, não houve qualquer comentário sobre o encontro de Lula e Mendes.

Além de entrar em contato com os colegas, Britto decidiu procurar Gilmar Mendes pessoalmente anteontem à noite depois de ser informado das entrevistas que o ministro havia dado atacando diretamente Lula.

O presidente do STF foi à casa de Gilmar Mendes e pediu que ele baixasse o "tom de suas declarações". Ontem, Britto afirmou que a visita não foi nem para se "solidarizar" nem para "recriminar" o colega. "Simplesmente trocamos ideias", disse.

Em busca de apoio no Congresso, Mendes encaminhou documentos a parlamentares para tentar comprovar que não voou em aeronave cedida pelo empresário Carlinhos Cachoeira no ano passado.

Colaborou GABRIELA GUERREIRO, de Brasília

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Contraponto 8308 -"Sessão especial na Câmara dos Deputados em homenagem ao Dia do Defensor Público"

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31/05/2012


Sessão especial na Câmara dos Deputados em homenagem ao Dia do Defensor Público

Informativo ANADEP - 25/05/2012

A Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) convida para a sessão especial da Câmara dos Deputados em homenagem ao Dia do Defensor Público (19 de maio), que acontecerá no Plenário Ulysses Guimarães, na próxima terça-feira (29/5), às 10 horas. O requerimento de realização da cerimônia foi de autoria do deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) e outros parlamentares da mesma casa legislativa.

Lembramos que, assim como nos últimos anos, os Defensores Públicos brasileiros celebram a data promovendo uma campanha nacional de conscientização sobre direitos. O tema deste ano é “ENSINAR, PREVENIR, CONCILIAR: Defensores Públicos pela garantia extrajudicial dos direitos”.

O objetivo da iniciativa é divulgar as atribuições extrajudiciais dos Defensores Públicos, promovendo e incentivando as pessoas a se valerem desses meios alternativos de solução de conflitos, que, invariavelmente, são mais rápidos, baratos e eficazes, porque atingem uma solução que é construída pelas próprias pessoas envolvidas no problema.

A Lei Complementar 132, aprovada pelo Congresso Nacional em 2009, estabeleceu diversas atribuições aos Defensores Públicos que são exercidas sem a necessidade de se ingressar com uma medida judicial, contribuindo para desafogar o Poder Judiciário. São atribuições como educação em direitos, orientação e assessoramento preventivo, conciliação, mediação e atuação coletiva.

Neste momento de comemoração, entretanto, não se pode deixar de destacar que ainda faltam muita atenção e investimento públicos para a ampla estruturação das Defensorias Públicas. Não há defensores públicos em mais da metade das comarcas brasileiras e, em Goiás e Santa Catarina, ainda não existe um único defensor público.

Efetivar a garantia constitucional de acesso à Justiça a todas as pessoas, inclusive e especialmente, às mais pobres, portanto, depende da efetiva implantação e instalação da Defensoria Pública em todas as comarcas brasileiras, bem como do desenvolvimento, por elas, das suas atribuições extrajudiciais de prevenção e de solução alternativa de conflitos.

Para isso, é fundamental a concretização da autonomia administrativa, financeira e orçamentária, garantida pela Constituição Federal, a fim de que seja possível a criação e o preenchimento de mais cargos de Defensor Público. Um passo crucial nesta direção foi a aprovação do PLS 225/11, no Senado Federal, no ano passado. Esse projeto explicita as referidas autonomias da Defensoria Pública na Lei de Responsabilidade Fiscal e, atualmente, se encontra em tramitação – em regime de urgência – na Câmara dos Deputados (agora sob o número PLP 114/11).

Gostaríamos, por isso, de continuar contando com o importante e efetivo apoio de Vossa Excelência nesta luta pela efetivação da garantia constitucional do acesso à Justiça a todas as pessoas carentes do Brasil, o que somente será possível quando a Defensoria Pública estiver instalada em 100% das comarcas brasileiras.

Informativo ANADEP

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Contraponto 8307 - "Gilmar Mendes não é o Supremo"

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30/05/3012
Gilmar Mendes não é o Supremo

Do Blog do Saraiva - 3/05/2012

Mauro Santayana

Engana-se o senhor Gilmar Mendes, quando denuncia uma articulação conspiratória contra o Supremo Tribunal Federal, nas suspeitas correntes de que ele, Gilmar, se encontra envolvido nas penumbrosas relações do senador Demóstenes Torres com o crime organizado em Goiás.

A articulação conspiratória contra o Supremo partiu de Fernando Henrique Cardoso, quando indicou o seu nome para o mais alto tribunal da República ao Senado Federal, e usou de todo o rolo compressor do Poder Executivo, a fim de obter a aprovação. Registre-se que houve 15 manifestações contrárias, a mais elevada rejeição em votações para o STF nos anais do Senado.

