segunda-feira, 23 de maio de 2016

Nº 19.441 - "Grampo de Jucá está nas mãos do STF, com Teori Zavascki "

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 23/05/2016


Grampo de Jucá está nas mãos do STF, com Teori Zavascki

 Jornal GGN - 23/04/2016


Patricia Faermann

Conversa do senador licenciado Romero Jucá admite "esquema de [corrupção de] Aécio" e Temer como solução para "estancar" Lava Jato. Depoimento de Lula também está com o ministro Zavascki
Jornal GGN - Em conversa interceptada por investigadores da Lava Jato, o então senador e atual ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) defendeu a mudança de governo "para estancar a sangria" das investigações, afirmou que "Michel é a solução" e admitiu que "viveu" o esquema de corrupção do senador tucano Aécio Neves. O GGN não obteve o acesso à interceptação telefônica, mas apurou que na última quinta-feira (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, recebeu em seu gabinete os quatro últimos volumes do processo, que incluem o grampo de Romero Jucá e o depoimento do ex-presidente Lula ao MPF.
De acordo com a Folha de S. Paulo, único diário que obteve o áudio, Jucá conversou com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e revelou o cenário que atinge todos os partidos em esquemas de corrupção na Lava Jato. "Todo mundo [está] na bandeja para ser comido", assim descreveu o senador licenciado.
A preocupação inicial do diálogo partiu de Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao partido de Jucá e de Temer. "O primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves]. O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe?", questionou. "Quem não conhece o esquema do Aécio?", frisou Machado. "É,  gente viveu tudo", confirmou Jucá.
O ex-presidente da Transpetro seguiu com a narrativa: "o que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?". O senador tucano foi presidente da Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Para Jucá, um governo de Michel Temer seria a solução para a "situação grave" da Lava Jato, da qual "querem pegar todo mundo", acabando "com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta pura".
Na conversa, o senador licenciado ainda criticou a posição de Renan Calheiros, que era contra o governo do atual interino. "Só Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra", destacou Jucá.
"Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas", disse o atual ministro do Planejamento, mostrando a influência que teria sobre o governo Temer.
Durante a conversa que foi gravada de forma oculta, para as investigações da Lava Jato nas mãos da Procuradoria-Geral da República, Machado e Romero Jucá mostraram receio de as investigações caírem nas mãos do juiz da Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro. Para evitar isso, o atual ministro apontou como saída uma interferência política.
"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse Jucá, completando: "Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", em referência ao afastamento de Dilma, que ocorreria semanas depois do diálogo.
As interceptações telefônicas envolvendo o senador licenciado ocorreram no âmbito do inquérito 3989, o processo "mãe" da Lava Jato que envolve políticos, com foro privilegiado, e o único não arquivado que ainda irrompe sobre Jucá. As acusações são de lavagem de dinheiro, ocultação de bens, crimes contra a administração, corrupção passiva, crimes contra a paz pública e formação de quadrilha.
Nesse processo, estão 39 investigados, com destaque para nomes de peso do PMDB, incluindo  o presidente do Senado, Renan Calheiros. A pedido da Procuradoria-Geral da República, com base na delação do senador Delcídio do Amaral, o Supremo incluiu no mesmo inquérito menções ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à presidente afastada Dilma Rousseff e ao interino Michel Temer, no último dia 20 de abril.
Até então, as investigações que envolviam os 39 acusados haviam gerado 12 volumes de peças do processo. O 13o volume do inquérito foi criado no dia 10 de setembro de 2015, já mirando no ex-presidente. O depoimento que Lula prestou aos investigadores da Lava Jato, no dia 4 de março deste ano, completou essa parte dos autos.
Outros quatro volumes foram produzidos desde então pela PGR. Dentre eles, está a gravação da conversa entre Jucá e Machado. E o acompanhamento processual do inquérito 3989 indica que tanto o depoimento prestado por Lula, quanto o grampo de Jucá foram enviados ao gabinete do ministro relator, Teori Zavascki, no dia 19 de maio, última quinta-feira (19).
E apesar de as citações de Delcídio a Dilma, Lula e Temer integrarem a investigação-mãe da Lava Jato, seus nomes não foram incluídos como investigados. Já o de Jucá e caciques do PMDB seguem na mira dos investigadores. E ainda não há informações se o primeiro inquérito contra Aécio Neves (PSDB-MG), que foi arquivado no ano passado, será reaberto.

Acompanhe, abaixo, os volumes 12 e 13 do inquérito:

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