quarta-feira, 2 de junho de 2010

Contraponto 2392 - Artigo de um Escritor Israelense Exemplar

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02/06/2010

Artigo de um Escritor Israelense Exemplar

Naufrago da Utopia - Quarta- feira, 02/06/2010


Falcões comandam Israel, mas as pombas não estão extintas, felizmente. Ainda existem herdeiros das melhores tradições do povo judeu, como o professor de literatura hebraica Amós Oz, um dos fundadores do movimento Paz Agora.
É dele uma das mais certeiras análises do novo episódio bestial protagonizado por Israel, A frota de Gaza e os limites da força, cujos principais trechos reproduzimos abaixo:

"Por 2.000 anos, os judeus só conheciam a força da força em forma das chibatadas que lhes eram aplicadas. Há algumas décadas, porém, nos tornamos capazes de também exercer a força. Seu poder, no entanto, nos embriagou incontáveis vezes. Incontáveis vezes imaginamos que é possível resolver todo grande problema que encontramos por meio da força.

"Como diz um provérbio, para o homem que carrega um grande martelo, todo problema tem jeito de prego.

"...desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel sofre de uma fixação pela força militar. O lema é: aquilo que não pode ser realizado pela força pode ser realizado por uma força ainda maior.

"O cerco de Israel à faixa de Gaza é um dos fétidos produtos dessa visão. Origina-se da errônea suposição de que o Hamas pode ser derrotado pela força das armas, ou, em termos mais gerais, que o problema palestino pode ser esmagado em lugar de resolvido.

"Mas o Hamas (...) é uma ideia. Uma ideia desesperada e fanática nascida da desolação e da frustração de muitos palestinos.

"E ideia alguma jamais foi derrotada pela força nem por bloqueios, nem por bombardeios, nem soterrada sob as esteiras dos tanques de guerra ou atacada por forças especiais da Marinha. Para derrotar uma ideia é preciso oferecer uma ideia melhor, mais atraente e mais aceitável.

"A única maneira de remover o Hamas é que Israel chegue rapidamente a um acordo com os palestinos para o estabelecimento de um Estado independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, tais como definidas pelas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental.

"Cada tentativa de usar a força não para fins preventivos, ou de autodefesa, e sim como forma de esmagar problemas e esmagar ideias conduzirá a novos desastres, como aquele que causamos para nós mesmos em águas internacionais, no alto-mar, ao largo das costas de Gaza".

Postado por Celso Lungaretti às 9:31 AM 0 comentários
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