quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Contraponto 18.279 - "Delator desmente delação. Mas MPF não tem gravação para desempatar"

 

28/01/2016

 

Delator desmente delação. Mas MPF não tem gravação para desempatar



Do Viomundo - publicado em 27 de janeiro de 2016 às 21:49


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MPF diz que não gravou depoimentos de delator sobre Dirceu


BELA MEGALE
DE SÃO PAULO
27/01/2016 16h20

Da Folha

O Ministério Público Federal, afirmou na segunda (25), em audiência com o juiz Sergio Moro, que parte dos depoimentos prestados pelo lobista e delator Fernando Moura não foram gravados.
O pedido para ter acesso a áudios e vídeos referentes a seis termos de delação premiada com informações cedidas pelo lobista foi feito pela defesa do ex-ministro José Dirceu.

Após ouvir Moura dizer ao juiz Moro, na semana passada, que havia trechos nos termos de sua delação premiada que ele não falou no momento em que prestou o depoimento a Polícia Federal e a procuradores da Força Tarefa de Curitiba, o advogado Roberto Podval quis ter acesso ao material para “esclarecer o que foi dito”.

O pedido, porém, não poderá ser atendido, segundo o despacho de Moro, já que o MPF (Ministério Público Federal) afirmou não ter gravado os depoimentos solicitados pela defesa de Dirceu.

“Consultado, o MPF presente afirmou que, relativamente a esses depoimentos, não houve a gravação de áudio e vídeo. Em vista do informado, fica o pedido prejudicado”, despachou Mouro.

À Folha, Podval afirmou que ainda não sabe qual medida tomará diante do fato de que os áudios não existem. Para os defensores, causou estranheza a ausência das gravações, já que o padrão da Lava Jato é gravar os depoimentos dos delatores durante o processo de colaboração premiada.

‘DICA’ PARA SAIR DO BRASIL

Como a Folha publicou nesta quarta (27), no primeiro depoimento que Moura prestou ao juiz responsável pela Operação Lava Jato, o lobista afirmou mais de uma vez que havia trechos nos termos de sua delação que ele não havia dito no momento em que prestou os depoimentos de sua delação premiada.

Um dos pontos se refere à “dica” que o lobista teria recebido do ex-ministro e amigo José Dirceu para deixar o Brasil na época do mensalão, em 2005. Essa informação também consta nos documentos que Moura e seus advogados apresentaram aos procuradores durante as tratativas de seu acordo de colaboração e que não foi acessado pela PF e nem por procuradores.

Na ocasião, o lobista havia cravado: “Depois da divulgação de reportagens que envolviam o meu nome ao escândalo do mensalão, recebi a ‘dica’ de José Dirceu para sair do país e, no começo de 2005, fui para Paris, onde fiquei de março a junho, ficando até o Natal em Miami”.

No entanto, quando foi questionado pelo juiz da Lava Jato sobre o fato, e posteriormente por um advogado presente na audiência, Moura recuou: “Depois que assinei [o termo do depoimento] que fui ver [o que estava escrito], diz que o Zé Dirceu me orientou a isso. Não foi esse o caso”. E acrescentou: “Se tiver gravado, pode ver lá na gravação da minha delação eu não usei isso, que ele [José Dirceu] tinha me orientado para sair”.

A Força Tarefa instaurou um procedimento para apurar se houve violação de acordo em relação a Fernando Moura. Os procuradores também checaram com a Polícia Federal que Fernando Moura se expressou, na PF, de modo contrário ao que disse em audiência e que leu com atenção todos os termos do depoimento antes de assiná-los.

Procurada para se manifestar sobre a ausência das gravações, a Força Tarefa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar.
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