terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Contraponto 15.739 - "Para o futuro da Secom no governo Dilma, a regra do jogo é simples: Quem não faz, toma"

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30/12/2014

 

Para o futuro da Secom no governo Dilma, a regra do jogo é simples: Quem não faz, toma



Viomundo - publicado em 29 de dezembro de 2014 às 18:18


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Dilma, Helena Chagas e Thomas Ttraumann


por Conceição Lemes

A presidenta Dilma Rousseff  acaba de anunciar o novo ministro das Comunicações: o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), substituindo Paulo Bernardo (PT-PR), que ficou muito abaixo da crítica e do esperado.

Berzoini terá sob sua responsabilidade as políticas de radiodifusão, telefonia móvel e fixa, internet e inclusão digital. Também o encaminhamento do debate sobre a regulação econômica da mídia no Brasil.

Ultimamente, ventilou-se que o Ministério das Comunicações (MiniCom) passaria a cuidar da distribuição de verbas de publicidade do governo federal, hoje a cargo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR).

O Minicom turbinado vingará mesmo? Afinal, há conflito de interesses, já que incumbir o órgão fiscalizador de gerir os quase R$ 2 bilhões de verbas publicitárias seria como colocar a raposa para tomar conta do galinheiro. Aguardemos.

Mas a questão aqui é outra: quem cuidará da política de comunicação no segundo mandato de Dilma?
Refiro-me à comunicação de informações ao público em geral e à imprensa. Ficará com a Secom/PR? Ou será incorporada ao poderoso Minicom?

Em 25 de novembro, saiu no Painel da Folha de S. Paulo uma nota jeitosamente plantada a favor de Edinho Silva, então tesoureiro da campanha de Dilma e ex-presidente do PT-SP. Atentem a ela:
Edinho na Secom
Adicionar legenda


Sinal de que para o chamado mercado a Secom/PR não passa de um cofre que enche as burras da mídia de dinheiro para depois o governo federal apanhar feito cão sarnento. Nada mais.

Só que o buraco é bem mais embaixo.

No mundo atual, as armas mais letais são a bomba atômica e a comunicação.

Em relação à bomba atômica, não adianta espernear. Desde 18 de setembro de 1998, o Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Antes, a Constituição de 1988 já determinava que o País não teria artefatos atômicos de ataque.

A comunicação, porém, pode funcionar como uma “bomba atômica”, dependendo da competência e motivação de quem a utiliza.

Mas, a se manter a política atual de comunicação do governo Dilma e do próprio PT, o resultado será um traque, no máximo — daqueles de festas de São João. Pior que o nosso vexaminoso 7 a 1 para a Alemanha. Com a diferença de que o que está em jogo é o futuro de um projeto progressista de País.
Falta de entendimento do que é comunicação à sociedade e à imprensa? Covardia? Incompetência? Acomodação?

O PT existe há 30 anos. Apesar dessa longa trajetória, seus dirigentes (vários) ainda não entenderam a importância de informar clara e verdadeiramente à população para que esta forme uma opinião baseada em evidências e fatos concretos. Tanto que não tem estrutura nem estratégia de comunicação. Parece cego perdido em tiroteio quando atingido por um fato negativo. Sua reação é a de um paquiderme letárgico.

Falta-lhe até hoje um “jornal” para todo o país. Os sites e boletins eletrônicos são malfeitos e amadores em termos de conteúdo e forma. Carecem de padronização. As redes sociais e a internet só funcionam em época de eleição. O que é uma pena.

O próprio site do PT nacional é, ainda, lastimável. Quando, por exemplo, começou a discussão sobre os gastos de campanha e doações de empresas ligadas à Operação Lava Jato, ele se limitou a mostrar apenas as contas dos seus adversários. Só que deveria ter feito em primeiro lugar a divulgação de suas próprias contas e doadores. É falta de senso de realidade brigar com a verdade factual, além de dar bala para o inimigo, pois como se sabe as empresas do esquema da Lava Jato patrocinaram candidatos de todos os partidos, com exceção do PSOL.

Então por que o site do PT agiu assim? É o mesmo que ficar recitando loas diante do espelho. Se tivesse feito o inverso, a militância teria material para debater e defender com propriedade o assunto.
Não bastasse tudo isso, assistimos continuamente ao PT privilegiar a mídia tradicional, dando-lhes notícias em primeira mão, apesar de ela lhe baixar o sarrafo dia sim, outro também.

O sonho de consumo de muitos dirigentes petistas continua sendo as Páginas Amarelas da Veja, o Fantástico e o Jornal Nacional da TV Globo. Nós, blogosfera progressista, só somos lembrados quando a vaca já está atolada no brejo.

Será que o PT sofre da síndrome de vira-latas ou da de Estocolmo? É o desejo de ser aceito pela Casa Grande ou sabujice? Ou será que gosta mesmo é de apanhar pura e simplesmente?
Toda essa crítica vale para o governo Dilma. Com um adendo. A Secom/PR, como bem sacaram os executivos das emissoras de TV e das agências publicitárias, se tornou um cofre da mídia. É muita indigência.

À Secom/PR cabe o papel estratégico de formular a política de comunicação não apenas da Presidência, mas do governo federal como um todo, com integração dos serviços e das assessorias de comunicação (Ascoms) dos ministérios e estatais. É justamente o que este setor do governo Dilma não tem feito nem parece entender que necessita urgentemente dessas novas ações.

Por que o órgão, cuja missão é informar a população sobre as grandes ações do governo, neste último ano do primeiro mandato de Dilma diminuiu a produção de conteúdo?

Por que a Secom/PR prefere atuar no varejo, plantando uma notinha aqui e ali, em vez de agir no atacado, democratizando de forma concreta e transparente as informações para toda a mídia?
Por que a Secom/PR prefere privilegiar o veículo a ou b em vez de convocar coletivas para toda a imprensa, como faz Barack Obama, a cada manhã, antes de dar continuidade ao seu trabalho?
Quando Obama não está disponível, é o seu porta-voz que assume esse papel. Só que para isso é necessário que primeiro haja uma agenda da presidência para se trabalhar. Segundo, um porta-voz. Terceiro, ele tem de estar à altura da sua missão. Aliás, uma missão importantíssima do porta-voz é desmontar falsas informações plantadas pela mídia em geral e pela oposição e esclarecer dúvidas. Ao mesmo tempo, ser uma ponte direta com a população brasileira, não apenas com os eleitores de Dilma.

Por que a presidenta reiteradamente opta por jornalistas cinco estrelas da grande imprensa para tocar a Secom sem que eles tenham genuína afinidade com seu projeto progressista?

HELENA, O CONTROLE REMOTO E A CAPITULAÇÃO AOS INTERESSES DAS SEIS FAMÍLIAS 

De 1º de janeiro de 2011 a 31 de janeiro de 2014, a Secom/PR teve como ministra-chefe a jornalista Helena Chagas, que assessorou Dilma desde a campanha eleitoral em 2010.
Helena é uma colega gentil, de bom trato, mas que demonstrou ter visão equivocada sobre o papel estratégico da comunicação. Um dos lances mais emblemáticos dessa fase é o famoso “controle remoto”, de triste memória.

Dilma, sempre que questionada sobre a regulação dos meios de comunicação, repetia que o único controle que existe é o controle remoto, de forma que a pessoa possa mudar de canal de TV. Este virou seu mantra: “Não conheço outro tipo de controle da mídia. Sou rigorosamente contrária ao controle do conteúdo. É inadmissível censura à imprensa”.

