.
27/01/2015
Regular as mídias é dever do Estado, proteção à democracia e o fim do controle do BV
Para quem não sabe, o BV é o lucro das agências publicitárias. Como as Organizações (?) Globo são um monopólio, a agência não tem para onde correr.
DAVIS SENA FILHO
Constituição Brasileira, parágrafo 5º, do artigo 220: "Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio". Entendeu, ou quer que eu desenhe?
Vamos à pergunta que se recusa a calar: "Por que os magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas, por intermédio de seus caudatários, mentem audaciosamente quanto à regulação dos meios de comunicação social, quando a verdade é que a regulação tem por propósito efetivar o marco regulatório, no que tange à economia e não quanto ao conteúdo do que é veiculado ou publicado nas diferentes mídias?
Respondo: os magnatas bilionários, na verdade, querem confundir o público, bem como trazer para seu lado políticos conservadores testas de ferro de seus interesses, além de parcela importante da classe média, politicamente conservadora, que rejeita quaisquer mudanças, no que concerne à manutenção do status quo e do monopólio desse poderoso e influente segmento econômico.
Um setor que, após a vitória eleitoral do ex-presidente Lula, em 2002, transformou-se em partido político poderoso e de direita, que se recusa, terminantemente, a se submeter aos ditames da Constituição e do Estado Democrático de Direito, porque, sem sombra de dúvida, historicamente nunca respeitou a democracia, por ter um caráter antinacional, despótico e imperialista.
Dito isto, vamos a outra questão: O que existe por detrás de tanta reação à democratização dos meios de comunicação?
Respondo: Certamente não é a
censura à imprensa de negócios privados tão propalada pelos sequazes do
baronato midiático, e muito menos o "medo" de a liberdade de expressão
ser contaminada pelo Estado, até porque a imprensa de mercado, por meio
de seus bate-paus mascarados de jornalistas, nunca foi tão livre como no
período dos trabalhistas no poder, ao ponto de manipular, dissimular e
simplesmente mentir sobre os fatos e as realidades que se apresentam na
economia e na política, inclusive a intervir reiteradamente no processo
eleitoral, e, derrotada, dedicar-se a uma oposição sistemática e feroz,
em um período de 12 anos.
A verdade é que a máquina
midiática empresarial diz o que quer, age como quiser e ainda se recusa a
dar voz a quem foi injuriado, caluniado e difamado, sem ter, muitas
vezes, culpa no cartório. Existem incontáveis casos que comprovam esses
maus procedimentos da imprensa de mercado. E, quando ela "concede" tais
direitos ou é obrigada a dar o direito de resposta, o destaque a quem
teve a imagem desmoralizada ou desconstruída é mínimo, além de
completamente diluído pelas páginas de jornais e revistas, bem como
disfarçado nos jornais televisivos.
Contudo, o que mais importa para a
sociedade brasileira é democratizar definitivamente as mídias em todos
os setidos, desde a publicidade até o direito de outros segmentos
sociais, empresariais, entidades, associações, instituições e sindicatos
terem acesso à comunicação, bem como o controle de sua programação, a
respeitar, evidentemente, o marco regulatório para os meios de
comunicação — chamado por muitos de Ley dos Medios.
Os magnatas bilionários de todas
as mídias cruzadas tem verdadeiro pavor desse assunto e reagem
ferozmente contra quaisquer regulações, porque a intenção é "melar" o
debate, não divulgá-lo em suas mídias e, quando necessário, falar de
regulação a dar-lhe uma conotação de casuismo, de despotismo e de
censura, ao que esses bilionários midiáticos e seus empregados de luxo
chamam, cinicamente e hipocritamente, de "imprensa livre".
A mesma "imprensa livre" que não
dá voz aos seus adversários e inimigos, que tem lado, partido político,
cor ideológica e que detesta ouvir as partes envolvidas em algum caso,
porque sempre beneficia alguém de seu interesse, e, por causa disso,
foge do contraditório. A mesma "imprensa livre" que demite ou "congela"
qualquer empregado ou contratado seu, se tal ente humano pensar
diferente ou vacilar quanto à "doutrina" política determinada pelos
diretores, chefes de redação e editores, que, sem sombra de dúvida, a
grande maioria, pois não é justo generalizar, faz o jogo dos patrões, a
assoviar e a chupar cana ao mesmo tempo.
