segunda-feira, 2 de maio de 2011

Contraponto 5286 - Altamiro Borges sobre Bin Laden


02/05/2011

Osama Bin Laden: uma história sinistra

Do Blog do Miro 02/05/2011

Por Altamiro Borges




“Darei uma razão propagandística para começar a guerra, não importa se é ela plausível ou não. Ao vencedor não se pergunta depois se ele disse ou não a verdade”. Discurso de Adolf Hitler, em 25 de outubro de 1939, poucos dias antes da invasão da Polônia.


Até hoje persistem dúvidas sobre o que de fato aconteceu na manhã de 11 de setembro de 2001. Naquele fatídico dia, dois aviões atingiram as “torres gêmeas” do World Trade Center, em Nova York, símbolo da ostentação capitalista; um outro destruiu parte do prédio do Pentágono, em Washington, símbolo do poder imperial; e um quarto caiu na Pensilvânia.

Segundo dados oficiais, estes atentados causaram a morte de 3 mil pessoas e comoveram o mundo. Mas eles também ressuscitaram a desgastada imagem de George W. Bush, eleito de forma fraudulenta no final de 2000, e lançaram o planeta na insana “guerra infinita” contra o “eixo do mal” - que contabiliza a morte de 700 mil iraquianos e de mais de três mil soldados ianques.

Alguns setores mais críticos, inclusive nos EUA, garantem que os atentados foram orquestrados de forma inescrupulosa pela própria equipe de facínoras do governo Bush, interessada em criar o clima de histeria para justificar as bárbaras invasões do Afeganistão e Iraque. A comparação com o nazista Adolf Hitler é inevitável.

Outros, menos conspirativos, afirmam que eles foram funcionais aos planos expansionistas do imperialismo. Apresentam várias provas que confirmam que o governo dos EUA nada fez para evitar os atentados, mesmo sabendo previamente do risco iminente. Razões para tão graves e espantosas suspeitas existem. Não são meras especulações dos críticos mais radicais do ex-presidente-terrorista George W. Bush.

Relações intimas com os Bin Laden

Afinal, são conhecidas as antigas e intimas relações entre a dinastia Bush e a rica família de Osama Bin Laden, dona de uma das maiores construtoras do Oriente Médio. A primeira empresa de petróleo de George W. Bush, a Arbusto, inclusive foi financiada pela corporação do líder do grupo da Al-Qaeda, culpado pelos ataques.

Não é para menos que no discurso em que anunciou a invasão do Afeganistão, Bush ordenou que se retirassem as referências à construtora árabe. Esta postura tão cordial diante desta fiel parceira nos negócios também pode explicar porque os familiares de Osama bin Laden foram retirados às pressas dos EUA, sem se sujeitarem às rigorosas normas de segurança dos aeroportos impostas no dia dos atentados.

Além disso, é público e notório que os setores mais agressivos do imperialismo já almejavam há tempos ocupar países estratégicos, preocupados com a grave crise energética e motivados pelo aumento do poder geopolítico dos EUA no planeta. Estas idéias já estavam presentes no governo de Bush-pai no documento Orientação da Política de Defesa (DPG), de 1992, que inclusive sugeria a invasão do Iraque.

Os atentados serviram somente de pretexto para reeditá-las, em setembro de 2002, na fascista Estratégia de Segurança Nacional (NSS). Os motivos para esta ação belicista e expansionista não tinham nada a ver com Osama Bin Laden, mas sim com as ambições do poderoso “complexo industrial-militar” que domina os EUA.

Alertas sobre os aviões-mísseis

Mas o que reforça a tese – seja da conspiração ou da razão funcional – são alguns fatos que antecederam os atentados. Hoje se sabe que, desde 1996, o serviço de inteligência interna, o FBI, já produzia relatórios alertando para o risco da Al-Qaeda usar aviões como mísseis em ataques suicidas nos EUA. Eles citavam que este grupo treinava pilotos no próprio território ianque e em outros países.

Em março de 1999, o serviço de inteligência da Alemanha (BND), forneceu à CIA o nome e o telefone de Marwan al-Shehhi, o terrorista que seqüestrou o voo 175 da United Arlines e lançou o avião contra o World Trade Center. Ele mantinha contatos com o Mohamed Zammar, residente em Hamburgo, ativo militante da Al-Qaeda.

