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22/01/2015
Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil
É extraordinário.
Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil, tamanha a carga de má informação e análise tendenciosa da mídia brasileira.
Em Davos, o premiê chinês Li Keqiang definiu falou sobre a desaceleração de seu país. Nos anos do milagre chinês, o crescimento bateu em 14% ao ano.
Para 2015, a expectativa é 7%. O universo treme, hoje, diante do fantasma de uma China sem vigor suficiente para empurrar a economia mundial.
“O arrefecimento da China é parte do ajuste da economia mundial.”
Troque a China pelo Brasil e você terá o diagnóstico da economia nacional.
É uma verdade simples e incontestável: o arrefecimento do Brasil é parte do ajuste da economia mundial.
Mas quantas vezes você viu isso?
Ao longo da campanha, com seu peculiar cinismo demagógico, Aécio disse copiosas vezes o contrário.
Era como se o Brasil fosse um caso isolado de baixo crescimento numa economia global intrepidamente aquecida.
Nesta mistificação, Aécio recebeu a contribuição milionária de colunistas econômicos como Míriam Leitão e Carlos Sardenberg.
Gosto de dizer que um dos propósitos do jornalismo é jogar luzes onde existem sombras. O que o jornalismo econômico fez foi o inverso: mais sombras onde já havia sombras criadas por Aécio.
Não se trata de negar erros que possam ter sido cometidos na política econômica. Mas de assentar o debate na base a partir da qual a discussão pode ficar séria: a economia mundial vive desde 2008 uma crise séria, e o Brasil é parte do todo.
Num primeiro momento, depois de 2008, os países emergentes pareceram a salvação do mundo. Mas com o correr do tempo ficou claro que não era bem assim.
Também os emergentes passaram a sofrer: China, Brasil, Índia e Rússia.
Na raiz da crise iniciada em 2008 estava a ressaca do thatcherismo, a doutrina conservadora da premiê britânica Margaret Thatcher.
Moda nos anos 1980, e copiado no Brasil na década seguinte por FHC, o thatcherismo defendia coisas como a desregulamentação do mercado financeiro.
Entregues à própria ganância, os grandes bancos do mundo foram fazendo operações cada vez mais arriscadas.
Uma hora a realidade se impôs e a festa acabou.
A quebra espetacular e em dominó de muitos daqueles bancos foi a senha para a crise que pôs de joelhos a economia global.
No Brasil, a ortodoxia thatcherista ressurgiu no debate graças a Armínio Fraga, o ex-futuro ministro da economia de Aécio.
Fraga é Thatcher desde antes de nascer.
O eleitorado disse não ao thatcherismo. Disse 54 milhões de vezes não. Mas Dilma parece não ter achado bem isso, ainda que vitoriosa com uma campanha que negava a ortodoxia, e colocou Joaquim Levy para comandar a economia.
Este é um bom debate: por que essa concessão ao conservadorismo econômico batido nas urnas?
Mas, enquanto for invocada a falácia do “Brasil-estagnado-num-mundo-próspero-e-feliz”, estaremos condenados a debates que apenas emburrecem os que os levam a sério.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Às vezes você tem que ouvir o premiê da China para entender a economia do Brasil, tamanha a carga de má informação e análise tendenciosa da mídia brasileira.
Em Davos, o premiê chinês Li Keqiang definiu falou sobre a desaceleração de seu país. Nos anos do milagre chinês, o crescimento bateu em 14% ao ano.
Para 2015, a expectativa é 7%. O universo treme, hoje, diante do fantasma de uma China sem vigor suficiente para empurrar a economia mundial.
“O arrefecimento da China é parte do ajuste da economia mundial.”
Troque a China pelo Brasil e você terá o diagnóstico da economia nacional.
É uma verdade simples e incontestável: o arrefecimento do Brasil é parte do ajuste da economia mundial.
Mas quantas vezes você viu isso?
Ao longo da campanha, com seu peculiar cinismo demagógico, Aécio disse copiosas vezes o contrário.
Era como se o Brasil fosse um caso isolado de baixo crescimento numa economia global intrepidamente aquecida.
Nesta mistificação, Aécio recebeu a contribuição milionária de colunistas econômicos como Míriam Leitão e Carlos Sardenberg.
Gosto de dizer que um dos propósitos do jornalismo é jogar luzes onde existem sombras. O que o jornalismo econômico fez foi o inverso: mais sombras onde já havia sombras criadas por Aécio.
Não se trata de negar erros que possam ter sido cometidos na política econômica. Mas de assentar o debate na base a partir da qual a discussão pode ficar séria: a economia mundial vive desde 2008 uma crise séria, e o Brasil é parte do todo.
Num primeiro momento, depois de 2008, os países emergentes pareceram a salvação do mundo. Mas com o correr do tempo ficou claro que não era bem assim.
Também os emergentes passaram a sofrer: China, Brasil, Índia e Rússia.
Na raiz da crise iniciada em 2008 estava a ressaca do thatcherismo, a doutrina conservadora da premiê britânica Margaret Thatcher.
Moda nos anos 1980, e copiado no Brasil na década seguinte por FHC, o thatcherismo defendia coisas como a desregulamentação do mercado financeiro.
Entregues à própria ganância, os grandes bancos do mundo foram fazendo operações cada vez mais arriscadas.
Uma hora a realidade se impôs e a festa acabou.
A quebra espetacular e em dominó de muitos daqueles bancos foi a senha para a crise que pôs de joelhos a economia global.
No Brasil, a ortodoxia thatcherista ressurgiu no debate graças a Armínio Fraga, o ex-futuro ministro da economia de Aécio.
Fraga é Thatcher desde antes de nascer.
O eleitorado disse não ao thatcherismo. Disse 54 milhões de vezes não. Mas Dilma parece não ter achado bem isso, ainda que vitoriosa com uma campanha que negava a ortodoxia, e colocou Joaquim Levy para comandar a economia.
Este é um bom debate: por que essa concessão ao conservadorismo econômico batido nas urnas?
Mas, enquanto for invocada a falácia do “Brasil-estagnado-num-mundo-próspero-e-feliz”, estaremos condenados a debates que apenas emburrecem os que os levam a sério.
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