Despidos de quaisquer dores de
consciência, pois muitos deles são piores que seus patrões, os quais,
inadvertidamente e ousadamente, consideram "seus" colegas, o que se
torna uma piada de mau gosto, além de arrogância e a completa falta de
discernimento de sua condição de empregado, que, sumariamente, não tem o
direito de pensar, mas, obviamente, repetir como um papagaio de pirata
tudo o que é determinado pelo establishment da empresa, mesmo se tiver
de cometer crimes como o fez certo repórter da revista Veja — a Última
Flor do Fáscio —, que invadiu o quarto de hotel do ex-ministro José
Dirceu, para logo ser denunciado à policia pela gerência do
estabelecimento comercial.
Ou, lembremos, dos diretores de
Época — o pasquim que ninguém lê —, e de Veja — o libelo de caráter
fascista —, que se aliaram ao bicheiro Carlinhos Cachoeira e ao senador
cassado, Demóstenes Torres — o ex-varão de plutarco da mídia corporativa
—, com o objetivo sórdido de desestabilizar o Governo Trabalhista e
também o Governo do Distrito Federal. Esses fatos estão nos "anais"
dessa própria imprensa alienígena, que luta, desesperadamente, para
manter o oligopólio de mídias cruzadas, que está na mão de meia dúzia de
famílias, que, na verdade, dependem de uma só: as Organizações(?)
Globo, da família Marinho, porque é ela que monopoliza os eventos
esportivos, grandes e pequenos, os artísticos e culturais, os programas
jornalísticos e de auditórios, as novelas, bem como o segmento
fonográfico e do show business, seja qual for, a exemplo do Rock in Rio,
além de estar fortemente presente no rádio e na internet.
Todavia, apesar desses eventos
serem controlados com mão de ferro pelos irmãos Marinho, a galinha dos
ovos de ouro tem nome, e atende por Bonificação de Volume, o famigerado
BV, que concentra as gigantescas verbas publicitárias em apenas um grupo
empresarial, por intermédio da venda casada de comerciais. É notória
essa vampiresca realidade que favorece, indubitavelmente, a efetivação
de chantagens aos anunciantes governamentais e privados, que se veem
"obrigados" a anunciar na empresa monopolista e cartelizada, até porque a
"Vênus Platinada" faz dura oposição a quem não atende seus interesses,
bem como os anunciantes também a temem politicamente e comercialmente,
além de saberem que a megaempresa de comunicação é a que tem a maior
audiência.
A resumir: é o fim da picada!
Trata-se, na verdade, de um capitalismo selvagem e sem regras, em um
mundo privado, livre de um marco regulatório e disposto a enfrentar a
sociedade civil, o Governo Federal, o Congresso, além de órgãos que
deveriam cuidar desse importante assunto, com coragem, responsabilidade,
a cumprir seu trabalho e obrigação, a exemplo do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Secretaria de Direito
Econômico (SDE), ambos órgãos estratégicos do Ministério da Justiça, que
ora atuam com corpo mole, ouvidos de mercador e olhos fechados para tal
ignomínia, que é o abuso de poder perpetrado pelo gigantesco oligopólio
dos irmãos Marinho.
Desconheço a tamanha dificuldade
de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e de sua chefe direta, a
presidenta Dilma Rousseff, além do ex-presidente Lula, quando esteve no
poder, em obedecer a Constituição, no que é relativo ao combate aos
monopólios e oligopólios, além de se efetivar urgentemente um marco
regulatório para o setor econômico midiático. Reconheço, entretanto, que
Lula já há algum tempo tem batido nesta tecla, inclusive tem
questionado duramente o cartel midiático em público.
Também considero de bom alvitre a
posse de Ricardo Berzoini no cargo de ministro das Comunicações. O
petista sempre foi favorável à Ley dos Medios, e, diferentemente de seu
antecessor, Paulo Bernardo, Berzoini sempre tocou no assunto do marco
regulatório, além de ser um parlamentar combativo e que sempre fez
assertivas sobre quaisquer assuntos sem tergiversar. Vamos ver para
crer. Afinal, mexer com o status quo não é fácil e tem de ter coragem,
fato que não deveria faltar aos políticos, principalmente os de
esquerda, eleitos pelo povo e pelo povo tem de lutar ou fazer o que tem
de ser feito, ou seja, obedecer a Lei. Ponto.
