sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Contraponto 6848 - "Na crise econômica global, Brasil se diferencia também na política"

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25/11/2011

Na crise econômica global, Brasil se diferencia também na política

Da Carta Maior - 25/11/2011


Enquanto Obama enfrenta resistência republicana sem fim e na Europa governos tombam em série, Dilma aprova com folga todas as medidas anticrise propostas ao Congresso. 'Brasil tem maturidade política', diz ministro da Fazenda. Nascido na oposição, PSD ilustra coesão pró-governo. Para cientista político, projeto Lula-Dilma conquistou sociedade. Tucanos acham que Planalto compra apoio.

André Barrocal

BRASÍLIA – O Brasil atravessa um momento econômico bem diferente do vivido por países ricos, como Estados Unidos e alguns da Europa. Cresce e vislumbra tornar-se a quarta economia mundial em 15 anos ou 20 anos, enquanto o “primeiro mundo” está estagnado e sem perspsectiva de sair dessa situação. Mas a distinção não para na economia. Mesmo sendo uma democracia jovem, na comparação com norte-americanos e europeus, o país demonstra hoje mais tranquilidade política também.

Em meio à crise global, o governo tem aprovado tudo o que quer no Congresso. E com folga. Aqui, não houve nada parecido com a guerra travada entre o presidente norte-americano, Barack Obama, e seus adversários do Partido Republicano em torno do limite máximo da dívida pública que resultou no constrangimento de, pela primeira vez na história, os EUA terem reduzida sua nota no ranking de uma agência que classifica países de acordo com a possibilidade de calote deles no 'mercado'.

Também são estranhas ao Brasil as disputas entre governo e parlamento vistas em países europeus endividados até o pescoço e que precisavam tomar uma decisão política: sacrificar as populações e submetê-las à desesperança no curto e médio prazo ou enfrentar o 'mercado'? Nestas batalhas, tombaram primeiros-ministros na Grécia e na Itália, ou partidos à frente do poder, caso da Espanha.

Enquanto isso tudo se passava lá fora, aqui, deputados e senadores aprovavam, a pedido do governo, um pacote de incentivos fiscais para a indústria, redução de tributos para micros e pequenas empresas e a taxação da especulação com dólar no chamado mercado de derivativos, em votações muitas vezes simbólicas. “O Brasil tem hoje uma maturidade política que não existe infelizmente nesses países [desenvolvidos]”, diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

“O PSD é um dos reflexos disso. Não tem vínculo oficial com o governo em exercício, nem o compromisso de ser oposição por oposição”, afirma o líder do Partido Social Democrático na Câmara dos Deputados, Guilherme Campos (SP).

Criado este ano por políticos adversários do ex-presidente Lula cansados de ver o país crescer e o governo ser popular apesar dos erros apontados e das críticas feitas, o PSD é o melhor exemplo da “maturidade política” mencionada por Mantega.

Na votação mais importante para o governo este ano na Câmara, em que se decidia a renovação Desvinculação das Receitas da União (DRU), existente há mais de uma década mas que a presidenta Dilma Rousseff diz que é essencial em meio à crise internacional, o partido votou 100% a favor do Planalto.

Versões
Qual seria a explicação para a coesão política observada hoje em torno da presidenta? Aí depende da posição em que se situa o autor da resposta.

Para a ministra-chefe da articulação política de Dilma, Ideli Salvatti, a razão principal é a economia. Como o país está bem, e falar mal do governo não parece um bom negócio do mercado de votos, a maioria dos partidos apoia e continuará apoiando, apesar de problemas pontuais. “Ninguém se rebela se as coisas estão dando certo. E elas estão dando certo”, diz.

Avaliação semelhante tem o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann. Em diversos setores da sociedade, não só nos partidos, a satisfação com o projeto de desenvolvimento em curso seria predominante. “A novidade do Brasil nessa primeira década do século XXI é a construção de uma maioria política que tem clareza que o país não pode mais continuar com voo de galinha”, afirma.

Nas hostes oposicionistas, porém, a explicação é outra. E nada republicana. O governo teria feito um condenável e inaceitável acordo de entrega de fatias de poder (ministérios e cargos) em troca de apoio partidário. É o que diz com frequência o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também fez um governo de coalizão, embora tenha obtido menos votos favoráveis no Congresso do que tem Dilma hoje.

Para os tucanos, esse modelo de relação seria impróprio porque favoreceria o tipo de prática antiética que já levou à demissão de vários ministros neste primeiro ano de gestão Dilma.

“Há um loteamento da máquina para o governo aprovar o que quer no Congresso”, diz o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), líder do bloco de oposição na Câmara. “Se vivêssemos no parlamentarismo, como na Europa, o governo já teria caído. E se tivéssemos partidos fortes, como nos Estados Unidos, já teria sofrido impeachment.”

Desempate
O tira-teima na disputa de análises fica com o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para ele, o atual estágio político brasileiro é antes de tudo fruto de um processo histórico. A democracia avançava no início dos anos 60, foi barrada pelo golpe militar de 1964 e adormeceu enquanto o mundo se dividia na guerra fria “capitalismo x comunismo”. Mas, com a volta dos militares aos quartéis, em 1985, retomou o caminho antes abreviado e, agora, vai se consolidando e assistindo a um fortalecimento contínuo das instituições.

Apesar disso, o professor acredita também que é preciso levar em conta o papel do governo Lula na atual coesão política em torno de Dilma, que representa o prosseguimento de um projeto iniciado em 2003.

“Esse esforço de incorporação social tem tido apoio prolongado e sustentado. A questão social se incorporou à dinâmica política nacional”, afirma Fábio Wanderley. “Mas dizer que o Brasil está num patamar político superior a Estados Unidos e Europa, é difícil responder.”


Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom
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2 comentários :

  1. A presidente DILMA se reelegará com menos dificulda de que em 2010, pois o PIG, no final das contas prefere ela ao LULA. 2. O PT VAI ARRASAR COM OS MAIA NO RG DO NORTE nas eleições de 2012, a fracassa prefeita verde vai amarelar por falta de votos. E será que o sen agrip maia se reelegerá, mais um que acho que o LULA vai derrotar.

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  2. A presidente DILMA se reelegará com menos dificulda de que em 2010, pois o PIG, no final das contas prefere ela ao LULA. 2. O PT VAI ARRASAR COM OS MAIA NO RG DO NORTE nas eleições de 2012, a fracassa prefeita verde vai amarelar por falta de votos. E será que o sen agrip maia se reelegerá, mais um que acho que o LULA vai derrotar. Eugênio l. da Costa

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