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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Contrapnto 6355 - "Imprensa brasileira foi à França reclamar de premiação a Lula"



Eduardo Guimarães

Não pode passar batido um dos momentos mais patéticos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.

A informação é do jornal espanhol Pagina/12 e do próprio Globo, que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.

No relato da própria repórter de O Globo que fez essa pergunta constrangedora havia a insinuação de que o prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a região.

A jornalista de O Globo não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.

Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.

Os jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.

Descoings se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir de um diploma universitário.

O diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” não passa de opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história levando em conta a dimensão de sua obra, da qual destacou eletrificação de favelas e demais políticas sociais, e perguntou se foi Lula quem armou Khadafi. E concluiu para a missão difamadora da “imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Contraponto 4140 - "Mídia faz lobby para americanos na compra de caças"

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06/12/2010

Mídia faz lobby para americanos na compra de caças


Do Blog Cidadania - 06/12/10

Eduardo Guimarães

Na semana que passou, enquanto estive na Argentina a trabalho, tive a excelente oportunidade de conhecer um jornalista local amigo de um cliente. Ele quis me conhecer ao saber, através daquele cliente, de minhas atividades jornalísticas neste blog. Reunimo-nos em um café em Puerto Madero, pois.

Durante a conversa, abordamos a questão da compra de três dezenas de aviões de guerra que o Brasil vem ensaiando fazer desde o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Uma compra de bilhões de dólares que, para esse mundo rico e afundado em problemas econômicos, torna-se da maior importância.

Além de ser três chic o Brasil ser protagonista de um negócio que aguça a ganância das nações mais industrializadas da Terra, essa negociação nos coloca em condições de força para darmos um salto que ultrapassa em muito as meras condições financeiras do negócio. O salto em questão, vale ressaltar, seria em nossa indústria aeronáutica – e talvez, mais do que isso, em nossa capacidade defesa do território nacional e dos interesses geopolíticos do Brasil.

Até um argentino sabe o que está por trás da opção sabidamente mais ao gosto do grupo político que governa o Brasil e sabe que o que está por trás desse gosto é o melhor interesse nacional. Isso é evidente. Ao menos partindo do princípio, de difícil negação, de que os americanos não transigem em questões militares.

Os três finalistas para a compra que permitirá ao Brasil desenvolver o projeto FX-2 – de um caça legitimamente nacional, com domínio de tecnologia nacional – são o caça americano F-18 Super Hornet, o sueco Gripen NG e o francês Rafale – C.

O Brasil firmou há anos um acordo de cooperação estratégico-militar-financeira-cultural com a França, o que desagrada aos americanos porque querem ter o controle não só do seu “quintal” (as três Américas), mas do mundo inteiro – ou queriam ter, mas vão descobrindo que não podem. Esse acordo nos permitirá dominar o ciclo de produção cem por cento autônoma de aviões de guerra, sobretudo em situações de conflito.

O que interessa a nós, porém, é que esse acordo nos permite um nível de autonomia compatível com pretensões do Brasil de se tornar aquilo que Delfim Neto definiu antes de todo mundo, por aqui, como “player global”, ou jogador global, nação capaz de participar das grandes decisões definidas pelo grupo de nações mais influentes, decisões que as outras acabam tendo que aceitar.

Enfim, o fato é que toda a comunidade internacional sabe que a imprensa brasileira está fazendo o jogo dos americanos. E, para que isso não fique muito evidente, essa imprensa – Folha, Estadão, Globo e Veja, sobretudo – diz que o avião americano é o “melhor”, mas que o avião sueco seria a solução de consenso por o negócio oferecer maior transferência de tecnologia, apesar de o Gripen ser inferior ao avião americano, mas superior ao francês.

Não é verdade. O Gripen leva componentes americanos essenciais que delegariam a eles (aos americanos) a decisão de fornecer peças de reposição em caso de ser necessário, em um conflito – ou mesmo se houvesse essa possibilidade de conflito real –, o uso dessas máquinas de guerra que estamos adquirindo, em vez de podermos produzir aqui o que precisarmos.