Cinco meses antes dos ataques, o próprio governo dos EUA avisara as companhias aéreas sobre o perigo do seqüestro de aviões para fins terroristas. Esta possibilidade foi comunicada diretamente ao presidente Bush nos primeiros dias de agosto de 2001, tanto pela CIA, que enviou um memorando advertindo sobre possíveis ataques, como pelo FBI, através do top-secret briefing do agente Kenneth Williamns.

O texto, datado de 6 de agosto, tinha como título “Bin Laden determinado a atacar dentro dos EUA”. Logo na sua abertura, o agente inclusive mencionava o World Trade Ceder como provável “alvo da ação terrorista”.

Ordem superior suspeita

O presidente George W. Bush manteve o conteúdo deste texto em rigoroso sigilo por quase três anos para que o país não soubesse que havia ignorado o alerta. Ele só se tornou público em abril de 2004, quando a sua ex-assessora de segurança, Condoleezza Rice, foi obrigada a ler o título do top-secret briefing numa seção do Congresso. Diante da denúncia bombástica, a Casa Branca ainda tentou desmentir as evidências.

Alegou que eram apenas especulações visando abortar os ataques ao Afeganistão e ao Iraque. Coisa de antipatriotas. Mas Eleanor Hill, antiga inspetora-chefe do Departamento de Defesa, confirmou no comitê parlamentar responsável por apurar falhas na segurança que a CIA, o FBI e outros serviços de inteligência dos EUA já tinham provas suficientes sobre os riscos de ataques da Al-Qaeda.

Um agente do FBI, que até hoje tem a sua identidade mantida em sigilo, ainda revelou ao comitê que seus superiores negaram, em 29 de agosto de 2001 – duas semanas antes dos atentados –, o pedido de prisão de Khalid Al-Midhar, um dos seqüestradores do vôo AA77, cujo avião foi lançado contra o Pentágono. Este havia participado de uma reunião da Al-Qaeda, na Malásia, 18 meses antes.

A CIA sabia da sua militância no grupo e seu nome constava da lista de passageiros do avião-bomba. Stella Rimington, ex-chefona da M15, agência de inteligência da Grã-Bretanha, revela em seu livro de memórias que estranhou o fato do governo estadunidense nada ter feito para reforçar a segurança nos aeroportos, já que eram conhecidos os relatórios da CIA e do FBI sobre os cursos em escolas de aviação do país de militantes islâmicos.

“Uma junta de homens do petróleo”

Tamanho desprezo por informações tão alarmantes e graves é que leva várias pessoas a acreditarem que o ex-presidente-terrorista George W. Bush orquestrou macabramente os atentados ou, no mínimo, foi cúmplice dos ataques para viabilizar o seu projeto expansionista. Alguns até estranham o fato do plano de ocupação do Afeganistão ter sido anunciado apenas seis dias após os atentados, em 17 de setembro.

No documento de duas páginas e meia, classificado de top-secret, o presidente já detalhava a campanha de invasão do Afeganistão e dava ordens aos seus assessores para iniciarem o planejamento das opções militares de ataque ao Iraque. Tão lerdo diante dos inúmeros alertas; tão ágil na aplicação do seu sonho imperialista!

O premiado escritor Gore Vidal, que se auto-exilou após a invasão do Afeganistão, foi um dos que afirmou que os atentados serviram de pretexto para ambições econômicas. “Somos governados por uma junta de homens do petróleo. A maior parte deles é do ramo do petróleo – ambos os Bushes, Cheney, Rumsfeld e assim por diante. Eles estão no poder e este grande golpe irá beneficiá-los pessoalmente e [...] também vai beneficiar os EUA: que o país tenha acesso a esse imenso manancial de óleo da Ásia Central através de diversos oleodutos".

"Durante muito tempo tratamos com o Talibã, mas seus homens se tinham tornado doidos e desmiolados demais, a ponto de tornar-se impossível tratar com eles. Então entramos no país para tentar estabilizar a situação, para que a Unocal (empresa de energia) possa construí o oleoduto”.

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02/05/2011

Do Blog do Miro 02/05/2011


Por Altamiro Borges


Na madrugada desta segunda-feira, o presidente dos EUA anunciou, em tom eufórico, a morte de Osama Bin Laden, líder da rede Al Qaeda, acusada de ser a responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. “Digo às famílias que perderam seus parentes que a justiça foi feita”, afirmou Barack Obama em cadeia nacional de rádio e televisão.

