17/11/2011
Do Viomundo - 16 de novembro de 2011 às 17:24
E Aécio disse: Pensar é preciso
Como um Sun-Tzu pós-moderno, e pretendente a sucessor de René Descartes (penso, logo existo) Aécio assina outro de seus textóides no jornal paulista de sempre (14/11/11). O título não poderia ter sido
mais ridículo: pensar é preciso. O que ele quer dizer: que o atual governo não pensa? Que o PSDB deixou de pensar nos últimos oito anos? Que o advento Aécio-líder-da-oposição impulsiona o pensar?
Seria pedantismo, se isso não expressasse nada mais que a indigência mental dos “pensadores neoliberais” e dele próprio.
Começa ele citando Nelson Rodrigues, que, aliás, deve ter vomitado do túmulo. “Só os fanáticos não tem dúvidas” diria Rodrigues, segundo Neves. Os fanáticos, só assim se comportam, porque tem dúvidas,
responderia Lacan (se topássemos esse diálogo imaginário). Mas, deixemos Rodrigues e Lacan em paz, sem lhes atribuir maiores compromissos no debate. Aliás, no primeiro parágrafo há uma correlação
indébita entre tibieza/dúvida e sectarismo/convicção. Como lógica e coerência não são atributos do senador, nem dos textos que assina, deixemos também suas contradições formais para lá e destaquemos o conteúdo.
Toda essa arenga disposta na introdução de seu texto serviu para dizer que o PSDB se reuniu para “pensar” o país. Pérsio Arida, Elena Landau, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Simon Schwartzman eram os pensadores. Sinceramente, os cinco primeiros não passam de operadores do período pós-privatização, seja como consultores, membros de conselhos de administração das empresas beneficiadas com a“privataria”, sócios ou donos de algum “tamborete” (banco pequeno, mas
rico) que faz a gestão de fundos de investimentos concebidos na “desestatização” etc. A rigor, nenhum pensamento original dignifica os citados. Schwartzman escreveu na própria “Folha”, no dia sete de
novembro: leiam e tirem suas conclusões sobre a “profundidade” de suas ideias.
Dona Landau merece destaque. Foi diretora de “desestatização” do BNDES e compareceu a Minas Gerais para duas coisas trágicas: fazer a defesa da AES (empresa que deu um calote de centenas de milhões de Reais no mesmo BNDES) e de seus exagerados direitos na CEMIG, além de dar pitacos na gestão do Clube Atlético Mineiro. Desde então o “Galo” passa seus apertos no Brasileirão.
Desses chás tucanos só saiu uma proposta polêmica e nem tanto original: cada assalariado deveria pegar sua cota no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e aplicar no mercado financeiro, como assim desejar. Inclusive em fundos no exterior. Friedman e Schumpeter aplaudiriam. Mesmo depois da quebradeira de 2008/09 e das anteriores.
Ah, ainda houve uma reclamação no evento dos pensadores de Aécio: que o BNDES parasse de fazer empréstimos subsidiados a certas cadeias produtivas. Óbvio que registravam a concorrência “desleal” do BNDES com outros bancos privados e fundos de investimento.
Enfim, no afã do apelo ao pensar, Aécio deixa de registrar a presença de Serra e cita FHC como numa homenagem a um líder aposentado. Seria deselegante imaginar que eles não pensam. Claro que pensam. Com seus equívocos, mas pensam.
Já a ausência de José Arthur Giannotti no texto de Aécio e, talvez, no evento de pensadores do PSDB, denota a grande lacuna neuronal tucana: o de um efetivo pensador e estudioso dos dilemas da humanidade e do Brasil. A robustez intelectual de Giannotti foi assim homenageada: melhor não ser citado no bate-papo neoliberal na noite carioca.
E para não perder a viagem, lembramos aqui o esforço de Aécio para fixar seu estilo literário. Escreve ele a estranha expressão: perplexidade entorpecida. Piada pronta não vale.
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Pensar é preciso
por Aécio Neves, na Folha de S. Paulo
Só os fanáticos não têm dúvidas. Esta frase, se não é de Nelson Rodrigues, poderia ser. E, na política, só os covardes, acrescento, não têm convicções. Mas, entre a dúvida e a convicção, entre a tibieza e o sectarismo, descortina-se um amplo espaço para que floresçam a reflexão, a busca do conhecimento e o exercício da inventividade.
Relembro esse filósofo do cotidiano que foi Nelson Rodrigues, cético de carteirinha, não para me resignar ao imobilismo crônico que parece caracterizar a atual governança do país, mas, pelo contrário, para reagir à miudeza de um varejo político aprisionado na acomodação e voltado para o imediatismo. Ao grau zero de criatividade do continuísmo, cabe à oposição contrapor a responsabilidade cívica de
pensar, ousar, debater, divergir e convergir.
Realizamos, há uma semana, no Rio, o seminário “A Nova Agenda: Desafios e Oportunidades”, promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, sob a coordenação dos economistas Elena Landau e Edmar Bacha.
O ITV é uma entidade partidária ligada ao PSDB. O seminário não o era. Quem teve a oportunidade de assisti-lo, de percorrer o repertório de propostas e ideias apresentadas por Pérsio Arida, Gustavo Franco, Armínio Fraga e Simon Schwartzman, entre muitos outros, compreendeu claramente que o ali proposto extrapola uma mera agenda de alternativa de poder.
Foi encerrado com brilhantismo por um Fernando Henrique renovado e provocativo, que não nos deixou esquecer que a oposição precisa vocalizar -”Ou fala ou morre”, sentenciou com razão. Afinal, há nove anos o Brasil é coadjuvante do seu próprio crescimento. Surfamos na onda da prosperidade mundial enquanto deu. Agora aguardamos, em perplexidade entorpecida, que a tormenta
internacional se dissipe.
Ao governo, absorvido pelo cotidiano gerenciamento da governabilidade, falta o combustível da energia política capaz de conduzir as reformas estruturais -na economia, na administração pública, na educação, na infraestrutura-que fariam o Brasil mudar de patamar como nação.
Ouvimos formulações de alto alcance estratégico e outras de simplicidade desconcertante. Por exemplo, de como modernizar toda a malha ferroviária em operação no país com o dinheiro que está reservado para o inacreditável trem-bala; de como aumentar a remuneração da caderneta de poupança e do FGTS, impactando positivamente a poupança interna do país.
Refletiu-se sobre novos caminhos para superação da baixa qualidade da educação e saúde oferecidas nas redes públicas. Muitas ideias________________
PITACO DO ContrapontoPIG
Cada vez mais Aécio demonstra não ter nada na cabeça. Só o nariz.
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