terça-feira, 3 de julho de 2012
Contraponto 8605 - "Venezuela e Paraguai em dez lições"
03/07/2012
Da Carta Maior - 02/06/2012
A incorporação da Venezuela ao Mercosul não só abre possibilidades, mas oficializa uma situação existente. Quanto ao Paraguai, é interessante ler um artigo de Alfredo Boccia Paz, no jornal Ultima Hora, de Assunção: “A crise atual dividiu de maneira profunda a sociedade paraguaia. Só nas décadas de trinta ou quarenta do século passado houve conflitos políticos com um rasgo ideológico tão marcado. Foi a resolução dramática de uma estranha singularidade nacional: um presidente que se dizia socialista, à frente de um país com uma matriz social e política extremamente conservadora. O artigo é de Martín Granovsky.
Martín Granovsky - Buenos Aires
Buenos Aires - A Venezuela será membro pleno do Mercosul em 31 de julho e o Paraguai foi suspenso do bloco até as eleições de abril próximo. As duas notícias ficaram ligadas porque o Senado paraguaio era o responsável por barrar a incorporação da Venezuela, mas o protocolo entre o Mercosul e Caracas foi assinado em 2006. À época o presidente paraguaio não era o centro-esquerdista Fernando Lugo, mas Nicanor Duarte Frutos, um colorado da ala que não tem vínculos com os herdeiros do regime ditatorial que, entre 1954 e 1989, foi encabeçado por Alfredo Stroessner.
Tomando Venezuela e Paraguai como tema de análise, sobretudo depois da sexta-feira, 22 de junho, quando Lugo foi destituído, ficam algumas notas soltas que podem ser ligadas assim:
1- Em termos comerciais, a incorporação da Venezuela não só abre possibilidades, mas oficializa uma situação existente. Em 2003, quando primeiro Luiz Inácio Lula da Silva e, em seguida, Néstor Kirchner assumiram a presidência, a Venezuela importava de países do Mercosul um total de 916 milhões de dólares. Em 2010 já eram 5,891 bilhões, 1,24 deles da Argentina. Também aumentaram as exportações: de 278 milhões de dólares para 1,562 bilhões em 2010. Quer dizer que o volume total de comércio passou então, nesses sete anos de 1,194 para 7,453 bilhões de dólares. Aumentou em mais de seis vezes.
2 - A venezuelana PDVSA e a brasileira Petrobras associadas, poderiam ser a primeira empresa petrolífera do mundo. Uma YPF reconstruída, mesmo em outra escala, poderia ser parte desse conglomerado gigante.
3 - O Mercosul se enriquece com um sócio aberto para a região andina, como acontece com o Brasil e sua participação no grupo negociador multilateral dos BRICs, junto com a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul.
4 - O Brasil e a Venezuela são países fronteiriços que já desenvolveram projetos importantes de integração física: a rodovia que comunicará a cidade amazônica de Manaus com a Venezuela, a interconexão ferroviária do sudeste de Venezuela ao norte do Brasil e a interconexão elétrica entre a empresa venezuelana Del Gurí e Manaus, que ainda é zona franca e centro industrial.
5 – Apesar do incômodo que sentiram os governos da Argentina e do Brasil pela ocasião utilizada por Samuel Pinheiro Guimarães para renunciar ao seu cargo de Alto Representante do Mercosul – a cúpula dedicada, por força, ao caso paraguaio –, no documento que ele escreveu figura um argumento interessante para colocar à discussão pública: “Apesar de sua importância política, a União Sul-americana de Nações não pode ser a pedra fundamental para a construção de um bloco econômico da América do Sul”. Também recomendou a incorporação da Venezuela e a adesão gradual do Equador, Bolívia, Suriname e Guiana. Peru e Colômbia assinaram tratados de livre comércio com terceiros países.
Em um mundo cada vez mais multipolar, o fortalecimento de um bloco econômico próprio deveria se apoiar no desenvolvimento de infraestrutura comum e na industrialização. Ambas equilibrariam o fato, negativo, de que “as facilidades de importações e a grade demanda de produtos agrícolas e minerais retira estímulos a novos empreendimentos na indústria e à atração de maiores investimentos nos setores mineiro e agropecuário”.
6 - O governo paraguaio foi suspenso do Mercosul até as eleições de abril próximo. Não foi expulso nem bloqueado, duas alternativas que, na verdade, nem sequer foram cogitadas em nível de governos. O ex-presidente Fernando Lugo tenta agora aproveitar a suspensão para ganhar uma margem de manobra maior em seu plano de reconstruir ou edificar uma força própria que lhe permita encarar as eleições, talvez como candidato a senador em uma chapa com um candidato a presidente que poderia ser o ex-jornalista Mario Ferreiro.
7 – Enquanto o Paraguai encara seu futuro, é interessante ler o começo de um artigo de Alfredo Boccia Paz (um dos médicos que tratou de Lugo, historiador, jornalista) no jornal Ultima Hora, de Assunção: “A crise atual dividiu de maneira profunda a sociedade paraguaia. Só nas décadas de trinta ou quarenta do século passado houve conflitos políticos com um rasgo ideológico tão marcado. Foi a resolução dramática de uma estranha singularidade nacional: um presidente que se dizia socialista, à frente de um país com uma matriz social e política extremamente conservadora. (...) à coalizão conservadora se somaram poderosas forças externas, como os sindicatos empresariais, a hierarquia católica e boa parte da imprensa comercial. Isto contrasta com uma realidade submersa: a enorme desigualdade social que pode levar a uma espiral de violência no campo. Lembre que foi em Curuguaty onde começou a comoção pública que os oportunistas políticos aproveitaram para derrubar o governo de Lugo”.
8 - Outra nota para a história recente é que Lugo não modificou o regime agrário. Segundo a especialista Lorena Soler, do Conicet, os médios e pequenos agricultores não foram regularizados, três por cento dos proprietários de terras continuam tendo 80% da superfície cultivável e as exportações de soja só agregam fiscalmente 0,1% do Produto Interno Bruto.
9 - Ao mesmo tempo, Lugo não foi um mau gestor. Segundo dados da Comissão Econômica para América Latina (Cepal) que foram processados pelo jornalista brasileiro Paulo Daniel, “em 2007, quando o Partido Colorado comandava a política e a economia do Paraguai, os investimentos líquidos internacionais chegaram a 199 milhões de dólares”. Já com Lugo, pularam para 225 milhões em 2009, 389 em 2010 e 566 em 2011. De 2010 a 2011 os salários aumentaram 8,7% e o salário mínimo 2,7, até alcançar os 330 dólares. A inflação foi reduzida de 7,2% em 2010 a 4,9 em 2011. Aumentou o superávit das contas do Estado, as exportações cresceram 23,1%, as importações 21,5 e o déficit em conta corrente caiu para 2,1% do PIB.
