12/09/2010
Covardes
Marco Aurélio Mello*
Como pode a revista semanal de maior circulação do país acusar a ministra-chefe da Casa Civil de beneficiar um empresário a partir de um "esquema", cujo filho dela seria intermediário, e ficar por isso mesmo? O que falta acontecer para as autoridades tomarem uma providência? A sociedade, representada por suas instituições vai ficar calada, assistindo? Não me conformo!
A reporcagem foi parar na capa da revista. As reações na blogosfera foram imediatas. No sábado mesmo a ministra veio a público protestar. Afirmou que o jornalista que a entrevistou simplesmente ignorou suas respostas. Disse que irá processar a Veja por danos morais e vai exigir direito de resposta. Só aconselho a ela que não recorra à vara de Pinheiros.
Por alguma razão inexplicável, a Editora Abril não perde uma lá. O empresário citado na reporcagem também falou. Disse que não fez denúncia alguma à revista e que não é sócio da empresa citada. Onde chegamos, minha gente?
Não é a primeira vez, mas esse procedimento está passando dos limites. Será que teremos que fazer passeata, manifestação e ação civil publica até que a editora se retrate? Está certo que ninguém mais liga para a Veja. Ficam nas soleiras das portas dos apartamentos, amontoadas nas portarias dos prédios e encalhadas nos pontos de venda. Em nove anos teve sua tiragem reduzida em 30%. Mas, mesmo assim, serve de escada para aquele que já foi o mais importante telejornal do país, mas que hoje não passa de um tablóide de gosto duvidoso, ampliar o alcance de uma mentira. É uma afronta à sociedade brasileira, seja contra quem for.
Que venha a concorrência internacional, o controle externo sobre os meios de comunicação e o fim das publicidade oficial neste tipo de imprensa leviana. Do jeito que está não dá para ficar. Covardes!
- *Marco Aurélio Mello
- Vinhedo, São Paulo, Brazil. Jornalista pela Metodista de SBC. Aluno convidado do curso de Comunicação de Massa e Sociedade Moderna da Universidade de La Crosse, Wisconsin, USA. Bolsista do 1º Curso de formação de Governantes da Fundação Escola de Governo. Desde 1987 já trabalhou em imprensa especializada, sindical, produtora de TV e TV aberta (Editor de economia do JN Globo). Atualmente é editor especial do Jornal da Record.
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