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30/03/2015


Os “valentões” com a Bolívia esqueceram do “tio” FHC. Uma usina desativada em troca de mais gás


Tijolaço - 30 de março de 2015 | 17:30 Autor: Fernando Brito
gas


Fernando Brito 

Na virada do século, na iminência do apagão, Fernando Henrique Cardoso acertou com o general
Hugo Banzer, da Bolívia, e com investidores estrangeiros um contrato de compra de gás daquele país.
Era na modalidade “take or pay”: isto é, pagávamos a quantidade previamente contratada, usássemos ou não usássemos o gás boliviano.

A Folha, em 2001, publicou a reportagem acima, dizendo:

“Só no primeiro trimestre do ano, a Petrobras pagou para os donos do trecho brasileiro do gasoduto Brasil-Bolívia cerca de US$ 30 milhões sem ter nenhum benefício em troca. No ano passado, foram outros US$ 20 milhões. O cálculo foi feito com base no custo de transporte atual. Quando o Brasil assinou o contrato de construção do gasoduto, ele garantiu aos investidores que transportaria uma quantidade mínima de gás natural. (…) Dadas a demanda atual e a produção nacional, a Petrobras traz da Bolívia 10,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Paga, no entanto, pelo transporte de 16,3 milhões de metros cúbicos -paga por tudo, mas usa só 64,41%. São mais de US$ 250 mil desperdiçados por dia.”

Agora, a partir de uma matéria (requentada) do Estadão, o pessoal que o Chico Buarque definiu como aquele que “fala grosso com a Bolívia e fala fino com os EUA” está fazendo uma onda porque o Brasil está reformando uma termoelétrica desativada desde 2009 e adaptando-a para uso de gás (abundante na Bolívia e inexistente em Porto Velho, onde ela está) na Bolívia.

Estaríamos subsidiando aquele “índio”, dizem os gênios da geopolítica.

Como eles não lêem nem os jornais da direita, não ficaram sabendo que há 20 dias estiveram em Brasília emissários do Governo boliviano, com os quais o Brasil negocia uma ampliação do fornecimento de gás, agora plenamente utilizado, para operar usinas termoelétricas a gás, próximas aos grandes centros urbanos (com baixíssimo custo de transmissão, portanto).

Já a Bolívia tem problemas, por falta de linhas de transmissão, no atendimento das áreas mais isoladas do país , com pequenas usinas como a que servia Porto Velho antes de sua interligação ao Sistema Elétrico Nacional e das usinas do Madeira. Mas, ao mesmo tempo, tem locais de grande potencial de geração, os quais são de enorme interesse para o Brasil, e nenhum dinheiro para investir em seu aproveitamento.

Um dentro do território boliviano, Cachuela Esperanza (Cachoeira Esperança) e outro a ser explorado de forma binacional, como Itaipu, , no rio Mamoré, que faz divisa entre o Brasil e a Bolívia, no Estado de Rondônia. “Essa usina ficaria entre as cidades de Guajará-Mirim e Abunã e teria capacidade para gerar cerca de 3.000 MW”, segundo a Folha, duas vezes mais que a Hidrelétrica de Furnas.

Qual é a sugestão da turma de cérebro acochinhado para que os dois países possam explorar conjuntamente estas riquezas? Intervenção militar? O Bolsonaro vai invadir La Paz?
É duro debater com quem tem a cabeça assim, de “valentão”.

E que não lembra de como, no governo deles, perdeu-se dinheiro com o gás boliviano, embolsado pelos empresários e pelo governo Banzer, sem benefício para a população daquele país, que ainda nos considerava saqueadores de suas riquezas.

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