domingo, 10 de janeiro de 2016

Contraponto 18.565 - "Cunha sobreviverá à quebra de sigilo?"

 

10/01/2015

 

Cunha sobreviverá à quebra de sigilo? 

 

Do Blog do Miro - domingo, 10 de janeiro de 2016

 

 

 


 Por Altamiro Borges

O cerco ao correntista suíço Eduardo Cunha aumenta a cada dia que passa. Nesta sexta-feira (8), o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente da Câmara Federal, de sua mulher, Cláudia Cruz, da filha Danielle e das várias empresas ligadas à família. A decisão atende ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e servirá para mapear as suspeitas movimentações financeiras do achacador entre 2005 e 2014. O líder da cruzada golpista pelo impeachment de Dilma é investigado na Operação Lava-Jato, acusado de ter recebido propina para viabilizar contratos da Petrobras. Também serão investigadas as contas que o deputado e a família mantinham no exterior. Será que Eduardo Cunha resistirá à devassa fiscal?
.
Investigações da Receita Federal confirmam que o deputado e a sua família acumularam uma fortuna "incompatível com a renda declarada" entre 2011 e 2014. O patrimônio ilegal seria de R$ 1,8 milhão. As empresas do lobista, como a 'Jesus.com' e a 'C3 Produções e Rádio', também receberam depósitos suspeitos neste período. "Os montantes dos indícios apontados estão significativamente influenciados pelos gastos efetuados com cartão de crédito", afirma o relatório do órgão. Eduardo Cunha segue na estratégia de negar as acusações - chegou a afirmar que "não possuo patrimônio a descoberto", o que agora foi desmentido pela Receita Federal - e de tentar desqualificar o procurador Rodrigo Janot.
 .
"Mais sortudo do que um ganhador da Mega Sena"
 .
Este, por sua vez, parece que finalmente perdeu a paciência diante dos ataques do agressivo lobista. A Folha deste sábado (9) divulgou um relatório da PGR devastador para o ainda presidente da Câmara dos Deputados. "Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi mais sortudo do que um ganhador da Mega Sena ao lucrar R$ 917 mil com papéis no mercado de capitais, apontou a Procuradoria Geral da República em documento protocolado no STF. Ao mesmo tempo em que lucrava, os negócios geraram perdas a um fundo de pensão de servidores públicos do RJ. As transações suspeitas ocorreram entre abril de 2004 e fevereiro de 2005 e foram alvo de uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)".
.
Os "lucros indevidos" foram obtidos com os papéis da Prece, o fundo de pensão dos funcionários da Cedae, a companhia carioca de água. "A Prece operava na época em sete fundos de investimento por meio de diversas corretoras, entre as quais a Laeta, que tinha Cunha como um dos clientes. No curso de um inquérito que tramita no STF, derivado da Operação Lava Jato, a PGR teve acesso ao inquérito que investigou os lucros de Cunha... Segundo a PGR, a apuração da CVM constatou que as taxas de sucesso de Eduardo Cunha nas operações foram de 100% no mercado de dólares e de 98% em outro papel. Cunha teria atuado em 23 pregões", registra a Folha.
.
Irônica, a PGR concluiu: "Para se ter uma ideia, a probabilidade de se obter taxa de sucesso de 98% ocorre em uma vez para cada 257 septilhões. Sabendo-se que a chance de ganhar a Mega Sena quando se faz a aposta mínima é de 1 em 50 milhões, verifica-se que a chance de uma taxa de sucesso de 98% é praticamente nula e decorre claramente de uma fraude". O esquema fraudulento consistia em privilegiar alguns clientes em detrimento dos próprios fundos. "Em outras palavras", aponta a PGR, "todos os prejuízos ficavam para os fundos e todos os lucros para determinados clientes das corretoras, dentre eles Eduardo Cunha". Para a PGR, havia um esquema "preordenado e preparado dentro de cada uma das corretoras e distribuidoras intermediárias envolvidas".
 .
"Esqueceu de mim?", pergunta o lobista
 .
Em outra linha de investigação, a Polícia Federal apresentou também na semana passada um relatório que aponta as tentativas do deputado carioca de obter grana para sua campanha junto à empresa OAS, investigada na Operação Lava-Jato. "Esqueceu de mim?", pergunta Eduardo Cunha em um dos e-mails vazados. "O relatório apresenta a íntegra das mensagens trocadas entre o presidente da Câmara e o então presidente da construtora OAS, Leo Pinheiro, e revela uma intensa troca de favores entre os dois. São 94 conversas entre 2012 e 2014, antes da prisão do empreiteiro em novembro daquele ano. Na época, Eduardo Cunha ainda não era presidente da Câmara", descreve o Jornal do Brasil. 

O relatório da Polícia Federal tem 108 páginas e foi concluído em 12 de agosto do ano passado. Ele foi encaminhado à PGR devido às citações de políticos com foro privilegiado. "Eduardo Cunha é a figura que mais aparece nas conversas. De acordo com a PF, o parlamentar teria feito 27 pedidos a Pinheiro, e recebido 26 pedidos deste... Uma conversa entre os dois acabou levantando suspeitas sobre a concessão do aeroporto de Guarulhos, administrado por um consórcio integrado pela OAS. No dia 29 de agosto de 2014, Cunha reclamava que o então presidente da empreiteira teria repassado “5 paus” para Michel e Moreira - vice-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco -, e deixado de ajudar Cunha, Henrique Alves, e o primeiro-secretário do PMDB, Geddel Vieira.
 .
Fim de carreira do achacador?
.
As denúncias sobre as várias maracutaias de Eduardo Cunha são bem antigas. Muitas delas, inclusive, resultaram em reportagens nos jornais, revistas e emissoras de televisão. Durante a fase mais recente, a mídia oposicionista preferiu abafá-las. Apostava na agressividade do presidente da Câmara Federal para viabilizar o impeachment de Dilma. Com a descoberta das contas na Suíça do deputado e de sua família, a situação se complicou. Ele virou um estorvo para os golpistas - até os fascistas mirins, que nas suas marchas carregaram as faixas "Somos todos Cunha", ficaram órfãos e perdidos. Descartado como bagaço, as denúncias voltam à tona. Será que Eduardo Cunha resistirá a esta nova devassa?
 .
*****
.
Leia também:
.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista