quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Contraponto 12.389 - "Marina fala, fala, fala, mas é difícil saber o que ela quer"

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09/10/2013


 

Marina fala, fala, fala, mas é difícil saber o que ela quer

 

Do Blog do Kotscho - Publicado em 09/10/13 às 12h22

 


marina Marina fala, fala, fala, mas é difícil saber o que ela quer

Ricardo Kotscho

Três dias após o anúncio da sua chapa com Eduardo Campos, em longas entrevistas exclusivas para os três principais jornais nacionais (Folha, Estadão e Globo) publicadas nesta quarta-feira, Marina Silva ocupou todos os principais espaços da mídia, como se ainda fosse candidata a presidente, para explicar a inesperada aliança da sua Rede Sustentabilidade, que não conseguiu registro no TSE, com o PSB do governador de Pernambuco, quarto colocado nas pesquisas.

Marina falou de tudo, dos motivos que a levaram a optar pelo PSB para fazer um "acordo programático, não pragmático" às diferenças entre os dois partidos, mas depois de ler tudo o que ela falou aos jornais fiquei sem saber o que ela exatamente quer da vida.

No sábado, quando a chapa foi festivamente anunciada em Brasília, parecia definido que Eduardo seria o candidato a presidente e Marina sua vice. A velha mídia chegou até a comemorar. Agora, já não é bem assim.

"Nós dois somos possibilidades", disse Marina à Folha, deixando em aberto quem será cabeça de chapa na disputa pela Presidência da República. "Para nós não interessa agora ficar discutindo as posições. Nós dois somos possibilidades e sabemos disso. Que possibilidade seremos o processo irá dizer".

Que processo, que possibilidade, o que ela quer dizer com isso? Vice-líder nas pesquisas, com três vezes mais intenções de voto do que Eduardo Campos, que deu ontem apenas uma entrevista de meia hora a um programa de rádio de Salvador, Marina começou a semana no papel de protagonista, referindo-se muitas vezes a ela mesma na terceira pessoa, como Pelé fazia.

Em sua breve entrevista, Eduardo foi duro e direto: "Chegou a hora de a gente aposentar um bocado de raposas que estão enchendo a paciência do povo brasileiro. Eles precisam ir para casa para o Brasil seguir em frente".

Já Marina, em sua linguagem bastante peculiar, que a maioria das pessoas leigas e terrenas não entende, vai na contramão da batalha dos dirigentes do PSB, há meses em busca de novos aliados para aumentar o tempo de televisão de Eduardo Campos (por enquanto, pouco mais de um minuto, 12 vezes menos do que o calculado para a aliança da presidente  Dilma Rousseff, candidata à reeleição, que lidera com folga todas as pesquisas até aqui). "Quem vai definir a eleição de 2014 não é o tempo de TV, não é estrutura de campanha. É a postura".

Que postura é essa, ela não explica. Reproduzo abaixo e comento algumas declarações de Marina, e peço ajuda aos leitores para entender aonde ela quer chegar com os princípios da sua anunciada "Nova Política".
"Aqueles que divergirem têm o direito de não votar, têm o direito de não concordar, isso é democracia. Eu não sou Deus e nem com Deus todo mundo concorda".

Entenderam? Pelo menos ficamos sabendo o que Marina diz que não é, embora não se saiba ainda exatamente o que é.

"Se a gente ficar discutindo candidatura, a gente vai fazer exatamente o contrário daquilo que eu queria: discutir o programa. É um outro momento político. A candidatura que já está posta, está posta. Nós estamos discutindo um programa".

Muito bem, mas que programa? Os dois só se falaram rapidamente uma vez no final de semana e até agora nenhum deles deu qualquer pista sobre que programa é esse.
"Eu não fiz isso, em hipótese alguma, por mágoa ou raiva. Fiz em legítima defesa. Em legítima defesa da democracia, de poder discutir ideias, do direito de discutir e debater propostas, o que nos estava sendo negado".

Negado por quem? Quem estava ameaçando a democracia? Que propostas ela foi impedida de discutir e por quem?

"É preciso um governo que faça uma desruptura, que não esteja preocupado com a reeleição. Sou contra a reeleição".

O que é "desruptura"? O que a reeleição tem a ver com isso? Sabe-se apenas que, no rápido acordo acertado com Eduardo, Marina arrancou dele a garantia de que, se eleito, enviará ao Congresso Nacional proposta para acabar com a reeleição.

"Só Deus e o tempo dirão se meu gesto foi para ajudar a mudar ou se foi para me vingar. Agora, para convencer os outros, a gente tem que ter o que dizer".

É exatamente este o problema: dizer o quê?
 
Aliança fática? Intenção da semente? Por favor, me ajudem a descobrir o que é isso. De outro lado, quem, afinal, a acusou de estar "urubuzando" a candidatura de Eduardo?

"O que eu sinto é que nós vamos ter que fazer primeiro um adensamento e haverá um alinhamento que nos leva a uma linha de corte, que não imagino que seja a Rede e o PSB fazendo corte, os parceiros também têm o direito de dizer: `olha, nessa nova configuração que está posta, com a chegada dessa ecochata da Marina, me dá licença que eu estou indo embora´".

Adensamento, alinhamento, linha de corte? Não entendi nada.

"A gente está começando um pequeno desvio e é preciso ter muita delicadeza para esse desvio prosperar. Porque o eixo da sustentabilidade é muito importante, mas a sustentabilidade política é a base da transformação das outras coisas".

Um pequeno desvio? Ah, bom...

"Vejo isso como uma armadilha. Porque se nós estamos falando em um esforço programático e em novos paradigmas, juntar alhos com bugalhos pensando só em tempo de televisão não tem nada a ver com a nova política."

Pelo jeito, Marina Silva não tem a menor ideia sobre os apoios, a estratégia e a formação dos quadros do PSB nos Estados, e a jogada de mestre do final de semana está rapidamente se transformando numa imensa dor de cabeça para os sonhos presidenciais de Eduardo Campos, bem antes do que se poderia imaginar.


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PITACO DO ContrapontoPIG
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Marina não conseguiu sequenciar duas frases que fizessem sentido, apesar de todo o tempo e espaço gráfico que a mídia dispensou a ela nestes dias.
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