Até mesmo a Folha o assume, sem muitos rebuços, ao afirmar que a "
Prisão de José Dirceu recoloca PT na mira da Operação Lava Jato".
Mesmo que se considere que Dirceu pudesse, depois de fora do Governo,
influir em decisões administrativas, não faz o menor sentido a
argumentação de Sérgio Moro, no ato que "fundamentou" afirmar que ele
pudesse estar "vendendo prestígio" após sua condenação e prisão o caso
do chamado Mensalão, há dois anos.
Dirceu só teria para "vender" a "queimação" de ter sido tornado uma "figura maldita".
Até mesmo que se dispôs a oferecer um modesto emprego de
bibliotecário para que pudesse trabalhar no regime prisional semi-aberto
tinha de enfrentar um impiedoso esquadrinhamento de sua vida pela
mídia, para saber "quem é que está pagando para José Dirceu trabalhar.
Que tipo de vantagem José Dirceu poderia oferecer em troca de
propinas, nos últimos dois anos, boa parte deles passados atrás das
grades e o restante em reclusão doméstica, sem qualquer liberdade de
locomoção, ao ponto de ter tido negada,na semana passada, autorização
para ver a família no Dia dos Pais?
Os depoimentos acusatórios contra Dirceu, sejam verdadeiros ou
falsos, trazem a marca de algo que foi dito com o objetivo de livrar ou
reduzir a pena de gente que não tem, agora que são delatores, que se
preocupar mais com o que vai dizer, pois está coberta pela garantia de
que não lhes serão aplicadas penas graves.
E que tanto mais benefícios terão quanto mais contribuírem para o
objetivo de condenar mais figuras públicas, não ao esclarecimento da
verdade.
Há duas coisas, entretanto, que são irrespondíveis, embora Sérgio Moro gaste muita tinta para justificar.
A primeira é o fato de ele se atribuir jurisdição nacional (e até com
foros internacionais) sobre tudo o que disser respeito a possíveis atos
de corrupção de empreiteiras, desde que se tratem de obras ou empresas
federais. Dinheiro da Odebrecht, da Andrade Gutierrez, da UTC e de
outras dados a políticos "estaduais" ou "municipais" – com os quais elas
fazem centenas de negócios, "não vêm ao caso".
A segunda é que não se consegue apontar uma vantagem processual na
iniciativa de "prender um preso", pois é inverossímil que, a esta
altura, Dirceu possa estar produzindo em agentes políticos ou
empresariais qualquer coisa que não seja o medo-pânico em se aproximarem
dele. Nem de longe, por interpostas pessoas, telefonemas ou e-mails,
pois nem minha finada avó acreditaria que ele não é objeto de total
vigilância.
Além do mais, se é para prevenir uma suposta reiteração criminosa,
porque o esmero de não apenas pedir que o ex-ministro seja recolhido a
uma cela, mas pretender que esta seja a de Curitiba, onde a "turma da
lava-Jato" manda e desmanda e, sob a leniência do parvo Ministro da
Justiça, sequer consegue explicar a existência de violações como a de
instalar escutas clandestinas nas celas?
A razão, por isso, é evidente até para os olhos míopes da imprensa
brasileira. O desenrolar da Lava Jato estava deixando claro que os
esquemas de corrupção eram, essencialmente, ligados a políticos do PP e
do PMDB. As pressões para obter delações de Renato Duque e João Vaccari,
entre outros, ainda mantidos presos não resultou, até agora, em sucesso
na obtenção de acordos onde estes acusem a quem interessa acusar.
Dirceu, já linchado em praça pública, oferece aos politizadíssimos
investigadores e acusadores – a rigor, não é juiz neutro no processo – a
oportunidade de devolver ao escândalo um "alto coeficiente de PT outra vez.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista