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Vivíssimo nos bastidores, Aécio Neves pendura o PSDB em Michel Temer, num imenso abraço de afogados
Do Viomundo - 21 de junho de 2017 às 13h54
Monteiro, um amador perto de Aécio; quem com ferro fere, com ferro será ferido: Andrea, que encanou Carone, está em prisão domiciliar — enquanto o jornalista, que quase morreu na cadeia sob desprezo da mídia nacional, foi absolvido
por Luiz Carlos Azenha*
O maior especialista em Aécio Neves no Brasil é Rogério Correia.
Rogério Correia é deputado estadual do PT em Minas desde 1999.
Contando com os préstimos da revista Veja, Aécio e a irmã Andrea tentaram cassar o mandato de Rogério.
Rogério sabe de quase todos os podres de Aécio, dentre outros motivos, por ter conhecido o delator Nilton Monteiro.
Monteiro tem fama de achacador.
Os tucanos tentaram colar em Monteiro o rótulo de “petista”.
Pausa para as gargalhadas.
Monteiro foi íntimo do ninho tucano e, se tentou achacar, foi pelo simples fato de ter tido acesso a informações comprometedoras sobre os esquemas de Aécio em Minas.
O poder indiscutível de Aécio no Estado foi escancarado quando o time dele mandou prender o jornalista Marco Aurélio Carone e fazer busca e apreensão nas casas de outro jornalista, Geraldo Elísio, e do advogado Dino Miraglia.
Não houve protestos da OAB, nem da mídia nacional. Pelo contrário.
Aécio conseguiu emplacar numa revista de circulação nacional: “Um achacador na cadeia”,, sobre Carone.
Um site tido como de esquerda anunciou “O empresário Marco Aurélio Carone, dono do Novo Jornal, foi preso nesta madrugada em Belo Horizonte por formação de quadrilha; de acordo com a Justiça, ele integra uma quadrilha que usa o veículo de comunicação como biombo para uma indústria de intimidação e linchamento moral de adversários políticos, bem como de promotores, policiais e desembargadores; do mesmo grupo, faria parte o lobista Nilton Monteiro, que também está preso”.
Independentemente das acusações formalizadas contra eles, ninguém tentou ouvir o outro lado.
Ninguém estranhou, nem investigou, se teria havido o uso de policiais, promotores, juizes e desembargadores pelo grupo de Aécio Neves para intimidar adversários.
Ninguém noticiou quando Carone foi absolvido.
Ninguém noticiou quando Carone e Elísio foram ao Congresso contar o que pretendiam dizer sobre Aécio na campanha de 2014.
É escandaloso: toda a grande mídia brasileira fingiu que não sabia quem era Aécio Neves ao longo de décadas! É por isso que os eleitores dele se dizem surpresos.
Rogério, que faz parte da ala esquerda do PT, sempre soube. E, ainda que discretamente, sempre deixou clara sua oposição aos acertos do PT nacional com Aécio em Minas.
Por exemplo, depois que Lula se elegeu em 2002, o principal esquema de Aécio foi mantido: Dimas Toledo continuou diretor de Engenharia, o cargo-chave da estatal Furnas. Só caiu em 2005, quando estourou o mensalão petista.
Ninguém encarna melhor a “plasticidade” da política mineira que Walfrido dos Mares Guia, que foi vice-governador do tucano Eduardo Azeredo.
Ele estava lá, na gênese da mãe de todos os mensalões, o tucano.
Ressurgiu como ministro do Turismo de Lula e ascendeu à Secretaria de Relações Institucionais.
É um dos acionistas do bilionário Grupo Kroton, a megaempresa de educação que tirou proveito como ninguém do financiamento público da educação privada nos governos petistas.
Recentemente, emprestou seu jatinho para levar o ex-presidente Lula a Curitiba.
Viva a mineirice!
Aqui é preciso lembrar o importante papel que Minas Gerais joga no anti-paulistismo.
O anti-paulistismo é um fenômeno nacional que só os paulistas não enxergam.
Para entendê-lo, seria preciso se esconder atrás de um coqueiro ao deixar a praia, de Ubatuba para cima e de Cananeia para baixo, para ouvir o que é dito sobre a arrogância dos paulistas*.
Aécio é admirado por muitos conterrâneos pelo papel que desempenhou em frear o domínio completo dos paulistas sobre a política nacional.
Em entrevista à Conceição Lemes, Rogério Correia explicou recentemente como os esquemas de financiamento montados por Aécio serviram não apenas ao enriquecimento pessoal, mas também para lubrificar as lutas intestinas do senador no ninho tucano.
Um segundo especialista em Minas, que não pode se identificar, foi além. Sugeriu que se faça uma varredura do destino dado a importantes assessores de Aécio depois que o grupo dele perdeu a eleição de 2016 em Minas para Fernando Pimentel.
“Os assessores de Aécio migraram para governos tucanos sobre os quais ele tinha ascendência. O de Reinaldo Azambuja em Mato Grosso do Sul, por exemplo. Será que os esquemas de arrecadação migraram juntos?”, alfineta.
Azambuja, diga-se, é acusado de ter pedido R$ 10 milhões em propina ao empresário Joesley Batista, da JBS.
“O próprio governador (Reinaldo Azambuja) tratava comigo. Ele próprio. O Boni [Valdir Aparecido Boni – diretor de tributos da JBS] ia lá no palácio do governo, em Campo Grande. Essas notas ele pegou das mãos do governador [Azambuja] e processou o pagamento. É a mesma coisa, incentivos fiscais para redução de ICMS. Vários incentivos são legítimos e alguns dos termos do acordo não foram cumpridos, se não me falha a memória. Foi simplesmente para reduzir o pagamento”, afirmou Joesley em um de seus depoimentos.
Os interesses da JBS no estado são imensos e focavam na redução do pagamento de impostos.
Azambuja é o autor da ação que tenta tirar Edson Fachin da relatoria da delação da JBS no STF, uma tremenda coincidência!
O ponto aqui é que Aécio, que assumiu a presidência do PSDB em maio de 2013, organizou não só a própria candidatura ao Planalto no ano seguinte: ajudou a montar os esquemas de financiamento de aliados e sabe muito sobre muita gente do PSDB não apenas em Minas, mas em todo o Brasil.
Deriva daí a dificuldade do PSDB de jogar Aécio no mar, como tem sido o impulso de alguns quadros do partido não comprometidos diretamente com ele.
Aécio pendurou o futuro do PSDB em Temer e tem poder de fogo sobre os que pretendem desfazer a aliança, a única capaz de impedir que o senador perca o mandato.
O fato de que Aécio usava um ministro do STF, Gilmar Mendes, como estafeta para influenciar o voto de colegas no Senado, é apenas a ponta do imenso iceberg no qual o senador mineiro segue navegando. Se ele abrir o bico, o Titanic afunda.
O PSDB e Temer estão, literalmente, num abraço de afogados patrocinado por Aécio.
Ainda que a primeira turma do STF decida colocar o senador afastado em prisão domiciliar na semana que vem, como se especula nos bastidores, Aécio pode fazer muito, muito mais estrago que Nilton Monteiro, que se é mesmo achacador, como insistem os tucanos, não passa de amador perto do Mineirinho.
*É paulista de Bauru
PS do Viomundo: Está na hora de a PGR atender aos pedidos de Nilton Monteiro, federalizar os inquéritos que correm contra ele em Minas e dar ao operador tucano a possibilidade de fazer delação premiada. Ele já disse que topa contar tudo.
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