01/03/2016
PF é o DOI-Codi; rebela-se, insubordina-se e mostra os dentes do golpe
Palavra
Livre - 01/03/2016
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Por Davis Sena Filho
O
que a Polícia Federal não quer e por causa disto se rebela e se insubordina em
clara afronta ao Poder Executivo, nas pessoas do ministro da Justiça e da
presidente da República, é romper com a hierarquia, tornar-se um órgão policial
autônomo e independente, como se fosse um dos Três Poderes, além do Ministério
Público, o que, evidentemente, desejo e intenção que não constam na
Constituição. Pura política e meganhagem...
É
inacreditável que o republicanismo do Partido dos Trabalhadores, com suas
listas tríplices deu nisto: uma PGR e PF que se voltaram contra o próprio
Governo Federal, com ações políticas, partidárias e ideológicas nitidamente de
oposição, porque delegados, promotores, procuradores e juízes simplesmente
construíram um estado paralelo, que, diuturnamente, encontra-se em um embate
contra a Presidência da República, o PT e seus aliados no Congresso e na
sociedade civil.
Inacreditável
a que ponto chegaram as instituições judiciárias deste País, em um combate
político feroz e sistemático, que tem por finalidade derrotar o PT antes das
eleições, a exemplo do que estão a fazer, covardemente e peremptoriamente, com
o principal líder do partido, o ex-presidente Lula, que está a ser linchado
publicamente, a ter sua cidadania tratada com indignidade, de forma desumana,
porque o objetivo desses servidores públicos pagos a peso de ouro pelo
contribuinte brasileiro é impedir, da forma que for e puder, que o PT se torne
vitorioso nas eleições de 2018.
A insubordinação
e rebeldia da PF são de conotação política e visa, sobretudo, gerar matérias
escandalosas para a imprensa privada deste País, talvez a mais covarde e
corrupta do planeta, porque golpista já o é por natureza desde que tal imprensa
mercantil foi fundada no Brasil, a fim de garantir os privilégios e os
benefícios da casa grande junto ao Estado nacional. Privilégios e benefícios
que transformam suas riquezas em algo perene, eterno, pois fruto do capital
hereditário, posteriormente, privatizado via bancos de fomento e estatais, que
asseguram as fortunas de gente bilionária, que somente quer o Estado para
atender seus interesses e não os da Nação.
Temos
no Brasil uma burguesia que enriqueceu debaixo do guarda-chuva do Estado
brasileiro, que não divide os lucros, mas socializa com a Nação seus prejuízos
e fracassos empresariais, porque os empresários nunca perdem, pois a eles é
assegurado o perdão ou o rolamento sem fim de suas dívidas, em forma de
pagamentos a perder de vista, até que, um dia, as vindouras gerações paguem, a
valores módicos, o que seus ricos ancestrais deviam ao povo brasileiro, que
sustenta uma das burguesias mais perversas, colonizadas e antinacionalistas do
mundo.
Esta
sociedade dominada e explorada por uma classe abastada completamente divorciada
e alienada dos interesses da Nação, também fica sob o tacão de uma imprensa de
mercado que, hora a hora e dia a dia, envenena seu público preferencial, que
são os coxinhas de classe média e certa parcela de pobres, que tiveram ascensão
social, mas moradores de um País conservador, cujos princípios e os valores se
baseiam na aceitação de que "cada macaco deve ficar em seu galho",
quando a verdade é que todos os "macacos" tem o direito de escolher o
galho que quiser, bem como se movimentar pelas árvores que bem entender — o
direito de ir e vir.
Quero
afirmar que manter as pessoas em seus lugares no que concerne às suas classes
sociais e aos lugares onde vivem e moram é fundamental para que os inquilinos
da casa grande mantenham suas hegemonias e praticamente impeçam que o direito
pleno à cidadania seja efetivado de maneira democrática e fundamentalmente
socializada. Socializar é fazer com que as classes mais pobres ascendam
economicamente, e, consequentemente, passem a usufruir dos benefícios do Estado
nacional, agente principal do desenvolvimento social e econômico, porque
somente o Estado é capaz de distribuir renda e riqueza e promover o bem-estar
social, em um País desigual e injusto como o Brasil.
