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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Contraponto 6322 - "O navio fanasma"

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23/09/2011


O navio fanasma

Do Tijolaço - 23/09/2011


A Vale recebe hoje o segundo de seus 12 meganavios encomendados lá fora. Uma pena que tão complexa obra de engenharia carregue, para sempre, o estigma de ter sido construída sem nenhum amor pela terra e pela gente que a tornou possível.

É o segundo supernavio destinado a levar o minério bruto brasileiro para siderúrgicas no exterior. Ele próprio, por não ser construído aqui, levou US$ 748 milhões de nosso país.

Ainda teremos 10 destas bofetadas no rosto do Brasil desfechadas pelo sr. Roger Agnelli, endeusado pela imprensa.

Tivesse ele, como pediu Lula, dado preferência a produzir aqui essa frota, isso representaria um acréscimo de 80% à tonelagem em produção nos estaleiros nacionais. Cada um deles tem 362 metros de comprimento, 65 de largura e capacidade para 400 mil toneladas de minério. E levam, também, milhares de empregos que não existiram aqui.

São navios que vão carregar nossas entranhas minerais, mas não a nossa alma. É um navio fantasma, uma enorme, gigantesca e amarga nave colonial, que nos assombra de tanta indiferença ao Brasil.

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sábado, 20 de agosto de 2011

Contraponto 6043 - "Vale não tinha urgência nos navios?"



20/08/2011
Vale não tinha urgência nos navios?

Do Tijolaço - 19/08/2011

O supernavio da Vale: Brasil, só no nome e na carga de minério de ferro

O repórter Fabiano Maisonnave, publica em seu blog, na Folha, uma entrevista com o chinês Zhang Shouguo, vide presidente da Associação de Proprietários de Navios da China. Compreensivelmente furioso com o fato de a Vale operar uma frota própria de navios graneleiros para transportar para lá nosso minério, o sr. Souguo dá uma informação importante: no momento em que a Vale encomendou na China e na Coreia a sua frota – ainda a ser entregue – de supercargueiros havia sobra de navios – e baixo custo de frete, em consequencia – naquele país.

“Era desnecessário”, diz o sr. Shoguo.

José Carlos Martins, diretor da Vale, argumenta que a empresa precisava de uma frota própria para transportar seu minério em trajetos de longo curso, como o para a China. Verdade. Mas se havia disponibilidade imediata de frete barato, fica enfraquecido o argumento de que para fazer aqui no Brasil os meganavios, a demora iria ser grande demais.

O segundo argumento, o do preço, também não se sustenta diante da possibilidade de um negócio cruzado para o fornecimento de chapas navais aos estaleiros com aço produzido pela siderurgia própria – e insuficiente – da Vale e pelo barateamento significativo que a encomenda de 12 supernavios acaba por gerar no processo construtivo.

O motivo essencial é que a Vale, na gestão anterior, não soubesse que uma grande empresa e um grande país são um par indispensável.
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sábado, 9 de julho de 2011

Contraponto 5740 - "Em Pleno Combate"

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09/07/2011
Em Pleno Combate


Do Blog do Mauro Santayana - 09/07/2011


Mauro Santayana

Itamar Franco morreu em sua hora mais forte, ao retornar ao Senado em plena maturidade, para uma vigorosa batalha na resistência nacionalista. Ele tinha a consciência de que essa seria a sua última missão política. Desde a campanha eleitoral, ele me confiara o seu projeto obstinado, desde a emenda da reeleição: fazer Minas voltar à direção da República. Sua convicção era a de que os mineiros têm uma posição nacionalista mais arraigada do que os brasileiros de outros estados, a partir de uma constatação elementar: “nós fomos muito mais roubados do que os outros”. Menos otimista, eu lhe lembrava que nascer em Minas não basta para garantir o patriotismo nem a ética de ninguém. Ele concordava, embora dissesse que, pelo menos entre os governantes mineiros, os entreguistas foram ínfima minoria. Seu otimismo o levava a sonhar que o retorno de Minas ao governo da União significaria a reestatização da Vale do Rio Doce e de outras empresas públicas, privatizadas durante o governo de seu sucessor.

No caso da Vale do Rio Doce, Itamar se somou ao grande pernambucano Barbosa Lima Sobrinho, na campanha contra a privatização, reunindo, em seu escritório de Juiz de Fora, representantes dos movimentos nacionalistas para redigir e divulgar um manifesto à nação. Infelizmente as forças contrárias, nutridas pelo poder econômico e pela avassaladora pressão internacional em favor do Consenso de Washington e da globalização financeira, foram mais poderosas.

Sua experiência diplomática reafirmou-lhe a idéia de que todos os povos levam a sério a sua própria soberania, e que as nações mais fortes têm como norma desdenhar a soberania alheia. Embora as circunstâncias da vida política, em país de partidos ocos de idéias e de programas, o tenham conduzido a mudar de legendas e a firmar alianças eleitorais exigidas pelas circunstâncias, ele manteve, em sua atuação pessoal, no poder legislativo e no poder executivo, intransigente coerência ética e doutrinária.

Ao contrário do que muitos supunham, Itamar confiava mais do que talvez lhe conviesse. “Ninguém me engana, se olhar nos meus olhos”, era uma de suas frases prediletas. Quando descobriu que o haviam enganado de forma pesada, sorriu, e colocou a culpa nos óculos.

Ele tinha real admiração pelos intelectuais, mas preferia ouvir, antes de tomar decisões fortes, seu grupo de amigos de Juiz de Fora, que o acompanhavam desde moço, alguns de sua mesma idade e outros um pouco mais jovens. Entre eles nem sempre havia unanimidade. Itamar pesava os argumentos e resolvia agir de uma ou outra forma, muitas vezes contra a opinião de todos.

Seu grande orgulho foi o de haver impedido, de forma corajosa, a privatização do complexo hidrelétrico de Furnas. A desestatização da grande empresa já estava decidida, quando Itamar reuniu o alto comando da Polícia Militar de Minas e deixou claro que iria resistir - com a força de que dispunha - à alienação das usinas instaladas em Minas. Ele sabia como agir: a cota da represa só fora alcançada mediante um dique, que continha as suas águas na divisa entre a bacia do Rio Grande – tributário do Paraná – e a do São Francisco. Se o dique se rompesse, mediante uma carga de explosivos, as águas da represa verteriam no São Francisco, e não moveriam as turbinas da usina principal à jusante. A fama de que ele era louco, difundida pelos jornais, quando ele decretou a moratória das dívidas de Minas, conteve seus adversários.

A organização francesa ATTAC e o jornal Le Monde Diplomatique convidaram-no a participar de reunião internacional na França, contra a globalização financeira. Ele foi o único governante estrangeiro a participar do encontro, em razão de sua resistência à ditadura do novo capitalismo liberal.

Outra medida que tomou, e que o fez merecedor da gratidão dos mineiros, foi recuperar o controle sobre a Cemig. A Cemig é a primeira e grande realização de Juscelino, e início da grande tarefa de modernização do Brasil nos anos que se seguiram. Mais do que uma empresa, a Cemig significa, para os mineiros, um ato de inteligência técnica e autonomia política. O governo anterior, submisso ao Planalto, entregara um terço da empresa aos norte-americanos, mediante a intervenção do Banco Opportunity. Dantas, com 3% do capital, e mediante um acordo de acionistas, tinha o poder de veto sobre as decisões da empresa. Como só lhes interessassem os lucros, esses acionistas minoritários imobilizavam a empresa e impediam o reinvestimento em novas hidrelétricas. Itamar foi à Justiça, ao mesmo tempo em que tomava outras providências de caráter político. Os escândalos de Wall Street, que atingiram os investidores norte-americanos da Cemig, levaram-nos a não pagar os empréstimos obtidos junto ao BNDES, o que facilitou a transferência de suas ações a investidores brasileiros.

Itamar e Tancredo tinham, em comum, a convicção de que governar é vigiar. É uma idéia de que participaram, outros governadores de Minas, homens como João Pinheiro, Artur Bernardes, Raul Soares, Benedicto Valadares e Aureliano Chaves. Todos eles rigorosos na defesa do erário, e todos nacionalistas, como Itamar. Como se recorda, ele criou uma Comissão de alto nível, externa ao serviço público, a fim de investigar denúncias contra a administração federal – que seu sucessor dissolveu como um de seus primeiros atos.
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terça-feira, 31 de maio de 2011

Contraponto 5460 - "Sem saudades do Agnelli"

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31/05/2011
Sem saudades do Agnelli

Murilo Ferreira
Do Tijolaço - 31/05/2011

Brizola Neto

Devagar, devagarinho, o novo presidente da Vale vai mostrando que é possível – e positivo - uma visão estratégica (e não simplesmente ficar de olho grande no varejo do mercado de minério bruto) essa grande empresa.