10 - Para Daniel, como para Boccia, o problema é que “a maioria dos deputados são proprietários de latifúndios” e Lugo percebeu que se falasse em reforma agrária seu futuro podia se complicar.
Tradução: Libório Junior
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Contraponto 8604 - "Geniosinhos da Matemática. Esse Nunca Dantes..."
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03/07/2012
Conversa Aviada - Publicado em 02/07/2012
“Por trás de um bom aluno de Matemática há sempre um bom professor de Matemática”.
Maria Clara da Silva, 16 anos, de Pirajuba, Minas, foi a primeira estudante de uma escola pública a participar da olimpíada mundial de Matemática, ano passado, em Amsterdam, na Holanda.
Até então, só estudantes de escolas particulares representavam o Brasil.
Maria Clara conseguiu medalha de bronze e este ano disputa a de ouro em Mar del Plata, na Argentina.
Tábata Amaral é filha de um trocador de ônibus, em São Paulo.
Ela tem 18 anos e cursa Física na USP.
Ela quer ser Astrofísica.
Recebeu uma bolsa do grupo Etapa e acaba de receber uma bolsa para estudar em Harvard.
Se quisesse, ia também para Princeton, Columbia ou Yale – que também lhe ofereceram bolsas de estudos.
Tábata é medalha de prata da Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas – OBMEP.
Indiana Jhones, de 19 anos, vive em Poxim, Alagoas.
Os pais, desempregados, são beneficiários do Bolsa Família.
Ele é medalha de ouro da OBMEP 2012, e medalha de bronze, em 2009 e 2010.
Indiana não tem, como Tábata e Maria Clara, apoio oficial ou privado para continuar a se dedicar à Matemática.
Esse é um dos problemas da OBMEP.
Por isso, a Olimpíada premia um número cada vez maior de estudantes capacitados, para estimular escolas pelo Brasil afora e mobilizar recursos – públicos e privados – e talentos para apoiar o ensino da Matemática e os jovens que se destacam na OBMEP.
O programa Entrevista Record Atualidade, que vai ao ar nesta segunda-feira, às 22h15, na RecordNews, logo após o programa do Heródoto Barbeiro apresenta, além de Marco Aurélio Garcia, que trata do Paraguai, o professor Claudio Landim, pós-graduado em Matemática, pesquisador do IMPA, Instituto de Matemática Pura e Aplicada – http://www.impa.br/opencms/pt/ - e coordenador nacional da OBMEP.
A primeira fase nacional da prova foi em 5 de junho, em todo o pais.
Participaram 19 milhões 141 mil estudantes de escolas públicas entre o sexto ano do ensino fundamental e o ensino médio.
Alunos de 46.728 escolas.
É a maior Olimpíada de Matemática do Mundo !
Nem a China tem uma igual.
5% dos melhores alunos de cada escola vão para a segunda fase, em 15 de setembro.
Dessa segunda fase saem os premiados e os três estudantes que vão representar o Brasil na olimpíada mundial.
Deverão ser premiados 4.500 alunos – os disseminadores de bom exemplo – com medalhas de ouro, prata e bronze.
Será oferecida a oportunidade de participar do Programa de Iniciação Cientifica Junior, que dá direito a uma bolsa do CNPQ.
Minas Gerais é o estado com melhor resultado.
Porque tem melhores professores de Matemática, diz Landim: “por trás de um bom aluno de Matemática há sempre um bom professor de Matemática”.
Landim diz que já dá para perceber – desde a primeira olimpíada, em 2005 – que a escola que tem aluno premiado tem melhores notas no ano seguinte.
O prêmio frutifica.
Também já dá para perceber que, à medida em que as notas melhoram, os alunos passam a escrever mais, a se expressar além dos números.
Qual é a meta da OBMEP ?
Melhorar a qualidade do ensino de Matemática.
Por isso é importante premiar alunos, porque aluno premiado é professor premiado.
De onde saiu essa boa ideia ?
Landim conta uma dessas histórias que você jamais lerá no PiG (*), amigo navegante.
Um dia, o primeiro Ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Lula, Roberto Amaral, do PSB, chegou para uma visita ao IMPA e perguntou o que eles faziam para melhorar o ensino de Matemática no Brasil.
O diretor da Escola explicou que havia dois programas não muito ambiciosos, mas que treinavam professores.
Um dia, aparece no IMPA um cheque de R$ 200 mil do Amaral, para aplicar nos dois programas.
O diretor do IMPA queria devolver o dinheiro: não precisamos de tanto dinheiro !
Pensou melhor e resolveu se inspirar num programa que havia na Secretaria da Educação do Ceará, uma Olimpíada de Matemática, e, com o dinheiro, fazer no país inteiro.
Aí, o ministro tinha trocado, já era Eduardo Campos, também do PSB e, hoje, governador de Pernambuco.
Campos adorou a ideia e consultou o Nunca Dantes.
O Nunca Dantes vibrou !
E deu nisso !
A maior olimpíada de Matemática do Mundo.
Esse Nunca Dantes.
Que não tem diploma …
Mas, o Padim Pade Cerra também não …
(E quando o Chico Pinheiro perguntou a ele por que a Educação em São Paulo era tão ruim, ele pôs a culpa nos “migrantes”- como o Lula …)
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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Contraponto 8603 - "Decisão sobre ingresso da Venezuela no Mercosul foi unânime, diz Marco Aurélio Garcia"
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03/06/2012
Decisão sobre ingresso da Venezuela no Mercosul foi unânime, diz Marco Aurélio Garcia
Do Blog do Planalto - Segunda-feira, 2 de julho de 2012 às 18:49
rnacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje (2) que a entrada da Venezuela no Mercosul foi uma decisão unânime dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, durante reunião do bloco realizada na última sexta-feira (29) em Mendoza, na Argentina.“Nós não fizemos pressão sobre nenhum país, até porque não é o estilo da presidenta Dilma Rousseff fazer pressão. A decisão foi tomada pelos três presidentes, foi uma decisão unânime, foi uma decisão que refletiu um consenso político. Portanto, não corresponde a tese de que teríamos algum tipo de pressão sobre qualquer governo”, afirmou o assessor.
Segundo Garcia, a decisão tomada durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul de suspender o Paraguai até abril de 2013, quando ocorrem as eleições presidenciais naquele país, e aprovar o ingresso da Venezuela no bloco foi fortemente amparada por critérios jurídicos. O assessor negou ainda informações de uma suposta pressão do Brasil sobre o Uruguai para permitir a entrada da Venezuela no Mercosul.
“A decisão de incluir a Venezuela a partir do dia 31 de julho foi proposta pelo presidente Mujica. Eu conversei com ele agora há pouco e ele confirmou não só isso, como confirmou que essa será a posição do Uruguai. Então eu queria deixar isso claro. Da nossa parte, não houve imposição ou pressão. Isso não corresponde ao estilo da política externa brasileira e menos ainda da presidenta”, disse Garcia.
