terça-feira, 3 de maio de 2011

Contraponto 5291 - "Afinal, quem morreu no Paquistão?"

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03/05/2011
Afinal, quem morreu no Paquistão?

Da Carta Maior - 03/05/2011

Bin Laden podia ser o alvo número 1 das caçadas norte-americanas, mas era um homem isolado, dependente, cuja influência sobre a própria “organização” de que seria o número 1 e fora dela declinara há muito tempo. Era um símbolo sim, mas um símbolo vazio.

Flávio Aguiar*

Não, não estou me incluindo entre os que duvidam da identidade do morto na “Operação Gerônimo”, na mansão de Abbottabad, no Paquistão. Penso mesmo que foi Osama bin Laden sim, além de alguns próximos: pelo menos um filho e uma mulher cujas identidades ainda não estão definidas, além de um de seus “pombos-correio”.


Mas a questão permanece: afinal, quem era Osama bin Laden?

Uma coisa é certa: ele podia ser o alvo número 1 das caçadas norte-americanas, mas era um homem isolado, dependente, cuja influência sobre a própria “organização” de que seria o número 1 e fora dela declinara há muito tempo. Era um símbolo sim, mas um símbolo vazio.

A Al-Qaeda está mais para um franquia do que para uma organização política definida. O islamismo de que se alimenta é uma versão inteiramente própria e cada vez mais desarticulada da lição do Islã. Neste plano é algo parecido com a atual Igreja Católica Apostólica Romana, que guarda uma vaga semelhança com o cristianismo evangélico que reivindica como sua origem. Ou por outra, seu modelo organizativo se parece mais com uma grande empresa capitalista de atuação global, cujas células desfrutam de grande autonomia, do que com algum partido de esquerda dos velhos tempos.

Osama bin Laden foi encorajado, estimulado, financeira e politicamente, direta ou indiretamente, pela CIA (embora os Estados Unidos o neguem veemente) durante a campanha contra o Exército Vermelho no Afeganistão: existem indícios suficientemente consistentes sobre isso (procurar, na internet, CIA-Osama-bin-Laden-Controversy, ou Operation Cyclone). Ao se voltar contra seus antigos “padrinhos”, copiou-lhes o seu modelo societário preferencial: o das holdings empresariais. Não importa muito, no fundo, se essa “cópia” se deu consciente ou inconscientemente; o que importa é que ela revelou-se tremendamente eficaz.

Mas ao mesmo tempo, propiciou o isolamento de seu fundador e líder: se ele assim viveu, e por isso viveu tanto tempo, por isso também acabou descoberto e morto por seus arqui-perseguidores.

Só a quem não leu “A Carta Roubada” – conto de Edgar Allan Poe – se surpreende porque Osama bin Laden estivesse escondido onde estava. O conto de Poe – um dos que escreveu tendo como protagonista o detetive Dupin – trata de uma carta roubada que foi escondida nas dependências de um hotel, ocupadas por um certo ministro francês. A polícia realiza uma busca minuciosa no hotel enquanto o ministro está ausente, mas nada encontra. É Dupin quem recupera a carta, porque ela estava disfarçada sim, mas guardada em lugar bem evidente e à vista de todos, para não despertar suspeitas.

Assim foi com Osama bin Laden. Além das denúncias e confissões sobre seus pombos-correio – obtidas sabe-se lá como na prisão de Guantánamo (que Obama prometeu fechar, mas não o fez) e depois com informações complementares, ele foi descoberto não por sua presença ostensiva, mas pelos detalhes que procuravam ocultá-lo mais ainda: as ausências, numa mansão tão vistosa, de internet e telefone, e a queima interna do lixo, ao invés de sua diposição na rua para recolhimento.

Numa aldeia remota, numa caverna qualquer, Osama bin Laden seria muito mais facilmente reparado do que escondido numa rica mansão de uma estação turística nas montanhas do Paquistão, debaixo do nariz de todo mundo.

Foi inteligente, mas não o suficiente.

O resto, parece, não vai ser o silêncio, mas a história da reeleição de Barack Obama.


*Flávio Aguiar
é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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Contraponto 5290 - "Fisk, que entrevistou Osama: tinham de matar o Zé-Ninguém"

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03/05/2011


Fisk, que entrevistou Osama: tinham de matar o Zé-Ninguém


Do Tijolaço - 03/05/2011

O jornalista inglês Robert Fisk, que entrevistou Osama Bin Laden por três vezes, escreveu um artigo impressionante sobre o que considera ser a irrelevância política da morte do líder (?) da Al-Qaeda. “Se os Estados Unidos tivessem matado Bin Laden um ano ou dois depois de 11 de Setembro, um pouco da emoção que estão vivendo seria importante. Todos estes punhos no ar, celebrando vitória, são boas imagens, mas não têm muito sentido”, disse Fisk, em uma entrevista.

Como todos os que não mergulham no mundo do espetáculo midiático, Fisk explica porque a prisão de Laden com vida seria um problema e ironiza o “sumiço” de seus restos mortais.

O artigo, na íntegra, está no jornal La Jornada, em espanhol.

“Um zé-ninguém de meia-idade, um político fracassado, ultrapassado pela história, pelos milhões de árabes que exigem liberdade e da democracia no Oriente Médio, morreu no Paquistão, no domingo. E o mundo enlouqueceu. Logo depois de apresentar uma cópia de sua certidão de nascimento, o presidente dos EUA, apareceu no meio da noite para oferecer ao vivo um atestado óbito de Osama Bin Laden, que foi morto em uma cidade chamada em honra de um major do exército velho Império Britânico (Abbotabad, por causa do inglês James Abbott, que a fundou, em 1853). Um único tiro na cabeça, dizem. Mas o segredo sobre o vôo do corpo para o Afeganistão, e o sepultamento igualmente secreto no mar?

A estranha forma em que eles se livraram do corpo-”sem santuários”, por favor , foi quase tão bizarra quanto o homem e sua organização do mal.

Os americanos estavam embriagados de alegria. David Cameron chamou a morte de “um enorme passo adiante”. A Índia a descreveu como “uma vitória histórica”. “Uma vitória retumbante”, cantou primeiro-ministro israelense Netanyahu. Mas depois de 3 000 americanos mortos no 11/9, muitos outros no Oriente Médio, até meio milhão de mortes no Iraque e Afeganistão e 10 anos envolvidos na caçada a Osama bin Laden, rezemos por não haver mais destes “triunfos retumbantes”.

(…)Três vezes eu encontrei este o homem e só me fazer uma pergunta me ocorre fazer agora: como você se sentiu ao olhar como essas revoluções estavam desenvolvendo este ano, sob as bandeiras das nações, ao invés do islã, com cristãos e muçulmanos juntos, com pessoas como a que seus homens recrutariam para a Al Qaeda?

Ele foi o fundador (da Al-Qaeda), mas nunca um guerreiro em batalha. Não houve um computador em sua caverna, nem chamadas para detonar as bombas. Embora os ditadores árabes governassem sem oposição e com o nosso apoio, evitando sempre que lhes foi possível a condenar a política de Washington, só Bin Laden o faziam. Os árabes nunca quiseram espatifar aviões em prédios altos, mas admiravam o homem que disse que eles queriam dizer. Mas agora, cada vez mais, eles podem dizer. Não há necessidade de Bin Laden. Tornou-se um zé-ninguém.