Ontem, Murilo Ferreira disse que a prioridade da empresa é a energia renovável. Ele afirmou, durante o primeiro dia do seminário Rio Investors Day, que a empresa vai dar prioridade à biomassa para produzir combustíveis para suas locomotivas e que poderá investir em energia eólica.

- Vou tentar desplugar a ideia de que a Vale está ligada às hidrelétricas – disse ele, acrescentando que, com a participação de 9% no consórcio de Belo Monte, a necessidade de energia da mineradora está resolvida até 2015. Ele descartou que a empresa venha a adquirir uma participação maior na hidrelétrica, que sofre fuga de empresas pequenas do consórcio vencedor.

A Vale, pelo seu tamanho e necessidades, tem tudo para ser um pólo indutor de desenvolvimento, como é a Petrobras. Investir na diversificação de fontes de insumos – eletricidade é uma de suas grandes matérias primas – e na estrutura logística e também nas suas atividades, reduzindo sua dependência do mercado importador de minério bruto.

Ontem, em reportagem do Financial Times, de Londres, o Ministro Aloízio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, disse que a empresa estuda entrar na área de mineração de terras raras, como parte do esforço do Brasil para competir com a China como fornecedor desses elementos, vitais para produção de equipamentos sofisticados, como turbinas de geração eólica, carros elétricos e telas de computador. O tálio, de que eu falei ontem aqui, é um destes minérios. A Vale confirmou os estudos

Uma visão muito mais lúcida do que a dos empresários que ficam apenas de olho na féria do dia e não conseguem ver nem o que até o Seu Manoel da Padaria enxerga.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Contraponto 5396 - "Vai-se o Agnelli, viva a Vale"

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20/05/2011

Vai-se o Agnelli, viva a Vale

Do Tijolaço - 20/05/2011

Brizola Neto

Era uma formalidade, mas que formalidade!

O Conselho de Administração da Vale elegeu, hoje, Murilo Pinto de Oliveira Ferreira como novo presidente da Vale, no lugar de Roger Agnelli, a partir de segunda-feira.

É o fim de uma era. Para seus áulicos, uma era de lucros e expansão da empresa. Verdade.

Mas também, para nós, seus críticos, uma era em que a empresa descurou de sua natureza estratégica, de ser uma ferramenta do desenvolvimento do Brasil.

Natureza que estava presente em seu nascimento, quando fez parte das exigências – matreiras exigências – de Vargas pela entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, nacionalizando as também marotas proporiedades do lendário Persival Faquar.

Porque só faz sentido cavar o nosso chão se for para fundir ali os alicerces do pr0gresso e da dignidade do povo brasileiro.

Não se pede que a Vale deixe de ser administrada profissional e eficientemente. Ao contrário. Nem que deixe de lado seus acionistas e investidores privados.

Só o que se pede, ou antes se exige, é uma lembrança que permita olhar seus horizontes.

A lembrança singela de que o ferro que ela tira das entranhas do Brasil pertence ao povo brasileiro.

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Contraponto 5225 - Vale vai ter que dividir mais a riqueza da mineração com o povo.

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21/04/2011


Em Minas, Dilma faz o que Aécio não fez: Vale vai ter que dividir mais a riqueza da mineração com o povo.

Do Amigos do Presidente Lula - por Zé Augusto - quinta-feira, 21 de abril de 2011

Em discurso hoje (21) na cidade de Ouro Preto (MG), capital do ciclo do ouro no século 17, a presidenta Dilma Rousseff fez o que os tucanos, que governam Minas há anos, não se mexeram para fazer.

Se comprometeu a enviar ao Congresso Nacional o marco regulatório do setor de mineração, fazendo com que empresas como a mineradora Vale deixem uma parcela maior da riqueza para o povo.

“Não é justo e não contribui para o desenvolvimento do Brasil que os recursos minerais do país sejam daqui tirados e não haja a devida compensação. Essa compensação é condição para que nossas reservas naturais tenham um sentido, que não se concentrem na mão de poucos”, disse a Presidenta.

Atualmente, os royalties sobre o ferro e outros minerais extraído pela Vale, é uma porcentagem muito menor do que os royalties sobre o petróleo pago pela Petrobras. Também é muito menor do que o que se cobra em países como a Austrália.

Só a mineradora Vale e seu maior acionista privado (o Bradesco), através de empresas ligadas, injetaram pelo menos R$ 7,25 milhões nas campanhas eleitorais tucanas de Aécio Neves e Anastasia, em 2010.

Coincidentemente, o senador Aécio, em seus discursos, se posiciona contra o governo federal e a favor dos interesses privados na empresa, em vez de defender que a mineradora pague mais royalties para o povo mineiro.

Dilma recebe a maior homenagem de Minas

A celebração do 21 de abril, dia de Tiradentes, é a data política mais importante do governo Mineiro, e a Presidenta foi a principal convidada e homenageada com a Medalha da Inconfidência.

Outros ministros e governadores também ganharam a comenda, como os ministros da Saúde, Alexandre Padilha; da Cultura, Ana de Holanda; da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho; do Planejamento, Miriam Belchior; e da Justiça, Jose Eduardo Cardozo; o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/SP); e os governadores da Bahia Jaques Wagner (PT), do Espírito Santo, José Renato Casagrande (PSB); e do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEMos).

O grande ausente foi o senador Aécio Neves (PSDB/MG), ainda de "ressaca" com o escândalo do bafômetro, e com um comportamento no senado que tem mais a ver com Joaquim Silvério dos Reis do que com Tiradentes.

Dilma e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, acompanharam o sepultamento dos restos mortais de três inconfidentes, no Museu da Inconfidência. Mortos há mais de 200 anos no degredo na África, as ossadas de Domingos Vidal Barbosa, João Dias da Mota e José de Resende Costa foram identificadas pela Universidade de Campinas (Unicamp) após 10 anos de estudo e agora se juntaram aos 13 inconfidentes já sepultados no monumento.

(Com informações da Agência Brasil)
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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Contraponto 5214 - "Aviso aos acionistas da Vale: muda, sim, para melhor"

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20/04/2011


Aviso aos acionistas da Vale: muda, sim, para melhor

Do Tijolaço - 20/04/2011

Brizola Neto

O alumínio da Albras agora é norueguês: a despedida do Sr. Agnelli

“A Vale não vai alterar sua rota. O presidente mudou, mas os acionistas controladores são os mesmos.”

A frase aí de cima está no Estadão de hoje e é do sr. Renato Cruz, representante do Bradesco na Valepar, controladora da Vale. Foi dita, segundo os jornais, para “tranquilizar investidores preocupados com uma possível ingerência política na companhia”.

O sr. Renato está certo. Os controladores são os mesmos. E o Estado, via fundos de pensão das estatais e BNDES é o maior deles.

E vai fazer a Vale dar lucro econômico, mas também social. Porque o Estado não é só para botar o capital, não.

Vai investir, como já se anuncia no mercado, em projetos de geração de energia, como Belo Monte, que são muito bons para ela – o processamento de alumínio, por exemplo, é grande consumidor de eletricidade e fica lá no Norte do país.

Aliás, uma das últimas “obras” de Agnelli foi vender boa parte da fabricante de alumínio Albras, da produtora de alumina Alunorte e da Companhia de Alumina do Pará (CAP), refinaria ainda em desenvolvimento para os noruegueses da Norsk Hydro, em troca de uma sociedade de 22% na multi.

A Vale vai mudar e pensar no médio prazo, porque nenhuma companhia moderna vive se sua estratégia foi cavar tudo rapidamente, vender e embolsar os lucros.

Este negócio de “missão, visão e valores” não são frases bonitinhas para escrever nos balanços sociais em papel couché, não. São práticas de sustentabilidade empresarial e responsabilidade social que uma empresa – sobretudo as que têm como acionistas controladores os gestores públicos – das quais não se pode fugir pelo lucro rápido e predatório.
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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Contraponto 5134 - "Vitória do governo na batalha da Vale, que já tem novo presidente"

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06/04/2011


Vitória do governo na batalha da Vale, que já tem novo presidente

Do Vermelho - 05/04/2011

Prevaleceu a vontade do governo Dilma na batalha pela presidência da Vale. Por decisão dos acionistas, consagrada em reunião realizada na noite de segunda-feira (4), o cargo será ocupado pelo executivo Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, que já trabalhou na empresa.
O desfecho irritou profundamente as viúvas do neoliberalismo tucano, que chegaram a classificar o fato de uma reestatização branca. O atual diretor-presidente, Roger Agnelli, que parece cultivar a fama de arrogante e autoritário, esperneou e prometeu mobilizar a diretoria executiva e funcionários da Vale em defesa da sua perpetuação no cargo, mas acabou isolado.

