04/02/2012
Enviado por luisnassif, sab, 04/02/2012 - 09:01
Por anonimo
Do Estadão
PSDB paga laudo para anular Lista de Furnas
"Nilton Monteiro foi quem trouxe a público a Lista de Furnas em 2006"
BRASÍLIA - Um laudo de 56 páginas, encomendado pelo PSDB ao perito americano Larry F. Stewart, ex-integrante do serviço secreto dos Estados Unidos e especialista em fraude de documentos, ajuda a desmontar a Lista de Furnas - uma relação de 156 políticos de oposição, a maioria tucanos, supostamente beneficiados com doação de caixa 2 na eleição de 2002. A lista falsa trazia os nomes dos ex-governadores José Serra (São Paulo), Eduardo Azeredo e Aécio Neves (Minas).
No laudo, o perito assegura que o documento, trazido a público em 2006 pelo lobista Nilton Monteiro, é uma fraude grosseira. 'Após análise da combinação de todas as incompatibilidades e fatores relatados, concluo que a fotocópia apresentada e o original da lista de Furnas são, de fato, fraudulentos', afirma. A direção do PSDB afirmou ter pago R$ 200 mil.
Segundo ele, 'há indicações de que os dois documentos podem ter sido assinados pelo mesmo autor', o falsário. A relação de supostos beneficiários de caixa dois é descrita em cinco folhas assinadas pelo então presidente de Furnas Centrais Elétricas, Dimas Fabiano Toledo. O documento teria sido fabricado à base de colagem sobre folhas diferentes, com enxerto posterior de nomes e aposição de assinaturas e rubricas falsas.
Em algumas folhas, a assinatura verdadeira do ex-diretor de Furnas teria sido colada. Em outras, conforme o perito, ela foi simplesmente falsificada, seja por decalque, ou imitação livre. 'A caligrafia encontrada nos dois documentos questionados (original e cópia) muito provavelmente não é a de Dimas', diz o especialista. 'Estou convencido de que a letra não é a dele e que trata-se de falsificações.'
Conforme o laudo, a lista de furnas foi montada com duas partes de documentos diferentes e depois xerocopiada, como se fosse uma peça única e coerente. A primeira parte, das páginas 1 a 4, quando analisada sob luz ultravioleta, 'comporta-se diferente da página 5', possivelmente enxertada em outra ocasião.
Além disso, acrescenta, 'a página 5 parece ter uma composição de fibras diferente das outras páginas'. As duas observações foram baseadas na análise química, que mostrou que a copiadora usada para produzir a página 5 é diferente da que foi usada para produzir as quatro primeiras. Até os logotipos da empresa, segundo Stewart, 'são incompatíveis com os verdadeiros, fornecidos pela empresa'.
Embora o laudo do perito americano não faça parte dos autos do processo sobre o chamado mensalão mineiro, que corre na 2.ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, o PSDB o usará como argumento técnico e de convencimento da Justiça, por ocasião das alegações finais. Segundo o deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB em Minas, a lista de Furnas foi montada para 'salvar a barra' do governo Lula, às voltas com o escândalo do mensalão petista em 2005.
Com a expectativa de julgamento próximo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o laudo do perito americano será usado também como blindagem frente à estratégia petista de defesa. 'Com essa fraude grosseira, eles pretendiam provar que todos os partidos são iguais e fazem captação de recursos de caixa dois para financiar suas campanhas', disse Pestana.
Processado por dezenas de políticos citados na lista, Monteiro está preso desde outubro por estelionato e falsificação.
Pestana acusa dois políticos petistas - o deputado estadual Rogério Correia (MG) e o ex-deputado estadual Agostinho Valente (hoje no PDT), de serem cúmplices na montagem da fraude, conforme revelou inquérito da Polícia Civil de Minas. Correia deverá ser alvo de um processo ético por quebra de decoro. Ele negou que a lista de Furnas seja fraude e Valente, hoje filiado ao PDT e sem mandato, não foi localizado.
Para o advogado William dos Santos, defensor de Monteiro e do deputado Correia, o laudo de Stewart 'foi comprado' pela parte interessada e, por isso, não tem credibilidade. 'Ele (Stewart) foi contratado para dizer o que o PSDB queria', afirmou. 'Não é uma perícia oficial, não tem valor jurídico algum e foi feita só para confundir.'
Pestana explicou que o PSDB recorreu ao especialista americano ao perceber que o PT, a cada eleição, requenta a lista de Furnas e certamente repetirá a estratégia nas eleições deste ano.
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sábado, 4 de fevereiro de 2012
ResponderExcluirLista de Furnas: perito do PSDB já foi preso nos EUA por mentir sobre laudo.
O PSDB comprou por R$ 200 mil um laudo encomendado ao perito Larry F. Stewart, ex-integrante do serviço secreto dos Estados Unidos, para contestar a Lista de Furnas, diz o jornal Estadão (e também a revista Veja desta semana).
A manobra tucana acaba se revelando um tiro no pé.
O perito estadunidense foi afastado do laboratório forense do serviço secreto dos EUA após ser preso, acusado de ter cometido perjúrio (mentido) em um tribunal de Nova York, a respeito de... um laudo sobre falsificação de documento.
Segundo o promotor apurou, foram outros peritos que periciaram os documentos, e ele depôs como se fosse o autor da perícia.
http://www.justice.gov/usao/nys/pressreleases/May04/stewartlarrycomplaint.pdf
A nota acima, em tradução meia-boca, diz:
DAVID N. KELLEY, procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, anunciou hoje que LARRY F.STEWART, Director do Laboratório do Serviço Secreto dos Estados Unidos, foi preso sob a acusação de perjúrio no início deste ano no julgamento de Martha Stewart e Peter Bacanovic. As acusações estão contidas em uma queixa-crime que foi apresentada hoje no tribunal federal de Manhattan.
Segundo a denúncia, LARRY F. STEWART testemunhou como perito no julgamento de Stewart e Bacanovic, em relação ao exame forense de tintas em uma planilha que listava várias posições de valores mobiliários detidos por Martha Stewart e que continha várias anotações manuscritas.
Modus operandi de Daniel Dantas
O curioso é que o laudo tucano é "extra-judicial", ou seja, não é uma perícia oficial do judiciário, coisa que a defesa tucana poderia ter pedido (ou talvez pediu, e quebrou a cara, pois, pelo menos o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, já periciou o documento, e o deu como verdadeiro, inclusive as assinaturas, sem sinais de falsificação).
A estranha encomenda "extra-judicial" serve para produzir manchetes como as do jornal Estadão e da revista Veja, e tentar influenciar o ambiente político e judiciário (qualquer semelhança com os métodos de Daniel Dantas para gerar matérias na imprensa, visando influir na opinião pública e depois anexar coisas à processos não é mera coincidência).
Mas a armação tucana não apaga dos arquivos as manchetes da época, na imprensa estadunidense:
Atualização: Um amigo leitor avisa que, após a denúncia, Larry Stewart respondeu processo e foi julgado por um juri popular, que não o condenou. Um jurado explicou que entendeu que ele mentiu ao tomar como seu o trabalho de outro perito, mas não deveria ser condenado a até 10 anos de prisão por perjúrio.
ZéAugusto
No Amigos do Presidente Lula