04-01-2016
A tática usada por jornais e revistas para esconder a denúncia contra Aécio. Por Paulo Nogueira
Você conhece.
Certos jogadores de futebol fingem ir para uma dividida, mas na verdade correm numa velocidade calculada para não chegar à bola e, portanto, não arriscar a canela.
As aparências ficam resguardadas.
Marcelinho Carioca era um mestre nisso.
É mais ou menos esta a tática que a grande imprensa utiliza para cobrir, ou fingir cobrir, assuntos delicados de seus protegidos.
Muitos leitores não percebem.
Um caso típico foi a denúncia segundo a qual Aécio recebeu propina de uma empreiteira.
Jornais e revistas fingiram cobrir.
Você faz o seguinte: dá num lugar de pouco destaque, ou nenhum. E depois simplesmente esquece. Não há nenhum empenho em realmente investigar o assunto.
Compare, agora, com o que acontece quando a denúncia recai sobre alguém de quem a mídia não gosta, como Lula. O assunto demora uma eternidade para sair das páginas dos jornais, alimentado por supostas novidades, frequentemente não comprovadas.
Um exemplo disso é o “Amigo do Lula”, uma cobertura que já se tornou piada nas redes sociais, tais os disparates editoriais associados a ela.
Lula, na ótica das companhias jornalísticas, é para matar. Aécio, para ser protegido
A Folha deu discretamente, quase que envergonhadamente, a acusação contra Aécio.
O que ela fez depois para avançar na história? O acusador era um certo Ceará. Se tivesse qualquer intenção de fazer jornalismo, a primeira coisa que a Folha teria feito, em seguida, era um perfil sobre Ceará.
Exige algum esforço. Não é uma informação que a PF vaza ao repórter num telefonema. Mais importante: demanda o mínimo de imparcialidade.
A repercussão dos demais jornais seguiu o mesmo caminho da Folha. Poucas linhas escondidas, e num período em que poucos leem jornais, o final do ano, e depois nada.
Fim de história.
Como o jogador que finge não fugir da dividida, os jornais fingem não fugir da notícia indigesta. Mas tudo não passa disso: fingimento.
Trabalhei muitos anos em redações das grandes empresas jornalísticas e sei muito bem como se destaca ou como se esconde uma notícia.
A internet vem desmascarando esse tipo de trapaça jornalística, mas os donos de jornais e revistas e seus editores parecem não ter se dado conta disso. E continuam em sua simulação enganosa, como nos velhos tempo em que monopolizavam as informações e as opiniões como se fossem isentos.
É como se, no futebol, uma nova tecnologia mostrasse com clareza a velocidade reduzida de um jogador perante uma dividida em que ele não queira chegar.
O truque acabaria. Mais canelas seriam arriscadas, ainda que contra a vontade de certos craques.
No jornalismo, a internet é esta nova tecnologia que aponta casos em que a imprensa finge cobrir, como a propina alegadamente passada a Aécio.
Mas mesmo assim jornais e revistas continuam a tentar enganar as pessoas. Você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo, como diz a célebre sentença política.
Mas a imprensa brasileira, em sua obtusa ignorância, acha que, sim, pode. O drama, para ela, é que é cada vez menor o número de pessoas que fingem acreditar no noticiário
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Certos jogadores de futebol fingem ir para uma dividida, mas na verdade correm numa velocidade calculada para não chegar à bola e, portanto, não arriscar a canela.
As aparências ficam resguardadas.
Marcelinho Carioca era um mestre nisso.
É mais ou menos esta a tática que a grande imprensa utiliza para cobrir, ou fingir cobrir, assuntos delicados de seus protegidos.
Muitos leitores não percebem.
Um caso típico foi a denúncia segundo a qual Aécio recebeu propina de uma empreiteira.
Jornais e revistas fingiram cobrir.
Você faz o seguinte: dá num lugar de pouco destaque, ou nenhum. E depois simplesmente esquece. Não há nenhum empenho em realmente investigar o assunto.
Compare, agora, com o que acontece quando a denúncia recai sobre alguém de quem a mídia não gosta, como Lula. O assunto demora uma eternidade para sair das páginas dos jornais, alimentado por supostas novidades, frequentemente não comprovadas.
Um exemplo disso é o “Amigo do Lula”, uma cobertura que já se tornou piada nas redes sociais, tais os disparates editoriais associados a ela.
Lula, na ótica das companhias jornalísticas, é para matar. Aécio, para ser protegido
A Folha deu discretamente, quase que envergonhadamente, a acusação contra Aécio.
O que ela fez depois para avançar na história? O acusador era um certo Ceará. Se tivesse qualquer intenção de fazer jornalismo, a primeira coisa que a Folha teria feito, em seguida, era um perfil sobre Ceará.
Exige algum esforço. Não é uma informação que a PF vaza ao repórter num telefonema. Mais importante: demanda o mínimo de imparcialidade.
A repercussão dos demais jornais seguiu o mesmo caminho da Folha. Poucas linhas escondidas, e num período em que poucos leem jornais, o final do ano, e depois nada.
Fim de história.
Como o jogador que finge não fugir da dividida, os jornais fingem não fugir da notícia indigesta. Mas tudo não passa disso: fingimento.
Trabalhei muitos anos em redações das grandes empresas jornalísticas e sei muito bem como se destaca ou como se esconde uma notícia.
A internet vem desmascarando esse tipo de trapaça jornalística, mas os donos de jornais e revistas e seus editores parecem não ter se dado conta disso. E continuam em sua simulação enganosa, como nos velhos tempo em que monopolizavam as informações e as opiniões como se fossem isentos.
É como se, no futebol, uma nova tecnologia mostrasse com clareza a velocidade reduzida de um jogador perante uma dividida em que ele não queira chegar.
O truque acabaria. Mais canelas seriam arriscadas, ainda que contra a vontade de certos craques.
No jornalismo, a internet é esta nova tecnologia que aponta casos em que a imprensa finge cobrir, como a propina alegadamente passada a Aécio.
Mas mesmo assim jornais e revistas continuam a tentar enganar as pessoas. Você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo, como diz a célebre sentença política.
Mas a imprensa brasileira, em sua obtusa ignorância, acha que, sim, pode. O drama, para ela, é que é cada vez menor o número de pessoas que fingem acreditar no noticiário
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Paulo Nogueira. Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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