segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Contraponto 4830 - "Dilma com Ana Maria Braga: a estratégia, a imagem e a notícia"


28/02/2011


Dilma com Ana Maria Braga: a estratégia, a imagem e a notícia

Do Amigos do Presidente Lula - por Zé Augusto - segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A estratégia política

Quando a presidenta Dilma foi à cerimônia de 90 anos da Folha de São Paulo, na semana passada, causou mal-estar em todos nós que apoiamos o governo Lula e a candidatura dela, contra o jornalão. Mas, como estratégia política, ela estava certa.

Ela colocou no bolso a oposição demo-tucana paulista e o PIG (Partido da Imprensa Golpista). A oposição, que já está na UTI, ficou menor ainda, foi desarmada, com ela sendo o centro da festa em pleno reduto oposicionista. De quebra, Dilma tomou a bandeira da liberdade de imprensa, daqueles que a criticavam justamente por isso.

Se nós sentimos mal-estar, pior foi para os reacionários demo-tucanos verem FHC, Alckmin, José Serra fazerem fila para beijar a mão da presidenta. Pior para eles foi ver FHC pedir audiência àquela que ele chamava de "poste". A oposição sentiu o golpe, tanto que enquanto nós aqui discutimos abertamente, eles simplesmente abafaram o caso, tratando com descrição para reduzir danos.

O que dá prestígio a um jornal não é cerimônias como estas, por mais gente importante que compareça. O que dá prestígio a um jornal são notícias exclusivas. É preciso notar que Dilma não concedeu ao jornalão nenhuma entrevista exclusiva, nem antecipou nenhuma notícia do governo que pudesse ser manchete.

Dilma também será vista na Rede TV, onde gravou entrevista para a estréia do Programa da Hebe Camargo; e na TV Globo, no programa de Ana Maria Braga, gravado hoje, e que deve ir ao ar amanhã, em comemoração pelo Dia Internacional da Mulher.

Desta vez a Presidenta gravou entrevista (diferente do que fez na Folha), mas de novo, dosou a "ração" que oferece ao PIG. Pelo que antecipa o G1 (das organizações Globo), também não haverá "furos", sendo uma conversa sobre amenidades, inclusive culinárias.

Obviamente que a Globo gostaria de uma entrevista da Presidenta no horário nobre, em um programa como o Fantástico, mas Dilma concedeu para um programa de nicho e para uma apresentadora que manteve-se isenta durante a campanha eleitoral (mesmo que tenha servido à oposição no passado como militante do fracassado movimento Cansei).

A imagem

Os telespectadores (na maioria telespectadoras) terão a oportunidade de prestar atenção no que ela diz, em vez do que dizem dela. Para o perfil da audiência desses programas, não é uma má decisão a Presidente aparecer como ela é.

É bastante provável que uma boa parte das telespectadoras destes programas tenham formado uma imagem deturpada da Presidenta pelo que ouviram dizer de homens que acompanham a política, e passem a ficar com uma boa imagem dela.

O problema é conseguir ganhos de imagem pelo lado do PIG, e perda da imagem junto à militância aguerrida do outro lado do PIG, que tem se sentido preterida, conforme inúmeros comentários sinceros na última semana, aqui e em diversos outros blogs.

O governo que Dilma está fazendo é, em essência, o que Lula faria se tivesse um terceiro mandato. As decisões que Dilma está tomando, tirando uma escolha ou outra, são as mesmas que Lula tomaria. Então, por que essa percepção não está chegando à militância?

Alguma coisa precisa ser feita para não baixar o moral da militância e não desestimular a mobilização conquistada, sem querer.

A notícia

A democratização dos meios de comunicação passa pela democratização da interlocução, e isso independe de novos marcos regulatórios. Depende da comunicação governamental diversificar os interlocutores com a sociedade.

Quantas vezes vimos no governo Lula, o presidente e a própria Dilma quando ministra, concederem entrevistas coletivas, e todo o PIG pinçarem trechos fora do contexto para usarem contra eles?

