27/02/2011
Revolta na Líbia?
Do O POVO Online/Colunas/concidadania
Coluna do
Valdemar Menezes
A hipocrisia de americanos e europeus em torno do que se passa na Líbia é de fazer corar frade de pedra. Na realidade, os governos ocidentais estão mais preocupados é com a questão econômica: o preço do petróleo e a migração em massa para a Europa. A questão democrática e as razões humanitárias, evidentemente, também os motivam, mas estão numa escala secundária. Com os rebeldes líbios se apoderando das áreas petrolíferas (incentivados pelo Ocidente) um pouco de alívio começa a chegar às chancelarias ocidentais. Há quem defenda, inclusive, a divisão territorial da Líbia. O raciocínio é: o petróleo ficando em “boas mãos,” o resto fica por conta do que for possível fazer. No entanto, a questão não é tão simples: causa calafrios aos governos europeus a perspectiva de uma invasão massiva de fugitivos. Embora dependam cada vez mais da mão de obra de imigrantes árabes para os serviços “sujos”, os europeus (que reduziram drasticamente o número de filhos) se desesperam com a falta de assimilação da cultura local pelos forasteiros muçulmanos, o que torna o futuro da Europa uma incógnita.
RISCO DE CAOS
Muamar Kadhafi é um tirano, todos concordam. O problema é encontrar quem o substitua sem levar a Líbia ao caos. O futuro herói teria que manter unidas as irascíveis tribos feudais líbias. Teme-se que estas partam para um genocídio autofágico. Algo como o que se passou na ex- Iugoslávia quando o país foi retalhado entre os diversos grupos étnicos, logo após a morte do ditador Josip Boz Tito. Paradoxalmente, Kadhafi não simpatiza com os fundamentalistas muçulmanos. Seu regime é laico. Mesmo assim, causa alergia nos governos ocidentais. Provavelmente, não por causa da ditadura (o Ocidente apoia a Arábia Saudita e outras tiranias semelhantes), mas, porque o líbio controla seu petróleo com mão de ferro. Ouvir EUA pregarem direitos humanos e democracia, quando suas tropas praticam horrores no Iraque, Afeganistão e Guantánamo exige sangue de barata. Claro, os povos americanos e europeus são favoráveis a uma democracia real no Oriente Médio. São eles que pressionam seus próprios governos para que sejam coerentes com os princípios que alegam defender. Estão unidos no “fora Kadhafi”, mas não deixam de identificar hipocrisia nos seus “indignados” dirigentes.
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