Interpretação totalmente errada, que reproduz o pensamento da velha mídia. É como se as seis famílias que detêm o monopólio da comunicação no Brasil tivessem assento garantido e perene na Secom.

Infelizmente, nos três primeiros anos do mandato, Dilma, por falta de orientação ou ensejada por Helena Chagas, embarcou na mentira defendida pela velha mídia, que, até hoje, por má-fé  insiste em dizer que a regulação é “censura” e “atentado à liberdade de expressão”.

Resultado: na recente campanha eleitoral de 2014, o “controle remoto” virou “bumerangue atômico”, que, por pouco, não devastou a reeleição de Dilma.

Helena, aliás, não moveu uma palha para tornar mais equilibrada a relação do governo com os veículos da mídia tradicional. Ao contrário. Capitulou diante dos interesses das seis famílias monopolistas, tanto na relação quanto na distribuição de verbas de publicidade.

Valendo-se do critério da “mídia técnica”, baseado na audiência/tiragem, Helena favoreceu os maiores, contribuindo para a concentração na área (veja aqui e aqui).

Helena também não deu a devida importância à internet em geral, apesar de foi o único meio em franco crescimento. Em relação à blogosfera progressista, menos ainda. Éramos malvistos, devido às nossas críticas à sua atuação.

Os investimentos publicitários da Secom/PR em 2012 confirmam. De R$ 1,8 bilhão dos recursos, a internet ficou na rabeira, recebendo 5,32% dos investimentos, isto é, R$ 94 milhões. Os sites/blogs progressistas atingiram R$ 2,9 milhões. Ou seja, 3% do planejado para internet.

Na verdade, na gestão Helena Chagas, a Secom/PR financiou principalmente os grandes portais e os sites da velha mídia, todos de linha editorial conservadora, de direita. Reproduziu, assim, na internet o mesmo critério adotado em relação à mídia tradicional. Não à toa o chororô dos seus colunistas, quando Helena deixou a Secom no final de janeiro de 2014. Eles trataram a sua substituição pelo jornalista Thomas Traumann quase como um golpe. Traumann era até então porta-voz do governo Dilma, embora raras vezes tenha sido visto oficialmente exercendo esse papel.


TRAUMANNMST, MATÉRIA CONTRA LULA E FLEXIBILIZAÇÃO DA VOZ DO BRASIL
Traumann é o atual ministro-chefe da Secom/PR. Ele trabalhou nas revistas Veja, Época e no jornal Folha de S. Paulo.

Em reportagem de 2001, na Folha, ele tratava as ocupações do MST como “invasões”, tal qual os ruralistas e arqui-inimigos do movimento, como Ronaldo Caiado e Kátia Abreu, a nova ministra da Agricultura:

Os importadores são considerados adversários porque o MST passará a ter como uma das suas principais bandeiras a “soberania alimentar”, a proposta para que o país produza internamente todos os alimentos que consome. Isso não significa, porém, que o MST vá parar com as suas mobilizações tradicionais. Mais de 1.500 famílias estão acampadas na beira de rodovias do Rio Grande do Sul em uma prévia de novas de invasões de terras.
O que multinacionais de biotecnologia, importadores de alimentos e invasões de terra têm em comum? A resposta foi dada em uma palestra recente pelo líder do MST João Pedro Stedile.

 Será que ele pensa assim até hoje?

Em maio de 2014, o Viomundo publicou: Autor de reportagem de Veja contra Gushiken é contratado da Secom.

A matéria se referia ao jornalista Ronaldo França, que na edição de 6 de julho de 2005 da revista Veja, publicou a reportagem que começou a assassinar a reputação de Luiz Gushiken e a derrubá-lo do cargo de ministro-chefe da Secom: Ação entre amigos.

Na época, dissemos:

Independentemente da duração do trabalho e da qualificação do jornalista, essa contratação é estranha.
É mais do que um deboche. É um desrespeito à memória de Gushiken. É tapa na cara da família. É bola nas costas da militância, que sua a camisa e amassa barro. ´É um emblema de como Dilma, a direção do PT e o governo lidam com a Comunicação e estão reféns da mídia tradicional.

Ronaldo trabalhava como assessor especial justamente na Secom, que Gushiken chefiou. Ele foi levado para lá no início da gestão Traumann, como ministro-chefe da Secom/PR.
Curiosamente, 39 dias após a reportagem de França contra Gushiken, Traumann publicou na Época denúncia contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi matéria de capa da edição de 15 de agosto de 2005. E o título era: Lula sabia.

Secom - Traumann

Thomas Traumann e Gustavo Krieger entrevistaram o então presidente do Partido Liberal (PL),
Valdemar da Costa Neto, que detalhou como teria recebido malas de dinheiro de Marcos Valério, supostamente a mando do PT.

Traumann é um cavalheiro. Assumiu a chefia da Secom em fevereiro de 2014. Em 12 de março, participou de um almoço, em Brasília, oferecido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – Abert. Na ocasião, afirmou: “o Poder Executivo está disposto a apoiar a flexibilização do horário da Voz do Brasil“,  uma das mais antigas bandeiras da Abert.

Secom- Traumann
Traumann discursando no almoço oferecido pela Abert, em Brasília

Em junho de 2014, atendendo à Abert, a Secom/PR optou por flexibilizar o horário do programa de 60 milhões de ouvintes, editando a Medida Provisória 648. Ela permitiu que, durante a Copa do Mundo (12 junho a 13 de julho), a Voz do Brasil fosse exibida entre as 19h às 22h — sem qualquer tipo de fiscalização.

Paradoxalmente, isso aconteceu no momento em que o governo precisava levar mais informações à população para combater o discurso da grande mídia contra a Copa.

Em setembro, em pleno processo eleitoral, a Secom determinou ainda a retirada do ar da TV NBR, entre 0h e 08h. A NBR é a única emissora que transmite as informações oficiais do governo para todo o País. Por que tal medida?

Para completar, o atual ministro não mudou a lógica de distribuição de verbas publicitárias, privilegiando aqueles mesmos veículos que dia e noite fazem campanha contra Dilma, o partido e suas ações. Quem manda na publicidade do governo continua sendo o secretário-executivo da época de Helena Chagas, o “bacaníssimo” Roberto Messias (veja aqui e aqui).

Certamente alguns devem estar se perguntando: para que relembrar esses fatos nessa altura do campeonato?

Para reflexão nossa. O governo Dilma, em hipótese alguma, pode cometer no segundo mandato os primários e graves erros na área de comunicação dos seus primeiros quatro anos.
A perspectiva é de muita guerra. A grande mídia e a oposição não vão dar trégua. E se Dilma não tiver uma equipe competentíssima, afinada sinceramente com o seu projeto progressista, vai ser uma tragédia.

O governo Dilma gosta de dormir com o inimigo? É muita promiscuidade. Por exemplo, eu sei de um ex-ministro que durante o seu mandato tinha em São Paulo um assessor de imprensa, que, por acaso, era o mesmo de um secretário tucano do governo Alckmin.  Como assim?! Pesquisem e descubram.
É cada vez mais comum no governo federal a contratação de empresas de assessorias de imprensa para prestar serviços específicos, até briefings e planejamento de campanhas estratégicas para o governo federal.

Acontece que: 1) algumas delas têm como donos tucanos explícitos & cia; 2) em geral, elas servem a vários senhores, inclusive da direita e da ultradireita que querem destruir o PT e a possibilidade de um governo voltado para o social.

