segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Nº 22.314 - "Guerra na PGR começa na festa de posse de Raquel Dodge"

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18/09/2017

Guerra na PGR começa na festa de posse de Raquel Dodge



Do Tijolaço  · 18/09/2017


revirav



POR FERNANDO BRITO


Daqui a minutos começa o ato de posse da nova procuradora geral da República, Raquel Dodge.

Cumpridas as formalidades e assim que sair dali a figura constrangedora de Michel Temer, liberando as conversas de grupos nos corredores, as conversas serão terríveis.

A entrevista do procurador – recém liberto – Ângelo Goulart Villela à Folha é um bambuzal inteiro para que os dois grupos em que se divide o Ministério Público se atirem flechas.

Afinal, Villela, por mais que possa estar se vingando do ex-amigo que o mandou prender – segundo a entrevista, para encobrir seus propósitos políticos -revela o clima de armações e conspirações que tomou conta da instituição.

Janot interpretou que eu havia mudado de lado também para apoiar a Raquel Dodge, a principal e mais importante adversária política dele.

No Encontro Nacional de Procuradores da República, em outubro do ano passado, início de novembro, o Janot soltou uma frase que me chamou a atenção. Estavam eu e mais alguns colegas, poucos, e ele falou: “A minha caneta pode não fazer meu sucessor, mas ainda tem tinta suficiente para que eu consiga vetar um nome”. E ele falava de Raquel, todo mundo sabia.

 A gente sabia que Raquel seria a pessoa indicada. Eu fui tachado por Rodrigo como se tivesse me bandeado para o lado dela. Esse era um alvo da flecha. O outro era que, derrubando o presidente, e até o nome da operação era nesse sentido – Patmos, prenúncio do apocalipse–, ele impediria que Temer indicasse Raquel. Não tenho dúvida alguma que houve motivação para me atingir porque, assim, ele [Janot] lança uma cortina de fumaça, para mascarar essa celeridade de como foi conduzida, celebrada e homologada uma delação tão complexa, em tempo recorde.

O Rodrigo, durante todo esse momento, não se preocupou com os esclarecimentos dos fatos. Fiquei 76 dias preso e até agora não fui ouvido na ação penal e na de improbidade. O Rodrigo só se preocupou com o que era conveniente para manter a versão dele, que hoje os fatos revelam ser meras fantasias. Fui uma pessoa útil. Seja porque ele se sentiu traído, seja porque seria importante ele demonstrar que estava sendo imparcial.

É, como se vê, não só o necessário para ampliar a guerra interna da PGR,  do que já se tratou aqui, mas material até, se não se tratasse de uma instituição de deuses, mas de servidores públicos, para abertura de um procedimento de investigação sobre desvios de conduta de seu ex-chefe e seu grupo dirigente.

Para além da corporação, porém, a entrevista serve para demonstrar que houve uma inversão completa do Direito com os superpoderes do Ministério Público, quando ele aforma que “hoje, prende-se para investigar. O ônus da prova é do investigado, eu que tenho que demonstrar que sou inocente”.

É o “pendura até falar” que se importou de Curitiba, porque o resultado de poder acusar desta forma enche de poder os procuradores que o fazem. A “causa santa” do combate à corrupção justifica qualquer absurdo e deturpação num órgão de Estado onde, na verdade, o que se disputa é poder.

Janot começa agora a suportar aquilo que ele próprio fazia praticar. Dificilmente escapará da execração pública. O único lado positivo é que as entranhas do monstro acusador que se agigantou desde que se tolerou o endeusamento do “açougue de Curitiba”, que depois virou o “matadouro de Brasília”.

Porque a Lava Jato é uma só e, como se viu, engoliu a instituição Ministério Público.


E, que ironia, nos deixa impune Michel Temer, agora mais sólido, o maior dos ladrões, que nos roubou a democracia.

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