E
por quê? Porque o Brasil tem 516 anos e todo mundo sabe, inclusive as
"elites" escravocratas brasileiras e seus aliados ferozes e
violentos, os coxinhas de classe média, que a iniciativa privada deste País
marcado por 400 anos de escravidão e que praticamente exterminou os índios é
seletiva, sectária, preconceituosa e luta para eleger presidentes que governam
para poucos, bem como não dividem seus exorbitantes lucros, porque combatem a
emancipação do povo brasileiro e a independência do Brasil. Sem oportunidade
não há liberdade e sem justiça não há paz. É tudo o que a casa grande quer. Por
isto que a burguesia derruba presidentes trabalhistas.
Por
sua vez, o que tem a ver a PF com esse processo dantesco e crudelíssimo?
Respondo: Tudo a ver. Os governos, em todas as eras e em todos os continentes,
sempre serviram às classe privilegiadas de onde saem os empresários dos campos
e das cidades, os cleros católico e protestante, os juízes, os militares de
alta patente, os médicos, os advogados e os diretores e professores das universidades
públicas e privadas de tradição. Este é o real poder, que protege seus negócios
ao tempo que controla o Estado.
Além
disso, com o tempo, ou seja, no decorrer da história, esses grupos dominantes e
categorias profissionais ligadas diretamente ao Estado ou à grande iniciativa
privada, tornaram-se um corpo único, fato este que favoreceu a construção de um
Estado patrimonialista, o que significa o envolvimento do público com o
privado, já que as autoridades e os cargos de poder e mando são ocupados pelos
filhos dos empresários que controlam a economia e o mundo financeiro, quando
surgiu o profissional talhado para valorizar e aplicar o dinheiro de quem tem
muito dinheiro, que são os donos dos bancos — os banqueiros —, que frequentam o
pico da pirâmide mundial, o establishment, e impõem suas receitas econômicas e
financeiras draconianas a todos os povos das Nações, mesmos as ricas e
desenvolvidas.
Exatamente,
são essas categorias do mundo privado e do mundo estatal, mas umbilicalmente
unidas, que se transformaram nos pilares que propiciaram o domínio de uma
classe muito rica e poderosa economicamente, militarmente e politicamente sobre
as outras classes, que não tiveram outra saída, a não ser se tornarem
empregadas da burguesia, da casa grande, dos altos burocratas, militares e
civis, dos reinados, e, posteriormente, dos ricos da idade moderna, que até
hoje combatem, sem dar água e trégua, aos movimentos sociais e aos partidos de
esquerda, com a cooperação canina dos órgãos de repressão do Estado.
Por
isto e por causa disto, de forma resumida, que temos uma Polícia Federal
arrogante, autoritária, prepotente e, com efeito, portadora de um conjunto de
adjetivos que se transformam em violência. A PF é um dos braços armados do
Estado brasileiro e não aceita mais sua subordinação ao Estado do qual a
corporação faz parte. Hoje seus superintendes, diretores e delegados influentes
se recusam a, inclusive, aceitar a nomeação do novo ministro da Justiça,
Wellington César, por parte da presidente Dilma Rousseff, que foi eleita com
quase 55 milhões de votos, sendo que tais lideranças da PF, pelo que eu saiba,
não possuem voto algum. Se delegado da PF quer fazer política, entre em um
partido e concorra às eleições. Agora, aproveitar-se de cargo público, pago com
o dinheiro do povo para desestabilizar o Governo Dilma, aí não dá. É
inaceitável.
É
inaceitável o golpe contra Dilma Rousseff, porque esses policiais resolveram,
inadvertidamente, que a atual mandatária do Brasil e o hipotético candidato a
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os dois do PT, não podem
governar e muito menos, no caso de Lula, concorrer às eleições de 2018. E aí,
como fica? A presidenta vai deixar de nomear o substituto de José Eduardo
Cardozo no Ministério da Justiça? Claro que não. A mandatária teve quase 55
milhões de votos e tais votos significam que ela está autorizada a governar por
intermédio do desejo soberano do povo brasileiro materializado pelas urnas.