Portanto:

1) Para se implementar uma nova política, a gestão da comunicação não pode ser terceirizada a empresas ou a ex-funcionários proprietários de empresas.

2) Por ser um espaço estratégico, a Secom deve ser ocupada por quadros comprometidos com o projeto, que compartilhem valores que movem um governo progressista.

3) Na comunicação institucional, é preciso subverter a lógica tradicional que prioriza a relação do governo com a chamada grande imprensa. Essa relação reducionista impede a articulação de ações integradas e inovadoras que potencializam uma comunicação mais direta, transparente e ampla entre o governo e a sociedade como um todo.

4) A Secom precisa exercer o papel de coordenadora da comunicação do governo junto aos ministérios, para articular política e estrategicamente uma agenda e um discurso capazes de influir no debate político nacional. E não ficar refém do discurso da grande mídia como tem sido até agora.

5) A Secom tem de ser tudo ao mesmo tempo: coordenadora das grandes linhas de comunicação e disseminadora de informações, assessora de imprensa e analista política. Sobretudo ser rápida no gatilho. Sair na frente, agir, partir para ataque.

Essas são as luzes que Dilma deveria lançar na sua nova Secom/PR. Afinal, quem não faz, toma.
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Contraponto 15.738 - "1° de janeiro de 2015 é o primeiro dia de 2018"

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30/12/2014

1° de janeiro de 2015 é o primeiro dia de 2018

Tijolaço - 30 de dezembro de 2014 | 11:16 Autor: Fernando Brito
lula2018

Fernando Brito 

Dilma Rousseff quase termina a montagem de seu ministério com a habitual falta de novidades.

O que é um bom sinal porque, a esta altura, com a indicação de Joaquim Levy para a Fazenda é o suficiente para marcar as mudanças na política que a Presidenta quer sinalizar: a necessidade num ajuste das contas públicas que lhe permita seguir o mesmo rumo econômico de estímulo à empresas e ao emprego no Brasil, no fundo o que está lhe valendo toda – ou quase toda – o desgaste de ser apontada como má gestora na economia: a imensa massa de desonerações tributárias concedidas às empresas – sobretudo na carga fiscal e parafiscal sobre a folha de salários.

Não creio que sejam administrativos os problemas que a aguardam neste segundo mandato.

São políticos e é aí que se anunciam as maiores carências da equipe que Dilma montou, salvo raras exceções.

Mas é preciso ter claro o que se pretendeu neste processo e entender as limitações objetivas do que se tem pela frente.

Janeiro será o mês do primeiro enfrentamento ou da primeira composição: a eleição do Presidente da Câmara e a solução que se dará a Eduardo Cunha.

Enfrenta-lo e vencê-lo ou conseguir uma composição  extremamente difícil e custosa.

Não há possibilidade de pretender a primeira hipótese sem uma composição com o “baixo clero” parlamentar, o que tem seu preço.

De outra forma, este baixo clero vai obter, talvez maior, seu naco no Governo, a cada necessidade de aprovação parlamentar às medidas de governo sob a cobertura feroz de Cunha.

Não deveria ser assim o início de um Governo eleito pela maioria absoluta da população, que a esta altura deveria estar unicamente concentrado na realização daqueles objetivos expressos no voto popular e contando, para isso, com o apoio dos demais poderes e instituições nacionais.

Mas é, porque o Governo Dilma se defronta, agora desde a sua sagração pelo eleitor, com uma indisfarçada oposição – não raro à conspiração – que visa a uma só coisa: derrubá-lo.

Disseminou-se – e muito além da mídia, que é seu tambor – um udenismo (dizê-lo golpista é pleonasmo) que pensa em relação a Dilma aquilo que resumia a frase de Carlos Lacerta em 1950:

“O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.”

Não comparo, obviamente, Dilma a Getúlio Vargas.

Comparo Lula.

Só há, hoje, uma maneira de evitá-lo em 2018.

Derrubar ou transformar o Governo Dilma em um desastre total.

A radicalização de direita não vai abrandar.

A de esquerda não é a resposta.

Mas o silêncio também não, e muito menos.

E é por isso que a carência de polêmica – que não é exclusiva do Presidenta, mas igualmente do PT – é o que mais faz falta hoje para que se possa entender o Governo, sem o que é impossível defender um Governo sob permanente e feroz ataque.

PS. Se, para muitos, os nomes dos novos ministros diz pouco, um deles, a mim, diz muito. O de Carlos Eduardo Gabas, a quem conheci quando fui para Brasília e a quem aprendi a respeitar e admirar como pessoa e como administrador. Eficiente, focado, justo e prudente sem deixar de ser firme e ético e, ao mesmo tempo, de imensa simplicidade pessoal, a qual temo ofender com este simples comentário. Desde Lula, depois com Dilma, sempre foi colocado onde era preciso ter alguém capaz de juntar seriedade administrativa com ótima capacidade de relacionamento. Em poucos meses, desenvolvemos absoluta confiança mútua nos  assuntos administrativos que juntos tivemos de tratar, a qual, de minha parte, prossegue na política, que jamais Gabas vi confundir com politicagem. Ser ministro de direito não é novidade para quem já o foi, tantas vezes, na prática e por interinidade. Não lhe subirá a cabeça de soldado político e não desejo a ele nada que seja diferente de ser o que sempre o vi ser.
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Contraponto 15.737 - "Petrobras encara cartel e bloqueia 23 empresas"

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30/12/2014

Petrobras encara cartel
e bloqueia 23 empresas


“Vamos ver se a Justiça tem, em relação aos corruptores, a mesma coragem que tem – e deve ter – em relação aos corruptos”


Conversa Afiada - 30/12/2014 

De Latuff Cartoons (via Djair Galvão, no twitter)



Saiu no Valor:


Petrobras bloqueia 23 grupos suspeitos de corrupção


SÃO PAULO – A diretoria da Petrobras determinou que empresas dos grupos citados nas denúncias de corrupção envolvendo a empresa sejam temporariamente impedidas de participar de licitações.


A adoção dessa medida cautelar, em caráter preventivo, tem por finalidade resguardar a petroleira e suas parceiras de danos de “difícil reparação financeira” e de prejuízos à sua imagem, de acordo com o comunicado ao mercado, divulgado na noite de ontem, segunda-feira.

(…)



Em tempo:


Sobre o assunto, o Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:

Petrobras diz à Justiça: muito bem, querem punir os corruptores?


O anúncio feito pela Petrobras de que suspendeu o direito de praticamente todas as empresas de construção pesada de participarem de licitações e, por consequência, serem contratadas pela empresa tem um sentido político que vai além, muito além, do óbvio significado administrativo.


São 23 empresas – praticamente todo o ranking  da construção pesada –  atingidas: Alusa, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, Construcap, Egesa, Engevix, Fidens, Galvão Engenharia, GDK, Iesa, Jaraguá Equipamentos, Mendes Junior, MPE, OAS, Odebrecht, Promon, Queiroz Galvão, Setal, Skanska, Techint, Tomé Engenharia e UTC.


É obvio que elas irão à Justiça – e neste caso, à Justiça Federal – para contestar a decisão da estatal.


Que vai decidir se, por conta das denúncias da Operação Lava-Jato, elas podem ser punidas com o impedimento de licitar, isto é, se todos os contratos que viessem a firmar, a partir de agora, estariam sob “suspeição prévia”.