Sobre a suspensão do Paraguai do bloco, Garcia afirmou que as sanções serão apenas políticas. Segundo ele, não haverá sanções econômicas ao Paraguai e todos os compromissos no âmbito do bloco serão mantidos, inclusive o de financiamento da construção de uma linha de transmissão de energia entre Itaipu e Assunção, capital do Paraguai. Garcia disse também que o governo brasileiro apreciou a decisão da Venezuela de manter o fornecimento de Petróleo ao Paraguai.
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segunda-feira, 2 de julho de 2012
Contraponto 8602 - Noblat com febre alta?
02/07/2012
Noblat condena golpe no Paraguai
"As acusações produzidas contra Lugo foram pífias, inconsistentes e cavilosas. Talvez a maioria delas não resistisse a uma investigação independente", escreveu o jornalista; leia texto na íntegra
02 de Julho de 2012 às 09:34
247- O jornalista e colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat, publicou hoje eu seu blog um texto condenando o processo de impeachment-relâmpago que derrubou Fernando Lugo.
Leia o texto na íntegra
Golpe legal, por Ricardo Noblat
Foi golpe ou não foi a destituição de Fernando Lugo da presidência do Paraguai?
A Suprema Corte de lá disse que não foi. Que o Congresso respeitou o rito estabelecido para se depor um presidente. (Rito sumário, pelo visto).
Mais: que o próprio Lugo concordou com o rito, o que é verdade. E, por fim, que ele foi sucedido pelo vice-presidente como manda a lei.
Então por que uma fatia de países latino-americanos e de entidades internacionais insiste em considerar suspeito o que aconteceu no Paraguai?
Ora, porque foi suspeito. Para lá de suspeito. Falsamente legal.
Os paraguaios assistiram bestificados a substituição de Lugo.
Em 2009, Honduras inventou o "golpe legal" com a queda do presidente Manuel Zelaya, um conservador seduzido por Hugo Chávez, presidente da Venezuela.
A Justiça de Honduras avalizou o golpe engendrado pelo Congresso. Respeitou-se a Constituição, proclamou a Justiça.
Lorota!
O que tornou acintosamente ilegal o golpe em Honduras foi a prisão de Zelaya pelo Exército e a sua expulsão do país. Tal violência não estava prevista na Constituição.
Os políticos paraguaios foram menos rudes do que seus colegas hondurenhos. Lugo continua vivendo em Assunção e falando o que quer. Ou o que a sua tibieza permite que fale.
O que tornou descaradamente ilegal o golpe no Paraguai foi que o impedimento de Lugo se deu mediante o escandaloso cerceamento do seu direito de defesa.
Quem diz que o golpe não foi golpe menciona o artigo 225 da Constituição do Paraguai. Está dito ali que o Congresso pode despachar o presidente emitindo um "juízo político".
Mas o artigo 17, que trata dos Direitos Processuais, determina no item 7: o acusado deve dispor "dos meios e prazos indispensáveis para a preparação de sua defesa de forma livre".
Anotaram aí? O acusado deve dispor "dos meios e prazos indispensáveis para a preparação de sua defesa de forma livre".
Um editorial da Folha de São Paulo concluiu na semana passada: "Apesar de cercear direito de defesa, impeachment de Lugo foi constitucional".
Parece piada da Folha ou não parece? Deve ser piada.
Como pode estar de acordo com a Constituição um processo de impeachment que cerceia o direito de defesa?
Basta que um simples cidadão tenha seu direito de defesa limitado para que a eventual punição imposta a ele seja declarada nula. O direito de defesa só não existe nos países que desprezam a democracia. Ou onde ela funciona mal.
O processo que resultou na derrubada de Lugo durou menos de dois dias. Para ser exato: cerca de 36 horas.
Câmara dos Deputados e Senado votaram às pressas. E Lugo teve apenas duas horas e meia, não mais do que isso, para se defender.
Um processo aberto e fechado em 36 horas, meus caros! E duas horas e meia para Lugo provar sua inocência!
Fale sério: você diria que Lugo dispôs "dos meios e prazos indispensáveis para a preparação de sua defesa de forma livre"?
Os acusadores dele levaram meses aparando suas diferenças, negociando o futuro compartilhamento do poder e amadurecendo o que diriam para justificar a queda de um presidente legitimamente eleito.
Meses, não, anos.
Há mais de dois o governo dos Estados Unidos foi avisado por sua embaixada de que estava em curso uma manobra para depor Lugo.
As acusações produzidas contra Lugo foram pífias, inconsistentes e cavilosas. Talvez a maioria delas não resistisse a uma investigação independente.
Mas como sugerir uma investigação independente de um dia para o outro e apenas com duas horas e meia de explanação para uma plateia decidida a condenar o réu?
Lugo foi acusado de autorizar em 2009 uma concentração política de jovens na sede do Comando de Engenharia das Forças Armadas. O Estado pagou as despesas.
Também foi acusado de instigar e facilitar recentes invasões de terras na região de Ñacunday. Além disso, segundo seus desafetos, foi responsável pelo choque entre sem-terras e policiais que resultou na morte de 17 deles em Curuguaty.
Última acusação que fez parte do pedido de impeachment de Lugo: ele teria sido "absolutamente incapaz de desenvolver política e programas destinados a diminuir a crescente insegurança cidadã".
Quanto às provas que sustentaram as acusações...
Que provas? Para quê provas?
Está dito no memorial que propôs a saída de Lugo da presidência: "Todas as causas mencionadas mais acima são de notoriedade pública, motivo pelo qual não necessitam ser provadas, conforme nosso ordenamento jurídico vigente".
Notório é que a terra é redonda. Mas quanto tempo se levou para que essa verdade fosse aceita? No ano passado, um satélite europeu conferiu que a Terra não é inteiramente redonda. É meio achatada nos polos.
Lugo foi um presidente fraco, medíocre, desarticulado?
Foi. Uma das evidências: o placar do impeachment. Na Câmara dos Deputados: 73 votos contra 1. No Senado: 39 a 4. O próprio partido de Lugo votou contra ele!
Lugo cometeu erros? Cometeu sim, senhor. Assim como todos os presidentes cometem. Eles não são infalíveis – à parte Lula, é claro.
Os erros cometidos por Lugo não empurraram o Paraguai para a beira do abismo. Não ameaçaram o regime que ali funciona. Nem provocaram convulsão social.
Daqui a 10 meses haverá eleições no Paraguai. A reeleição para presidente é proibida.
Lugo acabou apeado do poder não como o presidente incompetente que pode ter sido. Saiu como vítima de uma contradição em termos chamada "golpe legal".
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Contraponto 8601 - "Demóstenes decide falar. Veja Treme!