A decisão dos acionistas deve ser referendada pelo conselho administrativo da empresa. Ferreira assume em 22 de maio, quando expira o mandato de Agnelli.

Ofensiva midiática

A briga pela sucessão transformou-se numa novela de poucos capítulos, narrada com paixão e sensacionalismo privatista pela mídia hegemônica, não só no Brasil como nos Estados Unidos e na Europa, onde jornais influentes, porta-vozes do capitalismo financeiro, destilaram comentários venenosos contra o governo Dilma.

“A expulsão do presidente da Vale [...] é um sinal terrível aos mercados sobre as intenções do governo brasileiro”, afirmou o New York Times, em reportagem publicada domingo (3).

Emprego versus lucro

De acordo com o diário estadunidense, os investidores foram forçados a abraçar uma estratégia que favorece em primeiro lugar os empregos e, depois disso, o lucro. “[A presidente Dilma Rousseff] está simplesmente dando continuidade a uma missão, iniciada por Lula, de usar a Vale e outras empresas brasileiras, como a Petrobras, como instrumentos de política social”, afirma.

Na segunda-feira (8) o britânico Financial Times critica a troca de comando na Vale destacando: “Investidores privados têm ações da Vale porque ela é a maior produtora de minério de ferro do mundo, não porque ela é uma ferramenta de política sócio-econômica do governo”.

Campanha reacionária

No Brasil, a mídia capitalista ecoou em uníssono a discordância com a decisão do governo, aproveitando a ocasião para desancar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teria articulado a substituição do atual diretor presidente. Parlamentares do PSDB, como o senador Aécio Neves, e do DEM também foram mobilizados e nos bastidores, a campanha orquestrada contra Mantega contou com a contribuição do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, conforme denuncia a revista CartaCapital (27-3-2011.

A onda reacionária que se formou contra a mudança na Vale reflete a ideologia privatista que orienta as ações da direita neoliberal e sua capciosa mídia. Não é demais lembrar que tal ideologia e os interesses que representa foram rechaçados pelo povo brasileiro nas três últimas eleições presidenciais realizadas no Brasil (2002, 2006 e 2010).

Multinacional brasileira

Privatizada na bacia das almas por US$ 3 bilhões durante o governo entreguista de FHC, a Vale obteve um lucro de US$ 30 bilhões no ano passado. A empresa cresceu consideravelmente ao longo dos últimos anos, beneficiada pela elevação dos preços das commodities, alavancados pela demanda chinesa, e se transformou numa grande multinacional brasileira.

O governo, neste caso, é acusado de ingerência indevida e inaceitável em negócios privados, numa ofensa aos princípios sagrados da iniciativa privada. O argumento neoliberal não procede, pois o Estado controla parte apreciável das ações com direito a voto. BNDES e fundos de pensão dos trabalhadores, que se aliaram ao governo no conflito, possuem 61% das ações e contaram com o apoio de outros acionistas para defenestrar Agnelli.

Tucanagem

A reação da mídia mostra que o executivo demitido é homem de confiança dos acionistas estrangeiros, dos tucanos e da grande mídia, mas os seus objetivos e métodos na direção da empresa não condizem necessariamente com os interesses nacionais.

As divergências entre ele e o governo transpareceram em diferentes episódios, inclusive quando os impactos da crise exportada pelo capitalismo estadunidense foram sentidos com mais força no Brasil, no segundo semestre de 2008.

Arrogância

A primeira reação do executivo, à época, foi demitir, numa só tacada, 1200 trabalhadores. O fato despertou protestos no governo Lula, mas Agnelli fez ouvidos moucos à reclamação do presidente. Arrogante, ele também não topou mudar a estratégia de investimentos da empresa e seguir as sugestões de autoridades econômicas no sentido de implementar atividades produtivas que viabilizem uma maior agregação de valor ao minério de ferro, em vez de simplesmente extraí-lo e exportá-lo em forma bruta para a China e outros países.

Neste sentido, o BNDES, quando era dirigido por Carlos Lessa, chegou a propor a Agnelli um plano para que a Vale ajudasse a siderurgia brasileira a saltar de uma produção anual de 30 milhões de toneladas para 100 milhões até 2015. Tal projeto contemplaria a fusão de Usiminas, Açominas, CSN, Cosipa e CST.

