quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Contraponto 6781 - "Chegou a hora de nós, pessoas com deficiência, mostrarmos nossas potencialidades"

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17/11/2011

Chegou a hora de nós, pessoas com deficiência, mostrarmos nossas potencialidades

Do Blog do Planalto - Quinta-feira, 17 de novembro de 2011 às 15:28 (Última atualização: 17/11/2011 às 15:30:27)



A modelo Vanessa Vidal, surda desde o nascimento, conquistou carreira internacional, se formou em duas faculdades e lançou um livro sobre superação e luta contra o preconceito. Foto: Magda Dias/PR

Dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 apontam que 23,91% da população possuem algum tipo de deficiência, totalizando 45 milhões de brasileiros. Para elas, o governo federal lançou hoje (17) o Viver Sem Limite, que reúne uma série de ações nas áreas de educação, saúde, acessibilidade e inclusão social com o objetivo de promover a autonomia e o acesso aos serviços públicos das pessoas com deficiência.

A jovem cearense Vanessa Vidal, que fez questão de viajar a Brasília para o lançamento do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, é uma dessas pessoas que lutam para que todos tenham oportunidade iguais. Entretanto, a surdez que a acompanha desde o nascimento nunca foi encarada como barreira para atingir seus objetivos. Aos 13 anos, Vanessa decidiu que seguiria a carreira de modelo e, em 2008, foi eleita Miss Ceará e segundo lugar no concurso Miss Brasil. Desde então, uma série de conquistas, dois cursos superiores e uma carreira internacional foram trilhados por ela.


Na solenidade no Palácio do Planalto, o objetivo de Vanessa era entregar à presidenta Dilma Rousseff um exemplar de seu livro recém-lançado “A verdadeira beleza”, um meio de dizer ao mundo que a deficiência não é impeditivo para o pleno desenvolvimento social e profissional. A barreira, em sua visão, é o preconceito que as pessoas com deficiência têm que enfrentar diariamente para estudar, trabalhar e ter condições de igualdade na sociedade.

Nesse sentido, o Viver sem Limite é uma vitória de toda a sociedade brasileira, garante Vanessa, ao defender que, apesar dos avanços já alcançados, ainda há um caminho longo a ser trilhado, como a expansão da linguagem de libras e interação da sociedade “com esse outro idioma”.

“Antes, pessoas com deficiência eram subestimadas. Agora é preciso que nós estejamos felizes, porque temos o direito de estar inseridos em todos os espaços da sociedade e de mostrar toda nossa potencialidade, quebrando a barreira do preconceito. É uma vitória saber que um dos objetivos do Plano é expandir o acesso a linguagem de libras”, frisou.

Após sofrer paralisia cerebral, Adinilson Marins se formou em Direito e pretende trabalhar na área de Direitos Humanos. Foto: Magda Dias/PR

Para o bacharel em Direito de Patos de Minas, Adinilson Marins, a lesão cerebral que sofreu em decorrência da falta de oxigenação no parto também não foi impeditivo para seu crescimento. Com o incentivo da família e apoio da Apae, Adinilson frequentou a escola regular, “ainda que, na época, despreparada para receber alunos com deficiências”, e conseguiu, no ano passado, superar dificuldades e concluir o curso superior em Direito. Os planos agora são passar “o mais rápido possível” no exame da Ordem dos Advogados do Brasil e atuar como advogado na área de Direitos Humanos.

Além da carreira jurídica, Adinilson é representante da Federação Nacional das Apaes e conselheiro do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade). Ele é um dos grandes incentivadores do Viver Sem Limite, que, na sua visão, é um importante passo para que as pessoas com todos os tipos de deficiência possam ter acesso aos bens e serviços, à educação de qualidade, à profissionalização e ao mercado de trabalho.

“O preconceito no mercado de trabalho é outra barreira que ainda temos muito o que avançar. Temos leis que garantem a empregabilidade das pessoas com deficiência, porém os requisitos a serem preenchidos são acessíveis apenas a pessoas com o mínimo de deficiência. Também no mercado de trabalho as pessoas com deficiência intelectual são mais uma vez discriminadas”, alertou.

O Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência será também uma conquista nesse sentido, assegurou Adinilson, por ter como eixos estratégicos a educação, acessibilidade e profissionalização.

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