terça-feira, 25 de setembro de 2012

Contraponto 9311 - "FHC, Lula e quem é quem no xadrez diplomático da América do Sul"

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25/09/2012

FHC, Lula e quem é quem no xadrez diplomático da América do Sul


Por Davis Sena FilhoBlog Palavra Livre

   
Fernando Henrique Cardoso, o Neoliberal, sempre que pode diminui a importância do Brasil em termos mundiais. Certa vez, apareceu na Suíça para dizer que o  influente País tropical não tem estatura para discutir a paz no mundo, o que era uma crítica à diplomacia independente e não alinhada do Governo Lula de efetivar um diálogo para concretizar acordo entre os inimigos Irã e Estados Unidos, com a participação também da Turquia nesse processo.
O Irã aceitou as condições, mas os Estados Unidos quando viram que o Brasil e a Turquia conseguiram convencer o presidente  Mahmoud Ahmadinejad a negociar a questão do programa nuclear iraniano, a secretária de Estado, Hillary Clinton, tratou de rapidamente boicotar o entendimento entre os EUA e o Irã. O curioso é que o próprio presidente estadunidense, Barack Obama, por intermédio de carta a Lula, solicitou que o Brasil conversasse com o governo iraniano, o que demonstra que os EUA, na verdade, nunca tiveram interesse em garantir a paz no Oriente Médio e, por causa de sua estratégia colonialista e geopolítica para a região, tão cedo apostará no diálogo.
FHC, o presidente que vendeu o Brasil e implementou uma política externa automaticamente alinhada aos EUA, disse, no país dos banqueiros, o seguinte: “No Oriente Médio, temos de falar de direitos humanos” — argumentou. Ou seja, para ele, não podemos ter pontos de vista sobre assuntos internacionais, no que concerne a conflitos armados, ideológicos, geopolíticos e até mesmo religiosos. Conforme o pensamento colonizado e subserviente do neoliberal FHC, temos que seguir a cartilha de Washington. “Não pode ficar pensando no Brasil potência” — reclamou o tucano indignado cujo governo pediu esmolas ao FMI três vezes de joelhos e com o pires na mão.
Ele fez e faz coro com a direita norte-americana, e disse que “nós opinamos um pouco demais” — em uma referência ao acordo para que o Irã aceitasse enriquecer seu urânio na Turquia. Para FHC, o Brasil não pode se meter nisso. Tem que ficar calado, dizer “sim senhor” para tudo e a todos. Os ministros brasileiros, para o sociólogo de palacetes, tem que seguir descalços, a tirar os sapatos nos aeroportos, como fez, em Miami, o ministro do Exterior na gestão FHC, o colonizado Celso Lafer. “Não temos alavancagem para jogar aquele jogo” — sentenciou. Enfim, o recado que o neoliberal FHC enviou diretamente das montanhas do mais tradicional paraíso fiscal da Europa sintetiza, de maneira inapelável, o que o presidente Lula muito bem caracterizava como “complexo de vira-lata”, tão bem apropriado a representantes das “elites” brasileiras.

Lula foi ovacionado no México por 10 mil universitários. Estadista é recebido assim. Já o Neoliberal...
  
