terça-feira, 1 de março de 2016

Nº 18.881 - "PF é o DOI-Codi; rebela-se, insubordina-se e mostra os dentes do golpe"

 

01/03/2016

 

 

  Palavra Livre - 01/03/2016
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Por Davis Sena Filho 
 
O que a Polícia Federal não quer e por causa disto se rebela e se insubordina em clara afronta ao Poder Executivo, nas pessoas do ministro da Justiça e da presidente da República, é romper com a hierarquia, tornar-se um órgão policial autônomo e independente, como se fosse um dos Três Poderes, além do Ministério Público, o que, evidentemente, desejo e intenção que não constam na Constituição. Pura política e meganhagem...

É inacreditável que o republicanismo do Partido dos Trabalhadores, com suas listas tríplices deu nisto: uma PGR e PF que se voltaram contra o próprio Governo Federal, com ações políticas, partidárias e ideológicas nitidamente de oposição, porque delegados, promotores, procuradores e juízes simplesmente construíram um estado paralelo, que, diuturnamente, encontra-se em um embate contra a Presidência da República, o PT e seus aliados no Congresso e na sociedade civil.

Inacreditável a que ponto chegaram as instituições judiciárias deste País, em um combate político feroz e sistemático, que tem por finalidade derrotar o PT antes das eleições, a exemplo do que estão a fazer, covardemente e peremptoriamente, com o principal líder do partido, o ex-presidente Lula, que está a ser linchado publicamente, a ter sua cidadania tratada com indignidade, de forma desumana, porque o objetivo desses servidores públicos pagos a peso de ouro pelo contribuinte brasileiro é impedir, da forma que for e puder, que o PT se torne vitorioso nas eleições de 2018.

A insubordinação e rebeldia da PF são de conotação política e visa, sobretudo, gerar matérias escandalosas para a imprensa privada deste País, talvez a mais covarde e corrupta do planeta, porque golpista já o é por natureza desde que tal imprensa mercantil foi fundada no Brasil, a fim de garantir os privilégios e os benefícios da casa grande junto ao Estado nacional. Privilégios e benefícios que transformam suas riquezas em algo perene, eterno, pois fruto do capital hereditário, posteriormente, privatizado via bancos de fomento e estatais, que asseguram as fortunas de gente bilionária, que somente quer o Estado para atender seus interesses e não os da Nação.

Temos no Brasil uma burguesia que enriqueceu debaixo do guarda-chuva do Estado brasileiro, que não divide os lucros, mas socializa com a Nação seus prejuízos e fracassos empresariais, porque os empresários nunca perdem, pois a eles é assegurado o perdão ou o rolamento sem fim de suas dívidas, em forma de pagamentos a perder de vista, até que, um dia, as vindouras gerações paguem, a valores módicos, o que seus ricos ancestrais deviam ao povo brasileiro, que sustenta uma das burguesias mais perversas, colonizadas e antinacionalistas do mundo.

Esta sociedade dominada e explorada por uma classe abastada completamente divorciada e alienada dos interesses da Nação, também fica sob o tacão de uma imprensa de mercado que, hora a hora e dia a dia, envenena seu público preferencial, que são os coxinhas de classe média e certa parcela de pobres, que tiveram ascensão social, mas moradores de um País conservador, cujos princípios e os valores se baseiam na aceitação de que "cada macaco deve ficar em seu galho", quando a verdade é que todos os "macacos" tem o direito de escolher o galho que quiser, bem como se movimentar pelas árvores que bem entender — o direito de ir e vir.

Quero afirmar que manter as pessoas em seus lugares no que concerne às suas classes sociais e aos lugares onde vivem e moram é fundamental para que os inquilinos da casa grande mantenham suas hegemonias e praticamente impeçam que o direito pleno à cidadania seja efetivado de maneira democrática e fundamentalmente socializada. Socializar é fazer com que as classes mais pobres ascendam economicamente, e, consequentemente, passem a usufruir dos benefícios do Estado nacional, agente principal do desenvolvimento social e econômico, porque somente o Estado é capaz de distribuir renda e riqueza e promover o bem-estar social, em um País desigual e injusto como o Brasil.

