21/03/2011
Luis Carlos Azenha
“Hoje, temos visto a luta por estes direitos se descortinar através do Oriente Médio e do norte da África. Vimos a revolução nascida do desejo pela dignidade humana básica na Tunisia. Vimos manifestantes pacíficos lotarem a praça Tahir — homens e mulheres, jovens e velhos, cristãos e muçulmanos. Vimos o povo da Líbia assumir uma posição corajosa contra um regime determinado a brutalizar seus próprios cidadãos. Em toda a região, vimos jovens se rebelar — uma nova geração exigindo o direito de determinar seu próprio futuro.
Desde o início, deixamos claro que a mudança que eles buscam deve ser determinada pelo próprio povo. Mas, como duas nações que lutaram por muitas gerações para aperfeiçoar suas democracias — os Estados Unidos e o Brasil — sabem, o futuro do mundo árabe será determinado pelo seu povo.
Ninguém pode dizer com certeza como essa mudança vai acabar, mas eu sei que mudança não é algo que devemos temer. Quando jovens insistem que as correntes da história estão em movimento, os pesos do passado são varridos de lado. Quando homens e mulheres pacificamente pedem seus direitos humanos, nossa humanidade comum é realçada. Onde quer que a luz da liberdade é acesa, o mundo se torna um lugar mais iluminado.
Este é o exemplo do Brasil. Brasil — um país que demonstra que uma ditadura pode se tornar uma pujante democracia. Brasil — um país que demonstra que a democracia garante liberdade e oportunidade para seu povo. Brasil — um país que demonstra como pedidos de mudança que começam nas ruas podem transformar a cidade, o país e o mundo.
Décadas atrás, foi diretamente do lado de fora deste teatro, na praça Cinelândia, onde o pedido de mudança foi ouvido no Brasil. Estudantes, artistas e líderes políticos de todos as tendências se juntavam sob faixas que diziam “Abaixo a ditadura. O povo no poder”. Suas aspirações democráticas não seriam preenchidas até anos mais tarde, mas uma das jovens brasileiras do movimento daquela geração iria em diante, para mudar para sempre a história desta Nação.
Filha de imigrantes, a participação dela no movimento levou à prisão e tortura nas mãos de seu próprio governo. E assim ela sabe o que é viver sem o mais básico dos direitos humanos, pelo qual muitos estão lutando hoje.
Mas ela também sabe o que é perseverar. Ela sabe o que é superar. Porque, hoje, aquela mulher é a presidenta da Nação, Dilma Rousseff”.
Palavras bonitas de Barack Obama. Construção inteligente. Infelizmente, ficaram alguns vazios na retórica. A ditadura contra a qual aquela jovem brasileira se insurgiu foi imposta com o beneplácito e a ajuda material… dos Estados Unidos.
Para quem tem dúvidas, basta consultar (em inglês) os documentos oficiais do governo americano.
Ou, aqui, a tradução de um deles.
Assim como muitas ditaduras foram e continuam sendo sustentadas no mundo pelos Estados Unidos. Curiosamente, Obama não citou em seu discurso a Arábia Saudita, nem o Bahrain. Nem disse que Mubarak era, até muito recentemente, amigão do peito de Washington.
Foi só isso que faltou dizer.
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