30/10/2010
A carta de Dilma contra as calúnias
Enviado por luisnassif, sab, 30/10/2010 - 00:36
Por João Maria Fernandes de S...
Dilma divulga carta contra calúnias
http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/10/dilma-divulg...
G1 - Dilma divulga carta para 'pôr um fim definitivo à campanha de calúnias' - notícias em Eleições 2010
Dilma divulga carta para 'pôr um fim definitivo à campanha de calúnias'
Religiosos assinam outro documento pró-candidata com a mesma finalidade.
MST lança manifesto em que pede apoio à eleição de Dilma no segundo turno.
Robson Bonin Do G1, em Brasília
A campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, divulgou nesta sexta-feira (15) carta intitulada "Mensagem da Dilma", na qual ela reafirma posições sobre aborto, liberdades religiosas, garantias constitucionais e preceitos que não afrontem a família.
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No documento, Dilma manifesta o desejo de pôr “um fim definitivo” aos boatos que envolvem sua campanha, “para não permitir que prevaleça a mentira com arma em busca de votos”
A exemplo de Dilma, um grupo de 168 pessoas, na maioria religiosos, além de professores, intelectuais e artistas, também divulgou nesta sexta manifesto contra boatos e a favor da candidatura da petista [veja mais abaixo].
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra também distribuiu nesta sexta (15) manifesto de apoio à candidata intitulado "Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil". [leia ao final deste texto].
Na carta, Dilma aponta "adversários eleitorais" como responsáveis pela difusão de "calúnias e boatos". “Dirijo-me mais uma vez a vocês, com o carinho e o respeito que merecem os que sonham com um Brasil cada vez mais perto da premissa do Evangelho de desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos. É com esta convicção que resolvi pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais”, diz Dilma na carta.
Em seis pontos abordados na carta, a candidata do PT defende a liberdade religiosa, afirma ser “pessoalmente contra o aborto” e se compromete, se eleita, “não propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto”.
Dilma também afirma que não irá adotar, em um eventual governo, medidas que venham a alterar ‘temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no país”. A candidata petista faz referência ao Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) e afirma que, se eleita, não irá promover iniciativas que “afrontem a família”.
Sobre o Projeto de Lei Complementar 122, em tramitação no Senado, que torna crime a discriminação contra idosos, deficientes e homossexuais, Dilma afirma que "será sancionado no meu futuro governo nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no Brasil.”
A petista se compromete a fazer um governo “que tenha a família como foco principal”. “Se Deus quiser e o povo brasileiro me der, a oportunidade de presidir o país, pretendo editar leis e desenvolver programas que tenham a família como foco principal, a exemplo do Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e tantos outros que resgatam a cidadania e a dignidade humana”, afirma Dilma.
Ao final do documento, Dilma pede apoio dos eleitores para “deter a sórdida campanha de calúnias".
"Com estes esclarecimentos, espero contar com vocês para deter a sórdida campanha de calúnias contra mim orquestrada. Não podemos permitir que a mentira se converta em fonte de benefícios eleitorais para aqueles que não têm escrúpulos de manipular a fé e a religião tão respeitada por todos nós. Minha campanha é pela vida, pela paz, pela justiça social, pelo respeito, pela propriedade e pela convivência entre todas as pessoas.”
Carta divulgada pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (Foto: Reprodução/G1)Carta divulgada pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (Foto: Reprodução/G1)
Religiosos
Em comunicado divulgado pela assessoria da campanha de Dilma, juntamente com a carta assinada pela candidata, um grupo de 168 religiosos, intelectuais, professores universitários, políticos e artistas manifesta “fidelidade à verdade” e faz a defesa da candidatura petista.
Sete bispos encabeçam a lista dos que assinam o documento: dom Thomas Balduino, bispo emérito de Goiás Velho (GO); dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Felix do Araguaia (MT); dom Demetrio Valentini, bispo de Jales (SP); dom Luiz Eccel, bispo de Caçador (SC); dom Antonio Possamai, bispo emérito de Rondônia; dom Sebastião Lima Duarte, bispo de Viana (MA); e dom Xavier Gilles, bispo emérito de Viana (MA).