Com todo o respeito pelos títulos acadêmicos que o candidato ostentava — e não eram tão numerosos, nem tão importantes assim — o senhor Gilmar Mendes não trazia, de sua experiência de vida, recomendações maiores. Servira ao senhor Fernando Collor, na Secretaria da Presidência, e talvez não tenha tido tempo, ou interesse, de advertir o presidente das previsíveis dificuldades que viriam do comportamento de auxiliares como PC Farias.

Afastado do Planalto durante o mandato de Itamar, o senhor Gilmar Mendes a ele retornou, como advogado-geral da União de Fernando Henrique Cardoso. Com a aposentadoria do ministro Néri da Silveira, Fernando Henrique o levou ao Supremo. No mesmo dia em que foi sabatinado, o jurista Dalmo Dallari advertiu que, se Gilmar chegasse ao Supremo, estariam “correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”. Pelo que estamos vendo, Dallari tinha toda a razão.

"O STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como Mensalão, como está previsto "
Gilmar, como advogado-geral da União — e o fato é conhecido — recomendara aos agentes do Poder Executivo não cumprirem determinadas ordens judiciais. Como alguém que não respeita as decisões da justiça pode integrar o mais alto tribunal do país? Basta isso para concluir que Fernando Henrique, ao nomear o senhor Gilmar Mendes, demonstrou o seu desprezo pelo STF. O Supremo, pela maioria de seus membros, deveria ter o poder de veto em casos semelhantes.
Esse comportamento de desrespeito — vale lembrar — ocorreu também quando o senhor Francisco Rezek renunciou ao cargo de ministro do Supremo, a fim de se tornar ministro de Relações Exteriores, e voltou ao alto tribunal, reindicado pelo próprio Collor. O episódio, tal como a posterior indicação de Gilmar, trouxe constrangimento à República. Ressalve-se que os conhecimentos jurídicos de Rezek, na opinião dos especialistas, são muito maiores do que os de Gilmar.

Mas se Rezek não servia como chanceler, por que deveria voltar ao cargo de juiz a que renunciara? São atos como esses, praticados pelo Poder Executivo, que atentam contra a soberania da Justiça, encarnada pelo alto tribunal.

A nação deve ignorar o esperneio do senhor Gilmar Mendes.

Ele busca a confusão, talvez com o propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPI. O Congresso não se deve intimidar pela arrogância do ministro, e levar a CPMI às últimas consequências; o STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como Mensalão, como está previsto.

Acima dos três personagens envolvidos na conversa estranha que só o senhor Mendes confirma, lembremos o aviso latino, de que testis unus, testis nullus, está a nação, em sua perenidade. Está o povo, em seus direitos. Está a República, em suas instituições.

O senhor Gilmar Mendes não é o Supremo, ainda que dele faça parte. E se sua presença naquele tribunal for danosa à estabilidade republicana — sempre lembrando a forte advertência de Dallari — cabe ao Tribunal, em sua soberania, agir na defesa clara da Constituição, tomando todas as medidas exigidas. Para lembrar um autor alemão, Carl Schmitt, que Gilmar deve conhecer bem, soberano é aquele que pratica o ato necessário.

Do Jornal do Brasil.
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Contraponto 8306 - "Ex- diretor da PF e da Abin Paulo Lacerda: Gilmar Mendes é leviano, irresponsável e mentiroso"

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30/05/2012


Ex- diretor da PF e da Abin Paulo Lacerda: Gilmar Mendes é leviano, irresponsável e mentiroso


Do Esquerdopata - 30/05/3023

“Gilmar Mendes foi leviano e mente”, diz Paulo Lacerda, ex-diretor da PF e Abin

Bob Fernandes, Terra Magazine

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta quarta-feira, 30, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes lançou acusações contra Paulo Lacerda, ex-diretor da Policia Federal e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência):
- Dizem que ele (Lacerda) está assessorando o PT. Tive informação em 2011 que o Lacerda queria me pegar.

Segundo O Estado de S.Paulo, Gilmar Mendes suspeita que Lacerda estaria divulgando "informações falsas" para atingi-lo. E, também, que estaria assessorando o ex-presidente Lula. Terra Magazine ouviu Paulo Lacerda no início da tarde desta quarta-feira. Feita a ressalva "não sei se ele disse isso", Paulo Lacerda, habitualmente sereno e cordato, respondeu a Gilmar Mendes com dureza:
- Se ele falou isso, ele foi leviano e mente.

Lacerda, que hoje trabalha numa associação de empresas de segurança privada, conta que não vê Lula há anos, assim como Gilmar Mendes, e rebate as acusações:
- Estou aposentado, não trabalho com investigação (…) não trabalho para partido nenhum, não assessoro nem à CPI nem ao ex-presidente Lula (…) Se as informações que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma.

