segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Contraponto 1057 - "Coimbra: A popularidade de Lula"


28/12/2009
"Coimbra: A popularidade de Lula"


Viomundo - Atualizado e Publicado em 27 de dezembro de 2009 às 21:44

por Marcos Coimbra

Correio Braziliense - 27/12/2009

Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime

Como fizemos no final do ano passado, a coluna de hoje e as próximas duas são dedicadas a um balanço do ano político que termina. Nelas, vamos discutir três assuntos que poderiam ser considerados os mais importantes de 2009.

Em um repeteco de 2008, o primeiro e o que mais impacto teve na nossa vida política este ano voltou a ser o tamanho da popularidade de Lula. Ela chega, neste dezembro, a novos níveis históricos e influenciou de maneira decisiva o segundo tema de que trataremos, a maratona eleitoral em direção a 2010, uma corrida tão longa que ameaça deixar esgotados candidatos e eleitores.

Lula tem hoje uma popularidade que não conhecíamos em nossa experiência democrática. Sobre os presidentes da República de 1945, quase não há dados comparáveis, mas toda a evidência, baseada em outras fontes, diz que não. Quem consultar a imprensa do período, quem ler seus intérpretes, quem tiver memória própria, saberá que nenhum deles gozou da unanimidade com que conta o atual. Fora o fato de todos, com a possível exceção de Dutra, terem enfrentado crises agudas onde seus mandatos foram questionados, através de golpes, ameaças de golpe e sublevações diversas, de origem civil ou militar.

Da redemocratização em diante, o mesmo. Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique, cada um à sua maneira, tiveram seus auges de aprovação. No governo Sarney, ele foi alcançado dois anos depois da posse e durou alguns meses, na breve vida do Plano Cruzado. Quando o plano acabou de maneira decepcionante, Sarney nunca mais se recuperou.

O de Collor foi o mais engraçado, pois aconteceu antes que chegasse ao governo. No intervalo entre a vitória em dezembro de 1989 e a posse em março de 1990, as pesquisas mostraram que eram elevadíssimas as expectativas sobre seu desempenho e a avaliação positiva quase universal. Do discurso de posse ao final antecipado do governo, no entanto, os números só foram ladeira abaixo.

Itamar experimentou algo parecido, mas terminou de maneira diferente. Quando assumiu, em meio à crise do impeachment, toda sociedade torcia por ele e lhe tinha apreço. Mas seu governo teve uma aprovação sempre declinante, até ser recuperado pelo Plano Real. Se Sarney começou baixo (pela frustração com a morte de Tancredo e a desconfiança que contra ele existia), subiu (com o Cruzado) e terminou mais baixo ainda, Itamar fez o percurso inverso: de alto a baixo e depois a alto de novo.

Sobre a avaliação de Fernando Henrique, o que mais chama a atenção, atualmente, é quão mal ela resistiu à passagem do tempo. Ao contrário dos bons vinhos, quanto mais tempo passa, pior fica. Os elementos que fizeram com que ela fosse elevada, há poucos anos, como que sumiram. As realizações de seu governo, decisivas para que o país estivesse hoje melhor, ficaram secundárias, frente à antipatia com que é visto pela maioria das pessoas.

E Lula? Não só sua avaliação média, nos últimos dois anos, ganha de goleada da que todos tiveram, quanto os ultrapassa nos seus picos de popularidade. Ou seja, o Lula do dia a dia é mais bem avaliado que o Sarney do Cruzado, o Collor de antes da posse, o Itamar do dia da posse, o FHC do Plano Real.

Deixando de lado as explicações que têm sido aduzidas para esse fenômeno, de uma coisa podemos estar certos: a campanha eleitoral de 2010 só vai fazer com que Lula fique maior. Do lado de Dilma, sua figura será enaltecida a ponto de se confundir com os arcanjos e os querubins. Sua campanha dirá que a obra de Lula é extraordinária, para justificar sua proposta de apenas mantê-la. Do lado de Serra, ele mesmo tem afirmado que pretende polemizar é com Dilma, pois quer tudo, menos se defrontar com o presidente.

Se Dilma ganhar, algo que hoje parece muito possível, teremos criado, em Lula, uma figura que nossa imaginação política não conhecia e que nossa cultura não está preparada para absorver: um líder inconteste, legitimado por um apoio popular quase unânime. Querendo, voltaria à Presidência quantas vezes pudesse.

O perigo é que, nesse ponto, só sua convicção democrática nos separaria de outra aventura autoritária. Ainda bem que a tem.

MARCOS COIMBRA é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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domingo, 27 de dezembro de 2009

Contraponto 1056 - Newsweek: o Brasil será a nova China em 2010


27/12/2009
Para a revista Newsweek, o Brasil será a nova China em 2010

Virgilio Freire - 27/12/2009


Certamente, o Brasil já recebeu sua justa parcela de elogios, vindos de investidores internacionais, economistas especializados em desenvolvimento, e do Comitê Olímpico Internacional, que escolheu o Rio de Janeiro para os Jogos de 2016.

Mas à medida que o ano de 2010 for passando, a distância entre o Brasil e o resto do BRICs só irá aumentar.

A Rússia há muito tempo caiu fora da competição entre os BRICs, à medida que as tendências calculadamente autoritárias de Putin ficaram claras, com isso espantando e afugentando os investimentos estrangeiros.

A Índia ainda está crescendo rapidamente, mas é um país confinado em uma região instável com ameaças por todos os lados.

A China, é claro, ainda é a menina dos olhos dos capitalistas internacionais, porém uma série de riscos desponta no horizonte - uma bolha imobiliária ou acionária, conflitos étnicos, uma catástrofe ambiental.



Para o Brasil, tudo está propício. A economia vai crescer 8 por cento em 2010.

A exploração dos novos campos petrolíferos em águas profundas recentemente descobertos - a maior descoberta no hemisfério ocidental em três décadas - irá criar empregos para os brasileiros e reservas para o governo. (O que também irá solidificar a invejável independência energética do Brasil)

Novos projetos de infra-estrutura estão projetados com o país se preparando para os Jogos de 2016. A eleição presidencial do próximo ano provavelmente será tranqüila, isto porque é difícil ofuscar o Brasil atualmente.
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Contraponto 1055 - "2010, ano do emprego.180 mil vagas em shoppings"

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27/12/2009

"2010, ano do emprego.180 mil vagas em shoppings"

Tijolaço - sábado, 26 dezembro, 2009 às 21:55

A previsão é de que só os shoppings contratem 180 mil pessoas em 2010

No primeiro post que publiquei hoje de manhã, disse que eram modestas as previsões do ministro Carlos Lupi, em sua entrevista à Folha de S. Paulo, sobre a criação de 2 milhões de novos empregos com cartteira assinada no Brasil em 2010.

Logo depois, os sites de notícias divulgavam uma previsão da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping de que o setor vai contratar, no ano que vem, mais 180 mil trabalhadores. Isso representa, simplesmente, um crescimento de 18% sobre o 1, 02 milhão de empregados que hoje trabalham nestes estabelecimentos. Este ano foram 96,1 mil vagas criadas. A expectativa é de que, portanto, quase dobrem os novos empregos.

