19/10/2010
Mino Carta: a “mídia nativa” e as ameaças à democracia brasileira
Vermelho -19 de Outubro de 2010 - 13h40
O diretor de redação da revista Carta Capital, Mino Carta, ironizou a “devoção” de quadros do PSDB pelos Estados Unidos. Durante a cerimônia “As empresas mais admiradas do Brasil 2010”, promovida pela publicação semanal, o veterano jornalista fez um discurso recheado de brincadeiras envolvendo a “mídia nativa” e os tucanos.
Ao falar das relações do Brasil com o mundo, Mino apontou que há muita gente do partido do presidenciável José Serra que gosta de ser um quintal dos Estados Unidos. “Enquanto Fernando Henrique Cardoso mergulhava sofregamente nos braços de Clinton (Bill Clinton, ex-presidente dos EUA), que nunca lhe disse 'Você é o cara', nosso presidente conseguiu implementar uma política exterior que enobrece o país e que não se atrela aos interesses dos outros. Só acredita nos interesses do Brasil. Única e exclusivamente”, afirmou, fazendo ao mesmo tempo uma referência a Lula e à frase proferida por Barack Obama ao presidente brasileiro.
O momento eleitoral foi o centro do discurso do diretor da revista, que fez questão de lembrar que defende abertamente a continuidade do atual projeto, com a eleição de Dilma Rousseff — da coligação Para o Brasil Seguir Mudando — para a Presidência da República. Ele ressaltou que Carta Capital declarou seu voto desde o começo das eleições, e que o jornal O Estado de S. Paulo só abriu sua posição pró-Serra na última semana do primeiro turno. “Fiquei espantado. Até agora não tinha entendido. Foi uma surpresa dolorosa. Quase tive um ataque. Fiquei perdido”, ironizou.
O diretor de Carta Capital lamenta que a “mídia nativa”, maneira pela qual chama a velha mídia, insista em falar em ameaças à democracia e aponta que as únicas investidas à liberdade de imprensa partiram de Sandra Cureau, vice-procuradora-geral eleitoral. Cureau, primeiramente, determinou que a revista apresentasse em prazo de cinco dias todos os seus contratos de publicidade com o governo federal. A procuradora usou os de uma denúncia anônima ao tomar sua decisão.
Depois disso, apresentou ação contra a Record por supostamente favorecer Dilma em seu noticiário. O detalhe é que Cureau já falou abertamente que prefere Serra. E, por fim, nesta segunda-feira (19), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou liminar apresentada pelo PSDB pedindo a restrição à circulação da Revista do Brasil. Os tucanos gostariam que a edição 52 fosse integralmente recolhida e proibida de circular pela internet.
“No nosso caso, mandamos a procuradora às favas”, finalizou Mino, que entende que a “mídia nativa” age da mesma maneira e no mesmo tom há 60 anos. Desestabilizou Getúlio Vargas, tentou impedir a posse de Juscelino Kubitschek, ajudou a empurrar João Goulart ao parlamentarismo, apoiou o golpe e se opôs às diretas. “Sem esquecer da invenção da Veja, o Caçador de Marajás. O Caçador de Marajás foi a única via encontrada para evitar a ascensão do Sapo Barbudo”, declarou, fazendo referência, respectivamente, a Fernando Collor de Mello, que em 1989 derrotou, com ajuda fundamental da velha mídia, Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: Rede Brasil Atual
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