Interesses nacionais

Tal orientação, à qual o atual presidente da empresa se opôs, está mais afinada com os interesses nacionais e um novo projeto de desenvolvimento contrário ao ideário neoliberal. Depois de privatizada, a Vale também correu o risco de desnacionalização, afastado pela intervenção do BNDES.

Ao contrário do que propõe a mídia alienígena, a mineradora não deve buscar exclusivamente o lucro e dividendos para distribuir aos acionistas. Precisa priorizar o emprego, as políticas sociais e uma nova estratégia de desenvolvimento nacional, que compreende o projeto de reduzir a dependência da exportação de commodities e agregar maior valor às cadeias produtivas, o que no caso significa destinar parte expressiva dos investimentos à siderurgia em vez de continuar restrita à extração de minério de ferro.

O episódio mostra que os interesses privados nem sempre estão de acordo com os interesses maiores da sociedade, quase sempre ocorre o contrário. É indispensável a intervenção e o fortalecimento do Estado na economia e é isto que possibilitou a retomada do crescimento da economia e recolocou no horizonte a necessidade de transitar para um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania e valorização do trabalho.

Da Redação, Umberto Martins, com agências
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terça-feira, 5 de abril de 2011

Contraponto 5130 - "Dilma dribla mídia e começa a devolver a Vale ao Brasil"

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05/05/2011


Dilma dribla mídia e começa a devolver a Vale ao Brasil


Do Tijolaço - 05/05/2011

Brizola Neto

A rainha Marta é capaz de ter ensinado esse drible à Presidenta

A imprensa conservadora está sem ter o que dizer.

Em três meses apenas, Dilma Rousseff fez o que Lula passou anos querendo fazer.

Retomar – não a propriedade, que Fernando Henrique entregou na bacia das almas – mas o papel da Vale como indutora do desenvolvimento brasileiro.

E, para isso, era preciso acabar com o reinado de Roger Agnelli, o homem que queria vender cada vez mais rápido maiores quantidades de minério, não pensava em investir no seu beneficiamento e transformação em aço e, ainda por cima, não tinha uma política de compras interna, como demonstrou na compra de 12 navios gigantes – cada um deles maior que o morro Pão de Açúcar - na China, sem um parafuso feito aqui.

O esquadrão midiático de Agnelli foi solenemente driblado.

Primeiro, quis fritar o Ministro Guido Mantega por ter conversado com Lázaro Brandão, presidente do Bradesco e acionista de verdade da Valepar, controladora da Vale. Mesmo com sua bufunfa de R$ 1,3 milhão por mês, Agnelli não tem ações para escolher sequer o chefe do setor de zeladores do prédio da Vale.

Depois, quis apresentar a mudança como um “aparelhamento da Vale” e os únicos sinais concretos de promiscuidade política da Vale vieram do próprio Agnelli, que armou uma operação com o DEM para atacar o Governo, e o fato de se ter lá dentro uma todo-poderosa senhora que entrou pela janela tucana na empresa e, como braço de ferro de Agnelli, “enquadra” na vontade de funcionários a diretores da empresa.

Perdido Agnelli, tentaram enfiar na Vale o nome de sua preferência. Quietinha, a mineira Dilma deixou que dessem por escolhido o substituto. Na hora H, emplacou uma solução técnica, vinda de dentro da própria empresa, o ex-funcionário da Vale e membro de sua diretoria, Murilo Ferreira, um excutivo com quem a Presidenta já teve muito contato quando Ministra das Minas e Energia.

Claro que se trata de um profissional de mercado, experiente e capaz. Mas dirigir uma empresa como a Vale requer mais que simples competência técnica. Exige visão estratégica da empresa e do país. E capacidade política de perseguir estes objetivos.

Os jornalistas de mercado adoram falar nas virtudes da sinergia, isto é, na capacidade de duas instituições multiplicarem seus resultados agindo em sintonia.

E curioso que não falassem nunca em quanto a empresa e o país perdiam com a ação de Agnelli em desalinho com as macropolíticas econômicas brasileiras.

A direita midiática levou um competente drible e caiu sentada no chão.