Nos shoppings brasileiros, as vendas cresceram 11,26% em relação a 2008. Descontada a inflação, o crescimento real foi de 7,0%. Com a alta, o faturamento dos shoppings alcançou R$ 78,81 bilhões este ano. É um quarto das vendas do comércio em geral.

Na proporção, pode-se esperar a criação de algo acima de 600 mil novos postos de trabalho no comércio. E o comércio é o setor que menos está deficitário em matéria de mão-de-obra, por ter sido o que menos demitiu no início do ano, com a crise, ao contrário da indústria.

Se os tucanos acharem de importar aqueles analistas de pesquisa americanos que acham que a economia decide sozinha a eleição, desistem até de disputar.

Brizola Neto
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Contraponto 1054 - "América Latina: Governos progressistas encerram ano fortalecidos"


27/12/2009

"América Latina: Governos progressistas encerram ano fortalecidos"

Vermelho - 26 de Dezembro de 2009 - 23h17

Os conflitos políticos e, inclusive, militares aos quais a América Latina assistiu durante 2009 trazem para a discussão a força exercida por governos mais progressistas em embates travados com as elites político-econômicas da região. Após anos, o Congresso Nacional brasileiro resolveu tirar da gaveta e aprovar a medida que permite a entrada da Venezuela no Mercado Comum do Sul (Mercosul). A medida já havia sido aprovada pelo legislativo da Argentina, Uruguai e Paraguai, demais membros do bloco.
O ingresso oficial da Venezuela no Mercosul, dentre outros fatos que marcaram 2009, fortalece ainda mais as relações que vêm sendo construídas paulatinamente na região. Alguns analistas consideram que os países latino-americanos estão cada vez mais distantes da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), proposta em 1994 pelos Estados Unidos.

A presença dos EUA na região é cada vez mais rechaçada pelos governos mais progressistas. À frente dos protestos regionais, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e a União das Nações do Sul (Unasul) denunciaram a intenção dos Estados Unidos de intervir politicamente na região.

Um acordo entre Colômbia e Estados Unidos permitiu, este ano, a instalação de sete bases militares estadunidenses no país latino-americano. Os EUA justificaram sua presença como "combate ao terrorismo". Para a Venezuela e Bolívia, o objetivo é minar a ascensão dos governos de esquerda na região.

No Peru, após manifestações indígenas, o Congresso Nacional se viu obrigado a derrubar dois tratados de livre comércio (TLC) estabelecidos com os Estados Unidos. As medidas regulariam o uso e a exploração dos recursos naturais - como gás, petróleo e madeira - na Amazônia peruana.

O rechaço às intervenções estadunidenses e a aproximação entre os países latino-americanos são os principais responsáveis pela transformação da conjuntura política do hemisfério sul americano.

Para a coordenadora do Observatório das Nacionalidades, Mônica Dias Martins, a entrada venezuelana no Mercosul deverá contribuir para o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste do Brasil, com as quais a Venezuela deverá estabelecer maior relação comercial. Além disso, as relações aduaneiras com a Venezuela poderão suprir necessidades energéticas - já que o país é rico em petróleo - e criar um corredor de exportação para o Caribe.

Em entrevista à ADITAL, Mônica fez um breve balanço dos principais acontecimentos políticos de 2009 para os governos da América Latina. A pesquisadora também é professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e editora da revista Tensões Mundiais.

Adital - Encerramos o ano com o ingresso oficial da Venezuela ao Mercosul. O que, de fato, isto significa para o fortalecimento do bloco?

Mônica Martins - A presença da Venezuela como membro pleno do Mercosul representa o reconhecimento de um projeto de cooperação regional com maior autonomia frente às grandes potências, bem como traz perspectivas promissoras para o desenvolvimento dos países que compõem o bloco. Com a integração, ficaremos mais próximos da América Central e Caribe, o que trará inegáveis benefícios, particularmente, para o Norte e o Nordeste do Brasil.

Adital - Como você vê articulações como a Alba, Mercosul, Unasul tomando dimensões cada vez mais significativas no contexto de definições políticas importantes?

Mônica Martins - Estamos aprendendo a conviver com a diversidade política, econômica e cultural e isto é importante para que a América do sul se consolide como ator internacional de peso.

Adital - Hoje podemos dizer claramente que os Tratados de Livre Comércio estão perdendo espaço com o rechaço não só de governos mais de movimentos sociais organizados?

Mônica Martins - A contestação à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), iniciada pelos movimentos populares, ainda na década de noventa, constitui uma forte tendência das nações latino-americanas.

Os atuais governantes buscam, de formas variadas, estimular trocas de bens e serviços mais intensas e justas entre os países. As eleições têm mostrado resultados favoráveis aos que buscam este caminho.

Adital - Qual será o grande desafio a ser enfrentado frente à ingerência imposta pelos países ditos mais poderosos com relação aos latino-americanos?

Mônica Martins - Um dos desafios que se coloca para os Estados nacionais na América Latina é o de garantir a democracia conquistada a duras penas associada à redução das desigualdades sociais e à ampliação do bem-estar de nossas populações.

Isto significa que o Conselho de Defesa Sul-Americano, criado recentemente [em março, pela Unasul], está na ordem do dia.

Fonte: Adital
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Contraponto 1053 - "O novo desenvolvimentismo de Dilma"


27/12/2009
"O novo desenvolvimentismo de Dilma"

Nassif - 27/12/2009 - 08:51

Do Estadão

Dilma defenderá Estado forte para embalar ”novo desenvolvimentismo”

Programa petista em discussão mescla incentivos ao investimento público e privado com distribuição de renda

Vera Rosa

A plataforma de governo da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, será embalada pelo mote do “novo desenvolvimentismo”. O modelo defendido pelos petistas para escapar do rótulo da mera continuidade do governo Lula mescla incentivos ao investimento público e privado com distribuição de renda. Embora o programa de Dilma ainda esteja em discussão, a cúpula do PT e o Palácio do Planalto já têm um diagnóstico: a nova concepção de desenvolvimento exige restabelecer o planejamento econômico de longo prazo e o papel do Estado forte.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer colar em Dilma o carimbo do “novo desenvolvimentismo” para enfrentar os espinhosos debates sobre gasto público com o PSDB do governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato ao Planalto. É com essa marca que Dilma vai aparecer na campanha. Até agora, os eixos do projeto sob análise do PT são ciência, tecnologia e inovação, pré-sal, meio ambiente e matriz energética, educação, reconstrução do sistema de saúde, programas de moradia, como o Minha Casa, Minha Vida, transporte de massas e saneamento básico.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe da propaganda de Dilma, não será tratado apenas como plano de obras, mas, sim, como “uma estratégia de desenvolvimento”, como diz texto da corrente Construindo um Novo Brasil, hegemônica no PT. A meta do partido para os próximos anos é crescer de 6% a 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O comando da campanha de Dilma está certo de que o PSDB vai atacar o governo com o discurso da gastança e já se prepara para o contra-ataque na área fiscal. A despesa de custeio da União saltou de R$ 23 bilhões, em 2002, para R$ 32 bilhões, em 2008 – cifra equivalente à inflação do período, de 40% -, mas economistas do governo garantem que esses gastos tiveram crescimento porcentual muito superior na gestão tucana em São Paulo, na mesma época.

No duelo com o PSDB, o Planalto pretende derrubar a pecha de gastador invertendo a lógica do argumento pejorativo. Dilma dirá que a maior despesa foi com o pagamento de benefícios sociais, vinculados ou não ao salário mínimo – como Bolsa-Família, aposentadorias, pensões e seguro-desemprego -, melhorando a distribuição de renda e o mercado de consumo de massas.

GUARDA-CHUVA

O papel dos bancos públicos na crise, suprindo a necessidade de crédito, e a ampliação dos investimentos das estatais são outros temas abrigados no guarda-chuva do “novo desenvolvimentismo” petista. Pelos cálculos da equipe econômica, as estatais federais fecharão o ano de 2009 com um investimento de 2% do PIB, o dobro do realizado pela União.

“No mercado global não tem mais esse negócio de ficar esperando que o trem vai passar, que eu vou pegar o trem”, disse Lula em jantar oferecido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação (Apex) a empresários, na última segunda-feira, no Rio. “Nós temos de correr atrás, porque a competitividade, depois da crise, vai aumentar.”

Foi também nesse jantar que Lula deu seu recado: ninguém precisa temer um Estado forte. “O Estado não pode ser é intruso, é diferente. Não pode querer ser o Estado gestor, mas ele tem de ser o indutor e o fiscalizador de muitas coisas. A crise mostrou isso”, insistiu o presidente. Para Dilma, a tese do Estado mínimo faliu e só os “tupiniquins” a aplicam. Detalhe: Serra é da mesma escola desenvolvimentista de Dilma, mas permanece apegado à corrente que prega o investimento puro.

BRASIL 2022

Lula pediu ao chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, que apresse o plano Brasil 2022 e entregue em março o calhamaço com perspectivas de 12 anos. O programa de Dilma é coordenado pelo assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, mas o plano sob a batuta de Guimarães também servirá como peça de campanha.

Com essa radiografia em mãos, a equipe de Dilma quer descobrir qual é a economia do futuro e onde o PT apostará suas fichas. “Ainda temos de ruminar muito sobre isso”, afirmou a ministra, em conversa reservada. Sua plataforma terá como ingrediente as “vocações regionais”, que serão incorporadas à estratégia do desenvolvimento sustentável. O PT vai dar destaque a políticas para a Amazônia e o Nordeste.

Na prática, a volta da retórica à esquerda na seara do petismo é reflexo da vitória, dentro do governo, do grupo desenvolvimentista, que no primeiro mandato de Lula travou forte queda de braço com os monetaristas. “Nós interrompemos a visão neoliberal do Estado mínimo e recuperamos não só os bancos públicos, como estatais do porte da Petrobrás”, argumentou o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), integrante da comissão escalada pelo partido para preparar o programa de Dilma. “Estamos, sim, construindo um novo desenvolvimentismo.”

Para o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), a campanha petista mostrará que o Brasil pode ser a quinta economia do mundo. “Depois de resolver o impasse macroeconômico e estabelecer o paradigma de que é possível distribuir renda crescendo, queremos dar um salto”, disse Berzoini. A nova palavra de ordem do PT é gestão. Mas sem o “choque” proposto pelos tucanos.
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Contraponto 1052 - Perigo no Chile


27/12/2009
A memória em disputa no Chile e na América Latina

Carta Maior - 26/12/2009

No dia imediatamente posterior ao dia 17 de janeiro de 2010, a imprensa brasileira começará a comparar os resultados eleitorais do Chile com os números das pesquisas no Brasil. Se a vitória de Sebastián Piñera se confirmar, uma das observações mais repetidas será registrar o grande prestígio de Michele Bachelet, que atualmente tem o apoio de mais de 75 % da população, e sua incapacidade de transferir votos ao atual candidato do governo chileno, o ex-presidente Frei. E nenhuma palavra sobre o passado pinochetista de Piñera.

Gustavo de Mello

Quando encerramos a leitura da trilogia Memória do Fogo com o livro “O Século do Vento” (1) estamos familiarizados com o personagem Miguel Mármol. Trata-se de uma figura fascinante, um salvadorenho especialista na arte de renascer. O seu forte é resistir às investidas do poder. Cada ressurreição de Miguel é cercada por algum dos grandes eventos que ocorreram no século XX, na história latino-americana.

No Chile, durante as recentes eleições de dezembro, a história do país esteve presente, revelando seus protagonistas, contextualizando as escolhas dos candidatos. Um dos assuntos é lembrar a brutalidade do golpe militar pinochetista contra o médico da Unidade Popular, Salvador Allende. Depois de instalada a ditadura que levou adiante, com seus aliados da sociedade civil, a um circuito fechado, como lembra Naomi Klein (2), repassando à economia chilena os ensinamentos ou “verdades” do economista Milton Friedman aos seus obedientes alunos de Chicago.
Para esses ensinamentos, a premissa fundamental é a de que o livre mercado é um sistema cientifico perfeito, no qual os indivíduos, agindo em função de seus próprios interesses e desejos, criam o máximo benefício para todos.

Orlando Letellier foi assassinado, aos 44 anos, por se opor e escrever brilhantemente contra as escolhas de política econômica que seriam vistas como modelo no continente. Letellier se tornou perigoso porque previu que a política econômica também não prescindiria de brutalidade, pois necessitaria da manutenção dos campos de concentração em todo o país, com a matança de milhares de opositores; fuzilamentos em massa e da ameaça de sua continuidade, para se firmar e "dar certo"; se é que algum dia daria certo essa “íntima harmonia” entre o “livre mercado” e o terror ilimitado.

O candidato que lidera as pesquisas do segundo turno no Chile, Sebastián Piñera, com a possibilidade objetiva de vencer, é um personagem desse passado e pode ser definido da seguinte forma: “Piñera é a expressão do pinochetismo sobrevivente que seu physique du role berlusconiano não consegue esconder”.

Quando o auto declarado "vitorioso" terceiro colocado, Marco Enríquez-Ominami, que desistiu de indicar aos seus eleitores sua preferência política no segundo turno - disse: "A acusação feita pela ex-ministra de Pinochet é algo muito sério, mas concedo o benefício da dúvida, ao principal acusado”, a frase incluía a pretensão frustrada de ser um bem comportado candidato de esquerda com votos de centro para passar ao segundo turno no lugar do ex-presidente Eduardo Frei.

O acusado que recebia o benefício da dúvida de Enríquez-Ominami era o candidato da direita, Sebastián Piñera por fraudes que teria cometido contra bancos e o sistema financeiro chileno em plena ditadura nos anos oitenta.

A memória de que houve uma ordem de prisão contra Sebastián Piñera foi registrada por quem fora Ministra da Justiça de Augusto Pinochet: Monica Madariaga. Na oportunidade em que concedia uma entrevista para a televisão, afirmou que durante a ditadura de Pinochet, o Ministro Luis Correa Bulo emitiu um mandado de prisão que estava motivado por fraudes que Piñera teria cometido no Banco de Talca e por crimes contra a Lei Geral de Bancos.

A integrante do governo de Pinochet se referiu desta forma quando interrogada se o atual candidato havia estado preso. "Sim, Sebastián Piñera, o atual candidato. Liguei para o juiz que era o titular da causa e lhe disse: 'Olha, veio aqui o Pepe Pequeno (José Piñera), aquele que foi meu colega de ministério. Foi Ministro do Trabalho e Ministro de Minas. Acontece que o Pepe chegou e disse: "Monicazinha, o Tatan (Sebastián Piñera) está preso" (...). "Acontece que eu pedi ao juiz titular e ele me disse...olha todas as informações estão disponíveis para [lhe] conceder essa liberdade".

