28/01/2016
A Lava Jato insiste no protagonismo político
Com
o final das férias e do recesso, o governo Dilma Rousseff tem
possibilidade de assumir algum protagonismo político visando superar a
crise política e a econômica.
Antes terá que enfrentar a nova manobra da Lava Jato.
É
um jogo de xadrez que tem de um lado um bando de amadores incrustrado
no Planalto. De outro, um grupo coeso de procuradores da República e
delegados da Polícia Federal, em torno da Lava Jato, atuando
estrategicamente para tumultuar o ambiente político.
Não se sabe até quando irá esse jogo.
Ao
primeiro sinal de qualquer iniciativa política para romper com o
marasmo, explode a enésima operação da Lava Jato criando fumaça
inconsequente. Agora, trazendo de volta o tal tríplex de Lula em
Guarujá.
***
Não
se trata apenas da operação, mas do amontoado de vazamentos, da
ampliação desmedida da operação sem que os inquéritos cheguem ao fim, do
rumor espalhado de mais de uma centena de parlamentares envolvidos – e
não se conseguir sequer tirar do cargo o mais notório dos suspeitos,
Eduardo Cunha.
O
cadáver da Lava Jato continuará insepulto por muito tempo, porque de
sua prorrogação depende a manutenção da visibilidade e do poder político
de seus integrantes.
***
Dia desses, os dois procuradores mais notórios, Deltan Dallagnol e Carlos Fernando Lima, tentaram minimizar as ações.
Um
dos procedimentos políticos consiste em incluir perguntas para os
delatores sem nenhuma base factual, aparentemente sem extrair nenhuma
informação relevante, meramente para alimentar as manchetes de jornais.
A
explicação de Dallagnol foi a de que, no processo, só valerão as
acusações consubstanciadas em provas. Fala como se a menção a figuras
políticas, mesmo sem nenhuma prova, fosse uma ação neutra e não um álibi
para manchetes de impacto, reportagens repletas de insinuações.
Evidente que não é. Se tem implicações políticas, significa que a Lava Jato prática proselitismo político. Ou não? Procuradores
e delegados da Lava Jato recorrem a esse estratagema – de incluir nomes
de adversários políticos nos interrogatórios - com objetivos
nitidamente políticos.
***
A
segunda acusação é quanto aos vazamentos de depoimentos sigilosos. O
procurador Lima sustenta que o Ministério Público não veste essa
carapuça.
Ora,
a estratégia prévia da Lava Jato consistiu em vazamentos
indiscriminados, conforme o diagnóstico de Sergio Moro sobre o sucesso
da Operação Mãos Limpas. O poder consiste em controlar a pauta e gerar
manchetes diárias. Quem vestiria, então? A Polícia Federal? O juiz
Sérgio Moro?
Se não são os autores diretos, no mínimo são cúmplices desse jogo político. É óbvio.
***
Não se sabe até onde irá esse jogo de poder, que paralisa qualquer tentativa de superar o impasse político.
Mas
é evidente, que esses exageros deixarão uma conta alta a ser paga
futuramente pelo Ministério Público Federal, assim que o vácuo político
for superado e as instituições voltarem a funcionar normalmente.
Será ruim não apenas para o MPF, mas para o país.
***
De
qualquer modo, fevereiro será um mês chave. Politicamente, o governo
começa a mostrar algum rumo, a tese do impeachment se esvazia. Superada a
última manobra da Lava Jato, é possível que a partir de março o país
comece a respirar um pouco.
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