Falando das cavernas, o desaparecimento de Bin Laden lança uma sombra sobre o Paquistão. Durante meses, o presidente Ali Zardari tinha-nos dito que Osama estava vivendo em uma caverna no Afeganistão. Agora vê-se que vivia numa mansão no Paquistão. “Traído? Claro que sim. Por que os serviços militares e de inteligência do Paquistão? É muito provável que os dois.O Paquistão sabia onde ele estava.

Naturalmente, há uma pergunta óbvia sem resposta: não se poderia ter capturado Bin Laden? Será que a CIA ou os Navy Seals ou as forças especiais ou qualquer outro grupo dos EUA que o matou não podia jogar uma rede sobre o tigre? “Justiça!”, proclamou Barack Obama, sobre sua morte. Nos velhos tempos “justiça” significava devido processo legal, uma audiência judicial, um advogado, um julgamento. Como os filhos de Saddam Hussein, Bin Laden foi morto a tiros. Claro, ele nunca quis ser pego vivo … e havia sangue a rodo no quarto onde ele morreu.

Mas um julgamento teria incomodado muitas pessoas mais além de Bin Laden. Ele poderia falar sobre seus contatos com a CIA durante a ocupação soviética do Afeganistão ou nas suas acolhedoras reuniões em Islamabad com o príncipe Turki, chefe dos serviços secretos sauditas. Assim como Saddam Hussein, que foi julgado pelo assassinato de só 153 pessoas, e não pelos milhares de curdos mortos por gás, foi enforcado antes que ele tivesse chance de dizer-nos sobre os componentes dos gases provenientes dos Estados Unidos, sobre sua amizade com Donald Rumsfeld ou assistência militar que recebeu de Washington quando ele invadiu o Irã em 1980.(…)

Ao meio-dia de segunda-feira eu já tinha recebido três telefonemas de árabes, todos certos de que os americanos mataram um dublê de Bin Laden, como muitos iraquianos acreditam que os filhos de Saddam não morreu em 2003 e o próprio Saddam também não foi enforcado. Com o tempo, a Al-Qaeda nos dirá. Claro, se estamos todos errados e foi um dublê, nós vamos ver mais vídeo do verdadeiro Bin Laden… e o presidente Barack Obama vai perder a próxima eleição.

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Contraponto 5289 - Justiça feita ou licença para matar?

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03/05/2011


Wálter Maierovitch: Justiça feita ou licença para matar?

Carta Capital - 2 de maio de 2011 às 18:18h

Rodrigo Martins
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Para o colunista de CartaCapital, a execução de Bin Laden mostra que Obama deu continuidade à doutrina Bush. Mas a rede terrorista continua ativa e com sede de vingança. Foto: AFP


“A Justiça foi feita”. A frase marcou os discursos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, após o anúncio da morte do líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama Bin Laden, no domingo 1º. À luz do direito internacional, no entanto, a declaração é falaciosa, alerta o colunista Wálter Fanganiello Maierovitch, desembargador aposentado e presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone, de combate ao crime organizado. “Obama deu continuidade à doutrina Bush, de dar licença para matar, em vez de capturar e julgar os acusados de envolvimento com o terrorismo.”

Wálter Maierovitch

Na avaliação de Maierovitch, que foi secretário nacional Antidrogas e professor visitante da Universidade de Georgetown (EUA), a morte de Bin Laden pode ser comparada ao ato de cortar a cabeça de uma serpente do cabelo da Medusa na mitologia grega. “No lugar de uma serpente morta, nascem mil outras. A rede terrorista Al Qaeda continua ativa e com sede de vingança.” Confira, abaixo, a entrevista.

CartaCapital: Qual é o significado da morte de Bin Laden?
Wálter Fanganiello Maierovitch: Essa execução representa a queda de um símbolo do terrorismo internacional. Mas isso é como cortar a cabeça de uma das serpentes do cabelo de Medusa. No lugar de uma serpente morta, nascem mil outras. A rede terrorista Al Qaeda continua ativa e com sede de vingança.

CC: Mesmo com o isolamento dos líderes e o cerco montado aos principais financiadores da rede terrorista?
WFM: Permanece ativa toda uma rede apoiada no cyberterrorismo. A cada ano, aparecem novos 900 sites com vínculo alqaedista. Hoje, tendo em vista toda essa perseguição à cúpula da Al Qaeda, eles usam a internet como meio de propaganda. Recentemente, o número 2 da rede terrorista, o médico egípcio Ayman Al Zawahri, recomendou que cada militante pratique atentados por meios próprios, sem necessidade de consultar ou buscar recursos junto aos líderes. É a política do ‘faça você mesmo’. E esse anúncio foi feito depois que as forças leais aos Estados Unidos conseguiram isolar as lideranças, atrasar o seus contatos com as bases e restringir as fontes de financiamento, sobretudo dos radicais islâmicos sauditas.

CC: A CIA já dá como certa a possibilidade de retaliação.
WFM: Seguramente, haverá muitos atos de retaliação. E também já está caracterizado o alvo principal, o presidente Obama, que apresentou a cabeça de Bin Laden e mobilizou a CIA para executá-lo. É certo que ele será alvo de atentados, só não se sabe o que está sendo planejado e quando isso pode ocorrer. Aliás, convém lembrar que Bush conseguiu a reeleição com base no discurso do terror, graças ao temor do povo americano de sofrer novos atentados. Com a morte de Bin Laden, o presidente Obama passa a ter apoio popular nesse momento de euforia. Daqui para frente, no entanto, a população americana pode voltar a ser alvo de ataques. Não serão atentados tão engenhosos como os de 11 de Setembro de 2001, mas podem ocorrer explosões menores em locais com grande concentração de pessoas, como estações de metrô ou aeroportos, a exemplo do que ocorreu em Madrid, em março de 2004, e em Londres, em julho do ano seguinte. Se isso ocorrer, não se sabe o efeito que terá na popularidade de Obama.

CC: Mas ele vingou a morte das 3 mil vítimas de 11 de Setembro.
WFM: Vingou, mas não fez justiça, como Hillary e Obama disseram em seus discursos. Obama deu continuidade à doutrina Bush, de dar licença para matar, em vez de capturar e julgar os acusados de envolvimento com o terrorismo Obama aplicou a doutrina Bush. Isso não tem respaldo no direito internacional, embora os Estados Unidos estejam fora da jurisdição do Tribunal Penal Internacional, assim como Israel, Egito, Rússia e Índia. Trata-se de um ataque, e não de defesa. A luz do direito internacional, a morte de Bin Laden não pode ser considerada legítima defesa, porque ele poderia ser capturado e acabou executado. Aliás, essa não é a atitude que se espera de um Nobel da Paz. Obama mostrou que ainda não tem uma linha própria de atuação.

CC: Por quê?
WFM: Ele deixou de cumprir várias promessas e não se diferenciou de Bush. Anunciou que pretendia transferir o julgamento dos supostos terroristas das cortes militares para a justiça comum, mas depois voltou atrás ao perceber que eles seriam absolvidos em massa, uma vez que a justiça comum não aceita provas obtidas sob tortura. Também alardeou a retirada completa das tropas americanas do Iraque, mas deixou apenas os centros urbanos. Sem falar da manutenção da prisão de Guantánamo, a despeito da promessa de fechá-la. Ao matar Bin Laden, em vez de capturá-lo, Obama segue a doutrina Bush.

CC: O mesmo pode ser dito em relação à ofensiva na Líbia?
WFM: Sim. Na semana passada, em discurso no Congresso americano, o senador republicano Lidsey Graham falou sobre a necessidade de “cortar a cabeça da serpente na Líbia”, referindo-se a Kaddafi. Transformar o ditador líbio em alvo é uma violação da resolução 1973, que preserva os direitos humanos. Embora a Otan negue que o alvo é Kaddafi, é evidente a intenção de eliminar o líder inimigo. A Rússia chegou a protestar contra os bombardeios ao complexo de Bab al-Aziziyah e na casa de Saif al-Arab, filho de Kaddafi. É a repetição da doutrina Bush, ou seja, de dar licença às tropas aliadas para matar o oponente.

CC: Por que só foi possível matar o líder da Al Qaeda agora, quase dez anos após o início da chamada “Guerra ao Terror”, encampada pelo governo americano após 11 de Setembro?
WFM: Bin Laden viveu muito tempo sob proteção tribal. Especulava-se até que ele já havia morrido, porque sumiu, desapareceu do noticiário. Diante da emergência do cyberterrorismo, Bin Laden deixa a proteção tribal para monitorar a internet de um centro urbano em tempo real. Passou a morar num bunker. Só que o prêmio pela cabeça de Osama era altíssimo e, numa zona urbana, está mais exposto às delações. Esse provavelmente foi o calcanhar de Aquiles do líder terrorista.

CC: O senhor acha possível que outros grupos terroristas possam aderir à rede Al Qaeda, criando aquele grande califado islâmico sonhado por Bin Laden?
WFM: O terrorismo de Bin Laden é de matriz salafita e sunita. Salafita pelo radicalismo, sunita pela orientação religiosa. Existem centenas de organizações de origem xiita, como o Hamas e o Hezbollah. Bin Laden se ofereceu diversas vezes para uma união, capaz de reestabeler o poder islâmico e formar um califado, no qual o líder natural seria ele. Evidentemente, nem o Hamas nem o Hezbollah aceitaram se submeter a ele.
Rodrigo Martins

*Rodrigo Martins é repórter da revista CartaCapital há quatro anos. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas Foco Economia e Negócios, Sustenta!,Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008 foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
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Contraponto 5288 - "Assange e a espionagem no Facebook"

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03/05/2011
Assange e a espionagem no Facebook

Assange

Enviado por luisnassif, ter, 03/05/2011 - 07:51

Por foo

Julian Assange: "Facebook é máquina de espionagem"

Em uma entrevista ao Russia Today, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse que o Facebook é a “mais espantosa máquina de espionagem já inventada”.

"Nas redes sociais temos a base de dados mais ampla sobre os cidadãos, suas relações, o nome de seus contatos, seus endereços, as mensagens que trocam com outras pessoas e isso tudo é alojado nos EUA, acessível aos seus serviços de inteligência", disse ele.

Para Assange, as empresas por trás desses serviços – como o Google e o Yahoo – criaram mecanismos para facilitar o acesso dos serviços de inteligência à esse tipo de informação. "Obter uma citação ou um requerimento judicial já não é um problema. Existe uma interface de conexão já em uso. Isso quer dizer que o Facebook está sendo gerido pelos serviços de inteligência americanos? Não, não é isso. Simplesmente a inteligência dos EUA tem a capacidade legal e política para pressioná-los. É caro manejar um a um cada um dos arquivos, por isso automatizaram o processo".

E o fundador do Wikileaks vai além: quem usa as redes sociais com frequência e convida os amigos a participarem do Facebook está trabalhando de graça para as agências de inteligência dos EUA.

Assange está aguardando sua extradição para a Suécia.

http://blogs.estadao.com.br/link/assange-facebook-e-maquina-de-espionagem/

Clique aqui para assistir ao vídeo da entrevista:

http://rt.com/news/wikileaks-revelations-assange-interview/

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Contraponto 5287 - Charge on line do Bessinha

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03/05/2011
Charge do Bessinha (362)

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Contraponto 5286 - Altamiro Borges sobre Bin Laden


02/05/2011

Osama Bin Laden: uma história sinistra

Do Blog do Miro 02/05/2011

Por Altamiro Borges




“Darei uma razão propagandística para começar a guerra, não importa se é ela plausível ou não. Ao vencedor não se pergunta depois se ele disse ou não a verdade”. Discurso de Adolf Hitler, em 25 de outubro de 1939, poucos dias antes da invasão da Polônia.


Até hoje persistem dúvidas sobre o que de fato aconteceu na manhã de 11 de setembro de 2001. Naquele fatídico dia, dois aviões atingiram as “torres gêmeas” do World Trade Center, em Nova York, símbolo da ostentação capitalista; um outro destruiu parte do prédio do Pentágono, em Washington, símbolo do poder imperial; e um quarto caiu na Pensilvânia.

Segundo dados oficiais, estes atentados causaram a morte de 3 mil pessoas e comoveram o mundo. Mas eles também ressuscitaram a desgastada imagem de George W. Bush, eleito de forma fraudulenta no final de 2000, e lançaram o planeta na insana “guerra infinita” contra o “eixo do mal” - que contabiliza a morte de 700 mil iraquianos e de mais de três mil soldados ianques.

Alguns setores mais críticos, inclusive nos EUA, garantem que os atentados foram orquestrados de forma inescrupulosa pela própria equipe de facínoras do governo Bush, interessada em criar o clima de histeria para justificar as bárbaras invasões do Afeganistão e Iraque. A comparação com o nazista Adolf Hitler é inevitável.

Outros, menos conspirativos, afirmam que eles foram funcionais aos planos expansionistas do imperialismo. Apresentam várias provas que confirmam que o governo dos EUA nada fez para evitar os atentados, mesmo sabendo previamente do risco iminente. Razões para tão graves e espantosas suspeitas existem. Não são meras especulações dos críticos mais radicais do ex-presidente-terrorista George W. Bush.

Relações intimas com os Bin Laden

Afinal, são conhecidas as antigas e intimas relações entre a dinastia Bush e a rica família de Osama Bin Laden, dona de uma das maiores construtoras do Oriente Médio. A primeira empresa de petróleo de George W. Bush, a Arbusto, inclusive foi financiada pela corporação do líder do grupo da Al-Qaeda, culpado pelos ataques.

Não é para menos que no discurso em que anunciou a invasão do Afeganistão, Bush ordenou que se retirassem as referências à construtora árabe. Esta postura tão cordial diante desta fiel parceira nos negócios também pode explicar porque os familiares de Osama bin Laden foram retirados às pressas dos EUA, sem se sujeitarem às rigorosas normas de segurança dos aeroportos impostas no dia dos atentados.