Acusado de ser favorecido para manter sua liberdade, Sebastián Piñera rebateu as lembranças da ministra declarando que “em primeiro lugar, neste caso (Banco de Talca), episódio do qual já se passaram quase 30 anos, a Suprema Corte decretou de forma unânime minha total e absoluta inocência; em segundo lugar também tenho a esclarecer que jamais tive problemas com informações privilegiadas”.

No dia imediatamente posterior ao dia 17 de janeiro de 2010, seremos nós, os brasileiros, os "Miguel Mármol" da América Latina. Nesse dia a imprensa brasileira começará a comparar os hoje prováveis resultados eleitorais do Chile com os números das pesquisas no Brasil.

Uma das observaçõesserá a de, provavelmente, registrar a exaustão o grande prestígio de Michele Bachelet, que atualmente tem o apoio de mais de 75 % da população. Neste caso, será ressaltada sua provável incapacidade de transferir votos ao atual candidato do governo chileno, o ex-presidente Frei.

Nesse dia, mais uma vez, nós vamos assistir ao silêncio que não compara banqueiros como Dantas com Piñera. Nem uma palavra sobre Letellier. Assim será, escondendo a história do Chile, não informará mais do que dois segundos e meio sobre o complicado processo eleitoral e imediatamente serão feitas comparações para derrotar a candidata de Lula antes das eleições.

Ficará evidente que as diferenças dos nossos países estão sendo apagadas para prestar serviços às escolhas feitas sem nenhum pudor sob o manto hipócrita da neutralidade eleitoral da imprensa pró-Serra? Estamos antecipando a resposta: não há como comparar. Os processos eleitorais e a história dos dois países deverão optar por resultados diferentes, exatamente, opostos.(Grifos do ContrapontoPIG)

Notas
(1) Século Do Vento, O (1998) MEMORIA DO FOGO, V.3 GALEANO, EDUARDO L&PM EDITORES.

(2) Doutrina Do Choque, A (2008) KLEIN, NAOMI / CURY, VANIA MARIA
NOVA FRONTEIRA
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sábado, 26 de dezembro de 2009

Contraponto 1051 - Mais um exemplo de manipulação

.Contraponto Co
26/12/2009
A escola Kamel de jornalismo (2)

Viomundo - Atualizado em 26 de dezembro de 2009 às 17:17 |
Publicado em 26 de dezembro de 2009 às 16:57

A rede Teleamazonas, do Equador, voltou ao ar depois de cumprir suspensão de 72 horas por divulgar notícia falsa. O canal, que faz oposição cerrada ao governo de Rafael Correa, noticiou que a pesca seria suspensa por seis meses na ilha de Puná, onde a empresa venezuelana PDVSA perfura um poço em busca de gás. O governo classificou a notícia de "mentirosa".

Depois que a notícia foi divulgada, moradores da ilha ocuparam as instalações da PDVSA, que eram guardadas por militares equatorianos: "Imaginem se os fuzileiros navais tivessem respondido e disparado, quantos mortos teria havido?", perguntou o presidente Rafael Correa. A suspensão foi determinada pela Superintendência de Telecomunicações obedecendo a leis vigentes no país no país, que garantem à cidadania acesso a informação veraz, "não baseada em suposições".

A escola Kamel (O Globo, G1) de jornalismo, com ajuda da Reuters, não informa o motivo da suspensão da Teleamazonas. Olha só como eles te subestimam, caro leitor:


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PITACO DO ContrapontoPIG

É revoltante saber que mihões de brasileiros bem intencionados tomam todas informações da Globo como verdadeiras. Manipulações criminosas, como esta mostrada pelo Azenha, devem ser divulgadas e repercutidas exaustivamente.
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Contraponto 1050 - "Os riscos de Serra"


26/12/2009

Os riscos para Serra

Viomundo - Atualizado e Publicado em 26 de dezembro de 2009 às 15:37

Pesquisa mostra riscos para tucano José Serra

Wilson Tosta, no Estadão

Um exame cuidadoso da última pesquisa DataFolha dá uma boa pista sobre os motivos que levam o governador José Serra (PSDB) a não sair candidato desde já à Presidência da República. Não se trata, porém, de olhar o que já aconteceu - a notável ascensão de Dilma Rousseff (PT), que em quatro meses cresceu de 16% para 23% (ainda que em cenário de candidaturas diferente do anterior). O problema está no que pode estar por vir, provável motivo de preocupação de Serra e do adiamento da sua entrada na campanha pelo Planalto.

Primeiro, é preciso uma explicação. Uma regra não escrita do jogo eleitoral diz que, quanto mais distante a data do pleito, mais a pesquisa mede conhecimento de nome e menos avalia intenção de voto. Em um cenário assim, quem é mais conhecido leva vantagem, o que faz políticos que disputaram eleições recentes terem bom desempenho, com lideranças folgadas no início da campanha, por causa do recall, recordação do pleito anterior. O problema é sustentar a dianteira, o que nem sempre é possível.

No início de 1994, por exemplo, o recall de 1989 dava a Luiz Inácio Lula da Silva a primeira colocação absoluta nas sondagens da disputa presidencial, com 45%. Fernando Henrique Cardoso amargava metade disso, mais ou menos. Alguns meses depois, deu-se a virada. E FHC venceu no primeiro turno, cavalgando o Plano Real no auge do sucesso.

Outro esclarecimento: é regra entre políticos experientes que quem lidera pesquisas muito antes da eleição joga para esfriar a campanha. Interessa-lhe prolongar ao máximo a situação em que seu nome, mais conhecido, lidera. Fazer campanha, portanto, é obrigação de quem está atrás na corrida.

Com essas duas premissas, examinemos duas sondagens do DataFolha, feitas de 14 a 18 de dezembro e divulgadas dia 21. Uma estudou a popularidade de Lula, que obteve 72% de bom e ótimo como avaliação de governo. Alguns dados: o presidente conseguiu seus melhores números dessa avaliação na faixa de 25 a 34 anos (76%), entre quem tem até o nível fundamental de educação (74%) e quem ganha até cinco salários mínimos de renda familiar (73%).

Já a candidata de Lula, Dilma Rousseff, no cenário mais provável (no qual disputaria com Serra, Ciro Gomes e Marina Silva) tem índices bem diferentes. Entre quem tem 25 a 34 anos, obteve 25% de votos, 1/3 da avaliação do presidente na faixa. No eleitorado com até o ensino fundamental completo, teve 21%, quase 1/4 da popularidade de Lula no mesmo grupo.

O desempenho de Dilma melhora à medida em que aumenta o número de anos de estudo dos eleitores (25% entre quem tem até o ensino médio completo e 29% entre quem tem até o superior completo). Na renda, Dilma tem 23% entre quem ganha até cinco mínimos, mas no grupo de cinco a dez salários vai a 24% ; no com mais de dez, 30%.