Suponhamos que os Estados Unidos decidissem apoiar uma ação militar de seu braço colombiano contra seu desafeto venezuelano. Digamos, por exemplo, que Hugo Chávez decida interromper a venda de petróleo para os americanos. Em retaliação, seria buscado um pretexto pela aliada militar americana Colômbia para atacar a Venezuela e derrubar Chávez.

Nessa situação, haveria uma reação da Unasul contra a Colômbia – talvez uma reação militar. Nessa hipótese improvável, mas nada descartável, em havendo um conflito a necessidade de peças de reposição para sistemas vitais dos aviões – ou até a compra de aviões substitutos – seria decidida por uma das partes nesse conflito, a parte que seria nossa adversária.

Esse é o resumo da ópera. A imprensa de direita faz coro com Washington sobre governos sul-americanos que os Estados Unidos consideram hostis aos seus interesses, por isso quer fazer prevalecer os interesses de seus apoiados. Só não se sabe sob que expectativa de recompensa, mas imagina-se.
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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Contraponto 361 - A miopia da mídia


28/09/2009
Quando a mídia perde o pulso do país

por Luiz Carlos Azenha| Publicado em 27 de setembro de 2009 às 14:36
Atualizado em 27 de setembro de 2009 às 14:53

Fazendo uma observação grosso modo da mídia brasileira, com algumas notáveis exceções aqui e ali, noto que ela perdeu o pulso do próprio país que deveria retratar.

Nos últimos meses o Brasil confirmou a descoberta do pré-sal, fez uma opção preferencial pela França* e, como integrante do G-20, passou a integrar o grupo de nações que terá forte influência nas regras econômicas internacionais.

O Brasil acaba de concretizar o Banco do Sul em parceria com a Venezuela e a Argentina, com capital que poderá atingir 20 bilhões de dólares; e se move com assertividade no caso da crise de Honduras, com respaldo da grande maioria dos integrantes da ONU e de organismos internacionais.

Qual é a reação a esse novo protagonismo brasileiro?

Uma capa da revista Veja enfatizando o quanto somos fracos, uma cobertura grotesca da TV Globo condenando a postura do governo brasileiro em Honduras e manifestações diversas do colunismo sugerindo que o Brasil se perdeu no caminho, quando todos os fatos indicam na direção contrária: o Brasil encontrou um caminho. Pode não ser o melhor. Pode exigir retificações. Pode dar errado.

Mas os princípios são claros: o Brasil passa a exercer politicamente o papel que lhe cabe como resultado da própria expansão econômica de interesses brasileiros além-fronteiras. A projeção do Brasil obviamente se fará sentir inicialmente nos espaços geopolíticos mais próximos: América Latina e África.

Daí a crescente articulação brasileira nos fóruns internacionais como o Mercosul, o Unasul, o Banco do Sul, o BRIC, o IBAS (Índia, Brasil, África do Sul) e a ASA (América do Sul-África).

* Quando a França resolveu manter-se à margem da estrutura militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), nos anos 60, o fez por considerações geopolíticas, garantindo para si uma margem de manobra muito superior à que teria se submetida ao comando militar dos Estados Unidos numa conjuntura de guerra fria. A França optou por manter suas armas nucleares fora do controle da OTAN. É esse o debate que eu gostaria de ler sobre a opção preferencial brasileira pelos franceses, nesse momento. Trata-se da mesma estratégia de aliança condicional com os Estados Unidos? Em vez disso, no entanto, somos bombardeados por análises pedestres que parecem produzidas como material de campanha para o ano que vem.

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PITACO DO ContrapontoPIG

Os grifos em verde são do editor do Blog ContrapontoPIG.
O PIG só vê: Honduras, Honduras, Honduras... e faz uma cobertura manipulada e vergonhosa da situação naquele País.
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