Além disso, é público e notório que os setores mais agressivos do imperialismo já almejavam há tempos ocupar países estratégicos, preocupados com a grave crise energética e motivados pelo aumento do poder geopolítico dos EUA no planeta. Estas idéias já estavam presentes no governo de Bush-pai no documento Orientação da Política de Defesa (DPG), de 1992, que inclusive sugeria a invasão do Iraque.

Os atentados serviram somente de pretexto para reeditá-las, em setembro de 2002, na fascista Estratégia de Segurança Nacional (NSS). Os motivos para esta ação belicista e expansionista não tinham nada a ver com Osama Bin Laden, mas sim com as ambições do poderoso “complexo industrial-militar” que domina os EUA.

Alertas sobre os aviões-mísseis

Mas o que reforça a tese – seja da conspiração ou da razão funcional – são alguns fatos que antecederam os atentados. Hoje se sabe que, desde 1996, o serviço de inteligência interna, o FBI, já produzia relatórios alertando para o risco da Al-Qaeda usar aviões como mísseis em ataques suicidas nos EUA. Eles citavam que este grupo treinava pilotos no próprio território ianque e em outros países.

Em março de 1999, o serviço de inteligência da Alemanha (BND), forneceu à CIA o nome e o telefone de Marwan al-Shehhi, o terrorista que seqüestrou o voo 175 da United Arlines e lançou o avião contra o World Trade Center. Ele mantinha contatos com o Mohamed Zammar, residente em Hamburgo, ativo militante da Al-Qaeda.

Cinco meses antes dos ataques, o próprio governo dos EUA avisara as companhias aéreas sobre o perigo do seqüestro de aviões para fins terroristas. Esta possibilidade foi comunicada diretamente ao presidente Bush nos primeiros dias de agosto de 2001, tanto pela CIA, que enviou um memorando advertindo sobre possíveis ataques, como pelo FBI, através do top-secret briefing do agente Kenneth Williamns.

O texto, datado de 6 de agosto, tinha como título “Bin Laden determinado a atacar dentro dos EUA”. Logo na sua abertura, o agente inclusive mencionava o World Trade Ceder como provável “alvo da ação terrorista”.

Ordem superior suspeita

O presidente George W. Bush manteve o conteúdo deste texto em rigoroso sigilo por quase três anos para que o país não soubesse que havia ignorado o alerta. Ele só se tornou público em abril de 2004, quando a sua ex-assessora de segurança, Condoleezza Rice, foi obrigada a ler o título do top-secret briefing numa seção do Congresso. Diante da denúncia bombástica, a Casa Branca ainda tentou desmentir as evidências.

Alegou que eram apenas especulações visando abortar os ataques ao Afeganistão e ao Iraque. Coisa de antipatriotas. Mas Eleanor Hill, antiga inspetora-chefe do Departamento de Defesa, confirmou no comitê parlamentar responsável por apurar falhas na segurança que a CIA, o FBI e outros serviços de inteligência dos EUA já tinham provas suficientes sobre os riscos de ataques da Al-Qaeda.

Um agente do FBI, que até hoje tem a sua identidade mantida em sigilo, ainda revelou ao comitê que seus superiores negaram, em 29 de agosto de 2001 – duas semanas antes dos atentados –, o pedido de prisão de Khalid Al-Midhar, um dos seqüestradores do vôo AA77, cujo avião foi lançado contra o Pentágono. Este havia participado de uma reunião da Al-Qaeda, na Malásia, 18 meses antes.

A CIA sabia da sua militância no grupo e seu nome constava da lista de passageiros do avião-bomba. Stella Rimington, ex-chefona da M15, agência de inteligência da Grã-Bretanha, revela em seu livro de memórias que estranhou o fato do governo estadunidense nada ter feito para reforçar a segurança nos aeroportos, já que eram conhecidos os relatórios da CIA e do FBI sobre os cursos em escolas de aviação do país de militantes islâmicos.

“Uma junta de homens do petróleo”

Tamanho desprezo por informações tão alarmantes e graves é que leva várias pessoas a acreditarem que o ex-presidente-terrorista George W. Bush orquestrou macabramente os atentados ou, no mínimo, foi cúmplice dos ataques para viabilizar o seu projeto expansionista. Alguns até estranham o fato do plano de ocupação do Afeganistão ter sido anunciado apenas seis dias após os atentados, em 17 de setembro.

No documento de duas páginas e meia, classificado de top-secret, o presidente já detalhava a campanha de invasão do Afeganistão e dava ordens aos seus assessores para iniciarem o planejamento das opções militares de ataque ao Iraque. Tão lerdo diante dos inúmeros alertas; tão ágil na aplicação do seu sonho imperialista!

O premiado escritor Gore Vidal, que se auto-exilou após a invasão do Afeganistão, foi um dos que afirmou que os atentados serviram de pretexto para ambições econômicas. “Somos governados por uma junta de homens do petróleo. A maior parte deles é do ramo do petróleo – ambos os Bushes, Cheney, Rumsfeld e assim por diante. Eles estão no poder e este grande golpe irá beneficiá-los pessoalmente e [...] também vai beneficiar os EUA: que o país tenha acesso a esse imenso manancial de óleo da Ásia Central através de diversos oleodutos".

"Durante muito tempo tratamos com o Talibã, mas seus homens se tinham tornado doidos e desmiolados demais, a ponto de tornar-se impossível tratar com eles. Então entramos no país para tentar estabilizar a situação, para que a Unocal (empresa de energia) possa construí o oleoduto”.

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02/05/2011

Do Blog do Miro 02/05/2011


Por Altamiro Borges


Na madrugada desta segunda-feira, o presidente dos EUA anunciou, em tom eufórico, a morte de Osama Bin Laden, líder da rede Al Qaeda, acusada de ser a responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. “Digo às famílias que perderam seus parentes que a justiça foi feita”, afirmou Barack Obama em cadeia nacional de rádio e televisão.

Bin Laden teria sido executado por soldados estadunidenses num esconderijo em Abottabad, a 115 quilômetros de Islamabad, capital do Paquistão. Autoridades locais informaram à agência de notícias Reuters que a operação foi resultado “de uma parceria entre a CIA, o serviço secreto dos EUA, e as tropas paquistanesas”. O corpo do líder da Al Qaeda foi retido pelos EUA.

Euforia de Obama e da mídia colonizada

Segundo o noticiário internacional, logo após o pronunciamento milhares de pessoas foram festejar em frente à Casa Branca, aos gritos de “obrigado, Obama” e “USA”. O presidente dos EUA, vítima de uma acentuada queda de popularidade, pode respirar mais aliviado. Já os estadunidenses, vítimas da crise econômica e do desemprego, puderam externar o patriotismo do império.

Na mídia colonizada, a euforia também é enorme – como se a execução de Bin Laden superasse os traumas dos EUA, metidos em uma prolongada recessão e enfiados em desgastantes frentes de guerra. Em êxtase, muitos comentaristas deixaram, inclusive, de lembrar que Osama Bin Laden foi uma invenção do próprio império, nas suas ações imperialistas pelo mundo.

De aliado a inimigo dos EUA

Para um jornalismo mais sério e menos servil bastaria consultar até a revista “Aventuras na História”, publicada pela Editora Abril. Na reportagem intitulada “De aliado a inimigo nº 1: Bin Laden”, Carolina Pulici lembra que o “perigoso terrorista” – “um abastado jovem muçulmano, educado junto à realeza da Arábia Saudita” –, foi uma criação dos EUA no sombrio período da “guerra fria”.

