domingo, 22 de abril de 2018

Nº 23.941 - "A saga da destruição da economia continua"

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22/04/2018

A saga da destruição da economia continua


Do Blog do Esmael - 22 de Abril de 2018


 O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) denuncia o engodo do combate à corrupção enquanto no Brasil real aumentam o desemprego, a recessão e os juros são estratosféricos para quem produz.


“Nosso povo já não suporta tanto desemprego, recessão e juros estratosféricos. Fica fácil para quem tem no final do mês um gordo salário pago pelo erário dizer que ‘talvez seja necessário parar o país para combater a corrupção'”, escreve Romanelli.

Leia a íntegra:

A saga da destruição da economia continua

Luiz Claudio Romanelli*

“No Brasil o fundo do poço é apenas uma etapa”. (Luis Fernando Verissimo)


O Brasil era uma das economias mais promissoras dos países integrantes do BRICS na década passada. Infelizmente desde 2015 está em declínio.

Quais são as razões para tal desastre, quando vemos os países emergentes crescendo, tendo como exemplo a China, com mais de 6,8% no primeiro trimestre do ano?

O Brasil colhe os resultados de um antiga mentalidade patrimonialista, e é comandado por uma elite atrasada, tentando a qualquer custo implantar reformas antipovo, para deixar o Brasil ainda mais desigual.

Na ânsia de implantar a qualquer custo a política anticorrupção no Brasil, aos poucos vamos matando as nossas galinhas de ovos de ouro.

Na última quinta-feira (19) a União Europeia decidiu proibir as importações de produtos de aves, de 20 frigoríficos brasileiros. São 12 frigoríficos da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão e outros oito de outras empresas brasileiras.

O Estado mais prejudicado pelo embargo foi o Paraná, com oito unidades proibidas de exportar. Em seguida está Santa Catarina, com três unidades. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Goiás tiveram cada um duas unidades afetadas. São Paulo também teve um frigorífico vetado pela UE. A decisão impacta entre 30 e 35% das exportações de frango, de acordo com o Ministério da Agricultura e entrará em vigor 15 dias após a publicação no diário oficial da UE.

O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e a União Europeia é seu principal comprador. O bloco é responsável por 7,5% do frango vendido pelo país ao exterior, em toneladas, e 11% em receita, segundo dados da ABPA. Em 2017, o Brasil exportou US$ 775 milhões em frango para a União Europeia.

O motivo oficial alegado para a União Europeia bloquear as exportações de frigoríficos brasileiros foram problemas identificados em testes de qualidade, como a presença de salmonela acima do padrão europeu na carne brasileira exportada ao bloco.

Não é coincidência que apenas um dia antes o Ministério da Agricultura tenha suspendido o auto embargo que havia imposto a unidades frigoríficas da BRF, após novas denuncias da Operação Carne Fraca. Na quarta o Ministério liberou a produção e certificação sanitária de fábricas da empresa que exportam produtos de aves do Brasil para União Europeia. Na quinta a UE anunciou o embargo.

Segundo Ricardo Santin, vice-presidente de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade que representa produtores de frango e de suínos no país, o critério do teste sanitário é apenas uma cortina de fumaça. Segundo ele, o embargo foi feito para forçar exportadores a pagar mais impostos e priorizar a carne local.

Com toda a razão, os produtores brasileiros de frango avaliam que a decisão vai provocar uma crise no setor. A expectativa é que ocorra um excesso de oferta no Brasil, o que levará à queda de preços no mercado interno e demissões nos frigoríficos.

Em entrevista ao site G1, o vice-presidente de Mercados da ABPA, disse que o mercado interno não tem condições de absorver o volume que deixará de ser exportado para a Europa e os frigoríficos vão ter de reduzir a produção.

A suspensão temporária das exportações e as restrições impostos à Europa nos últimos meses já levaram frigoríficos brasileiros a darem férias coletivas para seus funcionários. Há um total de 15 mil trabalhadores nessa situação atualmente, de acordo com Santin.

“As férias coletivas podem virar desemprego. É triste ver que por um critério que é uma barreira comercial disfarçada vai ter gente perdendo emprego”, afirmou.

O ministro Blairo Maggi, acompanhado da governadora Cida Borghetti, esteve em Campo Mourão na quinta-feira. Segundo ele, o impacto será muito grande. “Teremos que buscar mercados para substituir rapidamente essas exportações”, afirmou. “Essa proteção por parte da saúde animal pode até ser interrogada, mas uma proteção de mercado não vamos aceitar”.

Ele já havia anunciado que o Brasil iria recorrer a OMC contra esse movimento do bloco europeu. “Estão aproveitando para nos tirar do mercado em nome da sanidade, o que não é verdadeiro”, afirmou.

Para o Paraná, a decisão da UE trará também um grande impacto, pois afeta diretamente as exportações das unidades da BRF em Carambeí, Toledo e Francisco Beltrão, da Copacol, em Cafelândia, da Copagril em Marechal Cândido Rondon, da Coopavel, em Cascavel, da Avenorte em Cianorte e da LAR, em Mateândia.

O Paraná é o maior produtor e exportador brasileiro de frango. Só em 2017, o estado abateu em torno de 1,79 bilhão de aves e exportou 1,57 milhão de toneladas.

A unidade da BRF em Toledo deu férias coletivas a dois mil funcionários logo após sair à decisão da UE e é provável que a unidade de Carambeí faça o mesmo.

É lamentável que essa decisão da UE contra frango brasileiro, claramente por motivos políticos e não sanitários, vá provocar demissões e perdas a nossa já tão combalida economia.

Nosso povo já não suporta tanto desemprego, recessão e juros estratosféricos. Fica fácil para quem tem no final do mês um gordo salário pago pelo erário dizer que “talvez seja necessário parar o país para combater a corrupção”.

Boa Semana! Paz e Bem!


*Luiz Cláudio Romanelliadvogado e especialista em gestão urbana, ex-secretário da Habitação, ex-presidente da Cohapar, e ex-secretário do Trabalho, é deputado pelo PSB. Escreve às segundas-feiras sobre Poder e Governo.

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