Bin Laden teria sido executado por soldados estadunidenses num esconderijo em Abottabad, a 115 quilômetros de Islamabad, capital do Paquistão. Autoridades locais informaram à agência de notícias Reuters que a operação foi resultado “de uma parceria entre a CIA, o serviço secreto dos EUA, e as tropas paquistanesas”. O corpo do líder da Al Qaeda foi retido pelos EUA.

Euforia de Obama e da mídia colonizada

Segundo o noticiário internacional, logo após o pronunciamento milhares de pessoas foram festejar em frente à Casa Branca, aos gritos de “obrigado, Obama” e “USA”. O presidente dos EUA, vítima de uma acentuada queda de popularidade, pode respirar mais aliviado. Já os estadunidenses, vítimas da crise econômica e do desemprego, puderam externar o patriotismo do império.

Na mídia colonizada, a euforia também é enorme – como se a execução de Bin Laden superasse os traumas dos EUA, metidos em uma prolongada recessão e enfiados em desgastantes frentes de guerra. Em êxtase, muitos comentaristas deixaram, inclusive, de lembrar que Osama Bin Laden foi uma invenção do próprio império, nas suas ações imperialistas pelo mundo.

De aliado a inimigo dos EUA

Para um jornalismo mais sério e menos servil bastaria consultar até a revista “Aventuras na História”, publicada pela Editora Abril. Na reportagem intitulada “De aliado a inimigo nº 1: Bin Laden”, Carolina Pulici lembra que o “perigoso terrorista” – “um abastado jovem muçulmano, educado junto à realeza da Arábia Saudita” –, foi uma criação dos EUA no sombrio período da “guerra fria”.

A sinistra relação teve início no final dos anos 1970, no Afeganistão. Para derrubar o governo nacionalista deste país estratégico, que contava com o apoio da União Soviética, os EUA financiaram e treinaram um grupo de rebeldes. “Sob a justificativa de que era preciso conter a expansão soviética no Terceiro Mundo, o presidente Ronald Reagan propôs armar os rebeldes afegãos, que chamou de freedom fighters (ou guerreiros da liberdade)”. Bin Laden passou a ser o principal amigo dos EUA no conflito.

Feitiço contra o feiticeiro

Com a derrubada do governo afegão e a derrota dos soviéticos, porém, a sua guerra santa, “jihad”, voltou-se contra as ambições do imperialismo estadunidense na região. A invasão do Iraque em 1990 e a instalação de uma base militar na Arábia Saudita, em 1991, agravam os conflitos entre os antigos aliados. Bin Laden “passou a financiar e dar apoio logístico aos mais variados movimentos de insurgência islâmica e declarou que expulsaria os americanos com as próprias mãos do território sagrado do Islã”.

É desta fase a organização da Al Qaeda (“a base”), uma rede de seguidores espalhados pelo mundo dispostos à “guerra santa” contra os EUA. Em fevereiro de 1993, o grupo explode um carro-bomba no subsolo do World Trade Center, em Nova York, matando seis pessoas. Em outubro, ataca a embaixada ianque na Somália, matando 18. Após uma série de atentados, a Al Qaeda promove sua ação mais audaciosa, com os ataques às torres gêmeas de Nova York e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001.

Agente da CIA?

Estas ações terroristas nunca contaram com apoio das forças anti-imperialistas. Fidel Castro, líder da revolução cubana e crítico das políticas belicistas e expansionistas dos EUA, prestou solidariedade imediata às vítimas dos atentados de 11 de setembro. Em reportagem do jornal britânico The Guardian, em junho passado, ele chegou a dizer que Bin Laden fazia o jogo dos EUA:

“Toda vez que Bush ia agitar o medo em seus discursos, Bin Laden aparecia, ameaçando as pessoas com uma história sobre o que ia fazer... Quem mostrou que ele é, na verdade, agente da CIA, foi o Wikileaks, que provou com documentos”. Quase dez anos após os atentados de 11 de setembro, Osama Bin Laden – expressão do “feitiço que virou contra o feiticeiro” – agora é executado no Paquistão.
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