Do Blog do Miro - 1/7/2012
Altamiro Borges

Ao decidir “soltar a língua”, o senador que era tão paparicado pela mídia pode complicar a vida de muita gente. Será que irá falar sobre as suas relações privilegiadas com a Veja? De como ajudou a produzir várias capas sensacionalistas da revista? Será que vai abrir o jogo sobre o financiamento ilegal para as campanhas dos demotucanos, inclusive para presidente da República em 2010? A conferir
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Contraponto 8600 - Petrobras: PIG ajuda empresa estrangeira
02/07/2012
Do Conversa Afiada - Publicado em 02/07/2012
A Petrobras vai gastar em dez anos quase US$ 300 bilhões para explorar a primeira fase do pré-sal.
O PiG tem um problema com a Petrobras.
Quer fechá-la e entregar aos estrangeiros.
Isso não começou com a Petrobrax do Farol e do Cerra, seu Planejador-Maior.
Aliás, antes, os adversários da Petrobras escreviam bem e eram muito mais engraçados.
Como o Chateaubriand e o Roberto Campos, o Pai de Todos os Colonistas (*) do Neolibelismo (**) brasileiro.
(Como dizia o Delfim, o Campos era o ideólogo da Iniciativa Privada e ganhou a vida como empregado do Governo.
Esses neolibelistas (**) brasileiros …)
Agora, o PiG desistiu de explorar o pré-sal.
Talvez seja essa a maior herança do Nunca Dantes – ele reinventou a Petrobras do Dr Getúlio (o FHC ia enterrar o varguismo, lembra, amigo navegante ?) e entregou o pré-sal à Petrobras.
Aí, não tem mais jeito de o Cerra cumprir a promessa que fez à Chevron, segundo o Wikileaks.
Onde se concentra agora a bateria do PiG ?
Estes dias, o Globo, sempre o Globo, noticiou uma sessão do road-show da Presidente da empresa, Graça Foster, com investidores em Nova York.
(O Roberto Marinho só dava trégua à Petrobras, quando nomeava os presidentes, como o Hélio Beltrão.)
Por um descuido – foi deixado na poltrona ao lado do avião, numa escala – o ansioso blogueiro leu trechos de uma reportagem sobre o pré-sal da revista Exame, do mesmo grupo do Robert(o) Civita e do Policarpo Jr.
As duas peças pigais – no Globo e na revista do Robert(o) – dançam o mesmo minueto.
No fundo, no fundo, a batalha agora é em torno das vendas à Petrobras.
Se não posso explorar a maravilha do pré-sal, vou ver se tomo conta do equipamento para explorar o pré-sal.
Perdemos uma batalha, mas não a guerra, dizem os pigais a serviço dos fornecedores estrangeiros,
A Petrobras vai gastar em dez anos quase US$ 300 bilhões para explorar a primeira fase do pré-sal.
Ja imaginou, amigo navegante, US$ 300 bi ?
Uns dez por cento do PIB brasileiro.
Uma parte significativa disso tudo será gasta com fornecedores brasileiros e trabalhadores brasileiros dentro da política de “conteúdo nacional” (entre 55% e 65% valor da compra).
Aí é o xis do problema.
Os pigais jornalistas, sob variados disfarces, tentam vender o peixe assim:
1) A indústria brasileira não existe;
2) Se existe, é ineficiente e vende mais caro que a estrangeira;
3) Quando a Petrobras compra do produtor brasileiro desfalca o lucro do acionista e atrasa o serviço;
4) Dessa forma, a Petrobras “escolhe os vencedores”, “pick the winners” – uma prática nociva ao capitalismo, que consiste em o Estado escolher a empresa que vai sobreviver e crescer;
4) O trabalhador brasileiro não existe, já que vivemos um “um apagão de mão de obra”;
5) Quando existe, o trabalhador brasileiro é um bestalhão: o contínuo da Chevron em Houston é mais produtivo do que um engenheiro na Av Chile.
Há variantes mais recentes dessa política secular de desconstruir a Petrobrás.
No domingo, o Estadão conclui que a “produção está estagnada há três anos e a Petrobrás cria um plano de emergência”.
Não é verdade do início ao fim da frase.
É um exercício de wishful thinking.
Nesta segunda-feira, a Folha (***) também denuncia uma situação desesperadora, com uma “revisão” do plano de negócios de tal forma que a Petrobras, breve, chegará à conclusão de que não tem, mesmo, futuro.
(Amigo navegante: você aplicaria o FGTS para comprar ações da Petrobrás ou da Folha ? Do Globo, especialmente ações da Globo no horário matinal ? )
A Folha deixa vir à superfície outro argumento frequente: se a gasolina não aumentar, a Petrobrás quebra.
Ou seja, o PiG mata a Dilma com um tiro só: aumenta a gasolina, aumenta a inflação e não resolve os problemas da Petrobrás, porque, mesmo com preços astronômicos, ela não saberá tocar o negocio.)
Roda, roda e os argumentos são esses.
Entregar a Petrobrax – ou melhor, entregar o que a Petrobrax compra.
E a lista de compras da Petrobras é a segunda maior do mundo.
Só perde para os 25 mil quilômetros de trens-bala da China.
O que os pigais jornalistas tentam entregar ao estrangeiro é impressionante, segundo lista da Exame:
- 68 navios-plataforma;
- 22 mil quilômetros de dutos;
- 1 725 arvores de Natal (conjunto de válvulas que tiram óleo e gás do poço);
- 65 petroleiros;
- 361 navios de apoio;
- 65 sondas;
- 3,9 milhões de toneladas de chapas de aço.
Amigo navegante, já imaginou isso à disposição do Cerra, do Perillo, do Lereia, do Paulo Preto, do Ricardo Sergio de Oliveira, da filha do Cerra ?
Não tinha livro do Amaury que desse conta.
Acontece que o ansioso blogueiro acabou de entrevistar a presidente da Petrobras.
As respostas às graves pigais “denúncias” são simples.
1) A indústria brasileira existe – ela explora, por exemplo, o pré-sal, que já produz;
2) a Petrobrás está aqui para remunerar o acionista;
3) com “conteúdo nacional” e tudo ela só compra pelo melhor preço de mercado – onde estiver o equipamento e o fornecedor;
4) a Petrobrás não escolhe ninguém – a Petrobrás compra de quem tiver preço e qualidade;
5) a política de “conteúdo local” é um estímulo a que a empresa estrangeira venha para cá e contrate trabalhador brasileiro;
6) atrasar todo mundo atrasa: produtor nacional, o de Cingapura ou dos Estados Unidos. As sondas de Cingapura e da Coreia, por exemplo, atrasam 500 dias …;
7) a Petrobras não faz a política industrial do Brasil – isso é problema do Governo;
8 ) diante desse volume impressionante de compras, claro que falta mão de obra – em qualquer lugar do mundo;
9) por isso, a Petrobras investe – por lei – R$ 500 milhões por ano – em laboratórios e em centros de excelência em universidades públicas brasileiras;
10) o que os pigais jornalistas esquecem é que a Petrobras agora tem bala na agulha: pode contratar, treinar, escolher, porque está todo mundo de pires na mão, a cortejá-la;
Como esteve aqui, recentemente, a Hillary Clinton.