Ou seja, se devem ser impedidas de trabalhar num setor onde a grande maioria das obras é, direta ou indiretamente, contratada pelo setor público.


E se, portanto, o Brasil terá de apelar para empreiteiras estrangeiras, que passam a ser a quase única alternativa para fazê-las.


Não parece improvável que o ato administrativo da Petrobras será derrubado no Judiciário, talvez até por liminar.


Mas a empresa, então, passa ao Judiciário a questão essencial: a corrupção parte de quem se corrompe no setor público ou de quem, no mundo dos negócios privados, onde não se presta conta do que se ganha ou do que se gasta, os corrompe?


Paulo Roberto Costa e os outros “ladrões de carreira”, que subiram nas estruturas da Petrobras se associando à carreira de ladrões muito abundante nos negócios privados não são os únicos vilões.


Vamos ver se a Justiça tem, em relação aos corruptores, a mesma coragem que tem – e deve ter – em relação aos corruptos.


A Petrobras, como se vê, está tendo.





Em tempo2: A nota à imprensa da Petrobras:

Abertura de Comissões para Análise de Aplicação de Sanção Administrativa e Bloqueio Cautelar


Em reunião da Diretoria Executiva da Petrobras realizada hoje, foi aprovada a constituição de Comissões para Análise de Aplicação de Sanção (CAASE) e o bloqueio cautelar de empresas pertencentes aos grupos econômicos citados como participantes de cartel nos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e do Sr. Alberto Youssef prestados, em 08 de outubro de 2014, em audiência na 13ª Vara Federal do Paraná, bem como nos depoimentos prestados no âmbito do acordo de colaboração premiada do Sr. Julio Gerin de Almeida Camargo (Grupo Toyo) e do Sr. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (Grupo Setal), que a Petrobras teve acesso em 03 de dezembro de 2014, todos deferidos como prova emprestada pelo Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR, e que indicam, como participantes de cartel, os seguintes grupos econômicos:


1)      “Alusa”

2)      “Andrade Gutierrez”

3)      “Camargo Corrêa”

4)      “Carioca Engenharia”

5)      “Construcap”

6)      “Egesa”

7)      “Engevix”

8)      “Fidens”

9)      “Galvão Engenharia”

10)   “GDK”

11)   “IESA”

12)   “Jaraguá Equipamentos”

13)   “Mendes Junior”

14)   “MPE”

15)   “OAS”

16)   “Odebrecht”

17)   “Promon”

18)   “Queiroz Galvão”

19)   “Setal”

20)   “Skanska”

21)   “TECHINT”

22)   “Tomé Engenharia”

23)   “UTC”

A constituição das CAASEs de acordo com o critério acima referido e o bloqueio cautelar levam em consideração, além dos depoimentos acima mencionados, a fase 7 da “Operação Lava Jato”, deflagrada em 14 de novembro de 2014, com a prisão de executivos e ex-executivos de empresas e o recebimento pelo Poder Judiciário, entre 12 e 16 de dezembro de 2014, das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (ações penais) por crimes em desfavor da Petrobras decorrentes das investigações da “Operação Lava Jato”.

As referidas empresas serão temporariamente impedidas de serem contratadas e de participarem de licitações da Petrobras.


A adoção de medidas cautelares, em caráter preventivo, pela Petrobras tem por finalidade resguardar a Companhia e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à sua imagem.


A Companhia notificará as empresas do bloqueio cautelar e respeitará o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Por fim, a Petrobras reitera seu compromisso pela ética e transparência nos seus negócios e a necessidade de adoção de medidas de compliance consolidadas no Manual do Programa Petrobras de Prevenção da Corrupção (PPPC), que trata expressamente da aplicação de sanções às empresas fornecedoras que não atuarem de forma condizente com o Código de Ética e os demais itens do próprio PPPC.




Leia mais:

BELLUZZO: CRIME DO PETROLÃO É O CARTEL!

Contraponto 17.736 - "Dilma arriscou, mas pode ter montado o melhor ministério depois do primeiro de Lula"

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30/12/2014 

 

Dilma arriscou, mas pode ter montado o melhor ministério depois do primeiro de Lula

 


Por Renato Rovai dezembro 30, 2014 09:37 

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 Dilma arriscou, mas pode ter montado o melhor ministério depois do primeiro de Lula

Dilma fez uma clara opção pela política na formação de seu novo ministério e tende a consolidar uma equipe de governo forte e com personalidade. O que é um traço muito diferente do primeiro ministério que formou em 2011, onde além dela reinava Palocci, que acabou sendo atropelado por denúncias ainda nos primeiros meses no cargo.

Além dos nomes já anunciados, Dilma ao que tudo indica deve, entre outras coisas, manter José Eduardo Cardozo, Mercadante e Arthur Chioro em seus cargos e trazer de volta Juca Ferreira e Celso Amorim para os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores.

Se isso vier a se confirmar, as escolhas terão seguido um recorte muito específico, o de buscar em cada segmento pessoas que ou não criem problemas com os representantes do setor onde vão atuar ou sejam fortes politicamente o suficiente para compensar algum desgaste com votos no Congresso e força nas estruturas partidárias.

Kassab nas Cidades e Kátia Abreu na Agricultura, nomes bastante questionados, seguem esse padrão. Mas não se pode deixar de dizer que Berzoini nas Comunicações e Patrus no Desenvolvimento Agrário, por exemplo, também. Ambos têm força nos movimentos sociais petistas e clara posição mais à esquerda nos setores que vão atuar.

Ao optar por Berzoini nas Comunicações, Dilma parece deixar claro que a agenda da regulamentação da mídia será uma de suas prioridades. Se quisesse dar um sinal mais ameno para o setor empresarial da área, tinha outros nomes para o cargo.

Da mesma forma, se quisesse ignorar o MST, a presidenta não chamaria Patrus, que tem posições alinhadas com o movimento para o seu ministério.

As avaliações que dão conta de uma derrota da CUT por talvez não indicar o ministro do Trabalho não se sustentam. Carlos Gabas, novo ministro da Previdência, é um quadro do movimento sindical e tem ótimas relações com a atual direção da Central. E Berzoini nas Comunicações era tudo o que os dirigentes sonhavam no mais belo sonho da campanha. Essa área é considerada por grande parte dos sindicalistas como mais estratégica hoje para a luta dos movimentos que o próprio Ministério do Trabalho.

Dilma fará sua reunião de ministério a partir do ano que vem com pessoas de diferentes espectros políticos, mas que sabem fazer política e que têm capacidade de articulação. Se a receita vai funcionar é outra história. No futebol não é incomum um time juntar um monte de craques e fazer uma campanha pífia. O Flamengo uma vez contratou Romário, Sávio e Edmundo com o objetivo de montar o melhor ataque do mundo. E ficou entre os piores. Não é fácil organizar um time onde muita gente tem vocação pra ser craque e capitão. Administrar essas vaidades e veleidades parece que vai ser o grande desafio de Dilma. O atual ministério não vai aceitar ficar tomando bronquinhas de Mercadante e nem ser comandado pelas planilhas de Joaquim Levy.

Foto de capa: Agência Brasil, Fotos Públicas e EBC

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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Contraponto 15.735 - "Francisco, o personagem político de 2014, por Gilson Caroni Filho"

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29/12/2014

Francisco, o personagem político de 2014, por Gilson Caroni Filho  

 







Quem foi o personagem político de 2014? Para mim, sem qualquer sombra de dúvida, o Papa Francisco. E antes que um " revolucionário" anticlerical tenha uma crise histérica, vamos aos fatos.

