terça-feira, 7 de setembro de 2010

Contraponto 3230 - Dilma abre 35% de vantagem sobre Serra no tracking do Vox Populi

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07/09/2010


Dilma atinge 56%; tracking desmente “teoria da estagnação”

Dilma abre 35% de vantagem sobre Serra

Viomundo - 7 de setembro de 2010 às 15:38

Os números do tracking do Vox Populi para este 7 de setembro mostram que os votos estão migrando de José Serra para Dilma Rousseff, já que o número de indecisos permanece estável.

Se considerarmos que o tracking do Vox Populi merece confiança, não é verdadeira a análise segundo a qual a candidata do PT bateu no teto e José Serra, no piso. É a “nova” teoria disseminada pela mídia brasileira, a “teoria da estagnação”, que precede a virada espetacular de José Serra.

Essa foi a premissa da seguinte reportagem do jornal português Público:

04.09.2010 – Público.Portugal

Por Maria João Guimarães

Brasil: Dilma Rousseff mantém 24 pontos de vantagem sobre José Serra

A candidata do PT (Partido dos Trabalhadores), Dilma Rousseff, continua com 51 por cento das intenções de voto – venceria na primeira volta se as eleições fossem hoje – e mantém a enorme vantagem de 24 pontos percentuais sobre José Serra, o seu mais directo concorrente, segundo a última sondagem do Instituto Ibope divulgada na sexta-feira.

A sondagem parece confirmar o comentário do jornalista José Roberto Toledo, autor do blogue sobre sondagens Vox Publica no site do jornal “Estado de São Paulo”, que indicava que os números de Dilma estão já “a bater no tecto”.

“Ela já se aproximou muito do máximo conseguido por Lula. Por outro lado, está a ir buscar votos a Serra, e Serra também já bateu no seu fundo”, explicou José Roberto Toledo por telefone ao PÚBLICO, ainda antes da divulgação da última sondagem, notando que a candidata do Presidente já não teria muito mais margem para crescer.

Quanto às pessoas que ainda não sabem que ela é a candidata do Presidente Lula e onde teria ainda margem para crescer, o jornalista nota que “há 10 a 15 por cento de pessoas que ainda não sabem que ela é a candidata do Lula”, mas há que descontar as que já indicam que votam nela mesmo sem saber que é ela a preferida do Presidente.

Ainda há dois factores que podem fazer reverter a vantagem de Dilma Rousseff, considera o analista: “Há o factor da campanha negativa que o Serra começou, e que não se consegue ainda ver se teve algum efeito, e pode sempre haver um facto político ou económico”, um escândalo que mude o curso da campanha. A primeira volta é no dia 3 de Outubro.

Tem havido menções a uma quebra de sigilo fiscal da filha de Serra, mas este não é um caso suficientemente forte para mudar o quadro de vantagem.

O jornalista sublinha ainda que a divisão entre os votos no PT de Dilma Rousseff e no PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) de José Serra tem uma base geográfica (e não socioeconómica, como se poderia pensar). Mas começa a haver uma alteração na geografia do voto: “O PT conseguiu descer muito” no mapa do Brasil, chegando cada vez mais a Sul, território do PSDB.

Dilma Rousseff está à frente de José Serra na maioria dos estados e há mesmo uma hipótese de conseguir uma vitória em todos os estados, o que é para José Roberto Toledo um dos dados mais surpreendentes destas sondagens.

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Do IG:

Violação de sigilo não mudou escolha

De acordo com cientistas políticos ouvidos pelo iG, o movimento apresentado pelo tracking evidencia que a violação do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB e de Verônica Allende Serra, filha do presidenciável tucano, não interferiu na escolha do eleitor. “A Dilma ficou uma semana sob fogo cruzado, mas a crise (da quebra do sigilo) não colou na campanha”, afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira, cientista político e pesquisador da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas.

Para Murilo de Aragão, cientista político e presidente da Arko Advice Consultoria, “a maioria esmagadora dos eleitores já optou pela candidata do Lula e o episódio do sigilo, em que pese a gravidade do assunto, não teve repercussão para o eleitorado”. Segundo Aragão, os eleitores tendem a enxergar o mundo político como uma realidade à parte. E, por isso, o escândalo da violação do sigilo está distante do eleitorado.

“A tendência das eleições está dada”, afirmou o presidente da Arko Advice. Ele diz que desde o ano passado já esperava uma vitória da candidata petista no primeiro turno, mas a grande surpresa no processo eleitoral “é a tamanha vantagem da Dilma”. Com relação ao candidato tucano, Aragão vaticina: “Serra está perdido. Hoje ele é um passageiro da campanha”.

Ainda em relação ao escândalo do sigilo, Teixeira diz que “Serra deu um tiro no pé” ao atribuir a Dilma a quebra do sigilo e, logo no início, pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a impugnação da candidatura petista. “Ao negar o pedido, o TSE sinalizou que o problema pode ser do PT, mas não é da campanha da Dilma”, diz o cientista político. Segundo ele, os tucanos também caíram em uma saia justa com as denúncias, no Rio Grande do Sul, de que um sargento que atuava na Casa Militar responsável pela segurança da governadora Yeda Crusius (PSDB) teria acessado dados confidenciais do candidato Tarso Genro (PT).

Murilo de Aragão também busca no passado uma explicação. “A derrota de Serra começou a ser escrita oito anos atrás”. De acordo com ele, o PSDB não traçou uma estratégia para voltar ao poder. “O PSDB se organizou apenas em torno do prestígio dos seus cardeais e não soube explorar as falhas do governo Lula”, afirma. Segundo ele, as únicas ocasiões em que os tucanos tiveram alguma chance de ganhar eleições aconteceram em “episódios fortuitos”, como o mensalão.

O presidente da Arko Advice faz uma analogia para ilustrar em que situação está a disputa eleitoral. “Imagine uma luta de boxe. A Dilma está vencendo por seis a três e falta apenas um último assalto para terminar o embate. O que ela tem que fazer é evitar o choque. E o Serra só pode vencer por nocaute”.
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