Que, aliás, não precisou pedir nada em público, porque o PiG pede por ela.
E aí tem outro detalhe.
O Brasil passou a ser o oitavo maior produtor de petróleo e gás do mundo.
E isso confere uma dimensão que os Chatôs, Campos, Marinhos e Fernandos e Cerras jamais conceberam: o Brasil ficou maior, mais forte, mais poderoso.
Canta de galo.
Deixou de ser Colônia.
Saiu da categoria sociológica da “dependência” – livro que define a obra e o sombrio Governo Cerra/Farol de Alexandria.
O Brasil chegou lá.
Com ele, os submarinos nucleares da Amazul, a empresa pública que vai desenvolver a tecnologia para produzir submarinos nucleares.
E, mais tarde, a bomba atômica.
Em tempo: antes que o Gilmar Dantas (****) queria saber quanto a Petrobrás anuncia no Conversa Afiada – o que corresponderia a uma ação contra ele, no próprio Suoremo – o ansioso blogueiro informa que a Presidente Graça Foster – segundo li na blogosfera – mandou, em boa hora, suspender todos os patrocínios comerciais e culturais. O que deve ter provocado calafrios na Globo, a Imaculada …
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.
(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(****) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…
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Contraponto 8599 - "Demóstenes falará no Senado hoje"
02/07/2012
Enviado por luisnassif, seg, 02/07/2012 - 13:53
Da Agência Senado
Demóstenes se inscreve para falar no Plenário nesta segunda
Rodrigo Baptista
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) se inscreveu para ocupar a tribuna do Senado na sessão deliberativa ordinária desta segunda-feira (2) no Plenário.
Ele chegou ao Senado pouco antes do meio-dia acompanhado por um assessor e compareceu no início da tarde à Secretaria-Geral da Mesa do Senado, onde se registrou na lista de oradores.
Conforme notícias publicadas pela imprensa, ele vai proferir uma série de discursos até 11 de julho, data em que está marcada a votação em Plenário do pedido de cassação do mandato aprovado por unanimidade pelo Conselho de Ética. O parlamentar goiano, no entanto, não confirmou a estratégia aos jornalistas nesta segunda-feira e deixou o Senado logo após se inscrever.
Na quarta-feira (4), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) votará o relatório de Pedro Taques (PDT-MT) sobre o parecer do Conselho de Ética que recomenda a cassação do mandato de Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Se aprovado, o parecer será encaminhado ao Plenário. A intenção é que o processo seja concluído antes do início do recesso parlamentar, previsto para 18 de julho.
Para um senador ser cassado, são necessários 41 votos num universo de 80, pois ele não tem direito a se manifestar.
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Contraponto 8598 - A nova tradição dos golpes: os “crus” e os “cozidos”
02/07/2012
Da Carta Maior - 02/07/2012
O assanhamento da direita brasileira com seus novos heróis – os deputados e senadores colorados e radicais do Paraguai – vem sendo estimulado por um cenário externo onde esses golpes “legais” vem se tornando uma prática corrente. Esses golpes “cozidos” convivem com os “crus”, como se viu recentemente na Costa do Marfim e na Líbia.
Flávio Aguiar

A direita se esmera agora em comentários na mídia, mas também faz salamaleques oficiais, como o senador Álvaro Dias se orgulhando de ter recebido em seu gabinete uma missão de parlamentares golpistas do país vizinho e também dos brasiguaios de direita, falando na defesa dos interesses (anti-reforma agrária) desse grupo que estaria sendo oprimido pelas ameaçadora (?!) política de Lugo. Outro lembrete histórico: foi a defesa de interesses dos estancieiros brasileiros estabelecidos no Uruguai que levou diretamente à nefasta Guerra do Paraguai, com o governo imperial depondo o presidente daquele país.
É verdade que Solano Lopez a partir daí invadiu todo mundo ao seu redor: Brasil, Argentina, querendo chegar até o próprio Uruguai, contando com um levante de caudilhos na região que não aconteceu, ajudando, portanto, a construir a hecatombe que se abateu sobre seu país. A situação hoje é muito diversa, mas não vamos esquecer do clamor da direita brasileira para que o Brasil praticasse uma intervenção na Bolívia, quando da nacionalização das reservas de petróleo e gás, e para que agisse brutalmente contra o Paraguai, quando da renegociação dos pagamentos pela energia de Itaipu.
Voltando aos dias de hoje: a apoio ao golpe, com a declaração do também senador Sérgio Guerra, presidente do partido, já é patrimônio do PSDB. Dá, portanto, para imaginar o tamanho da regressão de nossa política externa caso este partido chegar ao poder. Repetem-se as cenas e os argumentos quando houve o golpe em Honduras. Os adjetivos reservados para o nosso Itamaraty são todos de baixo calão diplomático: “rudimentar”, “desinformação amadorística”, “diplomacia atrabiliária”, etc.
Acumulam-se argumentos cínicos na mídia, como o de que, afinal, a rapidez da deposição de Lugo foi uma bênção para o contribuinte paraguaio, pois por que fazer um processo longo se ele iria perder mesmo?
Para culminar a fúria desses habitantes imaginários da eterna e imaginária Casa Grande onde vivem, a suspensão do Paraguai do Mercosul abriu as portas para a entrada da Venezuela “de Hugo Chávez”, como gostam de dizer. Esquecem que até a oposição venezuelana veio a Brasília implorar aos congressistas brasileiros que apoiassem a entrada da Venezuela no Mercosul.
Além de registrar, portanto, esse assanhamento da direita brasileira com seus novos heróis – os deputados e senadores colorados e radicais do país vizinho – cumpre observar que ela vem sendo estimulada por um cenário externo onde esses golpes “legais” vem se tornando uma prática corrente. Esses golpes “cozidos” convivem com os “crus”, como os impostos pela intervenção da França na Costa do Marfim e deste país, mais a Grã-Bretanha, com apoio da OTAN, na Líbia. Registre-se, em todo caso, que nestes países grassava uma guerra civil sangrenta; mas a intervenção externa desequilibrou-a em favor de um dos lados, o mais conveniente para as potências ocidentais, sob o pretexto de “proteger vidas civis”.