1) Não seria possível lutar por reforma agrária no Brasil sem o apoio inestimável da Comissão Pastoral da Terra, alvo de ataques dos dois papas que precederam Francisco.

2) Não fosse o trabalho incansável do Conselho Indigenista Missionário, a situação dos índios estaria bem pior do que já está.

3) Haveria Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ( MST) sem o apoio logístico e ideológico dos setores progressistas da Igreja? Claro que não.

4) Quando falamos em trabalhar politicamente a sociedade, para que ocorram mudanças estruturais, como ignorar os avanços promovidos pelas Comunidades Eclesiais de Base? Como pensar o surgimento do novo sindicalismo dos anos 1980 e do próprio PT sem estes magníficos embriões?

5) Não bastasse o papel central do novo papa no restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, leio que ele recorrreu a Leonardo Boff para elaborar uma nova encíclica. E isso é um ótimo sinal. Perguntem a João Pedro Stédile o que ele acha?

6) Por fim, para os que gostam de associar Igreja a retrocessos e, sem dúvida, ela participou de vários, gostaria de lembrar a importância do clero progressista na Revolução Sandinista e na resistência em El Salvador. Sem esquecer o que é tão óbvio: a contribuição de bispos e padres, quase todos ligados à Teologia da Libertação, para a redemocratização do nosso país.

Por tudo isso, eu aposto no Chico. Estou muito longe de ser carola, mas pergunto aos anticlericais: que avanço vocês promoveram nos últimos 30 anos?
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Contraponto 15.734 - EXCLUSIVO: “Estamos, sim, diante de um caso escandaloso”, diz tributarista sobre sonegação da Globo

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29/12/2014


EXCLUSIVO: “Estamos, sim, diante de um caso escandaloso”, diz tributarista sobre sonegação da Globo


O advogado tributarista Machione: “Estamos, sim, diante de um caso escandaloso de sonegação”

Esta é uma nova reportagem da série do DCM sobre o processo de sonegação da Globo na compra dos direitos da Copa de 2002. As matérias foram patrocinadas pelos leitores através de crowdfunding. Leia aqui as demais reportagens.

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Nosso nosso projeto é uma investigação do caso da falta de água em São Paulo e o papel da Sabesp e do governo Alckmin. Clique para participar. 


No dia 2 de janeiro de 2007, quando o processo da TV Globo desapareceu dos escaninhos da Receita Federal, no Rio de Janeiro, a empresa devia ao Fisco mais de R$ 615 milhões, incluindo juros e multas, pela sonegação de impostos devidos pela aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo em 2002. Quase oito anos depois, ainda permanecem sem resposta duas perguntas essenciais: a Globo quitou o débito? Se quitou, quanto deixou nos cofres da Receita Federal?

A resposta está no inquérito da Polícia Federal registrado sob número 0017221-36.2014.4.02.5101 na 8ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro. Mas é impossível ter acesso a ele. O inquérito foi arquivado sob segredo de justiça. Para o público, só está disponível a decisão da juíza, que atendeu à manifestação do Ministério Público e da Polícia Federal.

A decisão, assinada pela juíza Valéria Caldi Magalhães, tem uma só página e a palavra Globo ou Globopar não aparece uma única vez.

“Tratando-se de procedimento meramente investigativo, em que exerce o Judiciário apenas tarefa anômala de fiscalização das manifestações ministeriais de arquivamento ou de garantia de direitos individuais constitucionalmente assegurados, incumbe à autoridade que conduziu as investigações adotar as medidas necessárias à atualização de registros que ela própria inseriu”, escreveu a juíza.

Um criminalista a quem mostrei a sentença disse que o Poder Judiciário se comportou como Pôncio Pilatos (“lavou as mãos”), mas no direito brasileiro o caminho é esse mesmo. Quem investiga é a Polícia e o Ministério Público.

No inquérito da Globo, a juíza deixou uma brecha para que a investigação seja retomada, ao escrever que sua decisão era “sem prejuízo do disposto no art. 18 do CPP”. Em bom português, se surgirem fatos novos, retoma-se a investigação.

O inquérito foi aberto para apurar se houve o crime definido pelo artigo 1º da lei 8137/90. Diz a norma que é crime “suprimir ou reduzir tributo”, mediante algumas condutas, como “elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato”. A pena é de dois a cinco anos de reclusão, mais o pagamento de multa.

O advogado tributarista Jarbas Machione, a quem mostrei o processo da Receita Federal que multou a Globo por sonegação, diz não ter dúvida. “Estamos, sim, diante de um caso escandaloso de sonegação”, afirmou.

A Globo utilizou empresas controladas por ela mesma no Uruguai,  Ilha da Madeira, Holanda, Antilhas Holandesas e Ilhas Virgens Britânicas para simular negócios que existiam apenas no papel. “O objetivo é claro: não pagar imposto no Brasil”, afirma Machione.

O advogado diz que a utilização de empresa em diferentes países era uma estratégia para dificultar o rastreamento da operação. “Na época, se acreditava que, se se fizesse o dinheiro circular por vários países, eram criadas mais barreiras e isso tornava a fiscalização muito difícil, senão impossível”, diz.
O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf também usou essa estratégia, no caso dele, segundo o Ministério Público do Estado de São paulo, para esconder o dinheiro da corrupção. Mas, assim como a Globo, Maluf acabou descoberto.

“Posso apostar que a denúncia contra a Globo partiu de fora para dentro. São acordos internacionais, em que autoridades estrangeiras, ao tomarem conhecimento de uma operação suspeita sob seus domínios, comunicam à autoridade do país conveniado”, afirma o advogado.

No Brasil, quem faz o intercâmbio com a comunidade internacional é o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), criado em 1998, ainda na gestão de Fernando Henrique Cardoso, como parte de um movimento mundial coordenado de combate à lavagem de dinheiro.
O alvo inicial era cortar as fontes de financiamento do terrorismo e do narcotráfico, mas nas grandes lavanderias de dinheiro sujo as autoridades encontraram corruptos e sonegadores, como, ao que tudo indica, foi o caso da Globo.

globo - inquérito
No Brasil, o pagamento do tributo extingue a punibilidade. Mas não isenta o acusado de responder por lavagem de dinheiro. O advogado Jarbas Machione não tem dúvidas quanto à sonegação, mas diz que não encontrou no processo da Receita Federal elementos para apontar a ocorrência de outros crimes.

Em 2012, a Tribunal Federal da Suíça revelou que dois dirigentes da Fifa, João Havelange e Ricardo Teixeira, receberam R$ 45 milhões de suborno para favorecer a empresa que adquiriu os direitos de transmissão da Copa do Mundo em 2002 e também em 2006 para o território brasileiro.

O processo estava em segredo de justiça, mas as autoridades suíças decidiram tornar pública a informação, em nome do “relevante interesse público”. É óbvio que a empresa em questão se trata da Globo, mas os jornais que deram a notícia na época não citaram o nome da empresa da família Marinho.

O jornalista Andrew Jennings, que escreveu dois livros sobre corrupção na Fifa, “Jogo sujo” e “Jogo cada vez mais sujo”, esteve no Brasil em julho e participou de uma conferência na Bienal do Livro em São Paulo. Eu estive lá e fiz uma pergunta a ele: “Existe corrupção para a aquisição de direitos de transmissão de TV da Copa do Mundo?”

