11/01/2015
Ação de FHC na Argentina foi tida como negociata
Brasil 247 - 11 de Janeiro de 2016 às 08:34
A compra do grupo Pérez Companc pela Petrobras no
apagar das luzes do governo FHC, numa operação que teria rendido
propinas de US$ 100 milhões para o PSDB, segundo o delator Nestor
Cerveró, foi duramente criticada à época; analistas de mercado
questionavam o valor pago e o fato de a Petrobras investir na Argentina
às vésperas de uma desvalorização cambial no País; o então presidente da
Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Leite
Siqueira, chegou a dizer que a Petrobras, comandada na época por
Francisco Gros (à esq.), estava pagando US$ 300 milhões a mais; ficaram
satisfeitos o bilionário argentino Gregório Perez Companc e David
Zyulbestajn (à dir.), ex-genro de FHC que comandava a Agência Nacional
do Petróleo; "Foi uma bela jogada da Petrobras", disse Zylberstajn; no
entanto, as ações da estatal desabaram com a operação
247 – A delação
premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da
Petrobras, pode ajudar a esclarecer um dos mais polêmicos negócios da
Petrobras, fechado no apagar das luzes do governo FHC. Trata-se da
compra do grupo argentino Pérez Companc por US$ 1,1 bilhão, numa
operação que teria rendido propinas de US$ 100 milhões para o PSDB,
segundo declarou Cerveró em sua delação obtida pelo jornal Valor
Econômico (leia mais aqui).
Anunciada em julho de 2002, no
segundo semestre do último ano do segundo mandato de FHC, a operação foi
duramente criticada pelos analistas de mercado. Sabia-se, naquele
momento, que a Argentina, mergulhada em profunda crise econômica, estava
prestes a desvalorizar sua moeda e a dar o calote nos seus títulos
externos – o que de fato aconteceu. Além disso, já havia sinais claros
de intervenção excessiva no mercado de petróleo.
Na época, a Petrobras era
presidida por Francisco Gros, um banqueiro já falecido que havia
presidido o BNDES com discurso privatista e também havia comandado o
banco de investimentos Morgan Stanley. "Não estamos comprando uma
galinha morta, mas uma galinha poedeira de ovos de ouro", disse ele,
sobre a operação em que a Petrobras também assumia dívidas de US$ 2,2
bilhões da empresa pertencente ao bilionário Gregório Pérez Companc.
O mercado, no entanto, reagiu de
forma extremamente negativa. "A empresa vinha vendendo ao mercado a
idéia de que iria reduzir seu risco, mas decidiu investir num país de
risco muito superior ao brasileiro", disse Edmo Chagas, que era analista
do banco suíço UBS Warburg.
"Foi uma grande negociata",
disparou Fernando Leite Siqueira, que era presidente da Associação dos
Engenheiros da Petrobras, a Aepet. "Nosso próximo passo será contratar
avaliações internas para calcular o tamanho dessa negociata, mas
estimamos que a estatal tenha pago pelo menos US$ 300 milhões a mais".
O negócio era muito criticado em razão de dados objetivos. A
Perez Companc era a empresa mais endividada do setor de petróleo em
todo o mundo. Seu passivo representava 73% do patrimônio. Na Petrobras, a
taxa, que era de 33%, passou para 42% depois da aquisição, enquanto a
média mundial era de 25%.
Além disso, no primeiro trimestre de
2002, a empresa argentina havia registrado um prejuízo de US$ 309
milhões. Com isso, a companhia estava sendo pressionada pelos credores a
reestruturar sua dívida no curto prazo de US$ 1,2 bilhão.
Era uma operação que parecia tão ruim que as ações da Petrobras desabaram e o valor da estatal encolheu em US$ 1,9 bilhão, mais do que o US$ 1,1 bilhão que estava sendo pago aos Pérez Companc. "Para a Petrobras, o negócio significou uma perda de 8% em seu valor", disse o analista Cleomar Parisi, que atuava no Unibanco.
Na época, apenas um profissional da área de petróleo elogiou a operação: o ex-genro de FHC, David Zylberstajn, que comandava a Agência Nacional do Petróleo. "Foi uma bela jogada da Petrobrás. Se ela não comprasse, outra compraria, e uma excelente oportunidade de negócio seria perdida", afirmou.
A delação de Cerveró, no entanto, realimenta a polêmica sobre o caso.
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Era uma operação que parecia tão ruim que as ações da Petrobras desabaram e o valor da estatal encolheu em US$ 1,9 bilhão, mais do que o US$ 1,1 bilhão que estava sendo pago aos Pérez Companc. "Para a Petrobras, o negócio significou uma perda de 8% em seu valor", disse o analista Cleomar Parisi, que atuava no Unibanco.
Na época, apenas um profissional da área de petróleo elogiou a operação: o ex-genro de FHC, David Zylberstajn, que comandava a Agência Nacional do Petróleo. "Foi uma bela jogada da Petrobrás. Se ela não comprasse, outra compraria, e uma excelente oportunidade de negócio seria perdida", afirmou.
A delação de Cerveró, no entanto, realimenta a polêmica sobre o caso.
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