Fernando Henrique é, seguramente, evidência e exemplo de elite brasileira de cabeça colonizada e com um enorme e inquestionável — inquebrantável complexo de vira-lata. O neoliberal se fosse um cão seria, por exemplo, um poodle, canídeo de companhia e estimação, mas que não serve para defender o território onde vive, porque não passa, na língua espanhola, de um perro de lana, que significa "cão de lã", "chiquérrimo", como dizem as madames, mas que não mede consequências para servir e obedecer aos interesses dos países considerados ricos como um verdadeiro amouco — o famoso pau mandado. FHC é um dândi em toda sua natureza e a superficialidade intelectual em toda sua essência. Ele é a pantomima de si mesmo e a ilusão mais cara à nossa "elite" econômica e cultural servil que não percebe que o Brasil é forte e independente e que seu povo é puro luxo, por ser infinitamente melhor do que a classe dominante.
      Enfim, o FHC não passa também de um gato angorá a calçar botas e polainas, bem como o mais legítimo, ratifico, perro de lana que conheci na vida. Seu chanceler, ministro do Itamaraty, Celso Lafer (autêntico representante da diplomacia de punhos de renda), tirou os sapatos em um aeroporto dos EUA, a mando de um subalterno agente federal daquele País. Lafer, bem como Luiz Felipe Lampreia, são homens de punhos de renda e especialistas de prateleira da Globo News contratados para atacar a diplomacia independente atual. Eles efetivaram, quando chanceleres dos tucanos, uma política diplomática de exclusão e com o propósito de atender aos interesses do Departamento de Estado dos EUA, voltada também para a União Europeia e afastada dos países africanos, árabes, asiáticos e sul-americanos.
Lula fez o contrário. Com o fortalecimento e a ampliação do Mercosul, o Brasil rejeitou a Alca (cujo objetivo era liberar os mercados internos latino-americanos para os produtos dos EUA) e liderou a integração da América do Sul, que, por intermédio de seus mercados, conseguiu evitar a crise mundial de 2008, aquela que o Lula chamou de marolinha e que deixou a imprensa de mercado, neoliberal e comercial — que detesta o Brasil e seu povo — furiosa, a babar uma baba bovina, por meio de suas manchetes manipuladoras e de seu jornalismo de esgoto. A China passou a ser a maior parceira. A África entrou fortemente na agenda do Brasil, e os negócios com os árabes e sul-americanos foram espetacularmente aumentados. O mercado interno brasileiro ficou muito mais robusto, o governo federal concedeu isenção de taxas e impostos e o consumo cresceu como nunca antes neste País.
Dessa forma, com a inteligência, a responsabilidade e a competência de técnicos e administradores brasileiros, o Brasil não sentiu a crise dos países ricos e mostrou à comunidade internacional que é forte, soberano e independente. É a efetivação da diplomacia Sul-Sul, que formalizou novos mercados e cooperou, sobremaneira, para combater a crise criada pela irresponsabilidade dos países hegemônicos. Lula foi protagonista da criação do G-20, que hoje faz frente ao poderoso G-7, além de ter sido negociador importante para a criação do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Esses países redesenharam o poder internacional, tanto no que tange à economia quanto ao que é concernente à geopolítica, no que é de direito do Brasil e de seus parceiros quanto ao assumir uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

Obama enviou carta a Lula para negociar com o Irã. Depois boicotou o acordo conseguido por Brasil e Turquia.
  
 Os EUA, com sua diplomacia do porrete, não resolvem questão internacional alguma, ainda mais quando se trata de conflitos seculares e até milenares entre os povos. Os EUA e a União Europeia tem de resolver as guerras em que se envolveram, o derretimento de seus sistemas bancário e imobiliário, além da pobreza de grande parcela de suas populações. Aliás, a pobreza que campeia no país yankee é amenizada e escondida pela imprensa provinciana e golpista. O Jornal Nacional da TV Globo não pauta reportagens sobre o assunto com a ênfase que merece, porque para o principal porta-voz midiático da elite os EUA são a meca do capitalismo e, portanto, independente de qualquer coisa, o paraíso dos sonhos da burguesia brasileira. Mas quando se trata da Rússia, da China, da Venezuela, Cuba, enfim... O enfoque muda de figura.
Contudo, voltemos ao "admirável" neoliberal Fernando Henrique Cardoso — o famoso FHC.
Fernando Henrique, para mim, deveria estar preso ou a responder processos, como foram trancafiados ou respondem por seus atos muitos dos neoliberais da América do Sul, como o argentino Carlos Menem, o peruano Alberto Fujimori e o mexicano Carlos Salinas de Gortari, que escapou de ser encarcerado porque fugiu para os EUA. Salinas, além de vender estatais mexicanas, foi acusado de ser narcotraficante e por causa disso fugiu. O Uruguai também teve seus neoliberais, os entreguistas Julio Maria Sanguinetti e Luís Alberto Lacalle, que tentaram diminuir o estado uruguaio, um país com apenas quatro milhões de habitantes e praticamente rural, o que é um absurdo. 
A Colômbia cujos últimos cinco presidentes pertencem ao espectro político de direita, alguns de perfil mezzo fascista como o ex-presidente Álvaro Uribe, tornou-se a porta-voz da política externa estadunidense na América do Sul. Os presidentes César Gaviria Trujillo, Ernesto Samper Pizano, Andrés Pastrana Arango, Álvaro Uribe Vélez e o recém-eleito Juan Manuel Santos Calderón abraçaram o neoliberalismo e garantiram à política externa norte-americana (a política do porrete) bases militares em defesa do capitalismo de mercado, desregulamentado e com a presença mínima do estado.
 Ressalto ainda a existência da guerra de guerrilha em território colombiano, as ações das organizações paramilitares de direita acusadas de extermínio pelos órgãos internacionais de direitos humanos, além da questão mais importante, que é a presença dos presidentes bolivarianos Hugo Chávez, da Venezuela, Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia, políticos de esquerda e que incomodam demais os conservadores do continente, bem como os interesses dos EUA, que, se tiver oportunidade para derrubá-los do poder, certamente o farão.

Bolivarianos tem orgulho das raízes e não tem as cabeças colonizadas como nossas "elites".
 
