quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Contraponto 796 - Esquerda com democracia; americanos com golpistas


25/11/2009


Esquerda com democracia; americanos com golpistas

Zé Dirceu - 24/11/2009 17:44

Duas notas curiosas, não fossem trágicas, sobre a situação na nossa América Latina, uma sobre Honduras e a outra sobre a Colômbia (esta, leia no post seguinte).

Em Honduras e em reunião na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington (DC), uma cena histórica: depois de 20 anos da queda do Muro de Berlim, governos de esquerda e progressistas, liderados pelo Brasil, defendendo a democracia; e ao lado dos Estados Unidos, os governos de direita da Colômbia e do Panamá e o de centro-direita do Peru, defendendo uma saída para os golpistas hondurenhos.

Não é nada mais, nada menos que isso - uma saída para os golpistas esse processo eleitoral organizado e dirigido por eles mesmos em Honduras, com vistas ao pleito de mentira e ilegítimo do próximo domingo.

EUA retomam posição histórica: ao lado de golpistas

A eleição não passa de uma manobra para entregar o poder ao Partido Nacional, infelizmente com anuência de setores do Partido Liberal do presidente constitucional deposto Manuel Zelaya.

Assim, as elites conservadoras de Honduras dão um golpe, interrompem um processo constitucional, democrático, reformador e popular e, ainda, conseguem apoio daqueles que se diziam baluartes da democracia e da liberdade de imprensa, algo que não existe mais em Honduras.

Essa é uma cena que realmente merece um registro: a bandeira da democracia volta às mãos da esquerda na America Latina; e os Estados Unidos que patrocinaram, sustentaram, financiaram e apoiaram os golpes militares na década de 60 e 70 no continente e em diversas partes do mundo, retomam sua posição histórica - ao lado dos golpistas.

Na Colômbia, novela termina em comédia ou tragédia


Já na Colômbia com apoio de novo dos Estados Unidos (veja post acima, sobre Honduras) e com anuência da midia da região, começando pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), o presidente Álvaro Uribe tenta por todos meios fazer um referendo que lhe permita “disputar” um terceiro mandato.

Na verdade essa consulta é uma forma de legalizar sua ditadura, já que comprou o Parlamento as duas vezes - para aprovar a reforma constitucional que permitiu sua reeleiçao (a primeira vez) e agora para passar a convocação do referendo.

Mas, a Suprema Corte do país parece não concordar e adiou para fevereiro do ano que vem a decisão sobre a constitucionalidade ou não do referendo o que, na prática, o inviabiliza.

Vamos ver como acabará essa novela, se em comédia ou em tragédia, se em golpe, ou numa nova manobra de Uribe contra a Suprema Corte, ou se numa "mudança" dos votos pelos mesmos meios - ora os meios! - que levaram o Congresso a aprovar duas reformas que o permitiram ficar no poder.

Objetivo de tanta manobra de Álvaro Uribe? Continuar no poder num terceiro mandato e se aliar aos Estados Unidos como ponta de lança contra os governos progressistas do continente. Tudo a pretexto de combater o narcotráfico.
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