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12/01/2016
O suicídio político da mídia brasileira, por André Araújo
Por André Araújo
A um País acostumado com capas abjetas
da revista VEJA, nada mais deveria surpreender, mas a desta semana
chocou pelo caráter asqueroso, escatológico, torpe. Colocar prisioneiros
em fotos de penitenciária, alguns executivos importantes de importantes
empresas, outros políticos com História expressiva, faz lembrar as
fotos do Marechal Witzleben com a calça sem cinto a cair e ele, um homem
de 80 anos, segurando, poses para humilhar tiradas no tribunal nazista
que julgou os autores do atentado von Stauffenberg de julho de 1944.
O procedimento é completamente fascista,
de mau gosto, baixo nível, cheirando a vômito. A GLOBONEWS exibe uma
vinheta de propaganda fazendo alusão extremamente elogiosa à Lava Jato,
onde aparecem algemas e grades de prisão, com um fundo sonoro de frases
de efeito e palavras de ordem em tom melodramático, tudo canastronice
vulgar, gesto laudatório à campanha anti-corrupção, logo a organização
mais profundamente envolvida no País com as máfias do futebol em todos
os seus níveis, com vultuosos processos por sonegação fiscal em
andamento errático e escorregadio nas instâncias da Receita Federal.
Será que o Departamento de Justiça americano, tão celebrado, não viu
nada sobre Globo no CASO FIFA? Se estão atrás da CBF, e parece que
estão, irão bater na Globo, que tal um processo no DofJ para ver como se
maneja o tema "corrupção" na Globonews e aí veremos se aparece vinheta
de saudação às campanhas contra corruptos ou será que o mundo do
futebol, um dos "mainstreams" da Rede Globo, é limpíssimo como água de
fonte?
Tampouco tem honestidade inatacável
jornais que nem de leve tangenciam o "Truste da Carne" que tirou a carne
bovina da mesa dos pobres porque obteve tal concentração de mercado que
paga o que quiser ao criador e cobra o que quiser do consumidor. Não
tocam no assunto porque o Truste de Carne é campeão absoluto de anúncios
nos jornais usando como garota propaganda uma das estrelas do
jornalismo da Globo em anúncios exagerados de duas páginas para vender
mortadela e comprar proteção.
A imprensa pratica preparativos de
suicídio porque levanta o altar da pátria para as corporações
improdutivas em promoção de seus atos para liquidar com a economia
produtiva, aquela que anuncia nas mídias e que sustenta inclusive a
burocracia improdutiva, pois é a única que produz, as demais corporações
só gastam e consomem.
Parte da culpa cabe ao próprio mundo
empresarial, que continua patrocinando anúncios nos veículos algozes do
sistema capitalista brasileiro, por exemplo a Braskem, presidida por
Marcelo Odebrecht, continua anunciando na Globo que escracha seu chefe e
o persegue com grande satisfação.
Os processos de delação se multiplicam
em progressão geométrica, um delata dez, que delatam cem e ninguém mais
escapa, nomes de longa tradição de vida pública são ameaçados de
delação e a ameaça já vai para o escracho na imprensa sem que a vítima
saiba do que se trata, é o MÁXIMO da irresponsabilidade de quem vaza e
de quem publica o vazamento.
Não há PaÍs algum do planeta que possa
ser governado em qualquer regime dentro desse ambiente exclusivamente
punitivo ao infinito. Se todos os celulares do PaÍs Forem grampeados, 50
milhões de brasileiros podem ser processados, conversas em privado
costumam ser livres de condicionantes sociais, econômicos ou políticos,
dentro de uma mesma família, se todas as conversas forem grampeadas se
darão possivelmente brigas, separações, injúrias, rompimentos.
Essa operação que só existe pelo amparo
incondicional da midia, VEJA e GLOBO à frente, está à luz dos olhos de
quem não seja cego, destruindo a economia do Pais. O alvo já não é mais
corrupção, é o Poder. Alguns de seus porta vozes dizem com a maior
candura que as empresas podem desaparecer porque os engenheiros e
operários estão aqui no Brasil, como se estes sozinhos colocados em um
ônibus e despejados na Amazônia pudessem construir a hidroelétrica de
Belo Monte sem ter uma empresa forte por trás, empresa essa que leva
décadas para montar e não se improvisa.
Muitas das conversas degravadas são
próprias do mundo político, troca de favores existem nesse mundo em
todos os Estados membros da ONU. Um empresário pedir um favor a um
Governador se faz todo dia nos EUA, Indonésia ou Vietnam, porque o
espanto? O mundo real, fora das apostilas, se move assim ou vão querer
mudar o mundo a partir do Brasil? A mídia magnifica, amplifica, insinua,
intui exclusivamente maldade como se o dia a dia de um político fosse
composto por aves marias e salve rainhas, como se os frequentadores de
seus gabinetes fossem sacristãos e carmelitas descalças para espargir o
gabinete com água benta. Ou será que em outros templos do aparelho
judiciário não se trocam favores, remoções, cursos no exterior a custa
do Erário, promoções, ninguém favorece ninguém?
A mídia deixou de exercer qualquer juízo
crítico sobre abusos e ilegalidades, certas aberrações jurídicas,
figuras exóticas que aparecem e depois somem , incensa "mocinhos" e
demoniza os da economia produtiva pintados como malfeitores, como se
fossem o capeta em pessoa, deleitando-se e espojando-se nas cenas de
homens em fardamento de guerra com armas pesadas prendendo cidadãos
pacatos em casa, a perguntar-se se vão com a mesma exibição em zonas
perigosas onde existe algum risco de vida.
Sempre defendi a absoluta liberdade de
mídia, aqui mesmo no blog, contra artifícios como Ley de Medios e
quejandos, mas vejo que estou defendendo quem não merece defesa. Essa
mídia perdeu noção de limites, a capa da VEJA foi o fim da linha, não
merece ser defendido quem não exerce a profissão com um mínimo de
dignidade.
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