25/10/2010
Confusão na reta final
Amigos do Presidente - por Helena™ -segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Uma avalanche de pesquisas sinalizará a reta final da eleição. A partir de hoje, todo dia uma nova sondagem deve ser divulgada. A sucessão de pesquisas, em tese, ajuda a clarear as tendências finais. Mas convém tomar precauções ao analisar os resultados. A primeira a ser divulgada deve ser do Vox Populi, hoje. Amanhã tem Datafolha. Sensus sai na quarta, e Ibope, na quinta. O Datafolha publica outra sondagem na sexta. E, no sábado, véspera da eleição, Ibope, Vox e Datafolha devem divulgar as últimas pesquisas.
Sem contar as sondagens não-registradas, feitas por conta dos próprios institutos ou contratadas por campanhas e empresas, virão a público, de hoje até as urnas, pelo menos oito pesquisas de institutos que acompanharam a sucessão desde o começo. É bastante, mas não tudo.
Há novidades de última hora. O GPP, instituto ligado a Cesar Maia (DEM), registrou pesquisa presidencial contratada pelo candidato a vice de José Serra (PSDB), Índio da Costa, e está apto a divulgá-la a partir de amanhã.
Inédito nesta sucessão presidencial, o instituto Veritá protocolou registro e pode divulgar pesquisa a partir de quinta. É duvidoso se o fará. Na semana passada, o Veritá também registrou sondagem paga com recursos próprios mas não se tem notícia do resultado.
Dos quatro institutos veteranos nesta sucessão, três mostravam a mesma tendência até a semana passada: um alargamento da vantagem de Dilma Rousseff (PT) sobre Serra para pelo menos 12 pontos, considerados os votos válidos. Só o Sensus mostrou estabilidade. Dos quatro institutos, é o que divulga pesquisas com menos frequência. Incluindo-o na média das quatro sondagens mais recentes de todos os institutos, o quadro era, até sexta-feira, de 55% a 45% para Dilma.
Mas essa medição não computou eventuais efeitos do chamado "bolinhagate", nem das denúncias contra pessoas ligadas a Dilma no noticiário do final de semana, tampouco do debate da TV Record. A tendência do eleitor pode ter mudado, e é isso que se deve procurar nos números a partir de hoje.
A comparação das pesquisas ao longo do tempo é mais importante do que os porcentuais em si. Só o histórico é capaz de indicar para onde vai o eleitorado, se um candidato está em ascensão ou queda. É o que Vox Populi, Datafolha, Sensus e Ibope, pela ordem, mostrarão a partir de hoje.
Não se pode dizer o mesmo de GPP e Veritá. Deles, não se tem referência nesta eleição presidencial. Surgem para um tiro solitário e incomparável. Equiparar seus resultados, sejam eles quais forem, aos dos institutos que têm histórico nesta sucessão é arriscar-se à confusão.
A decisão do voto. Desde 1989, a reta final da campanha presidencial é sacudida por denúncias, algumas de última hora, outras relevantes. Desde então elas afetam marginalmente o resultado. Em eleições apertadas, a margem faz diferença. Parece que o rabo balançou o cachorro.
A maioria dos eleitores, porém, pensa no que é melhor para si e vota de acordo com essa avaliação. Para uns, significa mais chances de ascender. Para outros, assegurar o já conquistado. Ou seja, é o pragmatismo do eleitor que faz o cachorro se mover de fato.
Os dois eleitores de Dilma. Há dois tipos de eleitores de Dilma. Sozinhos, nenhum lhe daria favoritismo eleitoral. Os que recebem alguma bolsa federal são responsáveis por 1/3 dos seus votos. O resto não participa de nenhum tipo de programa do governo Lula.
Os "bolsistas" são mais fiéis. Desde que passou a liderar a corrida presidencial, Dilma nunca baixou de 60% de intenção de voto, segundo o Ibope, entre os participantes de programas federais, dos quais o Bolsa-Família se destaca por sua maior abrangência.
Na pesquisa Ibope concluída em 20 de outubro, ela tinha 64% nesse grupo, que representa pouco menos de 30% do eleitorado. Já entre os sem-bolsa o páreo é duro. A petista tem 46%, contra 44% de Serra. E o que seria de Dilma sem esses 46%? Perderia a eleição.
A última chance de Serra. Os mapas que ilustram esta coluna são proporcionais em tamanho à intenção de voto de Dilma e Serra. Estão distorcidos para mostrar o peso de cada região no cômputo geral dos votos. O Nordeste é inchado para Dilma porque tem um peso maior na sua votação.
Comparando-se os mapas do tucano e da petista, percebe-se que há equilíbrio nas proporções das demais regiões. Para virar a eleição, a última chance de Serra é desequilibrar o mapa de votação no Sudeste e no Sul. Por isso, concentrou sua campanha nessas regiões na reta final.
É principalmente no Sudeste que se deve procurar mudança de tendência nestas últimas pesquisas.(José Roberto de Toledo)
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