O boato do fim do Bolsa Família. A convenção nacional que tornou Aécio Neves (MG) presidente do PSDB. A votação da Medida Provisória dos Portos e a chantagem de uma porção do PMDB. São três fatos e notícias diferentes, mas o pano de fundo é o mesmo: as eleições gerais e a sucessão presidencial em 2014.
 
Eduardo Cunha (RJ) é o líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Para aprovar a chamada MP dos Portos, uma facção do PMDB buscou chantagear o governo. Com o de sempre: cargos e liberação do dinheiro de emendas parlamentares ou a retaliação com o voto contra.
 
Foi assim que o PMDB agiu nos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique e Lula. Assim o PMDB age no governo Dilma. Assim o PMDB agirá no próximo governo, seja quem for o governante.
 
A conversa é antiga; enquanto não houver uma reforma política digna do nome será assim. E Eduardo Cunha é apenas isso: Eduardo Cunha. Não há como ser diferente do que sempre foi.
 
O PMDB, da mesma forma que outros partidos, age assim porque vive e sobrevive de governos e eleições. E no ano que vem tem a eleição geral, e a eleição presidencial. Por isso, a eleição de 2014, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, foi tornado presidente do partido.
 
Por isso, mais uma vez, Serra foi Serra. José Serra discursou na convenção do PSDB falando em "unidade das oposições". Mas não tocou no nome de Aécio, o candidato do seu partido.
 
 Serra enxerga Aécio Neves como adversário. Ou, fiel a seu modo de ser, como "inimigo".
 
Serra não citou o nome de Aécio porque, entre fatores vários, continua querendo ser candidato a presidente da República.
 
Bolsa Família. Ainda não se sabe quem ou quais foram os responsáveis pelo boato. A Polícia Federal tentará rastreá-los, tem prazo legal, inicial, de dois meses. Parece muito difícil chegar à origem. Que seria o Maranhão, de onde se espalhou para, pelo menos, outros 11 estados. Ao que parece, muito mais via telefone do que pelas redes sociais.
 
Sob pena de leviandade, não dá para lançar suspeitas sobre ninguém, nem sobre partido algum, como a princípio, antes de recuar, fez a ministra Maria do Rosário. 
 
Tudo é possível. A polícia talvez nunca encontre a origem. Isso pode até ter nascido de uma brincadeira irresponsável, mas ficam as dúvidas e o aprendizado. As dúvidas são quanto ao quem e por quê.
 
O aprendizado é para quem ainda trata o Bolsa Família e outros programas sociais como algo desprezível. A dimensão e a força da reação ao boato ensinam. Ensinam a quem ainda não aprendeu o que significam, para quase 14 milhões de famílias, esses R$ 24 bilhões – é o montante orçado para 2013.
 
Falta um ano e meio para a eleição. Quem enxerga o Bolsa Família e medidas de redistribuição de renda como "esmolas" deve, enfim, ter aprendido algo diante do tamanho e a força da reação ao boato.