segunda-feira, 16 de maio de 2011

Contraponto 5373 - "O Fort Knox de papel"

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16/05/2011
O Fort Knox de papel



Do Tijolaço - 16/05/2011

Até os anos 40/50, era comum que os filmes de “assalto a banco” – inclusive o famoso 007 cntra Goldfinger – tivessem como ícone supremo o Fort Knox, onde as reservas em ouro dos EUA eram guardadas.

Com o fim da segunda guerra mundial, porém o dólar substituiu ouro como padrão de valor internacional e o vertadeiro Fort Knox de hoje é o Federal Reserve, o Banco Central americano.

O dólar, então, passou de barras brilhantes a simples papel impresso, seja em moeda, seja em títulos do Tesouro americano.

Sigo usando a narrativa de Mauro Santayana, num artigo publicado ano passado:

“Com base nessa garantia, os norte-americanos passaram a comprar o mundo, com a moeda que emitiam sem que se comprovasse sua relação com as barras de ouro guardadas em seu cofre de Fort Knox. Vinte e sete anos depois de realizado o encontro de Bretton Woods e 25 anos depois de entrar em vigor, o presidente Nixon, dos Estados Unidos, revogou-o: o principal articulador e beneficiário da convenção de Bretton Woods não garantia mais o acordo. A razão era singela: De Gaulle havia anunciado que queria trocar os créditos franceses em dólar por ouro, ouro, mesmo. Outros países pretenderam seguir o seu exemplo: já previam o aumento dos preços do petróleo, diante da organização dos países produtores. Foi assim que, em um dia de agosto de 1971, o colunista pode assistir a uma situação insólita: nos bancos e casas de câmbio da Europa o dólar amanheceu sem cotação. Todas as moedas eram aceitas, em taxas arbitrárias e quase aleatórias – menos a moeda norte-americana. A partir de então, o dólar passou a valer o que queriam os norte-americanos. Fort Knox foi substituído pelos mísseis.”

Agora, o feitiço vira contra o feiticeiro, ou contra os EUA.

O pais atingiu o limite de endividadento legal: 14,3 trilhões de dólares, o equivalente a todo o PIB americano no ano passado. No Brasil, nossa dívida pública, que é enorme, não chega a 50 % de nosso PIB, para vocês terem uma ideia.

Hoje, Barack Obama, que luta para obter autorização do Congresso para elevar o limite da dívida pública americana disse que “se os investidores ao redor do mundo pensarem que a confiança no crédito( o que a Bloomberg traduziu como default, calote)dos Estados Unidos não está sendo suportada… isso poderia desemaranhar (no sentido de desfazer as conexões de)todo o sistema financeiro mundial”.

“Poderíamos ter uma recessão pior do que tivemos, uma crise financeira pior do que já tivemos”, avertiu ele

As paredes de papel do Fort Knox financeiros são, como se sabe muralhas de papel.

Um alerta de que, com todos os festejos em torno da execução de Bin Laden, o cenário político para os americanos não é nada promissor.

Ou, para lembrar a frase de James Carville sobras chances de o então candidato Bill Clinton vencer as eleições, mesmo depois dos escândalos de Monica Lewinsky:

-É a economia, estúpido!
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