segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Contraponto 18.272 - "Delações contra Delcídio também arrastam o governo FHC para a Lava Jato"

 

30/11/2015

 

Delações contra Delcídio também arrastam o governo FHC para a Lava Jato

 

Jornal GGN - seg, 30/11/2015 - 17:00 Atualizado em 30/11/2015 - 17:45

 



Jornal GGN - Embora Delcídio do Amaral (PT) tenha ganhado destaque na imprensa, nos últimos dias, por suspeita de receber propina pela transação de navios sondas e a compra de Pasadena pela Petrobras, outro fato relatado pelo delator Paulo Roberto Costa às autoridades da Lava Jato - incluindo o juiz Sergio Moro - relembrado após a prisão do senador dá conta de que ele também teria recebido vantagens indevidas em um negócio com a Alstom, em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

Reportagem do Fato Online lembra que Delcídio foi diretor da Petrobras naquele ano e trabalhou com Nestor Cerveró, com quem teria dividido a propina sobre a contratação da Alstom durante a crise de geração de energia que marcou a gestão FHC. Delcídio foi preso com autorização do Supremo Tribunal Federal após ser flagrado tentando comprar o silêncio de Cerveró. Numa gravação, ele demonstra preocupação com exposição em relação ao caso Alstom.

As informações, segundo o Fato Online, já foram expostas na Lava Jato e em um inquérito contra Delcídio tocado pelo Ministério Público Federal há alguns anos. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu arquivamento da denúncia contra o senador diante dos dados de Paulo Roberto Costa, alegando falta de provas para encampar um pedido de inquérito.

Na Lava Jato, o que aconteceu na Petrobras antes dos governos Lula e Dilma Rousseff não tem sido alvo preferencial de investigações ou reportagens. A força-tarefa alega que o recorte dado à operação tem como fio-condutor a tese de que, a partir das gestões petistas, os esquemas de corrupção passaram a ter ligações com financiamento de políticos e campanhas.


Por Vasconcelo Quadros

Prisão recoloca na mira suspeita de propina da Alstom a Delcídio no governo FHC
 


Do Fato Online

A retomada das investigações sobre a passagem do senador Delcídio do Amaral pela Petrobras, onde ele foi diretor de Gás e Energia antes de entrar na política, pode incluir, por tabela, o governo do PSDB no rol de suspeitos no escândalo da estatal. O fio da meada está num dos depoimentos do delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Ele relatou ao juiz Sérgio Moro ter tomado conhecimento que o senador e seu então "apadrinhado" político na estatal, Nestor Cerveró, teriam recebido em 2001 uma propina da multinacional francesa Alstom para facilitar a compra de turbinas termelétricas no período em que o governo adotou medidas emergenciais para controlar a crise de abastecimento de energia provocado pelo "apagão" ocorrido no final da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Era de conhecimento interno da Petrobras, que teria havido um 'acerto' para viabilizar este contrato e que a propina paga pela Alstom teria sido destinada a Nestor Cerveró e Delcídio Amaral”, afirma o delator. Costa, que ocupava uma das gerências da diretoria chefiada por Delcídio, diz que na época não havia suspeitas sobre controle dos partidos políticos na estatal. “Não teria sido este dinheiro, aparentemente, destinado a qualquer campanha política”, afirma, sugerindo que a suposta propina não passou pelo núcleo político que tomou conta dos contratos da estatal a partir de 2006.

As declarações de Costa fazem parte da investigação preliminar aberta pelo procurador Geral da República, Rodrigo Janot, no início do ano, mas arquivadas em março, quando este anunciou a lista de 13 senadores e 26 deputados que se tornaram alvos de inquérito abertos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelos desvios na Petrobras. Ao confirmar que ficara fora da “Lista de Janot”, o senador deu uma festa em sua residência, em Campo Grande. À época Janot considerou que não havia indícios suficientes e deixou a denúncia de lado, ressalvando que se surgisse fato novo, o caso poderia voltar a ser investigado.

Era a segunda vez que Delcídio escapava da mesma investigação. Em 2003, assim que assumiu o primeiro mandato como senador, Delcídio enfrentaria a primeira suspeita de recebimento de propina da Alstom. Uma ação aberta na Procuradoria da República do Distrito Federal por abuso de poder econômico na campanha do ano anterior traria a tona a compra de uma das turbinas, a que seria usada na Termo-Rio, em cujo negócio a Petrobras teria sido lesada em US$ 22 milhões.

Mais que o necessário

Segundo as investigações do MPF, o dinheiro supostamente desviado teria sido repassado pela empresa francesa a Delcídio e destinado a despesas de sua campanha e de outros políticos de Mato Grosso do Sul. A denúncia foi arquivada por falta de provas.

No início deste ano, Paulo Roberto Costa forneceu a procuradores e ao juiz Sérgio Moro detalhes que podem ligar os fios. Segundo ele, a demora no uso das turbinas compradas da Alstom “a um custo substancial” e em caráter de emergência chamou sua atenção e de outros funcionários da área técnica porque os equipamentos ficaram longos anos “encostados” no almoxarifado da Petrobras.

Costa diz que o negócio não fazia sentido por causar prejuízos a Petrobras tanto pela depreciação do valor das turbinas quanto pela defasagem tecnológica dos equipamentos. A maior parte das turbinas só seria usada anos mais tarde, entre 2004 e 2008, já nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No depoimento, ele esclarece suas suspeitas sobre o negócio: “Pelo contexto dos fatos, chega-se a conclusão de que a Petrobras adquiriu uma quantidade muito maior de turbinas do que o necessário”, diz Costa.

Contrato bilionário

Delcídio foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 2000 e 2001, período em que Paulo Roberto Costa também trabalhou no setor como gerente-geral de Logística de Gás Natural. Costa não apresenta provas, mas sob o compromisso assumido formalmente num contrato de delação, relata o que ouviu sobre a suposta negociata em vários momentos do depoimento.

Num deles afirma que “por meio de comentários nesta área de Gás e Energia”, tomou conhecimento que o negócio foi consumado depois de acertado “pagamento de um valor alto como propina para que saísse a compra das turbinas”.

O delator afirmou que a situação de emergência gerada pelo apagão de 2001 foi usada como pretexto para alavancar “um contrato bilionário”, sem licitação, entre a estatal e a Alstom em decisão assumida por Delcídio e executada por Cerveró. Paulo Roberto Costa também afirma no depoimento que foi Delcídio quem indicou Cerveró para a Diretoria Internacional da Petrobras e, quando este ficou em baixa com o Palácio do Planalto por causa da aquisição da Refinaria Pasadena, conseguiu sua transferência para a Diretoria Financeira da estatal, cargo que ocupou até às vésperas da prisão.
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