24/03/2016
Lula ministro, por Guilherme Scalzilli
Jornal GGN - qui, 24/03/2016 - 07:18
Por Guilherme Scalzilli
A
princípio lamentei a ideia, que me parecia demasiado negativa para a
imagem de Lula e temerária do ponto de vista jurídico. Desconfiava
também que a oposição queira arrastá-lo para o núcleo governista,
abatendo todos juntos numa única investida, com o reforço valioso do
Congresso Nacional.
Importante
salientar que essa questão jamais envolveu problemas de cunho moral.
Lula não é réu, nem sequer indiciado, e tem tanto direito de ser
ministro quanto qualquer cidadão do país. Mais até do que muitos
parlamentares, governadores, prefeitos e secretários que exercem os
cargos mesmo sendo alvos de processos.
Ainda que houvesse aí um dilema ético, o Judiciário tratou de resolvê-lo. A perseguição a Lula virou
uma farsa kafkiana, tomada pelo ressentimento, onde as provas e o bom
senso ocupam lugar secundário. A tal ponto que o discurso “legalista” só
vê o foro privilegiado e ignora os escandalosos desvios legais dos
grampos de Sérgio Moro e da Polícia Federal.
Mas
o grande aval à ida de Lula para a Casa Civil foi dado pelo próprio
desespero em barrá-la. O ex-presidente afinal configura uma ameaça ao
golpe liderado por Eduardo Cunha. E, talvez ainda mais importante, pode
ganhar aquele papel pacificador que tanto seduziu os oportunistas
conspiradores.
Os
desvarios do golpismo fizeram do ministério de Lula a trincheira final
para a tentativa de destruí-lo. Anularam, portanto, os últimos
resquícios técnicos do seu justiciamento, dando-lhe um caráter essencialmente político. Permaneço em dúvida sobre os resultados, mas admito ser a única maneira de tornar a disputa menos desigual.
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