“Sim”, ele disse. “O jogo para ficar com o direito de transmissão é muito pesado na Ásia, menos na Europa, pouco na América do Norte e muito na América do Sul.” E no Brasil? “Também”, disse, sem dar mais detalhes.

A seu lado, o jornalista Juca Kfouri pediu a palavra e, em português, comentou, sabendo que Jennings o acompanhava pela tradução simultânea. “Não sei por que o Andrew Jennings não quis se aprofundar no tema. Mas ele sabe que a transmissão da Copa é um jogo de tubarão”, disse.
Nas manifestações de junho de 2013, quando surgiram na internet as primeiras denúncias de que a Globo sonegou os impostos na aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002, algumas manifestações aconteceram em frente à emissora, em que cartazes foram erguidos para protestar contra a sonegação.

Na Inglaterra, a indignação contra a evasão fiscal provocou protestos mais barulhentos. Os ingleses foram à porta da cafeteria Starbucks, acusada de não recolher os impostos devidos no país, o que provocou a abertura de uma investigação pelo Parlamento Britânico, em que não apenas executivos da Starbucks tiveram que prestar esclarecimentos, mas também representantes da Amazon e da Google.

“No Brasil, o grito hoje é contra a corrupção, o que está correto, mas só seremos uma nação verdadeiramente moderna quando a população considerar a sonegação tão nociva quanto a corrupção e protestar, como fizeram com a Starbucks em Londres”, afirma o tributarista Jarbas Machione.

globo - ricardo teixeira
Ricardo Teixeira, presidente da CBF em 2002
 
 
 
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. Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquim.gil@ig.com.br.
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Contraponto 15.733 - "Movimentos sociais e centrais articulam frente de esquerda"

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29/12/214

 

Movimentos sociais e centrais articulam frente de esquerda


Do Viomundo - publicado em 26 de dezembro de 2014 às 15:24


lula na entrega das chaves do conjunto João Cândido


A convite de Guilherme Boulos, do MTST, Lula foi à inauguração de um conjunto habitacional gerido pelo movimento, na Grande São Paulo. Foto: Danilo Ramos/RBA

Atos pós-eleição estimulam movimentos sociais a articularem ‘frente de esquerda’
Ricardo Galhardo, no Estadão, via A Tarde

Cerca de 40 líderes de movimentos sociais, centrais sindicais e partidos como PT, PSOL, PC do B e PSTU começaram a articular a criação de uma frente nacional de esquerda e já preparam uma série de atos e manifestações para 2015. O objetivo dessa mobilização é o de se contrapor ao avanço de grupos conservadores e de direita não só nas ruas, mas no Congresso e no governo federal.

A primeira reunião do grupo ocorreu na semana passada, em um salão no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Participaram lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Central de Movimentos Populares (CMP), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Via Campesina, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Consulta Popular, Intersindical e Conlutas, além de representantes dos quatro partidos e integrantes de pastorais sociais católicas.

A iniciativa partiu de Guilherme Boulos, do MTST, que no sábado havia feito elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração de um conjunto habitacional gerido pelo movimento, na Grande São Paulo. Dias depois, Lula, que é cotado para disputar o Palácio do Planalto em 2018, divulgou vídeo no qual diz que é preciso “reorganizar” a relação com os movimentos e partidos de esquerda se o PT quiser “continuar governando o Brasil”. Boulos não quis comentar a criação da nova frente. “Isso ainda não foi publicizado”, disse.

Participantes da reunião negam que a frente tenha caráter eleitoral. Segundo eles, a frente popular de esquerda (ainda sem nome definido) vai agir em duas linhas. A primeira é atuar como contraponto ao avanço da direita nas ruas e no Congresso. Após os protestos contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff, esses grupos também preparam maior articulação.

A segunda é buscar espaço dentro do governo Dilma para projetos que estejam em sintonia com a agenda da esquerda, como reforma agrária e regulação da mídia. “Vamos fazer a disputa dentro do governo”, disse Raimundo Bonfim, da CMP. Os movimentos que participaram da reunião preparam um cronograma de manifestações que começa com atos pela convocação de uma constituinte exclusiva para a reforma política na posse de Dilma, no dia 1.º.

Em 1º de fevereiro, quando tem início a nova legislatura, um ato no Congresso vai pedir a cassação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro. “Em torno destas atividades deve se buscar uma unidade. O primeiro semestre deve ser de muita instabilidade política”, disse o deputado Renato Simões (PT-SP). Segundo ele, outra missão da frente de esquerda será enfrentar na rua o “golpismo” representado, segundo ele, por grupos que pedem o impeachment de Dilma.

A previsão de instabilidade tem base nos desdobramentos da Operação Lava Jato. No ano que vem a Procuradoria-Geral da República deve se pronunciar sobre políticos citados no caso.

Segundo o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que também participou da reunião, os grupos e partidos sem ligação com o governo vão cobrar apuração e punição dos desvios, mas sem estímulo à venda do patrimônio estatal. “Não vamos permitir que os escândalos sejam usados para privatizar a Petrobras.”

Leia também:

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Contraponto 15.732 - "A esquerda e a direita segundo Ariano Suassuna"

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29/12/2014

 

A esquerda e a direita segundo Ariano Suassuna

Reprodução

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

"Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita".

Ariano Suassuna, reproduzido da página do MST


Carta Maior - 24/07/2014


Não concordo com a afirmação, hoje muito comum, de que não mais existem esquerda e direita. Acho até que quem diz isso normalmente é de direita.

Talvez eu pense assim porque mantenho, ainda hoje, uma visão religiosa do mundo e do homem, visão que, muito moço, alguns mestres me ajudaram a encontrar. Entre eles, talvez os mais importantes tenham sido Dostoiévski e aquela grande mulher que foi santa Teresa de Ávila.

Como consequência, também minha visão política tem substrato religioso. Olhando para o futuro, acredito que enquanto houver um desvalido, enquanto perdurar a injustiça com os infortunados de qualquer natureza, teremos que pensar e repensar a história em termos de esquerda e direita.

Temos também que olhar para trás e constatar que Herodes e Pilatos eram de direita, enquanto o Cristo e são João Batista eram de esquerda. Judas inicialmente era da esquerda. Traiu e passou para o outro lado: o de Barrabás, aquele criminoso que, com apoio da direita e do povo por ela enganado, na primeira grande “assembléia geral” da história moderna, ganhou contra o Cristo uma eleição decisiva.

De esquerda eram também os apóstolos que estabeleceram a primeira comunidade cristã, em bases muito parecidas com as do pré-socialismo organizado em Canudos por Antônio Conselheiro. Para demonstrar isso, basta comparar o texto de são Lucas, nos “Atos dos Apóstolos”, com o de Euclydes da Cunha em “Os Sertões”.

Escreve o primeiro: “Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade”.

Afirma o segundo, sobre o pré-socialismo dos seguidores de Antônio Conselheiro: “A propriedade tornou-se-lhes uma forma exagerada do coletivismo tribal dos beduínos: apropriação pessoal apenas de objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia” (isto é, para a comunidade).

Concluo recordando que, no Brasil atual, outra maneira fácil de manter clara a distinção é a seguinte: quem é de esquerda, luta para manter a soberania nacional e é socialista; quem é de direita, é entreguista e capitalista. Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.

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Ariano Suassuna, ícone do Movimento Armorial, faleceu (1927-2014). A melhor homenagem a Suassuna: ouví-lo.
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domingo, 28 de dezembro de 2014

Contraponto 15.731 - "Mídia minimiza colapso da Europa"

 

28/12/2014

Mídia minimiza colapso da Europa 

 

Blog do Miro - domingo, 28 de dezembro de 2014

 

 

Por Altamiro Borges

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  Durante a campanha eleitoral, a mídia tucana evitou dar destaque para o agravamento da crise capitalista no mundo. O objetivo era eleitoreiro. Visava vender a imagem de que apenas o Brasil enfrentava dificuldades na economia. A culpa seria do “intervencionismo” do governo Dilma, que engessaria o “deus-mercado”. Aécio Neves era tratado como político moderno, capaz de destravar o crescimento econômico com suas propostas de austeridade fiscal, redução dos tributos das empresas e flexibilização trabalhista – entre outras receitas amargas do neoliberalismo. Passada as eleições, porém, o noticiário volta a destacar os efeitos nefastos da crise mundial, mesmo sem analisar as causas reais do caos capitalista.

Na sexta-feira (26), a Folha publicou uma série de reportagens sobre a “ressaca europeia”. O especial até tenta insinuar que o pior já passou, mas os dados apresentados são dramáticos. No caso da Grécia, por exemplo, o desemprego atinge 26% da população economicamente ativa – muito acima dos 5% verificados no Brasil. Segundo o repórter Leandro Colon, cinco anos após o colapso, o país “dá sinais tímidos de recuperação em meio à crise que abalou a Europa e levou o país a receber um socorro de € 240 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BCE (Banco Central Europeu)”. No segundo quadrimestre deste ano, ela saiu tecnicamente da recessão e a previsão é de que cresça entre 0,6% e 0,8%.

“O país pode estar retomando fôlego, mas ainda falta muito para devolver a mesma vida aos que sofreram e sofrem os reflexos da crise. A taxa de desemprego continua a mais alta do bloco europeu, em torno de 26%. Cerca de 70% dos desempregados (1,3 milhão de pessoas) não conseguem ocupação há mais de um ano – muitos vagam pelas ruas de Atenas. A dívida pública ronda os 175% do PIB (era de 129% em 2009) em um país cuja economia encolheu 25% nos últimos cinco anos”. Além da grave crise econômica, a Grécia atravessa intensa turbulência política. O parlamento poderá ser dissolvido nos próximos dias devido à sua total incapacidade para eleger o presidente do país.

Outro país analisado é a Irlanda, “o primeiro a deixar o programa de socorro financeiro da Europa”. A situação também é trágica. “No último dia 10, ao menos 30 mil pessoas foram às ruas contra a ‘water charge’, imposto sobre uso de água criado entre os compromissos para receber € 67 bilhões do FMI e do BCE. A Folha acompanhou a manifestação, marcada por confrontos com a polícia. O novo imposto impõe uma despesa anual de € 160 a € 208 por ano às famílias irlandesas e começa a valer a partir de janeiro. ‘Estão jogando no nosso colo uma consequência da crise. É uma forma de fazer a população pagar a dívida do país com a Europa’, diz Dean Mulligan, 23, um dos líderes do último protesto”.

A criação do imposto sobre o consumo da água se soma a outras medidas de austeridade fiscal impostas ao país pela “troika” neoliberal – FMI, Banco Central da Europa e União Europeia. Houve congelamento de 20% dos salários dos servidores públicos; retirada de direitos trabalhistas no setor privado; e redução dos gastos sociais. O desemprego vitima 10,7% da população economicamente ativa e “os jovens continuam deixando a Irlanda, ante a falta de perspectiva. Estima-se que 90 mil cidadãos por ano tenham saído desde 2008”, aponta a “otimista” reportagem da Folha.

Já na Espanha, o desalento da população é geral, apesar do governo de direita se jactar de que a economia voltou a crescer. Segundo o repórter Diogo Bercito, “quem não se gaba são os espanhóis que diariamente fazem fila nos centros de emprego. Mesmo com os avanços da economia, a porcentagem da população ativa sem trabalho é de 24%, o equivalente a 5 milhões. ‘Na minha idade, a única solução é voltar ao meu país natal’, afirma à Folha Nelly Galeas, 50, equatoriana, depois de ir ao posto pedir seguro-desemprego. ‘Não há oportunidade aqui’”. Diante deste quadro, o governo neoliberal de Mariano Rajoy – expressão do ganancioso capital – ainda propõe retirar direitos dos trabalhadores. “Para as autoridades espanholas, uma das razões pelas quais o país enfrenta o desemprego é a rigidez do mercado de trabalho, que encarece as contratações”.

Por último, a Folha analisa a situação de Portugal. Neste caso, nem o jornalista conseguiu amenizar o cenário dramático do país. O governo até cumpriu à risca as imposições da “troika”, mas não há sinais de recuperação da economia. “Portugal teve de levar a cabo cortes com violentos custos sociais, inclusive nas pensões e na proteção a desempregados. Funcionários públicos tiveram salários reduzidos e o imposto de renda subiu. Mas diversas de suas fraquezas, incluindo um alto desemprego, persistem”.

A série de reportagem sobre a “ressaca europeia” poderia servir para a Folha relativizar os impactos da crise econômica no Brasil e até para desaconselhar a adoção do receituário neoliberal, proposto nas eleições pelo tucano Aécio Neves. Mas aí já seria pedir demais ao jornalão da famiglia Frias.

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Leia também:
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Contraponto 15.730 - "Lobão, Marina Silva, Gilmar Mendes… Os 10 piores casos de complexo de messias em 2014"

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28/12/2014


Lobão, Marina Silva, Gilmar Mendes… Os 10 piores casos de complexo de messias em 2014



 
 
 

jesus

 

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O fim do ano é o momento em que nos lembramos do messias JC, mas é impossível deixar de lado os malas sem alça que possuem o complexo de messias. O ano de 2014 foi pródigo em megalomaníacos com fórmulas infalíveis para a salvação do Brasil e, em última análise, do universo.

Alguns tentaram nos livrar de uma ditadura comunista, outros ameaçaram seus discípulos se não seguissem seu voto — em comum, todos incapazes de admitir qualquer erro e eternamente tentando encaixar os fatos em sua visão de mundo. O tipo de gente que estraga qualquer festa de réveillon.


Lobão
lobao

O velho cantor já vinha há alguns anos num ritmo pesado e intenso de paranoia, trocando Herbert Viana pelo PT em sua doideira. Na sequencia da eleição de Dilma, adotou uma longa barba de profeta, copiada do bispo Edir Macedo, e resolveu incorporar o papel de líder revolucionário. Ficou chateado quando tomou um cano de Aécio numa manifestação com 15 pessoas, rompeu com outros colegas de extrema direita, foi até o Congresso com aloprados. Junto com seu guru Olavo de Carvalho e o brucutu Marcello Reis, do grupo Revoltados Online, alertou os brasileiros sobre o socialismo. Sua grande vitória política foi tomar um café com Marco Feliciano.

Gilmar Mendes
Gilmar Mendes


O ministro do STF é o Palpiteiro Oficial da República. Denunciou o perigo do Supremo se converter “numa corte bolivariana”, disse que Lula não passaria no teste do bafômetro, suspeitou de lavagem de dinheiro nas doações para pagar as multas de petistas condenados no mensalão, culpou Dilma pelas suspeitas de fraude nas eleições etc etc. Com exceção, talvez, do futebol, não houve assunto em que Gilmar não tenha emprestado um átimo de sua sabedoria. “Os fatos são chocantes. Há uma cleptocracia instalada”, diz ele. Dependendo do ângulo, Gilmar dá saudade de Joaquim Barbosa.