A primeira nova versão dos golpes cozidos “a fogo brando” deu-se em 2000, nos Estados Unidos, na chamada “Controvérsia da eleição na Flórida”. Numa eleição marcada por inúmeras pequenas ou grandes fraudes que favoreciam Bush contra Al Gore, indo desde eliminação indevida de eleitores (na maioria afro-descendentes) até manipulação das cédulas eleitorais com instruções e organização confusas, Bush foi declarado vencedor por uma ínfima margem de votos, um pouco mais do que 500, levando, portanto os votos daquele colégio eleitoral. Entretanto, começou-se um processo de recontagem, elevando a temperatura da controvérsia. Aí veio o tiro de misericórdia do golpe: no começo de dezembro a Suprema Corte norte-americana mandou suspender a recontagem, por 5 x 4, decidindo a eleição em favor de Bush.
A segunda versão dos “golpes cozidos” aconteceu em Honduras, em 2009, quando a Suprema Corte (de novo ela!) daquele país ordenou ao Exército que detivesse o presidente Manuel Zelaya sob o pretexto de que ele estaria preparando um plebiscito que ela considerava ilegal. Detido, o presidente foi levado para uma base norte-americana, de onde foi expulso para a Costa Rica. O governo brasileiro não reconheceu o governo golpista de Roberto Micheletti (presidente do Congresso, membro do mesmo partido de Zelaya) e depois abrigou o ex-presidente em sua embaixada, quando ele tentou retornar ao país. Nessa ocasião a direita brasileira despejou uma chuva de críticas ao governo brasileiro e sua política externa. Um clima repressivo foi instalado no país pelo governo de Micheletti, suspendendo garantias constitucionais, fechando mídias de esquerda e reprimindo movimentos sociais. A crise só começou a ter fim depois de um discutível processo eleitoral que elegeu um “tertius”, o atual presidente Porfírio Lobo, embora organismos internacionais continuem a denunciar um clima de violência política no pais.
Mas tem mais. “Golpes brandos” estão hoje instalados também... na civilizadíssima Europa. Em novembro de 2011 os governos da Itália e da Grécia tornaram-se insustentáveis, caindo ambos, embora em estilos diferentes, mas com soluções semelhantes. Berlusconi, e não vou derramar a menor lágrima por ele, caiu em meio à contínua torrente de denúncias contra ele – mas também por pressão dos líderes da hegemonia neo-liberal da União Européia, que catapultaram o “tecnocrata” Mario Monti para sua substituição. Houve alguma violação constitucional? Absolutamente. Mas tampouco houve um processo eleitoral ou de escolha translúcido e cristalino, embora sua indicação ao parlamento tenha sido feita pelo presidente Giorgio Napolitano.
Já o caso grego foi mais dramático ainda, com o ex-primeiro ministro Yorgyos Papandreou caindo depois de fortemente pressionado pelos líderes daquela hegemonia (como a “dupla” Merkozy) por causa de um plebiscito (como no caso de Zelaya) que ele ameaçou fazer sobre os planos de austeridade que estavam e estão sendo impostos ao povo grego em nome da salvação do euro. Novamente um “tecnocrata” foi catapultado para o cargo de primeiro-ministro, Lucas Papademos, substituído recentemente pelo conservador Antonis Samaras em meio a um processo eleitoral marcado por fortíssimo clima de chantagem econômica e política, também em nome da salvação do euro.
E la nave va. No recente caso paraguaio também a Suprema Corte foi chamada a legitimá-lo, além de outra Suprema-Corte, a Igreja. Que houve golpe não há dúvida: o relatório da Embaixada norte-americana em Assunção, datado de 2009, descrevendo já em detalhes como seria a deposição de Lugo, não deixa dúvidas. Aliás, outro lembrete: a divulgação desse relatório, feita pelo site Wikileaks, relembra a inadiável necessidade de que o Equador conceda asilo a Julian Assange e que este consiga deixar livremente a Grã-Bretanha.
No caso do Brasil deve-se assinalar que, na falta do estamento militar, a direita brasileira tem-se voltado preferencialmente para operações midiáticas, como em parte do golpe de 1954 contra Vargas. Foi assim em 2006, primeiro com a “Operação Mensalão”, embora, neste caso, a montagem do cenário parlamentar tenha sido também de grande valia. Depois veio a “Operação Foto do Dinheiro”, desarticulada pela mídia alternativa. Também foi assim em 2010, com a “Operação Aborto” e depois a “Operação Pacote na Cabeça”, mais conhecida como “O Caso da Bolinha de Papel”, também desarticulada pela mídia alternativa.
Em 2006 a direita esteve mais perto de depor o então presidente Lula através de um impeachment congressual. Só não o tentou por três razões: 1) incerteza quanto ao resultado, dado o alto número de votos necessários e à possibilidade de insuficiência das provas; 2) temor quanto à reação popular, lição igualmente aprendida na crise de 1954, quando o povo enfurecido saiu às ruas não para festejar a queda de Vargas, mas para depredar a sede dos partidos de direita e da mídia opositora também; 3) a infundada certeza que tinha da vitória no pleito eleitoral, graças à conhecida e refutada tese da “pedra jogada n’água e a teoria dos círculos concêntricos”.
Em 2010 de novo, a direita tinha certeza absoluta da vitória, baseada no relativo desconhecimento da candidata situacionista escolhida, nas virtudes de seu próprio candidato, e no poder da campanha de difamação montada contra ela.
Em ambos os casos, só faltou combinar com a maioria do eleitorado. Vamos ver o que a nossa direita vai aprontar para o futuro, se continuar perdendo eleições nacionais.
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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domingo, 1 de julho de 2012
Contraponto 8596 - "Após Chávez, Cristina quer mais sócios no Mercosul"
01/07/2012
Após Chávez, Cristina quer mais sócios no Mercosul
Do Brasil247 - 1/7/2012
Foto: Edição/247
Pelo Twitter e pelo YouTube, a presidente argentina explica, neste domingo, as decisões tomadas em relação ao Paraguai e à Venezuela na última cúpula do Mercosul, em Mendoza; em vídeo, ela homenageou Lula e defendeu uma integração maior política e econômica na América do Sul
01 de Julho de 2012 às 16:24
247 – A presidente argentina Cristina Kirchner, que foi a anfitriã da recente cúpula do Mercosul realizada em Mendoza, que puniu o Paraguai e abriu as portas para a Venezuela, passou o domingo trabalhando na comunicação direta com a população argentina. Cristina, que comprou uma briga com os principais meios de comunicação do país, usa e abusa das redes sociais.
No Twitter, onde já tem mais de 1 milhão de seguidores com o perfl @CFKArgentina, ela defendeu uma ampliação do Mercosul, além da Venezuela. “Estamos convocando a toda região para que caminhe em direção a uma integração maior, política e econômica”, disse ela. “Foi isso o que nos permitiu crescer nos últimos anos”. Ela também enviou um recado ao presidente paraguaio Federico Franco, dizendo que tanto o Mercosul quanto a Unasul respeitarão a soberania do povo paraguaio, que definirá seu destino em eleições livres – só depois delas, o Paraguai voltará a recuperar seus direitos no bloco econômico.