A sinistra relação teve início no final dos anos 1970, no Afeganistão. Para derrubar o governo nacionalista deste país estratégico, que contava com o apoio da União Soviética, os EUA financiaram e treinaram um grupo de rebeldes. “Sob a justificativa de que era preciso conter a expansão soviética no Terceiro Mundo, o presidente Ronald Reagan propôs armar os rebeldes afegãos, que chamou de freedom fighters (ou guerreiros da liberdade)”. Bin Laden passou a ser o principal amigo dos EUA no conflito.

Feitiço contra o feiticeiro

Com a derrubada do governo afegão e a derrota dos soviéticos, porém, a sua guerra santa, “jihad”, voltou-se contra as ambições do imperialismo estadunidense na região. A invasão do Iraque em 1990 e a instalação de uma base militar na Arábia Saudita, em 1991, agravam os conflitos entre os antigos aliados. Bin Laden “passou a financiar e dar apoio logístico aos mais variados movimentos de insurgência islâmica e declarou que expulsaria os americanos com as próprias mãos do território sagrado do Islã”.

É desta fase a organização da Al Qaeda (“a base”), uma rede de seguidores espalhados pelo mundo dispostos à “guerra santa” contra os EUA. Em fevereiro de 1993, o grupo explode um carro-bomba no subsolo do World Trade Center, em Nova York, matando seis pessoas. Em outubro, ataca a embaixada ianque na Somália, matando 18. Após uma série de atentados, a Al Qaeda promove sua ação mais audaciosa, com os ataques às torres gêmeas de Nova York e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001.

Agente da CIA?

Estas ações terroristas nunca contaram com apoio das forças anti-imperialistas. Fidel Castro, líder da revolução cubana e crítico das políticas belicistas e expansionistas dos EUA, prestou solidariedade imediata às vítimas dos atentados de 11 de setembro. Em reportagem do jornal britânico The Guardian, em junho passado, ele chegou a dizer que Bin Laden fazia o jogo dos EUA:

“Toda vez que Bush ia agitar o medo em seus discursos, Bin Laden aparecia, ameaçando as pessoas com uma história sobre o que ia fazer... Quem mostrou que ele é, na verdade, agente da CIA, foi o Wikileaks, que provou com documentos”. Quase dez anos após os atentados de 11 de setembro, Osama Bin Laden – expressão do “feitiço que virou contra o feiticeiro” – agora é executado no Paquistão.
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Contraponto 5285 - "Osaba Bin Laden morreu em dezembro de 2001 de infecção pulmonar, segundo a Fox News "


02/05/2011


Osaba Bin Laden morreu em dezembro de 2001 de infecção pulmonar, segundo a Fox News

Do Blog do Mello - segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bin Laden teria morrido em meados daquele dezembro, em Tora Bora, no Afeganistão. A notícia não é de nenhum "paranoico" adepto de "teorias da conspiração", mas da Fox News, o canal preferido dos falcões americanos. Confira. Clique na imagem e verifique a data em vermelho.

A página ainda está no ar. Pelo menos até agora. Você pode conferir clicando aqui.

Contraponto 5284 - "O poder, a morte e o espetáculo"

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02/04/2011


O poder, a morte e o espetáculo

Do Tijolaço - 02/04/2011

Brizola Neto

O episódio da morte de Osama Bin Laden, depois de 10 anos anulado como chefe minimamente capaz de qualquer estrutura terrorista, cuja a única preocupação era fugir da intensa perseguição que lhe faziao maior exército e os maiores meios tecnológicos do mundo, tem menos importância na questão do terrorismo do que nos rumos sombrios da ordem internacional vivida hoje pelo mundo.

Não se trata, aqui, de discutir o óbvio, a condenação como crime bárbaro da monstruosa morte de mais de três mil civis no World Trade Center.

A evidência curiosa – e terrível – este episódio é o exercício imperial do poder militar norteamericano de transformar sua vontade em lei e sua capacidade em transformar sua aplicação em espetáculos bélico-midiáticos e…eleitorais.

Em 2003 – ano da véspera de sua reeleição – Bush recuperou o prestígio de sua desastrosa admnistração com a Guerra do Iraque, a partir de março.

Saddam Hussein foi apresentado como um aliado de Bin Laden e um perigo atômico para o mundo. Num discurso so Congresso americano, Bush afirmou:

“Hussein tinha um programa de armas nucleares avançadas, tinha um projeto para uma arma nuclear e estava trabalhando em cinco diferentes métodos de enriquecimento de urânio para uma bomba. O governo britânico descobriu que Saddam Hussein procurou recentemente quantidades significativas de urânio da África. Fontes de inteligência nos dizem que tentou comprar tubos de alumínio de alta resistência apropriado para a produção de armas nucleares. Saddam Hussein não explicou essas atividades, de forma crível. Ele claramente tem muito a esconder.”

O ridículo destas palavras, hoje, é tão evidente que não se pode acreditar que tenham sido a razão de uma invasão avassaladora e de dezenas ou centenas de milhares de mortes.
É igualmente curioso – e terrível – o pronunciamento de ontem de Barack Obama. Teatral do início ao fim – inclusive na saída de costas, caminhando solitário pelo corredor da Casa Branca. O efeito dramático era o objetivo, pouco importando que se fosse anunciar ali a morte de um homem.

De um homem, mas não de uma política belicista. As tropas norte-americanas não estão arrumando suas mochilas para embarcar de volta.

Evidente que foi uma vitória desta política. Mas esta política jamais pode ser vitoriosa, definitivamente, porque violenta o principio da soberania das nações.
O mundo saudou a eleição de Barack Obama como uma esperança do fim da violência e da guerra como formas de resolver os problemas do mundo e as relações entre os países.
O Barack Obama que não pôde desmontar a prisão de Guantánamo com que Bush sujou a imagem de liverdade, lei e democracia que os americanos dizem lhes ser sagradas, conseguiu algo mais complexo: a morte do homem que ridicularizou a capacidade bélica do governo de seu antecessor, cuja afirmação custou muito mais vidas – inclusive de americanos – que o atentado das Torres Gêmeas.

Vamos viver um dia – ou alguns dias – mergulhados num espetáculo mórbido. “Como foi, quantos tiros, o corpo foi jogado ao mar ou não (chega a ser irônico que digam que iso teria sido feito para respeitar a li islâmica), se era ou não era ele”, os festejos semelhantes ao de um jogo de futebol vencido, são os temas que vão estar exaustivamente debatidos sobre o cadáver de Bin Laden.

Mas o essencial nada tem a ver com isso.

O que significou, em 2004, um triunfo para os republicanos de Bush vai significar, provavelmente, também uma vitória eleitoral para os democratas de Obama.

