13/06/2017
Miguel Reale Jr. simboliza milhares de patos enganados pelo PSDB porque queriam se enganar. Por Kiko Nogueira
Diário do Centro do Mundo - 13 de junho de 2017
Por Kiko Nogueira
Quando certa manhã Miguel Reale Júnior acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num pato monstruoso.
Reale foi um dos autores — os outros dois foram Janaina Paschoal e Hélio Bicudo — da peça que serviu de base para o impeachment de Dilma Rousseff.
Em seu discurso no Senado, ele disse o seguinte:
“Esse pedido, eu queria destacar, Srs. Senadores, é assinado também pelos movimentos sociais que mobilizaram o País ao longo de todo o ano de 2015. São os movimentos Vem pra Rua, Movimento Brasil Livre e os movimentos contra a corrupção. Não se trata, portanto, exclusivamente de uma iniciativa pessoal, porque vem corroborado por milhões e milhões de brasileiros”.
Na última segunda, Dia dos Namorados, Reale anunciou que vai se desfiliar do PSDB depois que o partido anunciou que continuará com o governo Temer.
Ex-ministro da Justiça de FHC, ele se declara cansado.
“Espero que o partido encontre um muro suficientemente grande que possa servir de túmulo”, falou ao Estadão.
“Foi difícil sair de um partido do qual fui vice-presidente em São Paulo, amigo de todos seus dirigentes, compartilhei ideais e esperanças, mas desisti diante de tantas vacilações e fragilidades onde não se pode ser fraco, que é diante da afronta à ética”.
Reale é o epítome do coxinha que foi às avenidas paulistas bater panela contra a “roubalheira do PT” e a “ditadura bolivariana” e agora finge estar surpreso com o resultado.
Em busca dos votos do PMDB no Senado para salvar Aécio Neves da cassação, o PSDB mantém o casamento com Temer.
Aécio, como se viu nos grampos, não é apenas uma liderança consagrada dos tucanos: é um operador que distribuía dinheiro para todos eles.
De Serra a Alckmin, passando por Tasso Jereissati e Marconi Perillo e Zezé Perrella — os tentáculos de Aécio estão por todos os lados. Como se livrar do sujeito sem queimar os outros?
Agora: Miguel Reale não sabia do Mineirinho? Miguel Reale nunca ouviu falar das barbaridades de Aécio em Minas ao longo de décadas? Miguel Reale não sabia que, com Dilma fora, assumiria Michel Temer? Miguel Reale não conhecia Michel Temer e nem Eduardo Cunha?
Miguel Reale Junior e as milícias fascistoides em nome das quais ele agiu foram enganados porque queriam ser enganados. No bojo da farsa, entregaram o país a essas duas velhas gangues.
Reale já pode cantar o hit da dupla Henrique e Diego, com a mãozinha no coração e piscando para a plateia: “Co, co, copinho descartável/Me usou, amassou e jogou fora/E agora, meu amor, o que é que eu faço/Sem você o meu coração chora”.
Kiko Nogueira. Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
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