sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Contraponto 15.815 - "PML: Moro premeditava a Lava Jato há onze anos"

No artigo, Moro "define um modelo de trabalho para o futuro próximo e deixa claro que acha necessário repetir uma investigação semelhante no Brasil — a questão é encontrar a oportunidade".

"Como ponto de partida, o juiz procura estabelecer várias semelhanças entre o Brasil e a Itália — recurso obrigatório para quem quer justificar a aplicação, aqui, do mesmo remédio que foi empregado por lá", acrescenta o jornalista.

Longe da postura equilibrada e distante que se espera de um juiz, ou mesmo de um trabalho acadêmico, o artigo de Sérgio Moro é um roteiro de agitação política. Transpira voluntarismo, pede ação e discute estratégias para atingir seus objetivos. O texto confirma que o conhecimento jurídico de Sergio Moro não merece reparos. O que se debate é o uso político que pretende fazer desse conhecimento — pois se trata de uma ideia em busca de uma chance de virar realidade, ou de um esquema mental a espera de um recheio.

"Depois da Mãos Limpas, o procurador Antonio Di Pietro, que obteve na Operação o mesmo destaque obtido por Joaquim Barbosa na AP 470, ingressou na carreira política. Como recorda Sergio Moro, Di Pietro costumava referir-se ao sistema político italiano como uma 'democracia vendida'", resgata PML.

"Em 2014, os vazamentos sobre a Lava Jato serviram para colocar o mundo político brasileiro numa posição precária e frágil perante o Judiciário, demonstrando quem tinha 'maior legitimação'", diz o colunista, que critica as prisões preventivas da Operação da PF – "o que se espera é que um longo confinamento convença os detidos a confessar os crimes que a Polícia e o Ministério julgam que cometeram" – e coloca em discussão o impacto que a investigação terá na política e na economia.

Leia a íntegra em Escândalo pronto para servir
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Um comentário :

  1. LAVA JATO E O LADO OBSCURO DA 'MÃOS LIMPAS'
    :
    "Matriz ideológica da Operação Lava Jato, com a qual o juiz Sérgio Moro investiga a Petrobras e ameaça produzir uma crise sem paralelo em nossa história política, a Operação Mãos Limpas merece mais do que um minuto de reflexão por parte dos brasileiros", afirma Paulo Moreira Leite; diretor do 247 em Brasília passa a limpo a operação contra a corrupção na Itália dos anos 1990, que condenou 1.223 pessoas – dez cometeram suicídio –, e destruiu a carreira do primeiro-ministro Bettino Craxi; maior beneficiário foi Silvio Berlusconi, eleito depois que a Mãos Limpas "tirou de cena concorrentes que poderiam lhe fazer frente"; leia a íntegra

    5 DE JANEIRO DE 2015 ÀS 13:46


    247 – Em novo post em seu blog, o diretor do 247 em Brasília, Paulo Moreira Leite, passa a limpo a Operação Mãos Limpas, que investigou casos de corrupção na Itália na década de 1990, e a compara com a Lava Jato, coordenada pelo juiz Sérgio Moro. A ação foi iniciada com um flagrante forjado e terminou com 1.223 pessoas condenadas – dez cometeram suicídio –, a carreira do primeiro-ministro Bettino Craxi destruída e muitas perguntas sem respostas, conforme relata PML.

    "Matriz ideológica da Operação Lava Jato, com a qual o juiz Sérgio Moro investiga a Petrobras e ameaça produzir uma crise sem paralelo em nossa história política, a Operação Mãos Limpas merece mais do que um minuto de reflexão por parte dos brasileiros", introduz o jornalista, em seu texto. Ele ressalta que Bettino Craxi havia se tornado "um político descartável por Washigton depois que se recusou a aceitar uma intervenção norte-americana no sequestro do Achille Lauro, um navio de turistas que navegava pelo Mediterrâneo até que foi dominado por quatro terroristas palestinos".

    À época, o embaixador dos Estados Unidos em Roma, Reginald Bartolemew, ficou convencido de que a Mãos Limpas se transformara numa perseguição fora de todo controle ("os direitos de defesa dos acusados eram violados sistematicamente, o que era inaceitável", disse o diplomata) e "participou de articulações para formar um novo sistema de partidos políticos, com a presença de neo-fascistas, e de sobreviventes do antigo PC, convertidos à posição de aliados da Casa Branca de Bill Clinton". Leia um trecho do texto:

    Para o embaixador, o ponto grave, no aspecto jurídico, é que os tribunais se mostravam inteiramente intimidados pela ação do Ministério Publico. Bartholemew convidou um ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos, Anthony Scalia, para reunir-se com magistrados italianos. No encontro, diz o embaixador, Scalia lembrou aos magistrados que tinham obrigação em defender os princípios da Justiça e os direitos dos acusados. Também disse que as prisões preventivas contrariavam "frontalmente os direitos dos acusados" e também os "princípios fundamentais do direito anglo-saxão."

    A advertência de Anthony Scalia, escreve Moreira Leite, "joga luzes sobre a dificuldade de se produzir sentenças serenas num ambiente de investigações abertamente politizadas". Por fim, o colunista traz à tona o que segundo ele seria a "principal ironia da história": o maior beneficiário do escândalo foi Silvio Berlusconi, que teve força para ocupar por duas vezes o posto de primeiro-ministro, depois que a Mãos Limpas "tirou de cena concorrentes que poderiam lhe fazer frente". "Dentro de um universo de instituições enfraquecidas, a posse de uma rede privada de emissoras de TV transformou Berlusconi num político imbatível, que acumulou poderes de ditador e foi capaz de submeter o país a uma sucessão de vexames", completa.

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