domingo, 30 de maio de 2010

Contraponto 2358 - "O boom de Pernambuco"


30/05/2010

O boom de Pernambuco

Do Nassif - 30/05/2010 - 08:18

Por Urariano Mota

Olha só, Nassif. O pessimista hoje em Pernambuco padece de uma alienação absoluta, somada a uma perversão crônica.
No Diário de Pernambuco deste domingo, com acesso livre:

Do Diário de Pernambuco Chance de emprego agora vem do mar ::

Indústria naval tem um potencial de 48,7 mil colocações diretas e indiretas nos próximos cinco anos, em Pernambuco, com a projeção de cinco novos estaleiros no Complexo Industrial de Suape
Rosa Falcão
rosafalcao.pe@dabr.com.br

A rota do emprego aponta para o mar. O crescimento econômico alavancou a indústria naval e de offshore com oportunidades para os trabalhadores. São duas frentes. Na terra: a construção de navios, plataformas de petróleo e sondas nos estaleiros demandam uma gama de profissionais especializados de nível técnico e superior. No mar: a chegada das 49 novas embarcações da primeira etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro vai exigir a formação de pessoal náutico para operar os navios.

Estaleiro Atlântico Sul teve que instalar um centro de treinamento para formar soldadores por conta da falta de qualificação de mão de obra no setor. Fotos: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Em Pernambuco, o ponto de partida é o suezmax João Cândido, construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape. Quando singrar mares em agosto, o primeiro petroleiro genuinamente pernambucano abre fronteiras para a consolidação de um novo mercado de trabalho no estado. Um potencial de 48,7 mil empregos diretos e indiretos nos próximos cinco anos.

O desafio é a formação profissionais na velocidade da retomada da indústria naval no país. Esforço redobrado paraos pernambucanos, porque a formação de mão de obra voltada para o setor naval ainda engatinha nas bancas das escolas. Para montar o quadro de 3.400 funcionários e construir o João Cândido, o EAS teve que instalar um centro de treinamento para formar soldadores em Suape. A maioria dos trabalhadores de chão de fábrica foi recrutada nos municípios pernambucanos próximos ao estaleiro, mas foram convocados técnicos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo.

Oportunidade para um grupo de 120 dekasseguis (descendentes de japoneses) atravessarem o oceano e retornarem do Japão para o Brasil, via Pernambuco. As dificuldades de pessoal especializado no setor naval é reconhecida pelo diretor administrativo do EAS, Gerson Beluci: “O nosso grande desafio e das universidades é formar mão de obra de nível técnico e superior. Os engenheiros, por exemplo, contratamos e tivemos que treinar”. Otimista, o executivo acredita na flexibilidade do brasileiro para se adaptar à nova realidade econômica e profissional.

Tomara. O número de empregos no setor naval pulou de 1.910 postos de trabalho em 2000 para 46.500 em 2009. Até 2013, o Sindicato da Indústria Naval estima que o setor empregue 60 mil trabalhadores no país com a chegada de novas encomendas de navios petroleiros e plataformas para exploração do petróleo na camada do pré-sal. Pernambuco não ficará para trás. Com a previsão de instalação de mais cinco estaleiros em Suape, se multiplicam as possibilidades de criação de 18,3 mil empregos diretos e 30,4 mil indiretos no setor. A estimativa é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Inclui os estaleiros e o polo petroquímico.

Nada de perder tempo. Os pernambucanos devem ficar antenados para não deixar o cavalo passar selado e perder as oportunidades. Wallace Kleberson, 19 anos, morador de Barra de Jangada, está ligado no novo mapa do emprego. Inscreveu-se para fazer um curso de solda para navios no Centro de Treinamento do EAS. A concorrência é grande para entrar na turma de 200 alunos. Eletrabalhava como estoquista quando surgiu a oportunidade no estaleiro. “Me interessei porque acho que aqui está o futuro e posso crescer. Pretendo fazer carreira. Sair da solda para dentro do navio”, diz.

Quando o assunto é solda para navios, as mulheres mostram que podem se sair tão bem quanto os homens. Claudicéia Sena, 26 anos, ensino médio completo, trocou a função de gerente de loja em Jaboatão para brigar por espaço na indústria naval que desembarca em Suape. Hoje, ela frequenta o curso de solda com duração de dois meses. A turma tem predominância masculina, mas não intimida a pernambucana: “Por ser mulher e mesmo sem experiência eu não tive dificuldades. Se Deus quiser quero me formar e vou colocar a mão na solda do próximo navio”. Claudicéia tem planos de fazer curso superior com especialização voltada para a

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Mutirão para mão de obra ::

Em Pernambuco, um verdadeiro mutirão foi formado para evitar o “apagão” de mão de obra para a construção do primeiro navio em Suape. Uninam-se governo estadual e as prefeituras dos municípios próximos a Suape, Sesi e Senai. A primeira providência foi o reforço de escolaridade dos trabalhadores que passaram pelos cursos de qualificação do Prominp. Resultado: foram formados 20.100 técnicos pelo Senai entre 2007 e 2009. Com a máquina azeitada, a partir de 2011, o Senai vai ofertar 200 vagas para quatro novos cursos técnicos (logística, gás natural, estrutura naval, meio ambiente, instrumentação). Um investimento de R$ 5 milhões. As aulas serão na escola do Senai do Cabo e no Centro de Treinamento de Suape.