E, em qualquer caso, uma derrota para uma ordem internacional onde não haja mais uma “polícia do mundo” e, em seu lugar, floresçam povos livres. Livres, inclusive, dos ódios que levaram à tragédia do World Trade Center.
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Contraponto 5283 - "A agenda silenciosa de Dilma pró-interesse nacional"

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02/05/2011


A agenda silenciosa de Dilma pró-interesse nacional

Do Vermelho - 2 de Maio de 2011 - 10h53


Passados os primeiros cem dias de mandato, presidenta começa a impor uma agenda própria disposta a aproveitar maioria política e fragilidade de adversários para enfrentar alguns interesses empresariais que atrapalhariam o desenvolvimento e o interesse nacional. Bancos e telefônicas já sofrem com os planos governistas.

Por André Barrocal, em
Carta Maior

O principal assunto dos cem primeiros dias da gestão Dilma Rousseff, a consumir a energia presidencial, foi o combate da inflação. A pressão sobre os preços é anterior à posse de Dilma e, na avaliação do Palácio do Planalto, parece sob controle, graças a uma combinação de ações do Ministério da Fazenda e do Banco Central.

Com isso, aos poucos, o governo começará a impor sua própria agenda. Foi o que fez ao lançar, dia 28 de abril, programa para incentivar o ensino em escolas técnicas, o Pronatec. Em maio, anunciará plano contra a pobreza, principal bandeira da atual administração.

São iniciativas que o governo faz questão de divulgar com pompa, em solenidades com a presidenta. Mas há também uma agenda silenciosa, sobre a qual se fala de forma mais discreta, em gabinetes e corredores. Aproveitar a folgada maioria no Congresso e a fragilidade dos adversários para, mesmo fora do ambiente parlamentar, enfrentar e contrariar interesses empresariais que atrapalhariam o desenvolvimento e o interesse nacional.

No mesmo dia em que anunciou o Pronatec, por exemplo, Dilma assinou medida provisória (MP) que permite aos Correios montar um banco e atuar como operadora de telefone celular. A intenção é botar a estatal para acossar o sistema financeiro e as telefônicas e derrubar o preço das tarifas cobradas da população nas duas áreas.

O ministério das Comunicações, a quem os Correios se subordinam, tem orientação "incisiva" de Dilma, de acordo com o ministro Paulo Bernardo, para tocar o Plano Nacional da Banda Larga (PNBL) a todo o vapor. É um projeto que também bate de frente com as telefônicas, que praticam preços que o governo considera altos demais e agora, vêem a rediviva Telebrás no seu encalço.

Dias antes de assinar a MP dos Correios, Dilma havia convocado à sua sala o presidente de quatro bancos públicos – Banco do Brasil, do Nordeste, da Amazônia e Caixa Econômica Federal – para cobrar que façam mais empréstimos do tipo “microcrédito”. É uma modalidade de crédito criada no governo Lula para pessoas pobres pegarem dinheiro a juros mais baixos, mas que o sistema financeiro boicota, por falta de interesse (lucro).

Ainda em abril, o governo viu sacramentar a troca no comando na Companhia Vale do Rio Doce, cujo ex-presidente, Roger Agnelli, tinha uma filosofia que desagradava o Palácio do Planalto desde a gestão Lula. A mudança resultou de uma operação liderada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com respaldo de Dilma. O governo acredita que, com o novo presidente, Murilo Ferreira, conseguirá influenciar a Vale a ter uma postura mais favorável ao que entende ser do interesse nacional. Exemplo: finalmente tirar do papel a construção de siderúrgicas no Brasil, em vez de só exportar minério de ferro.

A troca da direção da Vale é um caso ilustrativo de como o governo tira proveito político da fragilidade atual dos adversários. Se a oposição não estivesse reduzida e desarticulada, aposta-se que Agnelli teria mais chance de resistir no cargo. Ele apelaria a aliados no PSDB e no DEM para acertar alguma forma de reação no Congresso ou junto à opinião pública que poderia ter feito o governo abandonar a pressão.

Bancos, alvos preferenciais

O governo prepara-se ainda para instituir um fundo de pensão exclusivo para funcionários públicos, a fim de utilizá-lo como arma de captação de recursos e, com isso, também “contrariar interesses”. É possível criá-lo desde 2003, quando o Congresso alterou a Constituição para servidor público pagar contribuição previdenciária a um fundo específico. Mas não nasceu até hoje porque depende de lei. É um projeto com tal proposta de lei que o governo finalizará em breve.

O Palácio do Planalto calcula que, com a contratação federal média de 20 a 25 mil servidores por ano, o fundo tem potencial para ser tão poderoso quanto a Previ, dos trabalhadores da Petrobras, o maior da América Latina, com patrimônio superior a R$ 150 bilhões.

No controle do fundo, que por um tempo apenas coletará dinheiro, sem ter de pagar aposentadorias, o governo escolherá onde investir. Poderá usá-lo, por exemplo, para rolar a própria dívida pública, a juros menores, contrariariando o “mercado” de novo. Fundos de pensão detém hoje 15% da trilionária dívida federal, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, que tem feito reuniões com gestores de fundos para incentivá-los a comprar mais títulos públicos.

Os banqueiros, aliás, serão alvos preferenciais da disposição presidencial de “contrariar interesses”. Como ela disse em viagem recente à China, o país tem “o grande desafio” que “vai ter de enfrentar, pelo menos desta vez”, de derrubar a taxa real de juros, a maior do planeta. A equipe econômica recebeu a orientação de Dilma de estudar como fazer para diminuir os chamados spreads bancários, pedaço das taxas de juros que se reverte em lucros bancários. “O mercado será um foco de tensão permanente com o governo”, afirma um assessor do Palácio do Planalto.

Mesmo no processo de domar a inflação, agenda herdada de 2010, o governo já enfrenta o “mercado” e os bancos. A presidenta dá apoio total para que a área econômica enfatize o uso de medidas alternativas ao juro do BC contra o aumento dos preços. Ela acredita que, quanto menos a taxa do Banco Central subir agora, menor será o patamar a partir do qual o governo terá de forçar sua redução até níveis "compatíveis com as taxas internacionais", como diz Dilma.

Ao montar a cúpula do BC, a presidenta já havia sinalizado suas intenções. Dos sete diretores, cinco são funcionários de carreira do banco, sem passagens pelo “mercado” - portanto, menos suscetíveis às influências do pensamento no setor.
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Contraponto 5282 - "Bin Laden vai reeleger Obama ? Sim !"

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02/05/2011

Bin Laden vai reeleger Obama ?
Sim !

Ele sabe o que fazer quando o telefone toca de madrugada

Barack Obama aplicou seu melhor talento ao anunciar a morte de Bin Laden: a oratória.

Foi um discurso comovente, com ecos do Discurso de Gettysburg, de Lincoln: na vitória ou na derrota, celebrar os vivos, os combatentes que sobreviveram.

A descrição do que foi feito para pegar Bin Laden num condomínio a uma hora de distância do centro de Islamabad, capital do Paquistão, deixa algumas dúvidas:

- os Estados Unidos podem confiar no aliado Paquistão ? – como se pergunta o colunista Kristof do New York Times

- a Al Qaeda vai acabar ?

- os terroristas mundo afora vão se vingar ?

- Bin Laden vai se tornar um mártir ? (as primeiras notícias diziam que o corpo dele estava com os americanos; depois, que tinha sido lançado ao mar)

Obama telefonou logo ao ex-presidente George W. Bush para dar a notícia.

As ruas das principais cidades americanas se encheram de júbilo, noite adentro.