Além do Twitter, Cristina Kirchner também postou um vídeo no YouTube explicando o que ocorreu na reunião de Mendoza. Disse que o encontro esteve muito mais focado na ampliação do Mercosul, do que na punição do Paraguai. E fez ainda uma homenagem ao ex-presidente Lula, que foi reconhecido como “cidadão do Mercosul”. Assista abaixo:
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PITACO DO ContrapontoPIG
Não deixe de ver e ouvir, no vídeo acima, o belíssimo e histórico discurso de Cristina Kirchner
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Contraponto 8596 - "Elio Gaspari pede 'arrego' para Fátima Bernardes"

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01/07/2012
Elio Gaspari pede 'arrego' para Fátima Bernardes
Do 007BONDeblog - 1/7/2012
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PITACO DO ContapontoPIG
Elio tem razão. Fátima precisa de mais tempo. Ela só está acostumada a mentir e manipular notícias e fatos. Passou anos fazendo apenas isso.
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Contraponto 8595 - "Vice do Serra é acusado de desvio de dinheiro público para ONG da Veja"
01/07/2012
Os negócios da Abril com a prefeitura e com o estado de SP
Chamo atenção para a presença permanente de Hubert Alqueres (ex-Imprensa Oficial) nesse tipo de manobra.
Do Blog Amigos do Presidente Lula
Vice do Serra é acusado por desvio de dinheiro público para ONG dos donos da Veja
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Entre as credenciais para ocupar o cargo de vice de José Serra (PSDB-SP), Alexandre Schneider (PSD-SP) tem contra si um processo onde é acusado por desvio de dinheiro dos cofres públicos da prefeitura e do estado de São Paulo para a Fundação Victor Civita.
A Fundação Victor Civita é a ONG ligada ao grupo Abril, dono da revista Veja.
No processo, acatado pelo juiz, os promotores do Ministério Público de São Paulo acusam:
1) O vice do Serra, como secretario municipal de educação, contratou a Fundação Victor Civita por relações de amizade e compadrio político, violando o princípio da impessoalidade;
2) A escolha foi feita "a dedo" ilegalmente, dispensando a necessária licitação, já que havia muitas outras instituições habilitadas a prestarem o serviço chamado “Projeto de Formação Continuada para Diretores e Supervisores”;
3) Quem fez o serviço, de forma terceirizada, foi o Instituto Protagonistés, cuja presidenta é Rose Neubauer, uma tucana, ex-secretária estadual de educação, e amiga de Schneider (Também causa estranheza a Fundação Victor Civita ter sido uma espécie de "laranja", apenas servindo de intermediária para a repassar o serviço contratado, sem licitação, para tal instituto).
4) As cartilhas do projeto foram impressas na gráfica da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, e a ONG dos Civita, junto com o Instituto da tucana, só pagou a matéria prima utilizada, sem ressarcir aos cofres públicos o valor dos serviços dos funcionários e outras despesas diretas ou indiretas, causando um prejuízo ao erário estadual. O presidente da Imprensa Oficial que autorizou essa maracutaia era Hubert Alquéres, outro a compor esta "ação entre amigos" demotucanos, segundo a denúncia.
Diante disso, os promotores pedem na justiça a devolução aos cofres públicos da prefeitura do valor de R$611.232,00, além das outras punições cabíveis.
O número do processo é 0006305-89.2010.8.26.0053 na 12ª Vara de Fazenda Pública - Foro Central (link aqui), e teve origem em representação apresentada pelo então vereador Beto Custódio (PT-SP).
A decisão judicial negando tentativa de Schneider de trancar o processo, dá detalhes da denúncia (figura acima).
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Contraponto 8594 - "A vitória do Bolsa Família"
01/07/2012
Enviado por luisnassif, dom, 01/07/2012 - 08:00
Coluna Econômica
Luis Nassif
Se houve um vitorioso na Conferência Rio+20 foram as políticas de transferência de rendas do país e, entre elas, especificamente o Bolsa Família.
A agenda da pobreza acabou indo para o centro do documento final da conferência. E em todo lugar em que se discutia o tema, a experiência brasileira era apontada como a mais bem sucedida, em vários aspectos: efetividade (não gera dependência), os beneficiários trabalham, há o emponderamento das mulheres, melhor frequência escolar e desempenho das crianças.
Hoje em dia, há pelos menos duas delegações internacionais por semana visitando o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), segundo informa a Ministra Tereza Canepllo, para saber mais detalhes da experiência.
Com 9 anos de vida e 13,5 milhões de famílias atendidas, com riqueza de séries históricas, estatísticas e avaliações, o BF conseguiu desmentir várias lendas urbanas:.
Lenda 1 – o BF criará preguiçosos acomodados.
Os levantamentos comprovam que maioria absoluta dos adultos beneficiados trabalha na formalidade e na informalidade.
Lenda 2 – as beneficiárias tratarão de ter mais filhos para receber mais auxílio.
O último censo comprovou redução geral da natalidade no país, mais ainda no nordeste, mais ainda entre os beneficiários do BF.
Lenda 3 – um mero assistencialismo sem desdobramentos.
Nos estudos com gestantes, as que recebem BF frequentam em 50% a mais o pré-natal; as crianças nascem com mais peso e altura; houve redução da mortalidade materna e infantil. Há maior frequência das crianças às escolas.
Agora, através do programa Brasil Carinhoso, se entra no foco do foco, as famílias mais miseráveis com crianças de 0 a 6 anos. No total, 2,7 milhões de crianças.
Em 9 anos, atendendo 13,5 milhões de família, o BF consegue uma avaliação refinada e de segurança para todos os parceiros.
Com Brasil Carinhoso pretende-se chegar a 2,7 milhões de crianças, em famílias pobres com filhos entre 0 e 6 anos de idade.
A grande preocupação da presidente, explica Tereza Campello, é que essas crianças não podem esperar: qualquer impacto da pobreza sobre sua formação, qualquer problema nutricional as afetará por toda a vida
Essas famílias representam 40% dos extremamente pobres do país. Primeiro, se levantará sua renda atual. O Brasil Carinhoso complementará até atingir R$ 70,00 per capita por mês.
Hoje em dia, não há um técnico de renome que tenha ressalvas maiores ao Bolsa Família. As críticas estão concentradas em colunistas sem conhecimento maior de metodologia de políticas sociais, de estatísticas.
No início do governo Lula, havia duas vertentes de discussão sobre políticas sociais. Uma, a do universalismo inconsequente, a do distributivismo sem metodologia – cujo representante maior era Frei Betto e seu Fome Zero. A outra, um modelo metodologicamente sofisticado,, tem como figura central (na parte de focalização) o economista Ricardo Paes de Barros.
