quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Contraponto 4605 - "Chega ao fim no Ceará a Era Tasso"

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02/02/2011

Chega ao fim no Ceará a Era Tasso

Do Vermelho - 2 de Fevereiro de 2011 - 15h40

Com a posse dos novos senadores realizada na última terça-feira (01/02), em Brasília, chega ao fim a “Era Tasso”, um dos políticos tucanos mais influentes do Ceará. O ex-todo poderoso chefe tucano foi eleito governador do estado pela primeira vez em 1986, teve três mandatos de governador, foi presidente nacional do PSDB e senador.

Serra e Tasso
José Serra e Tasso Jereissati, ambos do PSDB,
foram derrotados juntos nas últimas eleições.

Com o fim do mandato de Tasso Jereissati (PSDB) no Senado, sai de cena também a influência tucana na bancada cearense. Além do Senador Inácio Arruda (PCdoB), eleito em 2006, assumiram cadeira no Senado Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT).

Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), presidente estadual do PCdoB, analisa a trajetória do tucano. “Por 20 anos, Tasso foi uma das principais figuras políticas do estado. No início, teve papel positivo ao derrotar os coroneis e assumiu o primeiro mandato na transição entre a ditadura e a democracia. Mas os rumos políticos tomados por ele, tornaram-no um dos principais defensores do neoliberalismo liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.

Por quase 20 anos, a força tucana foi dominante nas vagas do Senado, sempre regidas por Tasso, conhecido no Ceará por “Galeguim dos Zói Azul”. Sob sua batuta, foram eleitos Beni Veras (1991-98), Reginaldo Duarte (suplente), Sérgio Machado (1995-2003), Luiz Pontes (1999-2003), além de Lúcio Alcântara (1995-2002), que se elegeu pelo PDT, hoje está no PR, mas exerceu praticamente todo o mandato de senador pelo PSDB. Durante a gestão presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1995–2002), os tucanos reinaram com tranquilidade nas cadeiras cearenses no Senado. Foi em 2006, que a força hegemônica tucana começou a mudar, com a eleição de Inácio Arruda.

Repercussão nacional

A derrota de Tasso Jereissati teve repercussão nacional. Diretamente empenhado em eleger dois Senadores da base aliada, o então presidente Lula engajou-se diretamente na campanha de Eunício e Pimentel. Deu certo. Em sua última visita como presidente ao Ceará, Lula alfinetou Tasso, seu adversário político. "Vocês aqui no Ceará, graças a Deus, derrotaram alguém que precisava ser derrotado", disse sem citar o nome do tucano. Ao falar sobre a derrota de Tasso, Lula teve sua fala interrompida pelo público, que não economizou nos gritos e aplausos.

Segundo Carlos Augusto Diógenes, Tasso Jereissati passou a ser oposição não só à Lula, mas ao povo brasileiro. “Ele era um dos mais ferrenhos opositores do Governo Lula, com concepção direitista, preconceituosa e reacionária”, avalia. Patinhas acrescenta ainda que o senador tucano tornou-se oposição aos ventos progressistas que sopram na América Latina, defendeu a extinção da CPMF, ocasionando enormes prejuízos para a saúde no país. “Ele trabalhou contra o Governo Lula e colocou-se na contramão do processo de desenvolvimento do Brasil e do Ceará. O povo soube discernir suas atitudes e deu a resposta nas urnas”, avalia.

2010: ano marcante

O presidente estadual do PCdoB considera que o resultado destas eleições terá desdobramentos políticos no Estado. “Confirmou-se nas urnas o declínio do PSDB e do DEM, e o crescimento dos partidos aliados como o PSB, que elegeu o governador; PT e PMDB, com vitória dos senadores; e também do PCdoB, com a eleição de dois deputados federais, a manutenção do mandato de deputado estadual e a atuação destacada na batalha eleitoral do nosso Senador Inácio Arruda”. O comunista acrescenta ainda o que de mais simbólico aconteceu no último pleito. “A derrota de Tasso com mais de 600 mil votos de diferença foi mais um acontecimento histórico para o Ceará”, considera.

Na última eleição, Tasso lançou-se à reeleição, mas foi derrotado pela votação dos deputados federais Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), que obtiveram, respectivamente, 2,6 e 2,3 milhões de votos. Tasso obteve 1,7 milhão.

“Liderança desfocada”

Carlos Augusto considera que a tendência de derrota de Tasso Jereissati e do seu projeto político vem desde 2002, com a vitória de Lula. “Foi quando terminou a ascensão do neoliberalismo no país e inicio outro ciclo no Brasil: o do fortalecimento das forças políticas de esquerda - PT, PSB, PMDB e PCdoB - pautadas pelo progresso e desenvolvimento do país”. Neste cenário, segundo Patinhas, lideranças que antes defendiam o neoliberalismo ficaram deslocadas. “Tasso passou a ser uma figura desfocada”, considera.

Segundo o dirigente comunista, o declínio do PSDB no Estado, com o enfraquecimento de Tasso Jereissati, abre espaço para o fortalecimento de novas forças políticas. “Neste processo de deslocamento de Tasso da cena política central no Ceará, abre-se espaço para os partidos de esquerda ampliarem suas atuações. Não há espaços vazios na política”, ratifica.

2012

Já levando em conta o novo quadro político desenhado após as eleições de 2010, o PCdoB já começa a planejar as próximas eleições. “Buscaremos em 2012 dar um salto eleitoral visando aumentar a força do partido tanto em eleições majoritárias quanto em proporcionais. Várias lideranças políticas já nos procuraram para dialogar sobre o próximo pleito. Deveremos incorporar estas lideranças e fortalecer ainda mais o Partido no Ceará”, reforça.

De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações do Jornal O Povo)
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