Líderes americanos – mesmo de oposição – celebraram a vitória.

A morte de Bin Laden reelege Obama ?

Kristof acha que não.

Lembra que Bush pai saiu da primeira Guerra do Iraque com a popularidade perto dos 90% e perdeu a eleição para um desconhecido governador, Clinton, de um pequeno estado, Arkansas, por causa da economia.

Podia dizer também que Churchill ganhou a Guerra e perdeu a eleição seguinte para um obscuro líder trabalhista, Clement Atlee.

Este ansioso blogueiro se permite discordar.

Bin Laden e a queda das Torres Gêmeas têm significado muito mais profundo para a alma americana.

O sentimento nacional, hoje, é de vingança.

E de júbilo.

A auto-estima nacional se reforça num momento de apreensão por causa da economia e do desemprego.

Obama cala a boca dos ultra-radicais do Partido Republicano, como o vice-presidente de Bush, Dick Chenney, que acusa Obama de ser frouxo com o terror.

Obama fez o que o republicano Bush não fez: matou o inimigo público numero 1.

Mostrou que, se o telefone vermelho tocar de madrugada, ele sabe como responder.

(Na campanha pela indicação do Partido Democrata, Hillary Clinton disse que Obama não saberia o que fazer se o telefone vermelho tocasse de madrugada.)

No discurso de ontem, Obama descreveu o longo processo de investigação (da CIA, seguramente) que ele acompanhou, pessoalmente, até dar a ordem de atacar, na sexta-feira de manhã.

O Partido Republicano, de oposição, não tem programa econômico, além de reduzir os impostos dos ricos e subtrair serviços públicos de assistência aos pobres.

E não tem candidato – como o PSDB, que, inevitavelmente, lançara Luciano Huck em 2014.

Além do mais, a economia americana não vai afundar.

Como diz a revista Economist, o pessimismo em relação à economia americana costuma dar prejuízo a longo prazo.

A economia vai mal.

Obama não foi exatamente eficaz na gestão da economia.

Mas, os Republicanos não têm alternativa convincente.

Digamos que, aí, fique zero a zero.

Então, Bin Laden reelege Obama.


Paulo Henrique Amorim
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Contraponto 5281 - "A morte de Bin Laden e o futuro do terrorismo"

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02/05/2011
A morte de Bin Laden e o futuro do terrorismo

Do Blog do Nassif - 02/05/2011

Enviado por luisnassif, seg, 02/05/2011 - 07:40

Por Pedro Valadares

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou, no início desta segunda-feira a morte de Osama Bin Laden. Uma imensa multidão foi às ruas comemorar o fim do suposto chefe terrorista.

Porém, em um momento de comoção popular, é bom lembrar que a morte de Bin Laden só serve para saciar a sede de vingança do ataque de 11 de setembro de 2011. É muita ingenuidade pensar que a morte de Bin Laden botará fim às ações terrorista pelo mundo e acabará com as ameaças ao território norte americano. Sem a sombra do triunfalismo, a lógica mostra que o movimento terrorista não tem como chefe apenas o saudita.

Grande feito de Obama era
plataforma principal de Bush

É preciso lembrar que os EUA foram vítimas de outros ataques de grupos variados. Por fim, é incrível pensar que o feito que talvez mais dê força ao combalido governo de Obama, tenha sido exatamente um dos grandes pilares do infeliz governo Bush.

Obama colhe louros envelhecidos, que não se conectam com suas plataformas de campanha. Gostaria de fechar este post ressaltando que, apesar das ressalvas que fiz, a morte de Bin Laden entra para história. A partir de agora, temos um novo marco que servirá tanto para capitalizar as proezas do governo Obama, quanto para incentivar a formação de novas frentes extremistas islâmicas, muitas querendo vingar Bin Laden. Veremos o que nos espera!

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Contraponto 5280 - "Em tempo de Febeapá"

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02/05/2011

Em tempo de Febeapá

Do Direto da Redação - Publicado em 01/05/2011

Mário Augusto Jakobskind*

A política partidária brasileira continua pequena, cada vez mais no varejo, haja vista o destaque que a mídia de mercado concede a figuras patéticas como Gilberto Kassab e mesmo o ex-Presidente FHC. Este senhor fez o que fez em oito anos de mandato e como se não fosse responsável por uma série de medidas contra o povo, que não caberia neste espaço enumerar, tenta ditar regras para os brasileiros.

Agora mesmo, percebendo que o seu partido, o PSDB, está a fazer água começa a admitir a fusão com o Democratas, um aglomerado de políticos conservadores, parte ainda egressos da época da ditadura.

Por muito menos, em outros países presidentes que deixaram o cargo acabaram sendo obrigados a responder por atos suspeitos. Cardoso entregou o que pôde e fez o possível para reduzir o poder do Estado em nome de uma suposta modernidade. E ainda por cima mandou esquecerem tudo o que tinha escrito antes de ser Presidente, iludindo os mais incautos.

Criou um Instituto com o seu nome, que nestes dias reuniu oposicionistas venezuelanos em São Paulo para fazer proselitismo contra o Presidente Hugo Chávez. Nada de novo no front, a não ser a repetição de denúncias sem comprovação e que se aprofundadas não resistem a uma análise. Repetiram o que a Secretária de Estado Hillary Clinton vem dizendo exaustivamente, numa campanha com o objetivo de solapar a Revolução Bolivariana.

E no meio deste vazio do esquema PSDB-Demo aparece lépido e faceiro o Prefeito de São Paulo, Kassab, empenhado em criar um partido, o Social Democrata (PSD), que não se julga nem de direita, esquerda ou de centro, talvez muito pelo contrário.

Pior que o patético político de São Paulo acha que está falando sério. Pior ainda é que alguns analistas de sempre têm colocado o novo partido como inovador. Um dos tais analistas de sempre afirmou ser o PSD de esquerda. Esqueceu de pesquisar nomes que aderiram ao referido ideário. Só para citar alguns, a Senadora Kátia Abreu, ainda no Demo e porta-voz da bancada ruralista, além de presidente da Confederação Nacional da Agricultura fechou com Kassab, da mesma forma que o político carioca Índio da Costa, vice na chapa do candidato tucano José Serra. Este Da Costa, que ofende o grupo étnico com o seu nome, se alinha aos setores de direita que ainda utilizam o linguajar da Guerra Fria, como demonstrou na campanha presidencial do ano passado.

Para ilustrar a mediocridade do rambe-rambe político partidário surge no palco um político que se intitula comunista, mas tem o apoio entusiasta da senadora Kátia Abreu. Trata-se de Aldo Rabelo, do PC do B, relator do Código Florestal que está para ser votado no Congresso e que se aprovado como está concederá anistia aos depredadores do meio ambiente.

Os mais críticos ao projeto, relatado por Rabelo e que visivelmente favorece os grandes do setor fundiário, acusam o parlamentar de estar retribuindo favores pessoais prestados pelo agronegócio na campanha do deputado no ano passado. Rabelo responde as críticas dizendo serem feitos por “desafetos anticomunistas”.