Estados Unidos, França,
Inglaterra, Suécia, Espanha, dentre muitos outros países, possuem marcos
regulatórias para o setor da economia dos meios de comunicação social.
São paises capitalistas, desenvolvidos, admirados profundamente pelas
"elites" deste País e também pela classe média coxinha, mentalmente
colonizadas, provincianas e portadoras de um estratosférico complexo de
vira-lata. Então se trata de retumbante farsa, fraude, hipocrisia e
mentira a veiculação de notícias por parte dos magnatas bilionários da
mídia contrários ao combate aos oligopólios, de acordo com os ditames da
Constituição.
Não se pode levar a sério essa
gente manipuladora e mentirosa. Não é definitivamente democrático apenas
uma empresa familiar dominar o mercado publicitário e de propaganda em
um País que tem 210 milhões de habitantes, geograficamente gigantesco,
ser considerado a sétima maior economia do mundo e, mesmo assim, ficar à
mercê de uma família autoritária, parceira da ditadura militar, que se
recusa, casuisticamente, a compreender que o Brasil é outro País,
poderoso e fundador de blocos econômicos como o Mercosul, o G-20 e os
Brics.
O Governo Trabalhista tem de
afirmar às famílias midiáticas que o Brasil não é a continuação dos
quintais das mansões delas, pois o tempo da Casa Grande tem de terminar,
para que a sociedade brasileira possa ser emancipada definitivamente,
tanto no que concerne à independência financeira e política, mas também
no que é referente à democratização das mídias, de tal forma que elas
fiquem ao alcance de todos, o que significa permitir a diversidade de
pensamento e o combate à censura praticada pelos magnatas bilionários de
imprensa e de seus feitores, que sempre fazem a vez de seus patrões
autoritários. A imprensa quer falar sozinha. Ponto. A verdade é que ela
não se preocupa com liberdade de expressão, porque a liberdade de
expressão que vale é somente a dela. Não se enganem os ingênuos, os
apressados e os cúmplices...
Enfim, urge a inclusão midiática e
também digital para o segmento dos meios de comunicação. O Brasil tem
de abrir um maior número de empresas, bem como a Bonificação de Volume
(BV) tem de ser extinta. Para quem não sabe, o BV é o lucro das agências
publicitárias. Como as Organizações(?) Globo são um monopólio, a
agência não tem para onde correr. Se atrasar as faturas para a Globo,
perde o direito ao BV, um instrumento, ora veja, criado pela própria
Globo, que, draconianamente, deixa tal agência sem dinheiro, como se
fosse uma grande lição — "para aprender!", diriam os lorpas e os
pascácios de Nelson Rodrigues.
E se o cliente da agência dá um
calote ou simplesmente atrasa o pagamento? Problema de tal empresa. O
empresário ou publicitário dono da agência rapidamente, e muito
assustado, opta por recorrer aos bancos, porque na cabeça dele é melhor
dever ao banqueiro do que dever à Globo, que, se retaliar de maneira
séria, é capaz de o publicitário ter de fechar as portas de sua agência,
porque a falência virá a galope. Por isso a luta dos magnatas
bilionários para manter as coisas como estão. É muito poder em jogo.
Realmente, o Governo tem de
ordenar e reorganizar esse segmento que, de tão poderoso, apoia até
golpe de estado e interfere em eleições presidenciais. Mas, compreendo
que mexer nesse vespeiro tem de ter coragem e determinação. Por seu
turno, governantes são eleitos até para sacrificar a vida, se ele não
for um pusilânime ou covarde. Estadistas não são relapsos com a
governança e com os interesses do povo. Regular as mídias é dever do
Estado, proteção à democracia e o fim do controle do BV, ou seja, do
mercado publicitário por apenas uma empresa. A Ley dos Medios tem de ser
efetivada, a Constituição respeitada, e é para já. É isso aí.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista