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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Contraponto 5581 - "País sem miséria é país sem possoas abandonadas"

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20/06/2011

País sem miséria é país sem possoas abandonadas

Emir Sader*

A pior herança recebida pelo governo Lula do governo FHC foi a desigualdade social. O Brasil era o país mais desigual da América Latina que, por sua vez, era o continente mais desigual do mundo.

Essa desigualdade não era alterada nem em democracia, nem em ditadura, nem em ciclos expansivos, nem nos recessivos da economia brasileira. Era um fator estrutural, herdado da colonização e da escravidão, da persistência do latifúndio, acentuado pelas politicas da ditadura militar de arrocho salarial e favorecimento do grande capital. Não bastasse isso, a década neoliberal dos 90 do século passado, acentuou ainda mais as desigualdades.


As maiores transformações que o Brasil sofreu no governo Lula foram na sua inserção internacional – do privilégio das relações com o norte, para relações prioritárias com o sul – e na diminuição significativa da desigualdade no plano interno.

A articulação entre a política econômica e as políticas sociais promoveu um processo de distribuição de renda, estendendo e aprofundando o mercado interno de consumo popular como nunca havia acontecido na nossa história. A projeção feita pela empresa Data Popular para a revista Carta Capital desta semana projeta para 2014 – o ano do final do mandato atual da Dilma – uma classe C (no critério de distribuição de renda) de 58,5% da população (era de 38,8% em 2002, ano do começo do governo Lula). Os mais pobres, que eram 9,3% em 2002, tornaram-se 4,9% em 2010 e seriam 2,7% em 2014.

Estaríamos numa situação praticamente de erradicação da extrema pobreza, da miséria, com um resíduo muito difícil de chegar a reduzir a zero. Hoje ainda convivemos com mais de 10 milhões de pessoas vivendo (ou, sabe-se lá como, sobrevivendo) com até 39 de reais por mês.

Mesmo com essas transformações extraordinariamente positivas - maior mérito do governo Lula -, não se pode pensar que nos tornamos um país de classe média. A miséria acumulada ao longo de séculos da nossa história não pode ser superada com a elevação do nível de renda em alguns anos. As condições de habitação, de saneamento básico, de educação, de saúde, de transporte, de segurança – para citar apenas alguns problemas – são muito ruins e apenas começam a ser superadas – pelo menos na habitação. Será necessária a continuidade por muitos anos dessa elevação de renda, somada a politicas especificas que melhores substancialmente as condições da educação e da saúde publicas, do saneamento básico, da habitação, do transporte publico, as condições de segurança, para que possamos realmente ter transformado democraticamente a estrutura social brasileira de forma substancial e irreversível.

No entanto, a miséria, a extrema pobreza, não se medem apenas por cifras, por nível de renda. Ao que precisamos chegar é a uma sociedade em que não existam mais pessoas abandonadas, sem amparo, nas ruas ou em outros lugares, privados ou públicos. Uma sociedade a que todos pertençamos, de uma ou outra forma, em que nos sintamos vinculados aos outros por laços de solidariedade, de espirito comunitário, de pertencimento a uma mesma sociedade. A miséria não é apenas uma situação de precariedade material, é também o abandono, a falta de apoio, de retaguarda, de cuidado. A isso temos que chegar, a que todos tenham alguma forma de assistência do Estado, de forma a que ninguém se sinta abandonado.

Emir Sader. Sociólogo e cientista político

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Conatraponto 5547 - "Dilma recoloca projeto na vitrine para virar página"

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13/06/2011

Dilma recoloca projeto na vitrine para virar página

A presidenta, durante lançamento do 'Brasil Sem Miséria', com Marise Alves Prazeres,
presidenta de cooperativa beneficiada pelo projeto. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR


Redação Carta Capital 13 de junho de 2011 às 10:56h

Na primeira semana após o fim da novela Palocci, que resultou na troca de dois ministros da articulação política, a presidenta Dilma Rousseff decidiu reforçar a chamada agenda positiva para tentar mostrar que a crise que abateu o Planalto há quase um mês é página virada.

Em seu programa “Café com a Presidenta”, Dilma centrou sua fala na maior aposta de sua gestão: o projeto “Brasil sem Miséria”, que foi ofuscado nos últimos dias pela notícia de que o homem forte do governo, Antonio Palocci (Casa Civil), havia multiplicado seu patrimônio graças à sua empresa de consultoria em pleno mandato de deputado federal.

O programa, exibido nesta segunda-feira, levou ao ar uma presidenta aparentemente otimista quanto aos encaminhamentos de ações que pretendem tirar 16 milhões de pessoas das condições de extrema pobreza.

Para isso, Dilma afirmou que o projeto contará com cursos de capacitação profissional e encaminhamento pra o mercado de trabalho de 1,7 milhões de pessoas. “Vamos oferecer crédito e incentivos para quem quiser abrir ou melhorar seu próprio negócio”, prometeu.

Dilma prometeu ainda promover um mutirão em cidades onde parte das pessoas não tem sequer certidão de nascimento, para que tenham acesso a crédito.

“O ‘Brasil sem Miséria’ vai mostrar que é possível sair da pobreza com ações concretas: empréstimos, cursos de capacitação, formação de cooperativas”, disse.

A presidenta adiantou também que o governo federal finaliza um acordo com a Associação Brasileira de Supermercados para que as redes varejistas comprem alimentos produzidos por famílias beneficiadas por programas de incentivo da agricultura familiar, como frutas, verduras, grãos, leite. “Os agricultores vão poder escoar a mercadoria, diminuindo o risco de perder sua produção”, explicou.

Nesta segunda-feira, a agenda de trabalho da presidenta tem início com uma audiência com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pela manhã.

À tarde, Dilma participa da cerimônia de posse da nova ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do novo ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio Oliveira. Eles trocaram de posição após críticas, de petistas e aliados, ao desempenho de Luiz Sérgio na articulação política do governo.

No fim do dia, a presidenta se reúne com a nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

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