Joaquim Barbosa
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JB saiu da história para cair na vida, mas não deixa o posto de Batman nem sob decreto. Ninguém mais se importa com o menino pobre que mudou o Brasil, mas no Twitter ele continua trovejando. Entre uma saída e outra para ir ao teatro com a atriz Antônia Fontenelle — ninguém é de ferro — , JB dita os rumos da nação, eventualmente em inglês e francês. “The ousting of a congressman by his peers for his involvement in this disgusting scheme. A new check for the Brazilian political system?”, mandou. “Min Público é órgão de contenção do poder político. Existe para controlar-lhe os desvios, investigá-lo, não p assessorá-lo. Du jamais vu!”. “Du jamais vu” é sua releitura pedante do bordão lulista “nunca antes” etc. Dependendo do ângulo, Barbosa dá saudade de Gilmar Mendes.

Silas Malafaia
malafaia
O pastor mais sem noção da América Latina gritou suas excentricidades ao longo do ano, guiando seu povo contra o PT. Mostrou-se um pé frio. Primeiro apoiou Marina Silva, evangélica como ele. Quando Marina beijou a lona, inclusive por causa de seu apoio, pulou para o barco de Aécio. Quando se trata de Malafaia, tudo assume ares de histeria e convocação divina. Conclamou seus fieis para “tuitaços” que micaram, ameaçou com o fogo do inferno os que votassem em Dilma, mentiu, ofendeu — e perdeu. Malafaia deu voz à estupidez da extrema direita religiosa.

Marina Silva 

Ela surgiu do útero da floresta com a promessa da nova política, batendo na polarização PT-PSDB, se vendendo como uma opção nem de esquerda e nem de direita. Sua candidatura tomou um direto no queixo com quatro tuítes de Malafaia, para sucumbir de vez diante de suas próprias contradições. O fanatismo religioso fez com que utilizasse o velho messias (no caso, Jesus Cristo) para justificar seus problemas, como o da falta de clareza. Segundo ela, Jesus “tergiversava”. Devemos a Marina a popularização do termo “desconstrução”, usado por ela para explicar a tática de seus adversários e hoje aplicado até mesmo em receitas de risoto de frango.

Felipão
Felipão vai deixar Neymar no banco contra Camarões, diz sósia de Felipão

O ex-técnico da seleção jamais assumiu qualquer erro na condução da seleção brasileira. Jogadores choravam antes de bater o escanteio, mas o time não tinha problema de desequilíbrio emocional. Neymar se machuca, os atletas têm um chilique, mas e daí? Até acontecer o inolvidável 7 a 1 diante da Alemanha e, na partida seguinte da Copa, os 3 a 0 para a Holanda. Na coletiva, a casa já em escombros, Felipão deu declarações como “desde 2002 não chegávamos às semifinais”, “disputei três Copas do Mundo e fiquei entre os quatro em todas”, “não jogamos mal” e “tivemos momentos muito bons”. Felipão foi visto no Grêmio.

O juiz da Lei Seca
Ele

Uma agente da Lei Seca dirimiu uma dúvida ancestral: se juízes achavam, mesmo, que eram Deus. Ela cumpriu sua função ao tentar multar o juiz João Carlos de Souza Correa, que dirigia um Land Rover preto sem placa e estava sem a carteira de habilitação no momento da abordagem. (Depois se descobriu que Correa, titular da 1ª Vara de Búzios, é protagonista de uma coleção de imbróglios jurídicos). Mas o doutor Correa não precisa cumprir a lei porque, afinal, está acima de você. “Imagina eu, que faço Justiça, sendo injustiçado. Ela disse: ‘Ele é juiz, não é Deus’. Foi desacato”, afirmou.

Fernão Lara Mesquita e os editoriais do Estadão

Ninguém lê, mas os editoriais do Estadão e os artigos de um dos herdeiros são como uma máquina do tempo em direção ao nada. A missão de resguardar os valores liberais se transforma numa necessidade doentia de orientar seus pobres leitores no sentido de se precaverem diante de qualquer coisa que cheire a bolivarianismo, seja lá o que isso quer dizer. Isso inclui dar conselhos para os EUA sobre como conduzir a reaproximação com Cuba. Fernão Lara Mesquita –fotografado num protesto com um cartaz com os dizeres “Foda-se a Venezuela” — mantém a tradição batendo no inimigo morto da família: Getúlio Vargas. No dia 25 último, escreveu que Getúlio “veio para combater a corrupção, impôs o fascismo como instrumento do desenvolvimento e encarregou o Estado, com o Trabalho e o Capital a reboque, de promovê-lo”.

Edir Macedo

O dono da Universal inaugurou o Templo de Salomão no Brás, em São Paulo, uma atualização brega do santuário arrasado pelos romanos na Antiguidade. Com uma barba de profeta, copiada de Lobão, e um novo cerimonial inspirado em ritos do judaísmo, com direito a quipá e xador, Edir levou Dilma, Alckmin e outros políticos à abertura de sua obra máxima, numa prova de seu poder e prestígio terrenos. Edir vive garantindo a volta de Jesus, mas Jesus provavelmente olha para ele e pensa que é melhor ficar de boa onde está.

Arnaldo Jabor 

Jabor começou a pirar no ano passado, ao mudar de opinião sobre as manifestações em 48 horas. Perdeu o posto de comentarista no Jornal da Globo, mas continua dando conselhos e advertências importantes no rádio e em jornais. O tom apocalíptico cresceu e hoje tem-se a nítida impressão de que o cineasta está trancado numa quitinete no Leblon, com as persianas permanentemente fechadas e um chimpanzé de estimação chamado Igor para servi-lo. Suas memórias andam cada vez mais estranhas. “Um dia, um companheiro (que morreu há pouco) me disse: ‘Não tema a morte. Marx disse que somos seres sociais. O indivíduo é uma ilusão. Para o comunista a morte não existe’. E eu sonhei com a vida eterna”. A reeleição de Dilma aconteceu apesar de seus alertas. “Tudo vai explodir em 2015, o ano da verdade feia de ver”, disse. “Essas são algumas das doenças mentais que estão levando o Brasil para um pântano institucional. Temos que nos salvar desse determinismo suicida”. Deus é pai.


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Sobre o Autor
Kiko Nogueira . Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas...
 

Contraponto 15.729 - "Vinte imagens do Brasil que a mídia não mostra"


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 28/12/2014

Vinte imagens do Brasil que a mídia não mostra

 

 

Existe uma página no Facebook chamada “Já que a mídia não mostra”. Nela são publicas inúmeras fotos e informações das realizações do governo federal que não tiveram o devido destaque na imprensa grande. São universidades, UPA’s, estradas, ferrovias, equipamentos e obras de mobilidade urbana.

Esse espaço é a prova de que os resultados sobre emprego (vivemos a menor taxa de desemprego da História!) e renda dos brasileiros do governo da presidenta Dilma não é por acaso.
Também faz perceber o porquê de a oposição não ter discurso nem agenda política para o Brasil.
As imagens falam por si.

Vejam todas no Blog do Cadu

O Globo cria factóide para confundir eleitor e prejudicar Dilma
Uma das maiores obras do PAC: Ponte Anita Garibaldi em SC impressiona!
Correios desmontam farsa do Estadão





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