Prevaleceu um misto do modelo, com as estatísticas sendo utilizadas para focalizar melhor os benefícios. Foi esse modelo que acabou consagrando universalmente o BF.
As críticas desinformadas - 1
Conhecido por sua militância conservadora, o colunista Merval Pereira (o Globo e CBN) apresentou como contraponto ao Bolsa Familia o que ele considerou uma proposta alternativa de esquerda. “O Fome Zero/Bolsa-Família, do jeito que estava montado pela turma do Frei Betto, era um projeto de reforma estrutural, da estrutura do Estado. Frei Betto queria fazer comissões regionais sem políticos, para distribuição do Bolsa-Família, e a partir daí fazer educação popular”.
As críticas desinformadas - 2
Continua o revolucionário Merval: “ Era um projeto muito mais de esquerda, muito mais voltado para mudanças estruturais da sociedade. O Bolsa-Família hoje é um programa para manter a dominação do governo sobre esse povo necessitado. Patrus transformou-o num instrumento político espetacular, que foi o começo da força do lulismo”. O conceito de educação popular significa fora da rede oficial, levando mensagens populares aos alunos.
As críticas desinformadas – 3
O que Merval descreve, em seu discurso, é modelo similar ao do MST e sua universidade popular. A troco de quê um comentarista claramente conservador de repente se põe a defender modelos revolucionários que levem a “mudanças estruturais na sociedade”? Primeiro, a necessidade de ser negativo em relação a tudo. Segundo, o despreparo para tratar com temas técnicos. Empunha o primeiro argumento que lhe vem à mão, mesmo sendo contra tudo o que defende.
As críticas desinformadas – 4
Quando foi lançado, o Fome Zero nem podia ser tratado como programa. Era um amontoado de iniciativas caóticas cerca de slogans vazios. O objetivo seria mobilizar a sociedade para receber ajuda, sem nenhuma preocupação com logística de distribuição, com levantamentos estatísticos. Não havia a preocupação mínima de integrar o auxílio com educação, meio social. Não gerou sequer um documento expondo qualquer filosofia.
As críticas desinformadas – 5
Todo defeito que Merval vê na BF era constitutivo do tal Fome Zero. E as principais críticas ao Fome Zero vinham justamente dos economistas “focalistas”, aqueles que em geral são mais acatados nos círculos políticos que Merval frequenta. Na época, defendia-se a focalização como maneira de focar os gastos nos mais necessitados, evitando desperdícios. A crítica contrária era a dos universalistas – que queriam políticas sociais para todos.
As críticas desinformadas – 6
O que o BF fez foi incorporar toda a ciência dos indicadores dos focalistas, montar sistemas exemplares de acompanhamento e avaliação, e universalizar o atendimento a todos os miseráveis. É essa visão, amarrada a metodologias de primeiro nível, que a transformou em modelo universal de políticas sociais, perseguido por países africanos, asiáticos, por ONGs europeias e norte-americanas.

Contraponto 8593 - "A direita se assanha contra o Mercosul"
01/07/2012
Da Carta Maior - 30/06/2012
A FIESP decidiu contratar o ex-embaixador Rubens Barbosa como seu pensador político e porta-voz corporativo. O diplomata, conhecido por sua posição francamente neoliberal, vem combatendo com insistência, a política externa brasileira. Mas, pelo que parece, está prestando mau serviço à indústria de São Paulo, que tem, na Venezuela, um excelente mercado comprador.
Mauro Santayana

Barbosa acusou, ontem, sábado, a Argentina de estar destruindo o Mercosul, ao transformá-lo em instrumento político, em detrimento de sua natureza comercial, e criticou a inclusão da Venezuela no bloco. Talvez porque os grandes empresários de São Paulo, desde sempre, se nutrem do Estado, ele não atacou diretamente o governo brasileiro, nestas declarações mais recentes. O ex-embaixador em Londres e Washington – durante o governo Fernando Henrique - está sendo coerente com a sua posição ideológica e seu alinhamento conhecido aos interesses das grandes finanças. Mas, pelo que parece, está prestando mau serviço à indústria de São Paulo, que tem, na Venezuela, um excelente mercado comprador. Só no ano passado, exportamos US$ 4 bilhões e 591 milhões, e importamos US$ 1 bilhão e 270 milhões, e o superávit comercial com aquele país de US$ 3 bilhões e 321 milhões.
Como está sendo costumeiro, no Brasil – a exemplo dos Estados Unidos – os altos funcionários do Estado se tornam consultores de grandes negócios, tão logo se aposentam. Esse foi o caminho de Rubens Barbosa que, além de chefiar seu escritório de consultoria, tornou-se presidente do Conselho Superior do Comércio Exterior da Fiesp. Mas, como vemos, seu ódio ao governo venezuelano, chefiado por Chávez, levou-o a essas declarações, que contrariam os interesses dos exportadores paulistas.
A manifestação de Rubens Barbosa confirma a orquestração da direita, nacional e internacional, contra a entrada, automática – diante da ausência do Paraguai – no Tratado do MERCOSUL. Ora, daqui a poucos meses serão realizadas eleições presidenciais na Venezuela e, conforme as pesquisas, o presidente Chávez, debilitado pela enfermidade, talvez possa ser derrotado pelo seu oponente, Henrique Capriles. Ora, se isso ocorrer, o novo presidente poderá, se quiser, deixar o Mercosul e alinhar-se totalmente aos Estados Unidos. Não há nada, portanto, para que Rubens Barbosa faça do episódio uma tragédia.
O novo governo paraguaio ameaça deixar o Mercosul, mas o povo paraguaio não o acompanha, se dermos crédito aos comentários dos leitores dos jornais. O diário Última Hora, de Assunção, em seu lúcido editorial de ontem, recomenda a Federico Franco, e a seu chanceler, moderar a linguagem e buscar bom entendimento com os vizinhos. Com quase unanimidade, seus leitores responsabilizam os golpistas do Parlamento pelas medidas tomadas pelos países vizinhos.
Os oligarcas do Paraguai ameaçam deixar a Unasul e o Mercosul, e isolar-se – e esse é um direito do país -, mas é improvável que o povo os acompanhe. O Paraguai sabe que terá de se entender com os vizinhos, mesmo porque depende dos portos de Buenos Aires e de Paranaguá para o seu comércio internacional.
Os mais extremados sonham com uma aliança descarada com os Estados Unidos e a transformação do país em uma espécie de Israel, a ser armado e financiado pelo dinheiro americano. Outros falam em uma associação do país com a China. É claro que não podemos subestimar os ardis dos norte-americanos, que gostariam de transformar o Paraguai em uma base militar contra a América do Sul.
Mas, como disse, certa vez, o então governador Tancredo Neves a um embaixador norte-americano, o Brasil – apesar dos quislings e vassalos dos estrangeiros - é bem maior do que o Vietnã.
*Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
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