Mais um dado a ser considerado: do total dos eleitores, 41% dizem só conhecer a ministra de ouvir falar, e outros 20% afirmam não conhecê-la. Já Serra é mais conhecido: 33% dizem apenas ter ouvido falar do governador e apenas 7% admitem que não o conhecem.

Algumas conclusões são possíveis. Uma é que Dilma cresceu em todas as faixas, mas avançou mais na elite mais escolarizada e com melhor renda - portanto, mais informada. Isso dá à ministra uma boa plataforma de largada entre os formadores de opinião, que pode lhe ser útil no futuro. Mas nas classes mais pobres e menos educadas, com menos acesso à informação e para quem a eleição ainda é algo distante, Dilma cresceu menos, provavelmente por ser menos conhecida.

Agora, com todos os dados, pensemos em Serra. Interessa-lhe adiar ao máximo o início da campanha porque, uma vez iniciada, ela desencadeará na maioria do eleitorado mais pobre o impulso por procurar um candidato. Isso diminuirá o peso do conhecimento do nome, que beneficia o governador; as pessoas tenderão a prestar atenção ao processo para escolher em quem votar. E, como Lula é muito popular entre os mais pobres, o movimento natural é que esse eleitorado procure o postulante de seu governo à sucessão e encontre Dilma.

Tudo isso torna pouco provável que, antes de deixar o cargo em abril, o governador de São Paulo saia da toca para, na caravana dos sonhos tucanos, pedir apoios pelo País, iniciando sua campanha, como quer o PSDB. Para Serra, interessa prolongar ao máximo o momento em que se mede mais o conhecimento de nome, para depois tentar se manter na frente e vencer.

Até agora, a estratégia deu certo: Serra lidera, com 37% no DataFolha, apesar da ascensão de Dilma. Resta saber se ou até quando essa situação se sustentará, ante o crescimento potencial da ministra.
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Contraponta 1049 - "A década da América Latina"


26/12/2009

"A década da América Latina"
Carta Maior - 26/12/2009

Emir Sader*

A década de 1990 foi das piores que a América Latina já viveu. A crise da dívida – com suas conseqüências: FMI, cartas de intenção, ajustes fiscais, etc. – e as ditaduras militares abriram o caminho para que se impusessem governos neoliberais em praticamente todo o continente. Passamos a ser a região do mundo com a maior quantidade de governos neoliberais e com suas modalidades mais radicais.

A capacidade de reação da América Latina se revelou na sua capacidade de reverter radicalmente esse quadro: passamos a ser a região que concentra aos governos eleitos pela rejeição do neoliberalismo, que abriga processos de integração regional independentemente dos EUA, que promove formas inovadoras de integração fora da lógica mercantil.


Lideres latinoamericanos como Lula, Hugo Chavez, Evo Morales, Rafael Correa, entre outros, se projetaram internacionalmente, por sua capacidade de encarnar as necessidades dos seus povos. A Bolívia, o Equador e a Venezuela se somaram a Cuba, com os países que - conforme a Unesco- , terminaram com o analfabetismo.
(Grifo do GontrapontoPIG).

Os países que optaram pela integração regional e não por Tratados de Livre Comércio, expandiram suas economias, distribuíram renda, avançaram nos direitos sociais da sua população, extenderam notavelmente o mercado interno de consumo popular, diversificaram seu comércio exterior, aumentaram significativamente o comércio entre eles.

Na década anterior, a América Latina havia sido reduzida à intranscendência. Governantes subalternos – Menem, Fujimori, FHC, Carlos Andrés Perez, Carlos Salinas de Gortari – tinham aplicado mecanicamente o mesmo modelo neoliberal, enfraquecido o Estado, a soberania, as economias nacionais. Os governos dos países que assumiram os programas neoliberais não incomodavam ninguém, havia reduzido nossos Estados a subseqüentes perdedores da globalização, que a aplaudiam, às custas da deteriorização ainda maior da situação dos povos dos nossos países.

A primeira década do novo século apresenta uma nova América Latina, com a maior quantidade de governos progressistas que o continente jamais teve. Com processos de integração regional fortalecidos – do Mercosul à Alba, do Banco do Sul à Unasul, do Conselho Sulamericano de Segurança ao Parlamento do Mercosul, entre outras iniciativas. Desenvolveu-se a Operação Milagre, que já permitiu recuperar a visão a mais de 2 milhões de pessoas, que de outra maneira não teriam possibilidade de recuperar a vista. Formaram-se novas gerações de médicos pobres na melhor medicina social do mundo – a cubana – nas Escolas Latinoamericanas de Medicina.

As crises econômicas da década anterior, típicas do neoliberalismo, que debilitaram a capacidade de defesa dos Estados nacionais diante do capital especulativo, que promoveu, entre tantas outras crises, as do México de 1994, do Brasil de 1999 e da Argentina de 2001-02, devastaram as economias desses países. O Brasil de FHC deixou um país em recessão prolongada e profunda para Lula, a quem coube superar a crise com políticas de desenvolvimento econômico.

Na década que termina, os países latinoamericanos que participam dos processos de integração regional – com destaque para o Brasil, a Bolívia, o Uruguai, o Equador – superaram a crise, desatada pelos países centrais do capitalismo, que ainda estão em recessão, que deverá se prolongar ainda por um bom tempo. Revelou a capacidade desses países de diversificar seu comércio exterior, de intensificar o comercio intraregional e de seguir expandindo o mercado interno de consumo popular.

A América Latina mostra hoje ao mundo a cara – imposta pela predominância de governos progressistas – de um continente em expansão econômica, afirmando sua soberania – em questões econômicas, políticas e de segurança regional -, melhorando a situação social do povo, consolidando políticas internacionais que intervêm na decisão dos grandes temas mundiais. Foi, sem dúvida, esta primeira década do novo século, a década da América Latina, que se projeta para a segunda década como um dos exemplos de luta na superação do neoliberalismo e de construção de sociedades mais justas e solidárias.

Emir Sader*, sociólogo e cientista político

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Contraponto 1048 - Os jornalões e as pesquisas

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26/12/2009
Jornais e cientistas políticos estão refazendo análises:
Pesquisa mostra riscos para tucano José Serra

Amigos do Presidente - Por: Helena™ . Sábado, Dezembro 26

Primeiro, todos os jornais brasileiros, estavam fazendo análises e concluindo que, o Presidente Lula não tranferiria votos para a ministra Dilma e que, o governador tucano José Serra, estava praticamente eleito. Não demorou muito e as pesquisas mostraram que, os cientistas politicos de plantão estavam errados.Agora, todos os jornais estão refazendo suas análises.Veja a mudança de rumo da Folha, na manchete da semana passada: Folha diz: "Votos" de Lula podem igualar Dilma a Serra'. Ou seja, a Folha descobriu que, Dilma é a candidata do Presidente Lula...No entanto, a Folha, não se deu por vencida. Na matéria de hoje, o jornal aponta a metralhadora para outro lado. O título:Nem Lula no "topo" das pesquisas ajuda a eleger o PT no Sudeste" Não vai demorar, para o jornal dar meia volta e deixar o dito, pelo não dito...