Não podemos esquecer o Chile, país-laboratório para as teses neoliberais em âmbito mundial, mais de dez anos antes do Consenso de Washington de 1989. O ditador Augusto Pinochet e seus chicagos boys — economistas chilenos formados pela PUC chilena, da equipe de Pinochet, que depois estudaram na Universidade de Chicago — criaram e implementaram teses de enxugamento das máquinas de estado e apoio irrestrito à iniciativa privada, sem, contudo, efetivar a regulamentação dos diversos segmentos da economia, liberdade exagerada para a remessa de lucros, valorização em demasia do segmento de exportações e o não fortalecimento do mercado interno e do setor público que, geralmente, fomentam a economia dos países e atendem a população pobre.
O estado menor e a auto-regulamentação do sistema capitalista eram a “religião” a ser seguida no nosso planeta. E coitado de quem fosse contra! Coitado! Era logo taxado de "dinossauro" ou de "voz do atraso" pelo nossa "culta", "inteligente" e "sábia" academia conservadora universitária, com o apoio irrestrito da pior, da mais corrupta e a mais mentirosa imprensa do mundo: a imprensa brasileira. Anos depois Margaret Thatcher, imperialista também conhecida por dama de ferro, efetivou o neoliberalismo na Inglaterra e deu no que deu: a partir de 1989, o mundo passou a ter uma nova doutrina econômica, com o apoio irrestrito dos EUA (leia-se Ronald Reagan), que quase acabou com os países africanos, asiáticos e latinos americanos (falência dos estados nacionais, miséria e fome de seus povos).
O Chile continuou a se imolar à toque de caixa, até perceber que a pobreza no país andino estava a aumentar, e muito. Como o povo não é enganado a vida inteira, tratou de eleger a socialista moderada Michelle Bachelet. O Chile melhorou seus índices sociais, e como. O mesmo ocorreu com a Venezuela, que elegeu o socialista Hugo Chávez, que tirou da elite branca de origem espanhola o controle secular do petróleo. Por isto e por causa disto, Chávez é, juntamente com Evo e Correa, demonizado pela imprensa colonialista do mundo inteiro, e, como não deveria deixar de ser, pela imprensa privada (privada nos dois sentidos, tá?) brasileira. 
O neoliberalismo foi, irremediavelmente, derrotado. No Brasil, Lula foi eleito duas vezes e Dilma Rousseff está a dar continuidade à distribuição de renda e de riqueza, bem como às estratégias de nossa política internacional colocadas em prática até agora. Só quem não vê essas realidades é quem não enxerga o óbvio, pois tem o olhar de Miriam Leitão, Alexandre Garcia, Willian Wack, Carlos Alberto Sardenberg e muitos outros jornalistas de confiança dos barões da imprensa, que, historicamente, são golpistas e não tem nenhum compromisso com o Brasil.

Jabor e Wack: desprezo pelo Brasil, oposição aos trabalhistas e defesa do que é privado.
 
O FMI, o Bird e o FED, tentáculos da opressão e da exploração dos países imperialistas, transformaram-se em órgãos que simplesmente determinavam o que os governantes eleitos pelos seus povos deveriam fazer. Foram vinte anos de humilhações, de desfaçatez, de traições, até que, a partir do início da primeira década deste século, candidatos a presidente de esquerda passaram a vencer as eleições, tanto na América do Sul quanto na América Central, além de alguns países africanos e asiáticos. 
Em 2008, aconteceu a crise econômica na Europa, nos EUA e no Japão e o sistema neoliberal de espoliação derreteu como gelo no asfalto quente. Segundo especialistas, a crise é maior e mais complexa do que a crise de 1929. E a imprensa brasileira corrupta e de mercado se transformou em porta-voz do pensamento único e defendeu, de forma contínua e persistente, que o mercado era a solução e que se auto-regulava, e, por conseguinte, não seria necessária a mediação dos estados nacionais.
Seria cômico se não fosse trágico. Quando é que empresários tubarões e países colonialistas vão abrir mão do lucro e da exploração alheia? Só mesmo a ditadura da imprensa para fazer uma lavagem cerebral em parte das populações alienígenas, conservadoras e de classe média. O estado tem de estar presente, e as pessoas tem de compreender que sem as mediações e as regras estabelecidas pelo estado os poderosos se aproveitam de sua força para impor um sistema de privilégios onde poucos tem acesso aos benefícios sociais e à proteção do estado. A verdade é que a maioria dos povos latinos parou de votar em político de direita. Políticos sem visão social e de país, a exemplo do entreguista  FHC, o Neoliberal, que foi presidente e mesmo assim não conhece a grandeza do Brasil e a força e o talento da Nação brasileira. É isso aí.
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