Para agilizar a formação de pessoal qualificado foi instalado um campus avançado do Cefet, em Ipojuca, em 2006. Já foram formados 216 técnicos em automação industrial, ambiente confinado e segurança em portos. De acordo com Enio Camilo de Lima, diretor do Instituto Federal de Educação e Ciência Tecnologia%, ocampus está sendo ampliado para a instalação de uma escola de engenharia naval. Segundo ele, a ideia é lançar o primeiro vestibular neste ano.

Diretor técnico do Senai, Uaci Matias antecipa que estão sendo montados também novos cursos de duração média para soldadores com espeficidades para a indústria naval. Matias destaca que os pernambucanos estão sintonizados com o novo momento, o que justifica a demanda pelos cursos técnicos de qualificação. Na escola do Senai do Cabo, por exemplo, há lista de espera de 600 pessoas para se especializar em calderaria. “A região de Suape se transformou num canteiro de obras”. Os cinco novos estaleiros previstos somam investimentos de US$ 1,6 bilhão. Mais empregos à vista. (R.F.)

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Desafio de formar quem vai conduzir os navios ::

Com o navio pronto vem outro desafio: pessoal capacitado para colocá-lo para navegar. O desmonte da indústria naval nacional nos últimos vinte anos desestimulou os jovens de seguirem carreira de oficial na Marinha Mercante. A falta de pessoal náutico é comprovado no estudo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

O gaúcho Carlos Augusto Müller vai comandar o primeiro navio pernambucano, o suezmax João Cândido, do Estaleiro Atlântico Sul, em Suape. Fotos: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Estima um déficit de mão de obra de 30% de oficiais de Marinha Mercante em 2013. A pesquisa considera a demanda de 4.465 profissionais somente para trabalhar nos 49 primeiros navios encomendados pela Transpetro. Na corrida contra o tempo, os dois centros de formação da Marinha, o Centro de Instrução Graça Aranha (Ciaga), sediado no Rio de Janeiro e o Centro de Instrução Braz Aguiar localizado em Belém, se mobilizam para formar 1.432 oficiais náuticos até 2012.

“Hoje estamos em plena demanda e agindo para evitar a falta de mão de obra”
Agenor Junqueira – diretor de transportes marítimos da Transpetro

“É um bom problema. Há geração de empregos e vamos resolver”. É o que garante o diretor de transportes marítimos da Transpetro, Agenor Junqueira. Entusiasmado com a alavancagem da indústria naval brasileira – já ocupou o segundo lugar no mundo e caiu para o quinto posto – ele argumenta que a demanda por mão de obra no setor reflete o crescimento econômico do país, em especial do setor naval. Como subsidiária da Petrobras e gestora do Promef, a Transpetro é responsável pela contratação de pessoal das escolas navais para suprir as necessidades dos petroleiros, das embarcações, de apoio marítimo e de cabotagem.

Engenheiro de formação naval, Junqueira reconhece que há demanda de pessoal em outras atividades dentro dos navios. Ele cita: engenheiros mecânicos, engenheiros eletricistas e engenheiros metalúrgicos. O diretor da Transpetro adianta que já foi firmado convênio no valor de R$ 78 milhões entre a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Marinha Mercante, para melhoria das escolas de formação naval (Ciaga e Ciaba). Além da ampliação da estrutura, o convênio inclui a aquisição de novos equipamentos e a melhoria no quadro de professores. “Hoje estamos em plena demanda e agindo para evitar a falta de mão de obra”, completa.

Em relaçãoà falta de pessoal qualificado para trabalhar nos estaleiros, Junqueira antecipa que está em andamento nova etapa do Prominp para capacitação de técnicos de nível médio e superior. Ele cita ainda as iniciativas das universidades federais de todo o país para incluir na grade de cursos superiores a graduação em engenharia naval. Hoje apenas a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) oferecem a especialidade.

A formação de oficiais de Marinha Mercante é feita através da Escola de Formação de Oficiais de Marinha Mercante (EFOMM), considerada a universidade do mar. Os candidatos passam pelos centros de formação (Ciaga e Ciaba), onde fazem cursos nas áreas de náutica ou de máquinas. O Ciaga atende o Sudeste e Sul e o Ciaba o Norte e Nordeste. Os cursos têm duração de três anos com mais um ano embarcado no navio. Durante os três anos que frequenta o curso o aluno é considerado militar. Homens e mulheres podem se candidatar, desde que tenham o ensino médio completo e idade entre 17 a 23 anos.

Chefe da Superintendência de Ensino do Ciaga, o almirante Marco Antônio Guimarães Falcão, diz que diante do aquecimento do mercado de trabalho aumentou a procura pelos cursos. Em 2006 se inscreveram 5.723 candidatos e este ano 10.703 para 368 vagas. “É uma oportunidade ímpar para o jovem. Após quatro anos ele poderá se formar como oficial de náutica ou de máquina com salário inicial de R$ 7 mil que pode chegar a R$ 9 mil”, diz. Ficou interessado? Já estão abertas as inscrições para o processo seletivo da Marinha Mercante que vai selecionar candidatos de nível superior na idade entre 18 e 40 anos para o curso de adaptação para segundo oficial de máquinas. (R.F.)

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