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terça-feira, 29 de março de 2011

Contraponto 5074 - Propaganda da Vale para chinês ver

29/03/2011

Na propaganda da Vale para chinês ver, gera empregos na indústria naval... da China

Do Amigos do Presidente - 28/03/2011

A propaganda da Vale S/A para chinês ver, em 2009 (extraído do canal ValeBraZil com "Z"):


Ronaldo: Eu sou o Ronaldo e eu sou do Brasil. E a Vale é a maior mineradora do meu país e é também a ponte de estímulo o comércio Brasil-China.
Locutor: O minério de ferro da Vale contribui há muito tempo para o desenvolvimento da China.
Ronaldo: A Vale investe na China...
Locutor: A Vale tem minas de carvão e de níquel na China e investiu US$ 1.6 bilhão na construção de 12 navios chineses.
Ronaldo: A Vale gera empregos na China
Locutor: A Vale ajuda na criação de milhares de empregos no país através de suas parcerias com empresas chinesas.
Ronaldo: A Vale compra equipamentos da China
Locutor: Só em 2008, a Vale comprou US$ 1,9 bilhão da China em equipamentos. E este ano vai continuar comprando ainda mais da China.
Ronaldo: A Vale valoriza seus negócios na China.
Locutor: A Vale valoriza as relações de longo prazo com os principais produtores de ferro do país e se importa ainda mais pelo desenvolvimento futuro da China.
Ronaldo: Vale, a ponte que estimula para o comércio Brasil-China

A propaganda da Vale S/A para brasileiro ver, em 2007:



A vale é um negócio da China, para os banqueiros acionistas e para a China: Investe lá. Gera empregos na indústria naval da China. Compra equipamentos da China... e ao Brasil só cabe vender minério de ferro para a China?

Em 2007/2008 a Vale andou fazendo uns anúncios na TV brasileira, entre eles o video acima, dizendo que era uma empresa brasileira: "é possível fazer sucesso no mundo, sem nunca deixar de ser brasileiro", diz o anúncio, quase no fim.

Agora, no sítio dela na internet, diz que não é bem assim. Diz que uma empresa "GLOBAL com sede no Brasil". Não diz que é uma empresa BRASILEIRA.


É por isso que a Vale precisa ficar com maior controle dos maiores acionistas, o governo brasileiro através do BNDESpar e a PREVI.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Contraponto 511 - "Entre quatro paredes? Não, é dinheiro público!"


19/10/2009
Entre quatro paredes? Não, é dinheiro público!

Tijolaço Brizola Neto- sábado, 17 outubro, 2009 às 15:51

Hoje, O Globo publica uma matéria onde ouve “investidores” (investidores, nada, executivos e advogados de empresas intermediadoras e redatoras de contratos de negócios) sobre a guerra da Vale, que vem de longe, mas agora chegou à páginas dos jornais e ao conhecimento de parte do povo brasileiro.

E olhe o que eles falam e aconselham: “essas desavenças entre sócios devem ser resolvidas entre quatro paredes” , “devem ser resolvidas no privado e não em público”. Vejam como é, no mundo dos negócios, que se trata de algo tão fundamental para nossa economia como o minério de ferro e a siderurgia. A população não pode ou não deve saber como está sendo usado o dinheiro que é dela - seja na composição acionária da empresa, seja nos bilhões e bilhões de recursos públicos que o BNDES injeta nas suas atividades.

E que atividades? O chefe de gabinete do Presidente Lula, Gilberto Carvalho, diz literalmente, na mesma edição do jornal, na coluna de Ilimar Franco, que a Vale não pode continuar a ser como “As veias abertas da América Latina”, que “o Estado não vai continuar financiando a exploração predatória”, que “ela não paga quase nada de royalties”, que “não pode deixar apenas crateras por onde passa”, que “se comprometeu (comprometeu, como, em créditos oficiais?) com projetos industriais, não cumpriu e se acovardou com a crise” e, finalmente, “que é muito fácil essa vida de vender minério brasileiro sem agregar valor”.

Acho que qualquer pessoa de bom-senso verá que coisas como essa não podem ser tratadas “entre quatro paredes”. Poderiam, se fosse o botequim do “Seu” Joaquim, com o dinheiro do “Seu” Joaquim. Mas não é, é uma riqueza que pertence ao Estado e cuja a exploração se dá por uma concessão. Mais ainda, se trata de uma empresa abarrotada de dinheiro do povo.

Portanto, não basta que o senhor Roger Agnelli, funcionário do Bradesco, que dirige a empresa da qual seu grupo só detém 9,1% de seu capital votante total e 21,2% do capital votante do grupo controlador vá visitar o presidente amanhã e prometa que, de agora em diante, vai pensar no país e no interesse público. Lula faz bem, conversar não tira pedaco e tudo o que de positivo vier é menos ruim do que aquilo que vem sendo feito.