E por quê? Porque o Brasil tem 516 anos e todo mundo sabe, inclusive as "elites" escravocratas brasileiras e seus aliados ferozes e violentos, os coxinhas de classe média, que a iniciativa privada deste País marcado por 400 anos de escravidão e que praticamente exterminou os índios é seletiva, sectária, preconceituosa e luta para eleger presidentes que governam para poucos, bem como não dividem seus exorbitantes lucros, porque combatem a emancipação do povo brasileiro e a independência do Brasil. Sem oportunidade não há liberdade e sem justiça não há paz. É tudo o que a casa grande quer. Por isto que a burguesia derruba presidentes trabalhistas.

Por sua vez, o que tem a ver a PF com esse processo dantesco e crudelíssimo? Respondo: Tudo a ver. Os governos, em todas as eras e em todos os continentes, sempre serviram às classe privilegiadas de onde saem os empresários dos campos e das cidades, os cleros católico e protestante, os juízes, os militares de alta patente, os médicos, os advogados e os diretores e professores das universidades públicas e privadas de tradição. Este é o real poder, que protege seus negócios ao tempo que controla o Estado.

Além disso, com o tempo, ou seja, no decorrer da história, esses grupos dominantes e categorias profissionais ligadas diretamente ao Estado ou à grande iniciativa privada, tornaram-se um corpo único, fato este que favoreceu a construção de um Estado patrimonialista, o que significa o envolvimento do público com o privado, já que as autoridades e os cargos de poder e mando são ocupados pelos filhos dos empresários que controlam a economia e o mundo financeiro, quando surgiu o profissional talhado para valorizar e aplicar o dinheiro de quem tem muito dinheiro, que são os donos dos bancos — os banqueiros —, que frequentam o pico da pirâmide mundial, o establishment, e impõem suas receitas econômicas e financeiras draconianas a todos os povos das Nações, mesmos as ricas e desenvolvidas.

Exatamente, são essas categorias do mundo privado e do mundo estatal, mas umbilicalmente unidas, que se transformaram nos pilares que propiciaram o domínio de uma classe muito rica e poderosa economicamente, militarmente e politicamente sobre as outras classes, que não tiveram outra saída, a não ser se tornarem empregadas da burguesia, da casa grande, dos altos burocratas, militares e civis, dos reinados, e, posteriormente, dos ricos da idade moderna, que até hoje combatem, sem dar água e trégua, aos movimentos sociais e aos partidos de esquerda, com a cooperação canina dos órgãos de repressão do Estado.

Por isto e por causa disto, de forma resumida, que temos uma Polícia Federal arrogante, autoritária, prepotente e, com efeito, portadora de um conjunto de adjetivos que se transformam em violência. A PF é um dos braços armados do Estado brasileiro e não aceita mais sua subordinação ao Estado do qual a corporação faz parte. Hoje seus superintendes, diretores e delegados influentes se recusam a, inclusive, aceitar a nomeação do novo ministro da Justiça, Wellington César, por parte da presidente Dilma Rousseff, que foi eleita com quase 55 milhões de votos, sendo que tais lideranças da PF, pelo que eu saiba, não possuem voto algum. Se delegado da PF quer fazer política, entre em um partido e concorra às eleições. Agora, aproveitar-se de cargo público, pago com o dinheiro do povo para desestabilizar o Governo Dilma, aí não dá. É inaceitável.

É inaceitável o golpe contra Dilma Rousseff, porque esses policiais resolveram, inadvertidamente, que a atual mandatária do Brasil e o hipotético candidato a presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os dois do PT, não podem governar e muito menos, no caso de Lula, concorrer às eleições de 2018. E aí, como fica? A presidenta vai deixar de nomear o substituto de José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça? Claro que não. A mandatária teve quase 55 milhões de votos e tais votos significam que ela está autorizada a governar por intermédio do desejo soberano do povo brasileiro materializado pelas urnas.