Veja outro exemplo, a análise de hoje no jornal O Estado de S.Paulo. Sob o titulo, "Pesquisa mostra riscos para tucano José Serra", o jornal diz:..Leia a seguir

Um exame cuidadoso da última pesquisa DataFolha dá uma boa pista sobre os motivos que levam o governador José Serra (PSDB) a não sair candidato desde já à Presidência da República. Não se trata, porém, de olhar o que já aconteceu - a notável ascensão de Dilma Rousseff (PT), que em quatro meses cresceu de 16% para 23% (ainda que em cenário de candidaturas diferente do anterior). O problema está no que pode estar por vir, provável motivo de preocupação de Serra e do adiamento da sua entrada na campanha pelo Planalto.

Primeiro, é preciso uma explicação. Uma regra não escrita do jogo eleitoral diz que, quanto mais distante a data do pleito, mais a pesquisa mede conhecimento de nome e menos avalia intenção de voto. Em um cenário assim, quem é mais conhecido leva vantagem, o que faz políticos que disputaram eleições recentes terem bom desempenho, com lideranças folgadas no início da campanha, por causa do recall, recordação do pleito anterior. O problema é sustentar a dianteira, o que nem sempre é possível.

No início de 1994, por exemplo, o recall de 1989 dava a Luiz Inácio Lula da Silva a primeira colocação absoluta nas sondagens da disputa presidencial, com 45%. Fernando Henrique Cardoso amargava metade disso, mais ou menos. Alguns meses depois, deu-se a virada. E FHC venceu no primeiro turno, cavalgando o Plano Real no auge do sucesso.

Outro esclarecimento: é regra entre políticos experientes que quem lidera pesquisas muito antes da eleição joga para esfriar a campanha. Interessa-lhe prolongar ao máximo a situação em que seu nome, mais conhecido, lidera. Fazer campanha, portanto, é obrigação de quem está atrás na corrida.

Com essas duas premissas, examinemos duas sondagens do DataFolha, feitas de 14 a 18 de dezembro e divulgadas dia 21. Uma estudou a popularidade de Lula, que obteve 72% de bom e ótimo como avaliação de governo. Alguns dados: o presidente conseguiu seus melhores números dessa avaliação na faixa de 25 a 34 anos (76%), entre quem tem até o nível fundamental de educação (74%) e quem ganha até cinco salários mínimos de renda familiar (73%).

Já a candidata de Lula, Dilma Rousseff, no cenário mais provável (no qual disputaria com Serra, Ciro Gomes e Marina Silva) tem índices bem diferentes. Entre quem tem 25 a 34 anos, obteve 25% de votos, 1/3 da avaliação do presidente na faixa. No eleitorado com até o ensino fundamental completo, teve 21%, quase 1/4 da popularidade de Lula no mesmo grupo.

O desempenho de Dilma melhora à medida em que aumenta o número de anos de estudo dos eleitores (25% entre quem tem até o ensino médio completo e 29% entre quem tem até o superior completo). Na renda, Dilma tem 23% entre quem ganha até cinco mínimos, mas no grupo de cinco a dez salários vai a 24% ; no com mais de dez, 30%.

Mais um dado a ser considerado: do total dos eleitores, 41% dizem só conhecer a ministra de ouvir falar, e outros 20% afirmam não conhecê-la. Já Serra é mais conhecido: 33% dizem apenas ter ouvido falar do governador e apenas 7% admitem que não o conhecem.

Algumas conclusões são possíveis. Uma é que Dilma cresceu em todas as faixas, mas avançou mais na elite mais escolarizada e com melhor renda - portanto, mais informada. Isso dá à ministra uma boa plataforma de largada entre os formadores de opinião, que pode lhe ser útil no futuro. Mas nas classes mais pobres e menos educadas, com menos acesso à informação e para quem a eleição ainda é algo distante, Dilma cresceu menos, provavelmente por ser menos conhecida.

Agora, com todos os dados, pensemos em Serra. Interessa-lhe adiar ao máximo o início da campanha porque, uma vez iniciada, ela desencadeará na maioria do eleitorado mais pobre o impulso por procurar um candidato. Isso diminuirá o peso do conhecimento do nome, que beneficia o governador; as pessoas tenderão a prestar atenção ao processo para escolher em quem votar. E, como Lula é muito popular entre os mais pobres, o movimento natural é que esse eleitorado procure o postulante de seu governo à sucessão e encontre Dilma.

Tudo isso torna pouco provável que, antes de deixar o cargo em abril, o governador de São Paulo saia da toca para, na caravana dos sonhos tucanos, pedir apoios pelo País, iniciando sua campanha, como quer o PSDB. Para Serra, interessa prolongar ao máximo o momento em que se mede mais o conhecimento de nome, para depois tentar se manter na frente e vencer.

Até agora, a estratégia deu certo: Serra lidera, com 37% no DataFolha, apesar da ascensão de Dilma. Resta saber se ou até quando essa situação se sustentará, ante o crescimento potencial da ministra.
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Contraponto 1047 - PSDB venderia Petrobrás


26/12/2009
PSDB teria vendido parte da Petrobras', diz Gabrielli

Vermelho - 25 de Dezembro de 2009 - 11h23

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que o sucesso da estatal é fruto de uma política de governo e só foi possível graças à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e à sua reeleição em 2006. "O presidente Lula fez a diferença", diz, em entrevista à Agência Estado. Segundo ele, se o resultado das eleições tivesse sido outro, com a vitória de José Serra em 2002 ou de Geraldo Alckmin em 2006 - ambos do PSDB -, a Petrobras teria tomado outro rumo: "Partes da empresa poderiam ter sido privatizadas."
De acordo com Gabrielli, até 2003, a Petrobras estava sendo preparada para "ter um conjunto de atividades com muita eficiência em vários ramos e com pouco ganho no sistema como um todo e estava sendo inibida no crescimento do seu portfólio de exploração".

Naquele ano, porém, ele afirma que a estatal começou a ter uma participação mais ativa nos leilões, a redefinir sua organização interna e a acelerar a renovação de seus quadros. "Isso foi uma mudança de orientação política na Petrobras. Se seria possível atingir sucesso com a política anterior é difícil dizer", diz. "Agora, que o sucesso atual depende das mudanças feitas, isso é certo."

O presidente da estatal afirma que se o PSDB tivesse vencido a eleição para presidente, os investimento e o crescimento verificado hoje seriam menores. "Provavelmente teria menos preocupação com o controle nacional, portanto teria menos impacto no estímulo da indústria brasileira." Perguntado se ele acredita que a Petrobras poderia, então, ter sido privatizada, Gabrielli afirma: "Seria difícil uma privatização total da Petrobras, mas partes dela, sim."

Em resposta às declarações de Gabrielli, o líder do PSDB na Câmara defendeu o governo tucano. "O que fez a Petrobras ser o que ela é foi a lei de 1997, que abriu o setor de petróleo, atraiu investimentos e tornou a empresa competitiva. Isso ocorreu com (governo) Fernando Henrique Cardoso. "Eu acho esse Sérgio Gabrielli um primata, um ignorante, reagiu.

Com informações da Agência Estado
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Contraponto 1046 - "Como a História mudou Lula e Lula mudou a história"


26/12/2009
"Como a História mudou Lula e Lula mudou a história"


Tijolaço - sexta-feira, 25 dezembro, 2009 às 12:12

Uma vez, conversando com um amigo, perguntei-lhe qual era a principal deficiência do Governo Lula e me supreendi, no início, com sua resposta:

- O que mais faz falta no Governo Lula é a polêmica.