Mas há uma questão da qual não se pode fugir. Que poder tem este sócio minoritário de dirigir uma empresa senão o que lhe foi dado pelos demais sócios?

E o que tem o Governo com isso? Bem, repare que a Previ é a acionista majoritária da Valepar, com 58% do seu capital total e 49% do capital votante. No total da Vale, ela é a maior acionista, com 23,5% do capital votante da empresa e perto de 15% do capital total. Quase o dobro do Bradesco de Roger Agnelli, portanto. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações (BNDESpar) tem outros 12,5 das ações com direito a voto. Ambos, portanto, são maioria folgada dentro da controladora.

Mas a Previ não é um fundo dos funcionários do Banco do Brasil, similar a uma empresa privada? Não, não é. A sua formação de seus fundos vem, predominantemente, de contribuições da empresa estatal que a patrocina - no caso o Banco do Brasil - complementada pelas contribuições de seusservidores. Por isso, existe uma lei, a Lei Complementar 108, de 2001, que determina que a direção destes fundos de pensão terá metade de seus integrantes escolhidos pela empresa estatal - leia-se, pelo Governo - inclusive o seu presidente, que terá o voto de desempate. Portanto, em última análise, é o Governo quem decide como estes fundos investirão, dentro de critérios técnicos, claro.

Mas esse poder é muito maior. Diz o artigo 29 daquela Lei que os fundos “não poderão exercer o controle ou participar de acordo de acionistas que tenha por objeto formação de grupo de controle de sociedade anônima, sem prévia e expressa autorização da patrocinadora e do seu respectivo ente controlador”. Isto é, não podem fazer ou manter um acordo para entregar o controle da Vale ao Bradesco sem autorização do Banco do Brasil e de seu ente controlador, a União, através do Ministério da Fazenda.

Portanto, o Governo não tem apenas o direito, mas a obrigação legal de examinar a conveniência do acordo que entregou o controle acionário da Vale ao Bradesco. E a população, diante das afirmações do chefe de gabinete de Lula, tem o direito de saber porque, quando e quem se aprovou um acordo para fazer esta política que Lula condena com tanta veemência - e, no meu ponto de vista, coberto de razão.

Não se trata de intervenção, reestatização, pressão. Trata-se do cumprimento da lei - que , aliás, foi editada por Fernando Henrique Cardoso e quenão digam que é intervencionista ou estatista - e de saber quem, quanto e com que compromissos - que Gilberto Carvalho diz não terem sido cumpridos - foram entregues a ela recursos públicos da ordem de uma dezena de bilhões de reais.

É por isso que, como registra, hoje, a coluna de Ancelmo Goes, começo a coletar esta semana assinaturas para a criação de uma CPI destinada a esclarecer estes assuntos. Esta história de resolver “entre quatro paredes” pode servir para aquele botequim do “Seu Joaquim”, com o dinheiro dele e de seus sócios. Não para uma empresa que está sendo admininstrada com sócios majoritários que são entes públicos, tanto quea Previ tem de prestar contas ao TCU.

Espero que a oposição, que se mostrou tão ciosa da moralidade e da correção dos investimentos de uma empresa pública como a Petrobras - onde, aliás, o Governo tem mais ou menos a mesma participação no capital total que na Vale - não se recuse a colaborar com o esclarecimento dos fatos. Pode, inclusive, pela presença de ex-integrantes do Governo FHC na diretoria atual da Vale, ajudar a esclarecer o que está ocorrendo.

Vamos ver se moralidade e interesse público valem de um lado só.
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Contraponto 258 - Veríssimo, a Vale, o Pré-sal e os leigos


14/09/2009


Outra opinião sobre o pré-sal: Veríssimo


Blog da Petrobras 13 de setembro de 2009 / 17:39

“O Leigo nunca entendeu (…) a campanha antiga e sistemática para desacreditar e doar a Petrobras. Agora o Leigo – na sua ingenuidade – não está entendendo essa discussão sobre o controle estatal do petróleo do pré-sal e o destino a ser dado ao produto da sua exploração, como se não estivesse na cara o que precisa ser feito.”

Leia a coluna de Luis Fernando Veríssimo com o título “O leigo”, publicada na edição deste domingo (13/9) de O Globo.
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