Rabelo e outros que se consideram comunistas fazem lembrar a história do diálogo de um engraxate com um cidadão estadunidense na praia de Copacabana no período de grande efervescência política, antes de 64. O referido, influenciado pelo senso comum, se mostrava muito preocupado com a possibilidade da ascensão do comunismo no Brasil. Pediu a um engraxate opinião sobre o fato. Ele então não pensou duas vezes e respondeu ao cidadão estadunidense: “doutor, não se preocupe porque se o comunismo chegar nós avacalha”...

Há testemunhas deste diálogo retratado pelo inesquecível Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta, genial criador do Festival de Besteira que Assola o País (Febeapá). Se estivesse entre nós teria um tremendo manancial. País que tem FHC, Kassab, Kátia Abreu, Índio da Costa, Aldo Rabelo e tantos outros, como Paulo Maluf, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, que nem caberiam neste espaço, alimentariam o Febeapá.

E tem mais: se o governo Dilma Rousseff decidir cortar pensões de viúvas para economizar gastos, conforme disse o Ministro Garibaldi Alves, aí o fato merece citação no Febeapá. Será que o governo acha que cortar de pensionistas vai resolver alguma coisa? Em vez disso, não seria melhor adotar um posicionamento de frear a farra do capital financeiro, setor que realmente pesa na balança e não a(o)s pensionistas.

É isso aí, o Febeapá deveria ser revivido, até para contemplar as novas gerações com informações valiosas. Fica a sugestão de um Febeapá do III Milênio, que contemplaria também representantes de outros setores além do político partidário.

Mário Augusto Jakobskind. É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE.
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Contraponto 5279 - Charge on line do Bessinha

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02/05/2011

Charge do Bessinha (360 e 361)



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domingo, 1 de maio de 2011

Contraponto 5278 - "Elogio dos trabalhadores"

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01/05/2011
Elogio dos trabalhadores

Do Blog do Emir - 01/05/2011

O homem se diferencia dos outros animais por vários aspectos, mas o essencial é a capacidade de trabalho. Os outros animais recolhem o que encontram na natureza, enquanto o homem tem a capacidade de transformar a natureza. Para produzir as condições da sua sobrevivência, o homem transforma o meio em que vive, pela sua capacidade de trabalho, gerando a dialética mediante a qual ele modifica o mundo e ao mesmo tempo se modifica, intermediado pela natureza.


Ao longo do tempo, a constante das sociedades humanas é a presença dos trabalhadores, sob distintas formas – escravos, servos, operários -, responsáveis pela produção dos bens da sociedade. A forma de exploração da força de trabalho é que variou, definindo o caráter diferenciado de cada sociedade.

Porém, a exploração do trabalho por outras classes sociais fez com que o trabalhador não controlasse sua força de trabalho, produzindo para a acumulação de riquezas dos outros. O trabalho foi sempre um trabalho alienado, em que os trabalhadores produzem, mas não são donos do produto do seu trabalho, nem decidem o que produzir, como produzir, para quem produzir, a que preço vender o que produzem. E tampouco são remunerados pela riqueza que produzem, recebendo apenas o indispensável para a reprodução da sua força de trabalho. Quem se apropria do fundamental da riqueza produzida é o capital, que assim acumula, se expande, se reproduz, enquanto os trabalhadores apenas sobrevivem.

Um dos fenômenos centrais para a instauração do capitalismo foi o término da servidão feudal, com os trabalhadores ficando disponíveis para vender sua força de trabalho para quem possui capital. Estes vivem do capital e da exploração da força de trabalho dos trabalhadores, enquanto estes, dispondo apenas dessa força tem que vendê-la, para poder acoplá-la a meios de produção, nas mãos dos capitalistas.

Essa imensa massa de trabalhadores que passou a produzir toda a riqueza das sociedades contemporâneas foi objeto de um processo de intensa exploração do seu trabalho, com condições brutais de trabalho, jornadas longas – de 14 ou até 16 horas. Na resistência a essas condições de exploração foi se organizando o movimento operário, tanto em sindicatos, como em partidos políticos, gerando um protagonista essencial na democratização das nossas sociedades.

A direita não perdoa os sindicatos. Na ultima campanha eleitoral brasileira e na velha mídia, os dirigentes sindicais não são tratados como representantes democráticos e legítimos dos trabalhadores, mas quase como gangsters, que se infiltram no governo para defender seus interesses contra os interesses da maioria. Faz parte do ódio que as velhas elites têm do povo brasileiro, que é trabalhador, que produz as riquezas do Brasil, que trabalha jornadas longuíssimas, é explorado pelas grandes empresas, mas não teve, até recentemente, possibilidade de fazer ouvir sua voz no país e no Estado.

Neste Primeiro de Maio, Dia dos Trabalhadores (e não do Trabalho, como insiste a velha mídia), é preciso recordar que a data vem de uma grande manifestação realizada em Chicago em 1886, pela diminuição da jornada de trabalho para 8 horas, duramente reprimida pela polícia, com a morte de vários trabalhadores.

Que a jornada é praticamente a mesma, embora as condições tecnológicas para explorá-la tenha avançado gigantescamente e, com ela, os lucros das grandes empresas que exploram os trabalhadores. Um momento propício para avançar no projeto de redução da jornada de trabalho, para fazer um mínimo de justiça ao esforço heróico e anônimo dos milhões de trabalhadores que constroem o progresso do Brasil.

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político.
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Contraponto 5277 - "Ação na Líbia virou simples assasinato?"

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01/05/2011
Ação na Líbia virou simples assasinato?

Jornalistas visitam casa onde morreram filho e netos da Khadaffi;
uma bomba não detonada aparece entre os escombros

A nota da OTAN lamentando a morte do filho mais novo e de três netos de Mummar Khadaffi é de um cinismo poucas vezes visto. Não é crível que Khadaffi deixasse seu filho e seus netos numa instalação militar, ainda mais depois de um mês de pesados bombardeios à capital, Trípoli. Foi, sim, um ataque a uma casa, num bairro residencial, com o deliberado intuito de atingir o líder líbio.
Goste-se dele ou não, não é esse o mandato da ONU para a Líbia. Ao contrário, a autorização de uso de força militar é para proteger civis, não para assassinar Khadaffi e muito menos seus filhos e netos.
Mais cruel ainda é que o ataque se deu poucas horas depois de ele ter anunciado publicamente, na televisão, que estava disposto a negociar com a OTAN em troca de um cessar-fogo.

Fica claro que a ação militar não tem como objetivo criar uma saída humanitária para a crise daquele país. Pretende sim a deposição de um regime e o aniquilamento de pessoas que o lideram, pela via do assassinato – porque não é possível considerar que matar com bombas seja menos que um assassinato a bala, sem defesa.

Aliás, é pior, porque para tentar atingir a TV onde estaria Khadaffi a Sociedade Líbia da Síndrome de Down também foi bombardeada nos ataques da Otan na madrugada de ontem.

Não é para isso a ONU. Os Brics – Brasil entre eles – devem usar o poder que adquiriram na comunidade internacional para exigir um cessar-fogo imediato e o envio de observadores internacionais para zelar por seu cumprimento. A comunidade das nações não pode, mesmo indiretamente, patrocinar ataques de “execução pessoal”. Não deveriam patrocinar ataque algum, mas estes, de deliberada e dirigida ação homicida são intoleráveis.
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