Confira abaixo a íntegra do documento:
"Se nos calarmos, até as pedras gritarão
Nestes dias, circulam pela internet, pela imprensa e dentro de algumas de nossas igrejas, manifestações de líderes cristãos que, em nome da fé, pedem ao povo que não vote em Dilma Rousseff sob o pretexto de que ela seria favorável ao aborto, ao casamento gay e a outras medidas tidas como ‘contrárias à moral’. A própria candidata negou a veracidade destas afirmações e, ao contrário, se reuniu com lideranças das Igrejas em um diálogo positivo e aberto. Apesar disso, estes boatos e mentiras continuam sendo espalhados. Diante destas posturas autoritárias e mentirosas, disfarçadas sob o uso da boa moral e da fé, nos sentimos obrigados a atualizar a palavra de Jesus, afirmando, agora, diante de todo o Brasil: ‘se nos calarmos, até as pedras gritarão!’ (Lc 19, 40).
2. Não aceitamos que se use da fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais. Em nome do nosso compromisso com o povo brasileiro, declaramos publicamente o nosso voto em Dilma Rousseff e as razões que nos levam a tomar esta atitude:
3. Consideramos que, para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra, que, segundo nossa análise, nos levaria a recuar em várias conquistas populares e efetivos ganhos sócio-culturais e econômicos que se destacam na melhoria de vida da população brasileira.
4. Consideramos que o direito à Vida seja a mais profunda e bela das manifestações das pessoas que acreditam em Deus, pois somos à sua Imagem e Semelhança. Portanto, defender a vida é oferecer condições de saúde, educação, moradia, terra, trabalho, lazer, cultura e dignidade para todas as pessoas, particularmente as que mais precisam. Por isso, um governo justo oferece sua opção preferencial às pessoas empobrecidas, injustiçadas, perseguidas e caluniadas, conforme a proclamação de Jesus na montanha (Cf. Mt 5, 1- 12).
5. Acreditamos que o projeto divino para este mundo foi anunciado através das palavras e ações de Jesus Cristo. Este projeto não se esgota em nenhum regime de governo e não se reduz apenas a uma melhor organização social e política da sociedade. Entretanto, quando oramos “venha o teu reino”, cremos que ele virá, não apenas de forma espiritualista e restrito aos corações, mas, principalmente na transformação das estruturas sociais e políticas deste mundo.
6. Sabemos que as grandes transformações da sociedade se darão principalmente através das conquistas sociais, políticas e ecológicas, feitas pelo povo organizado e não apenas pelo beneplácito de um governante mais aberto/a ou mais sensível ao povo. Temos críticas a alguns aspectos e algumas políticas do governo atual que Dilma promete continuar. Motivo do voto alternativo de muitos companheiros e companheiras Entretanto, por experiência, constatamos: não é a mesma coisa ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir. Neste sentido, tanto no governo federal, como nos estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido.
7. Sabemos de pessoas que se dizem religiosas, e que cometem atrocidades contra crianças, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo, por isso, não nos interessa se tal candidato/a é religioso ou não. Como Jesus, cremos que o importante não é tanto dizer “Senhor, Senhor”, mas realizar a vontade de Deus, ou seja, o projeto divino. Esperamos que Dilma continue a feliz política externa do presidente Lula, principalmente no projeto da nossa fundamental integração com os países irmãos da América Latina e na solidariedade aos países africanos, com os quais o Brasil tem uma grande dívida moral e uma longa história em comum. A integração com os movimentos populares emergentes em vários países do continente nos levará a caminharmos para novos e decisivos passos de justiça, igualdade social e cuidado com a natureza, em todas as suas dimensões. Entendemos que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano – como Marina Silva defende – só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido. No momento atual, Dilma Rousseff representa este projeto que, mesmo com obstáculos, foi iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula. É isto que está em jogo neste segundo turno das eleições de 2010.”
MST
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), juntamente com o a Via Campesina Brasil, divulgou nesta sexta-feira (15) um manifesto intitulado "Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil", de apoio à candidata do PT no segundo turno da eleição.
Os movimentos sociais afirmam que, no primeiro turno, atuaram com o objetivo de "lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representada pelo candidato do PSDB, José Serra."
De acordo com o manifesto, os "avanços do governo Lula em direção a propostas democrático-populares defendidas pelo MST e Vila Campesina Brasil foram insuficientes".
O documento diz que causa "preocupação" o arco de alianças da candidatura Dilma Rousseff, "com forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais".
Mas julgam o candidato José Serra um "inimigo" devido ao "caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária."
"Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país", diz o manifesto.
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