Depois, pus-me a pensar no que ele dissera.

De fato, o início do Governo Lula foi marcado por um “bom-mocismo” de dar desgosto. “Paz e amor” se traduzia em políticas conservadoras, em matéria de economia, e numa composição e ação de governo que deixava a muitos – e a mim – impacientes e frustrados. O único grande programa, perceptível para a população, era o Bolsa-Família, que é algo que, aparentemente, ninguém podia criticar.

Muitos ficaram impacientes e, de novo, eu me coloco entre eles. Não sei se era possível, apoiado na legitimidade que lhe dera a eleição, Lula ter sido mais incisivo nos primeiros tempos. É algo que, talvez, só ele possa avaliar, pela posição em que estava. Como hoje, aos 31anos, permito-me ter mais dúvidas que aos 24, não tenho a certeza de que pudesse, embora continue achando que devesse.

Acho que, a certa altura, porém, Lula percebeu que parte das elites brasileiras – muito mais até que os interesses estrangeiros – recusa qualquer idéia que não seja a da submissão colonial do nosso país e a de um apartheid social - e, neste, lógico, também racial – como forma de organização da vida brasileira.

Não podem aceitar que as pessoas nasçam iguais e que não é apenas o talento e o empenho naturais de cada um que abra, a uns, a porta da ascenção social e a muitos condene à exclusão e à pobreza.

Em todas as épocas, claro, é possivel driblar e vencer estes muros. E é igualmente verdade que os que o conseguem merecem nosso respeito e admiração.

Mas, justamente por saberem como foi duro, difícil e penoso conseguirem vencer é que não podem, sob pena de desvalorizarem a si mesmos, desprezarem os seus irmãos que não conseguiram fazê-lo e ficaram pelo caminho, condenados e condenando seus descendentes à mesma vida degradada.

Não, a competição como critério único de progresso e desenvolvimento social é a própria negação da civilização humana.

Culturalmente, a extremação do capitalismo que representou o triunfo do neoliberalismo é inferior até às culturas tribais, onde pelo menos dentro da tribo, com todas as diferenças hieráriquicas internas que continham, ao menos reconheciam a sua identidade coletiva e protegiam todos os seus do domínio de outras tribos.

Divago um pouco, mas volto ao ponto. Parte de nossas elites é incapaz de nos reconhecer como uma unidade, como um povo, como um coletividade onde a vida de uns depende, necessariamente, da vida de todos.

Por isso, conseguem, por razões tranversas, ser contra, até, uma idéia limitada como a do Bolsa-Família, que se limita a reconhecer que os brasileiros, seja qual for o motivo, não podem viver em condições de pobreza mais que extrema, lancinante. Por isso – inclusive com ajuda dos elitistas autoproclamados de “esquerda” – foram tão contrário aos Cieps, mesmo diante da escandalosa evidência de que um criança não pode crescer e se desenvolver com saúde física e social com escolas de três horas e o abandono das ruas como “complemento” educacional.

Mas, sobretudo, conseguem, por mil razões e sofisticações, ser contra a idéia de um Brasil desenvolvido, pela única via pela qual o desenvolvimento se alcança: a soberania.

É tão simples esta idéia que pode ser comprovada com uma mera pergunta: é possível a um escravo, a um servo, a alguém dominado, que não se auto-determine, progredir?

A resposta é evidente.

Acho que este foi o ponto de “virada” do governo Lula. O seu ínicio foi marcado pela crença de que pequenas mudanças humanizantes poderiam ser feitas no mesmo projeto de desenvolvimento desumano que seguíamos. Ele próprio, talvez, se sentisse limitado pelo governo que fomara, onde José Dirceu era o homem forte da política e Antonio Palocci, onde se projetava a sombra de Henrique Meirelles, os gestores da economia.

Como dizia Leonel Brizola, os insondáveis caminhos do processo social fizeram que as coisas mudasssem. A crise política do “mensalão”, que acabou por vitimar os dois homens fortes da sua administração, deixaram ao Governo Lula apenas um “homem forte”. Ele próprio. E ele teve de depender de si mesmo, de suas origens e de sua “luz própria” para sobreviver em 2006 e conseguir o segundo mandato.

Mesmo ali, não era de duvidar da força política que os programas sociais lhe davam. Foram, todos vimos, o suficiente para dar-lhe o primeiro lugar no primeiro turno das eleições. mas não foram o suficiente para evitar que uma candidatura sem brilho como a de Geraldo Alckmin se aproximasse perigosamente da sua.

O Governo Lula esteve na iminência, pela falta de uma identidade clara, de ser vítima do “tanto faz”.

Não creio que tenha sido nenhuma pesquisa, nenhum marqueteiro, nenhum analista eleitoral que lhe tenha dado o caminho que mostraria que não havia “tanto faz”, que a eleição do candidato do PSDB completaria a obra de dependência nacional que FHC iniciara e que o governo Lula hesitava em demolir. Minha impressão é que foi dele, do próprio Lula, que partiu a percepção de que era preciso evidenciar que havia dois caminhos pelos quais o Brasil podia seguir.

Um, o mesmo que já trilhava e que, no máximo, nos daria a estabilidade no atraso.

Outro, o de que o Estado poderia ser o indutor de um processo de desenvolvimento nacional indissoluvelmente ligado à soberania e à justiça social.

O argumento da primeira via era o mesmo de sempre. Fora da economia, o Estado poderia prover mais saúde, educação, transportes, benefícios… Ou, se pudessemos fazer uma tradução crua: vendamos o nosso futuro, para que nosso hoje seja um pouco melhor.

A perspectiva de que Alckmin privatizasse a Petrobras, mesmo mil vezes negada, matou a candidatura tucana.

A candidatura Lula e seu segundo Governo, mesmo à revelia do que pudessem seus estrategistas planejar, mudaram de natureza.

Lula deixou de ser a penas o candidato popular, do povo, para ser a encarnação – mesmo com todas as contradições que seu governo possui – das nossas aspirações a sermos um povo, a termos um destino próprio, a olharmos para nós mesmo com respeito e confiança.

A história busca os homens com muito mais sabedoria que os homens buscam a História. Ela os conduz, os molda e os vai modificando, de acordo com os passos que as sociedades estão maduras para dar. A grandeza humana está, justamente, em estarem à altura da História e não romperem ao toque de sua sábia mão.

Foi assim com nossa independência política, feita pelo próprio herdeiro da coroa portuguesa. Foi assim com a industrialização brasileira e pela implantação dos direitos sociais do trabalhador, feita por um homem que veio das estâncias rurais do Rio Grande. Que seja assim com nosso desenvolvimento soberano, que passou a ser simbolizado por alguém que, um dia, já disse que para o trabalhador, não fazia diferença se uma empresa era brasileira ou multinacional e que tantos preconceitos tolos repetiu sobre Vargas.