Por fim, sobre informação atribuída também ao ministro e publicada no sábado, 26, em O Globo, dando conta que o espião Dadá seria seu homem de confiança, Paulo Lacerda devolve:
- Eu nem conheço o Dadá, jamais tive contato com ele e nunca estive com ele. Portanto, faço a ressalva: se o ministro Gilmar Mendes de fato disse isso… essa é mais uma informação leviana, irresponsável e mentirosa.


Terra Magazine: O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo: "Lacerda tinha como missão me destruir", e que o senhor queria "pegá-lo". Disse também que "dizem" que o senhor estaria assessorando o PT e municiando o presidente Lula com informações…


Paulo Lacerda: Soube pelo jornal. O absurdo é tamanho que não sei como ele se permite dizer aquilo. Se ele disse aquilo, respondo: primeiro, o ministro Gilmar está totalmente desinformado sobre a minha vida profissional e pessoal. Estou aposentado da Polícia Federal depois de dois anos e meio de adidância em Lisboa e trabalho hoje para a Associação de Empresas de Segurança Privada. Não trabalho com nada, nada de investigação, e quem me conhece e à minha vida hoje sabe disso. Sabe o que é mais espantoso?

- O quê?

- É que é com base nesse tipo de informações que o ministro está recebendo é que se criou essa crise toda. Se as informações que ele diz ter recebido são dessas mesmas fontes, se foram essas fontes e informações que o levaram a dizer o que anda dizendo nos últimos dias, tá explicado porque ele está dizendo essas coisas e dessa forma. Ele, de novo, mais uma vez, está totalmente mal informado.

- O senhor não presta assessoria à CPI, ao PT ou ao ex-presidente Lula?

- Não vejo o presidente Lula, assim como o ministro Gilmar Mendes, desde que deixei o governo. Isso é ridículo. Não assessoro o PT nem a partido algum e é um delírio supor, achar e dizer que assessoro o ex-presidente Lula. Basta perguntar aos senadores e deputados da CPI se assessoro à CPI ou a algum parlamentar. Basta perguntar aos assessores do Lula se alguém tem algum vestígio de presença minha, de contato meu com ele. Sou aposentado, até poderia trabalhar para quem me convidasse e eu quisesse, mas isso não é verdade. É absoluta inverdade. Impressiona e é preocupante como um ministro do Supremo não se informa antes de dizer esses absurdos.

- Mas o que exatamente é absurdo?

- Tudo isso. São informações totalmente tendenciosas. Eu não estou trabalhando para partido algum, político nenhum. Ele está exaltado, sem controle, não sei se por conta dessa conversa com o ex-presidente, mas nada disso é verdade. E isso é muito fácil de checar.

- O senhor e o ministro Gilmar Mendes já tiveram um problema sério…

- Em setembro de 2008, ele procurou o presidente Lula e acusou a Abin, que eu dirigia, de ter feito grampos ilegais na Operação Satiagraha. Aquilo era mentira. Não foi feito grampo algum ilegal por parte da Abin… aliás, a CPI de agora é uma ótima oportunidade para investigarem aquela armação. Não existiu grampo algum, mas o ministro Gilmar Mendes foi ao presidente da República com base em uma informação falsa. Espero que agora apurem tudo aquilo.

- O que mais o incomoda?

- Eu não vi o ministro Gilmar Mendes falar isso, eu li no jornal. Não sei se ele falou, mas se ele falou, foi leviano e mente. Se falou isso o ministro Gilmar Mendes mentiu. Estou aposentado da área pública, todos sabem disso. Não teria nenhum impedimento, de ordem alguma, para trabalhar com investigação, mas não quero, e isso que ele disse, se disse, não é verdade.

- Alguma vez, depois do episódio em 2008, do tal grampo cujo áudio nunca apareceu, o ministro Gilmar e o senhor falaram sobre o episódio? Em algum momento ele reconheceu não ter ouvido o tal grampo, se desculpou?

- Não. Repito, não vejo o ministro e o ex-presidente Lula há anos. E não houve desculpa alguma… e acho que a CPI agora seria ótima oportunidade para esclarecer isso de uma vez por todas, embora a Polícia Federal já tenha concluído que não houve grampo algum da Abin…

- Essa CPI de agora, a do Cachoeira, tem alguns personagens comuns com aquele caso, fala-se muito no espião Dadá…

- A propósito. O ministro Gilmar Mendes teria dito ao jornalista Moreno que esse cidadão, Dadá, é ou era meu braço direito, meu homem de confiança. Respondi por escrito, mandei um e-mail para o Moreno, que é um jornalista… ele recebeu uma informação de um homem público e a publicou. Por isso enviei a resposta direto para ele e para o jornal O Globo.

- E qual é a resposta?

- Eu nem conheço o Dadá, jamais tive contato com ele e nunca estive com ele. Portanto, faço a ressalva: se o ministro Gilmar Mendes de fato disse isso…

- Sim, a ressalva está registrada

- Se ele disse isso, essa é mais uma informação leviana, irresponsável e mentirosa.
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