Será que certos delegados da PF conseguem compreender esta realidade? Parece que não... Mas, eles não estudaram Direito? Estudaram. E é por isto mesmo que eles se insubordinam, tornam-se arrogantes e apostam em golpe contra uma presidenta eleita legalmente e democraticamente, que não incorreu em crimes de responsabilidade. A PF de hoje, entenda, representa, antes de tudo, o status quo, e tal status está nas mãos da casa grande, de seu partido, o PSDB, e de seus porta-vozes, a imprensa golpista e, por causa disto, criminosa dos magnatas bilionários de imprensa.
Dilma
não vai nomear o ministro da Justiça, mas já nomeou, porque delegados em
posição de poder e mando resolveram se voltar contra o Governo Federal,
realidade esta que eles estão a fazer há muito tempo, a se aproveitar
politicamente das "milhares" de operações Lava Jato, como estratégia
desleal e nada republicana de não deixar o Governo Trabalhista eleito governar
e efetivar seu projeto de País e programas de governo. Esta é a intenção:
sufocar e engessar o Governo e desmoralizar suas lideranças e as do PT.
A
Polícia Federal é fruto e filhote da ditadura e como tal ela age em pleno
Estado de Direito, como se fosse uma corporação de um Estado à parte, de
atuação paralela e que não aceita ser subordinada, mesmo a ter homens e
mulheres armados até os dentes, bem como recusa os ditames da Constituição, no
que é relativo às suas prerrogativas, direitos e deveres. Para resumir: a PF,
incrivelmente, em forma de acinte e prepotência quer autonomia financeira e
independência como órgão vinculado e subordinado ao Ministério da Justiça.
Só o que faltava, em pleno Estado de Direito e em um País democrático, a PF se insurge contra o Governo Federal e a sociedade civil organizada, porque não aceita se subordinar à Lei, ou seja, à Constituição. Onde se viu uma coisa desta? Em países democráticos tal reivindicação impositiva e autoritária como esta da PF seria prontamente rechaçada, rejeitada e seus chefes imediatamente punidos e afastados de seus cargos.
Não
existem no Brasil órgãos, corporações e estatais independentes, mesmo as que
não dependem do Orçamento da União, assim como jamais, por exemplo, o governo
dos Estados Unidos permitiria que o FBI se tornasse independente em suas ações
e sem controle orçamentário. Seria o fim da picada, porque nenhuma democracia e
mandatário estão dispostos a dar comida a tigres e leões com varas curtas e,
com efeito, perderem seus braços.
A PF
é uma corporação pertencente ao Estado nacional. Ponto. Ao mesmo tempo em que a
PF atua para o Governo Federal, na esfera do combate às drogas, ao tráfico de
armas e à destruição e exploração ilegal da natureza, por exemplo, ela também o
é uma polícia judiciária, que fica à mercê de determinações do Ministério
Público e da Justiça. A PF é um braço executor de ações armadas e, por seu
turno, não pode, de forma alguma, ser independente por motivo constitucional.
Além disso, certos policiais estão a fazer, sistematicamente, a ter a operação
Lava Jato como plataforma ideológica, partidária e eleitoral, o que é um
absurdo.
Não
satisfeita em se rebelar contra autoridades hierarquicamente acima dela, a PF
quer ter orçamento e não dar satisfações sobre seus gastos quanto às suas ações
ou operações. Calma lá, camarada! Como assim? Ser polícia executiva e
judiciária tudo bem. É constitucional. Agora querer virar uma milícia, como se
fosse um estado paralelo, que, sem fiscalização, certamente que vai se dedicar
a fazer política e se aliar àqueles que ideologicamente pensam como seus
delegados, que geralmente optam pelo campo ideológico frequentado pela direita.
A PF é de direita e hoje faz o jogo político e partidário dos partidos de
direita, à frente o PSDB e o DEM.
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