Essa é a maravilha do processo social. É ele quem nos deve guiar, com a sensibilidade de compreender, com humildade, que a História e o povo nos mostram o caminho. E o que se exige de nós é, apenas – e não é tarefa simples – a lucidez e a coragem de trilhá-lo olhando para frente.
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Contraponto 1045 - Feliz Natal




quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Contraponto 1044 - "Lula, homem do ano do Le Monde"


24/12/2009
Lula, homem do ano do Le Monde


Nassif - 24/12/2009 - 09:43

Por Fabio

Nassif,

Lula é o homem do ano de 2009 para o Le Monde. Segue link com o editorial, em francês:

http://www.lemonde.fr/opinions/article/2009/12/24/lula-l-homme-de-l-annee-2009-par-eric-fottorino_1284552_3232.html
Por Reinaldo

“Lula, l’homme de l’année 2009, par Eric Fottorino

Pela primeira vez na sua história, o “Le Monde” decidiu nomear a PERSONALIDADE do ano.

“Sua personalidade” do ano.

O exercício pode parecer arriscado ou banal. Quem distinguir? Com que critérios? Em nome de que valores? Como a diferenciação entre grandes e prestigiados colegas estrangeiros, como a revista Time, que há muito já ultrapassou esse caminho, elegendo a sua “Personalidade do Ano”?

Nossas conversas têm destacado o que nos une sob a bandeira do Mundo. Desde os últimos sessenta e cinco anos, o título do nosso trabalho é um convite ao olhar global, optamos por uma pessoa cujo trabalho e reputação tomaram uma dimensão internacional.

Ansiosos para escapar das escolhas forçadas que poderiam trazer-nos para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (mas ele era mais humano, em 2008 do que em 2009).

Também foram excluídos os valores “negativos”, embora a sua ação é fundamental na nova configuração global: Vladimir Putin e a sua tentativa de reconstituir o império soviético; Mahmoud Ahmadinejad, cujas cada palavra e cada ação são uma ameaça ao Ocidente.

Desde a sua criação, o Le Monde, marcado pela mente analítica de seu fundador, Hubert Beuve-Méry, um jornal quer (re) construção, se não espero que veículo em seu caminho uma parte do positivismo Auguste Comte, pega o caso para os homens de boa vontade.

Portanto, para este primeiro compromisso, agora desejam renovar a cada ano, a nossa escolha por causa do coração e tem incidido sobre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido sob o simples nome de Lula.

Sentimos que por sua carreira singular do antigo sindicalista, para seu sucesso na condução de um país tão complexo como o Brasil, com sua preocupação com o desenvolvimento econômico, a luta contra as desigualdades e a defesa do ambiente, Lula mereceu bem … o mundo.

(A tradução é porca, eu sei… mas podem pedir a Fernando Henrique Cardoso que traduza o texto original… e somente depois corte os pulsos, de inveja!)

Abraços e boas festas,
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Contraponto 1043 - Roube


24/12/2009
Roube

Viomundo - Atualizado e Publicado em 24 de dezembro de 2009 às 09:07

ROUBE, VIRE BANQUEIRO, COMPRE MINISTROS DE CORTES SUPREMAS – A TAL ORDEM INSTITUCIONAL FALIDA – PAPAI NOEL CHEGOU PARA DANIEL DANTAS E QUADRILHA


por Laerte Braga

O fundamental nessa conversa é seguir à risca aquela historinha que volta e meia circula na rede de computadores. Não roube uma galinha, se o fizer faça por hobby. Roube um galinheiro, invista no crescimento da prole galinácea, monte um abatedouro, um frigorífico, exporte, venda no mercado interno, sonegue os impostos, arranje negócios paralelos, associe-se a empreendedores estrangeiros, achegue-se a presidentes assim do tipo FHC (facilmente compráveis), vá sugerindo que tudo seja privatizado, pegue uma beirada de cada privatização, enfim, deite e role à margem da lei que curiosamente a lei garante sua impunidade através de ministros de cortes ditas de justiça e supremas. Ah! Não deixe de colaborar para a campanha de José Collor Serra, isso é de suma importância.

Seja Gilmar Mendes no STF DANTAS INCORPORATION LTD, ou seja ARNALDO ESTEVES LIMA (nome do Papai Noel de Dantas, mas esse é diferente, dá o presente depois que ganha) dito ministro do Superior Tribunal de Justiça (aquele que o ministro Medina vendia sentenças por um milhão de reais) e no último minuto do segundo tempo, ou da prorrogação, às vésperas do recesso judiciário, suspenda todos os processos contra Daniel Dantas. O ladrão de galinheiro que virou banqueiro e é proprietário de ponderável percentual de ações do estado brasileiro. A maior parte concentrada no poder legislativo e outra no poder judiciário.

São deputados, senadores, ministros das tais cortes que Dantas carrega numa pasta própria para as emergências, ou eventuais contratempos.

O tal ARNALDO ESTEVES LIMA, que dizem ser do judiciário, pelo menos ocupa uma cadeira no tal STJ (um adorno para empregar mais gente a serviço de figuras como Dantas) transformou o juiz Fausto De Sanctis em suspeito. É honrado, cismou de achar que aquele artigo que diz que todos os brasileiros são iguais perante a lei é real, é para ser cumprido. Não leu as entrelinhas. Bandidos como Dantas são diferentes. Podem tudo, inclusive construir dinheirodutos ligados diretamente aos tribunais superiores do País e alguns dos seus ministros.

Arrancam habeas corpus, suspensão de processos, continuam a saquear, sonegar, a praticar toda a sorte de crimes possíveis e nada acontece. Ou por outra, fica impune. Hoje pela manhã um grupo de trabalhadores de uma empresa compareceu a uma agência do Banco do Brasil para receber seu décimo terceiro, depositado segundo a dita empresa e lá não tinha nada. Revolta, indignação, etc, mas o empresário foi de férias para a praia com a família.

E daí? Os trabalhadores ficarão sem o décimo terceiro, o empresário singrará mares de praias tranqüilas e pronto. É o tipo que “gera empregos”, tem benefícios fiscais e traz “progresso”.

Um desses deputados que se presta a qualquer papel, tipo Rodrigo Maia, ou senadores padrão Eduardo Azeredo, Kátia Abreu, Artur Virgilio, Tasso Jereissati, deveria apresentar um projeto de emenda constitucional, ia passar sem problema, são poucos os não compráveis, estabelecendo que só poderão ser processados os integrantes do MST, de movimentos populares, ladrões de galinha, estabelecer um limite tipo assim, roubou ou sonegou mais de cinco milhões está garantido pelas instituições falidas. Roubou ou sonegou menos vai para a cadeia.

E assim fica salva a democracia, ficam preservados os valores e tradições das máfias que infestam os poderes públicos, assegura-se que o Brasil é a casa da Mãe Joana.

O ministro presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD e sua subsidiária a STF BERLUSCONI INCORPORATION LTD, segura a publicação do acórdão que permite ao presidente Lula conceder a Cesare Battisti a condição de refugiado, ou asilado se for o caso por uma razão simples. Eleições na Itália. Aí, pela porta dos fundos do seu gabinete chegam as “cédulas” de Berlusconi. É que se Cesare não for extraditado e Lula já deixou entrever que não vai extraditar, o prestígio do dono do bordel antigamente conhecido como Itália, sofre algumas perdas eleitorais o que pode significar perda de “cédulas”.

O futuro do Brasil não passa por essas instituições. Estão falidas. Passa pela luta popular e essa não tem nem limites e nem fronteiras, diz respeito a todos os que ainda se consideram seres humanos.

Um escárnio a decisão do tal ARNALDO ESTEVES LIMA.
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