Será que certos delegados da PF conseguem compreender esta realidade? Parece que não... Mas, eles não estudaram Direito? Estudaram. E é por isto mesmo que eles se insubordinam, tornam-se arrogantes e apostam em golpe contra uma presidenta eleita legalmente e democraticamente, que não incorreu em crimes de responsabilidade. A PF de hoje, entenda, representa, antes de tudo, o status quo, e tal status está nas mãos da casa grande, de seu partido, o PSDB, e de seus porta-vozes, a imprensa golpista e, por causa disto, criminosa dos magnatas bilionários de imprensa.

Dilma não vai nomear o ministro da Justiça, mas já nomeou, porque delegados em posição de poder e mando resolveram se voltar contra o Governo Federal, realidade esta que eles estão a fazer há muito tempo, a se aproveitar politicamente das "milhares" de operações Lava Jato, como estratégia desleal e nada republicana de não deixar o Governo Trabalhista eleito governar e efetivar seu projeto de País e programas de governo. Esta é a intenção: sufocar e engessar o Governo e desmoralizar suas lideranças e as do PT.

A Polícia Federal é fruto e filhote da ditadura e como tal ela age em pleno Estado de Direito, como se fosse uma corporação de um Estado à parte, de atuação paralela e que não aceita ser subordinada, mesmo a ter homens e mulheres armados até os dentes, bem como recusa os ditames da Constituição, no que é relativo às suas prerrogativas, direitos e deveres. Para resumir: a PF, incrivelmente, em forma de acinte e prepotência quer autonomia financeira e independência como órgão vinculado e subordinado ao Ministério da Justiça.

Só o que faltava, em pleno Estado de Direito e em um País democrático, a PF se insurge contra o Governo Federal e a sociedade civil organizada, porque não aceita se subordinar à Lei, ou seja, à Constituição. Onde se viu uma coisa desta? Em países democráticos tal reivindicação impositiva e autoritária como esta da PF seria prontamente rechaçada, rejeitada e seus chefes imediatamente punidos e afastados de seus cargos.

Não existem no Brasil órgãos, corporações e estatais independentes, mesmo as que não dependem do Orçamento da União, assim como jamais, por exemplo, o governo dos Estados Unidos permitiria que o FBI se tornasse independente em suas ações e sem controle orçamentário. Seria o fim da picada, porque nenhuma democracia e mandatário estão dispostos a dar comida a tigres e leões com varas curtas e, com efeito, perderem seus braços.

A PF é uma corporação pertencente ao Estado nacional. Ponto. Ao mesmo tempo em que a PF atua para o Governo Federal, na esfera do combate às drogas, ao tráfico de armas e à destruição e exploração ilegal da natureza, por exemplo, ela também o é uma polícia judiciária, que fica à mercê de determinações do Ministério Público e da Justiça. A PF é um braço executor de ações armadas e, por seu turno, não pode, de forma alguma, ser independente por motivo constitucional. Além disso, certos policiais estão a fazer, sistematicamente, a ter a operação Lava Jato como plataforma ideológica, partidária e eleitoral, o que é um absurdo.

Não satisfeita em se rebelar contra autoridades hierarquicamente acima dela, a PF quer ter orçamento e não dar satisfações sobre seus gastos quanto às suas ações ou operações. Calma lá, camarada! Como assim? Ser polícia executiva e judiciária tudo bem. É constitucional. Agora querer virar uma milícia, como se fosse um estado paralelo, que, sem fiscalização, certamente que vai se dedicar a fazer política e se aliar àqueles que ideologicamente pensam como seus delegados, que geralmente optam pelo campo ideológico frequentado pela direita. A PF é de direita e hoje faz o jogo político e partidário dos partidos de direita, à frente o PSDB e o DEM.

Se a PF fosse realmente republicana, coisa que a corporação está a provar, dia a dia, que não o é, os tucanos envolvidos em inúmeros escândalos estariam a ser investigados e, se for o caso, presos, a pedido do MP, outro órgão que também se aliou à direita brasileira e aos interesses da casa grande, ou seja, do status quo. E por quê? Como disse anteriormente neste mesmo artigo a PF é parte do Estado patrimonialista e dos interesses da plutocracia nacional e internacional. A corporação policial defende, no fundo, quem ela é. A PF é o Dops e o DOI-Codi, as polícias políticas da ditadura militar. Rebela-se, insubordina-se e mostra os dentes do golpe. É isso aí.
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