Era a blogosfera quem tinha que procurar a entrevista inteira e desmentir as artimanhas do PIG, travando uma verdadeira guerra pelo livre fluxo das notícias, sem a censura e manipulação do PIG.

O PIG teve sua lua-de-mel até com Lula no início do mandato, em 2003, quando as empresas de mídia estavam falidas e tentavam socorro no BNDES. Depois detonou-o, quando não conseguiram socorro, e conspiraram abertamente com um noticiário seletivo no "mensalão".

É natural que o PIG tenha sua lua-de-mel com Dilma, agora no início do mandato, e que Dilma explore bem essa boa relação neste período, até como estratégia de fortalecer-se para batalhas futuras.

Mas é importante nunca perder o foco de fortalecer as outras mídias que fazem contraponto ao PIG, nem desmobilizar a militância, porque elas serão necessárias na hora em que a oposição sair da UTI, já nas eleições de 2012, e mais ainda quando despontar um candidato das elites realmente viável para 2014 (até mesmo dissidente da base governista), certamente apoiado pelo PIG.

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Contraponto 4859 - "O destino do Brasil"

28/02/2011

O destino do Brasil
Do Blog do Emir - 28/02/2011

Emir Sader*

O Brasil precisa e merece grandes espaços de debate, de reflexão, de trocas de opiniões, de elaboração coletiva. As universidades têm tido um papel, mas não tem sido suficiente. A mídia deixou de ser pluralista, abrigando praticamente só porta vozes com uma única concepção.

Precisamos de centros, de novas publicações, de um clima de efervescência no debate. Confesso que às vezes o fervor das polêmicas não favorece a assimilação dos argumentos alheios. Eu mesmo devo dizer que às vezes me deixo levar por essas polarizações, pelo fervor colocado no debate.

(Toda a entrevista à FSP foi falseada pela editorialização da matéria. Ao invés de primeiro ouvir o entrevistado, com perguntas e respostas, e depois colocar a opinião do jornal, essa mistura, com off, gerou um monstrengo, pelo qual não posso me responsabilizar. As referências, antes de tudo à Ministra da Cultura, mas também ao Gil e ao Caetano, apareceram de forma totalmente deturpada. Não houve intenção nenhuma de desqualificação, seguir polemizando nesses termos é ser vítima desse tipo de matéria, de que todos já fomos vítimas: dizer que disseram que alguém disse. Diz-se, entre outras coisas e se repete no dia seguinte, que eu fui favorável a fuzilamentos em Cuba. Que o jornal mostre as provas, porque é mais uma mentira.)

Não se pode dizer que contamos hoje com interpretações que dêem conta do que o Brasil se tornou, depois de duas décadas de grandes transformações. A visão amplamente difundida pela mídia se revelou não menos amplamente equivocada, a ponto que a vítima privilegiada do seus ataques – Lula – saiu do governo como o presidente mais popular da história do país, quem mais logrou unificar o Brasil, tendo apenas 4% de rejeição – se supõe que seja a cifra lograda pela mídia.

Por outro lado, a academia tampouco pode exibir um leque de interpretações que permitam suprir esses vazios. Os estudos avançam, se multiplicam, mas é como se as grandes abordagens, as grandes interpretações se mostrassem mais complexas e difíceis de abordar.

A imprensa brasileira nunca foi um espaço suficientemente pluralista para abrigar esses debates, mas em alguns momentos – particularmente na passagem da ditadura à democracia – se aproximou de ser um espaço que abrigou uma parte razoável dos progatonistas da vida brasileira. O alinhamento em bloco contra o governo Lula foi fatal para a imprensa, que perdeu interesse, objetividade na informação e espaços de reflexão antagônica.

Quando novas gerações se incorporam aos debates, mediante as distintas formas da nova mídia, ampliam como nunca no Brasil a possibilidade de participação de um número incalculável de pessoas, de setores e regiões distintos, o que permite a democratização das discussões de forma inaudita. Não se concebem mais conferências, mesas redondas, seminários, que não sejam transmitidos por internet on line, para que um número cem ou mil vezes maior de pessoas possam participar, intervir com pessoas, para que a gravação possa ficar acessível, ser vista posteriormente ou ser gravada.

Entramos na segunda década de um século que promete ser ímpar para o Brasil e a América Latina. Os processos históricos têm avançado mais rapidamente que a reflexão e as propostas conscientes e globais sobre seus destinos. Existem muitas interrogações de cuja resposta depende o tipo de sociedade que vamos ter ao final da primeira metade do século. É um desafio aberto, mas ao nosso alcance, contanto que preenchamos a distância entre a prática e a teoria, os processos reais, a consciência deles.

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político.

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Contraponto 4858 - "Miriam não corta Minha Casa nem PAC"


28/02/2011

Miriam não corta Minha Casa nem PAC

Do Conversa Afiada - Publicado em 28/02/2011



Miriam não cortou onde não era para cortar


AMinistra Miriam Belchior do Planejamento e Guido Mantega da Fazenda anunciaram onde será aplicado o corte de R$ 50 bi no Orçamento.

Imediatamente, o PiG (*) se apressou em anunciar a catástrofe.

Para o Globo, o PAC vai empacar:.

Para a Folha (**), o Minha Casa Minha Vida vai acabar.

A presidenta Dilma Rousseff anunciou que os cortes não afetariam o PAC nem o Minha Casa.

Não haverá cortes no Minha Casa.

Ao contrário, haverá um acréscimo de R$ 1 bilhão.

Este ansioso blogueiro conversou com a Ministra Miriam Belchior por telefone e ela explicou que a redução se deve ao fato de só na virada de abril para maio o Congresso analisará a Medida Provisória que autoriza a segunda etapa do Minha Casa.

O Ministério do Planejamento não poderia gastar o que o Congresso não autoriza.

Isso aqui não é a Líbia.

Porém, apesar disso, o Planejamento colocou R$ 1 bi a mais sobre o gasto do ano passado, quando foram construídas 700 mil casas.

Não há o risco de a meta de 2 milhões de casas em quatro anos não ser conseguida.

E sobre o empacamento do PAC, uma espécie de desejo secreto do PiG (*) e dos adeptos do quanto pior melhor ?

Zero de cortes.

“Não há um centavo sequer de corte, zero !,” disse a Ministra.

Portanto, ainda não é dessa vez que os urobólogos do PiG (*) conseguirão derrubar a economia.

Ouça abaixo a entrevista na íntegra com a Ministra Miriam Belchior:


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

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Contraponto 4857 - "Sistema majoritário deve ser tema mais discutido na Reforma Política"

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28/02/2011

Debate prioritário

Sistema majoritário deve ser tema mais discutido na Reforma Política

Do Escrivinhador - publicada segunda-feira, 28/02/2011 às 10:07 e atualizada segunda-feira, 28/02/2011 às 10:07

Sistema majoritário deve ser tema mais discutido na Reforma Política
Da Carta Capital

A reforma política foi considerada uma das prioridades das gestões tanto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), quanto do da Câmara, Marco Maia (PT-SP). Na última terça-feira 22, foi instalada no Senado um comissão formada por 15 senadores para discutir e elaborar, em até 45 dias, um anteprojeto da reforma.

Nesse período, serão discutidos onze temas: sistemas eleitorais; financiamento eleitoral e partidário; suplência de senador; filiação partidária e domicílio eleitoral; coligação na eleição proporcional; voto facultativo; data da posse dos chefes do poder executivo; cláusula de desempenho; fidelidade partidária; reeleição e mandato e, por fim, candidatura avulsa.

Na ocasião, Sarney disse que a reforma política deve ter como principal ponto de debate o sistema para eleição do Congresso. “Resolvendo a questão do sistema proporcional, nós resolvemos 60% do problema”, afirmou o presidente da casa.

Os dois maiores partidos da base aliada, PT e PMDB, têm posições antagônicas nesse quesito. O primeiro defende a manutenção do voto proporcional, pois acredita que assim os partidos são fortalecidos institucionalmente. Além do mais, segundo O Estado de S. Paulo, a alteração da legislação eleitoral significaria o fim do voto em legenda, que aumenta o coeficiente eleitoral do partido. Já o PMDB quer adotar o sistema majoritário por entender que há distorções no uso do coeficiente eleitoral.

Fim dos nanicos?
Diante da argumentação de que o voto majoritário enfraqueceria e poderia até causar o fim dos pequenos partidos políticos, o presidente da comissão do Senado, Francisco Dornelles (PP), discordou. “Com o voto majoritário, o que perde o sentido são as coligações partidárias. Agora, se um pequeno partido tiver candidatos que têm votos, eles serão eleitos da mesma forma”, disse à CartaCapital.

Dornelles não comentou sobre como estão se articulando os partidos diante do tema. “A reforma política todo mundo é favorável, o problema é que cada um quer a sua”.

No início da semana, o senador Aécio Neves (PSDB) defendeu o fim das coligações partidárias. Para ele, o ideal seria a adoção de um sistema misto, em que parte dos parlamentares é eleita pelo voto majoritária e a outra pelo proporcional. “Acho que a coligação traz distorções ao processo representativo hoje, mas ela tende a acabar com um outro sistema”, disse o senador.

Financiamento de campanha
Talvez o segundo tema mais importante a ser discutido na comissão, o atual modelo de financiamento de campanhas eleitorais pode ser modificado. Hoje, ele ocorre de forma mista, com recursos públicos e privados, mas existe a proposta para que se torne exclusivamente público. Também estuda-se tornar exclusivamente público apenas as eleições para o Executivo, mantendo-se o atual sistema para o Legislativo.

A comissão deve reunir-se novamente no dia 10 de março. Já a Câmara deve dar início a sua comissão especial sobre o tema em 1º de março.

Leia outros textos de Outras Palavras
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Contraponto 4856 - "Globo X Record: os próximos passos da briga pelo Brasileirão"

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28/02/2011


Globo X Record: os próximos passos da briga pelo Brasileirão



Do Vermelho - 28 de Fevereiro de 2011 - 13h00

A novela da disputa pelos direitos de transmissão dos Brasileirões de 2012 a 2014 terá capítulos eletrizantes já no início desta semana. Nos próximos dias, a Globo começa a negociar com cada um dos 20 clubes que integram o esfacelado Clube dos 13 — e com mais alguns times hoje na Segunda Divisão, mas que poderão subir no campeonato do ano que vem.
A negociação é a consequência mais direta da brigalhada que estava latente nos últimos meses, mas que eclodiu espetacularmente somente na semana passada. Não se trata de uma querela qualquer. Mobiliza duas paixões dos brasileiros – os times de futebol e as duas maiores emissoras de TV do país. E envolve valores bilionários: tanto no montante a ser pago por emissoras, operadoras de telefonia e portais pelos direitos de transmissão, quanto nos patrocínios que as grandes empresas passaram a despejar de forma crescente nos clubes de futebol nos últimos anos.

A partir desta segunda-feira (28), os negociadores da família Marinho — Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esporte, à frente — começam a se reunir com os presidentes de todos os vinte clubes que compõem o Clube dos 13. Vão pôr em prática a estratégia definida na quinta passada, em reunião que só terminou na madrugada seguinte. Partirão para o ataque imaginando flechar ao menos 15 dos 20 clubes que integram o Clube dos 13.

Os times de maior torcida são escancaradamente simpáticos à Globo — que, aliás, jogou de forma inédita para seduzi-los. Até Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, se meteu diretamente no tema: chegou a falar ele mesmo com Patrícia Amorim, presidente do Flamengo.

O que a Globo vai propor, além de mais dinheiro do que paga hoje, é o estreitamento do que chama de parceria entre a emissora e os clubes. E que essa parceria já dura mais de uma década. Vai lembrá-los que sua audiência é quase três vezes maior do que a da Record — um argumento que sensibiliza os clubes. Enfim, a emissora vai apelar para o “em time que está ganhando não se mexe”.

Afinal, quem vai vencer esse cabo-de-guerra? O Clube dos 13 imagina que, o temporal tende a cessar agora que o edital está nas ruas, embora a Globo não vá participar (o que não é pouca coisa). Os dirigentes da entidade acham que, quando no dia 11 de março os clubes derem de cara com a proposta da Record em torno dos R$ 500 milhões pelos direitos da TV aberta, cairão na real e desistirão de qualquer veleidade de negociar diretamente com as TVs.

Os tais R$ 500 milhões correspondem ao dobro do que hoje é pago. E, afirmam esses dirigentes nos bastidores, seriam suficientes para adoçar a boca e cofres dos cartolas. O Clube dos 13 aposta também que o Cade vetará qualquer negociação direta entre as partes. Argumenta que o acordo assinado no ano passado lhe dá plenos poderes para a negociação.

A Globo tem, naturalmente, outra visão. Considera que as duas principais exigências do Cadê podem ser cumpridas quando sentar-se à mesa com os clubes: um acordo sem cláusula de preferência para nenhuma emissora e que seja dividido por plataformas (TV aberta, fechada, pay per view etc.). Conselheiros do Cade afirmam que uma negociação direta não é proibida. Mas que, claro, analisarão os eventuais contratos fechados com lupa.

Talvez o Clube dos 13, hoje rompido com a Globo, esteja simplificando demais esse xadrez futebolístico-televisivo. Mas a Globo tem bala para saciar a sede dos clubes? Cartolas têm dito aos quatro ventos que negociarão direto com a Globo para conseguir valores maiores do que o que o Clube dos 13 acena para eles.

Neste ponto, o Clube dos 13 argumenta que a conta não fecha. Se a Globo não quer pagar os R$ 500 milhões estabelecidos no edital, como pagaria mais a cada um dos clubes? (Fora os valores também mais altos das outras plataformas, tais como pay per view, TV por assinatura, internet)

A Globo não diz publicamente, nem é hora para isso, mas os tais R$ 500 milhões não seriam o grande problema – embora também o seja. O que de fato a Globo não admite são outras condições que aparecem no edital do Clube dos 13. A emissora não quer, por exemplo, que as imagens sejam geradas pelo Clube dos 13, nem que a transmissão pela internet possa acontecer com um delay de apenas 45 minutos após o início da partida (mataria o pay per view, alega a Globo).

Impossível prever quem ganhará essa parada. A Globo aparentemente leva vantagens — tem poder, tradição no futebol. Mas é apenas um favoritismo momentâneo, que pode evaporar no momento seguinte. Não se pode menosprezar também a possibilidade de parte dos times fechar com a Record e parte com a Globo. Ainda que a Globo leve os clubes de maior torcida, o que parece mais lógico, em algum momento eles enfrentarão os de menor torcida – e, neste caso, as emissoras donas desses direitos de transmissão terão de se entender.

O que fica patente, no entanto, é que de modo atabalhoado ou não, a concorrência chegou para valer num campo em que a Globo sempre reinou absoluta. Se a líder de audiência ganhar, terá sido despendendo um suor nunca imaginado por ela e pelos telespectadores — se expondo como nunca e mostrando uma perda relativa de poder.

E talvez seja a última vez que conseguirá vencer a concorrência em várias plataformas de mídia. Os tempos, se não mudaram ainda, estão mudando. Mas isso a Globo sabe – o que importa para ela, neste momento, é vencer. Mesmo que de 1 a 0 e com gol na prorrogação.

Da Redação, com informações do Radar Online
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Contraponto 4855 - "Não adianta chorar: a CPMF vai voltar. Lugar de médico é no Saúde da Família"

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28/02/2011
Não adianta chorar: a CPMF vai voltar.
Lugar de médico é no Saúde da Família

Do Conversa Afiada - Publicado em 28/02/2011

De quem você compraria uma caixinha de band-aid ?


Saiu na Carta Capital desta semana, pág. 32, imperdível artigo de Adib Jatene, que foi Ministro da Saúde de Collor e Fernando Henrique (e, portanto, conheceu o Cerra de perto).

“Desigualdade na escassez – além de faltarem médicos eles estão mal distribuídos pelo Brasil.”

Jatene mostra, primeiro, que as capitais brasileiras estão bem atendidas de médicos.

O problema é a distribuição dos médicos e dos hospitais entre as áreas pobres e ricas das capitais.

O caso de São Paulo (também conhecido como Chuíça (*) ) é uma decepção.

Nos 25 distritos de áreas mais ricas – conta Jatene -, onde moravam, em 1999, 1,8 milhão de pessoas, havia 13 leitos por mil habitantes.

Nas áreas pobres de 39 distritos – onde alaga por obra de Deus (segundo Cerra) e da chuva (segundo Kassab) -, onde moravam 4 milhões de pessoas, NÃO EXISTIA NENHUM LEITO !!! (ênfase minha – PHA).

E o Nelson Johnbim dizia (será que ainda diz ?) que o Cerra foi o melhor Ministro da Saúde da História do Brasil !

Jatene trata também do programa que lançou, o “Saúde da Família” (esse, o Cerra não disse que era de autoria dele), que já recrutou mais de 250 mil agentes e cobre mais de 85 milhões de habitantes.

Uma beleza !

Mas, o programa precisa ser duplicado !

Aí, Jatene tem uma ideia (sempre) brilhante !

Que os médicos estagiassem por um ou dois anos no Saúde da Família, no estado em que se graduaram.

Seria um pré-requisito para a residência médica.

Assim, se criarão 30 mil equipes do Saúde da Família e o déficit será zerado.

(Cuidado, Dr Jatene ! Daqui a pouco o Cerra vai lhe tomar a ideia, como tentou tomar o programa anti-Aids.)

No Estadão de hoje, na pág. A6, o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, informa:“Precisamos de uma regra que garanta investimentos crescentes” na saúde.

“ … para que haja uma regra estável, permanente, para os governos dos estados, municípios e a União.”

Omo se sabe, quem tirou o remédio da boca das crianças e acabou com a CPMF foi um nobre conjunto de grandes brasileiros.

À frente, o Farol de Alexandria, que jamais se conformou com o sucesso do Nunca Dantes, e jogava e joga no quanto pior, melhor.

Na centro do ataque, Arthur Virgilio Cardoso, líder de FHC no Senado, que o povo do Amazonas resolveu premiar.

O povo do Ceará também premiou Tasso tenho jatinho porque posso pela atuação brilhante na CPMF.

Do lado da “sociedade civil”, Paulo Skaf, então presidente da FIE P (**) foi o líder máximo.

Como se sabe, uma das virtudes da CPMF é combater o “caixa dois”, que, em São Paulo, é conhecido pelo codinome de “bahani”.

Esses foram os barões de Plutarco que tiraram o remédio da boca das crianças.

O Ministro Padilha saiu à frente da discussão sobre a volta de uma CPMF.

Parece, porém, que os governadores, como Cid Gomes, do Ceará, por exemplo, é que vão, antes da Dilma, defender uma CPMF.

Até onde este ansioso blogueiro – clique aqui para ler o que o Oráculo de Delfos acha dessa ansiedade, no post “Dilma vai fazer a Ley de Medios” – se informou, a idéia é re-criar uma CPMF e aliviar a carga fiscal de outro lado.

Tira imposto de um lado e põe remédio na boca das crianças.

E carga fiscal não muda.

Assim, São Paulo, essa grande construção tucana, poderá construir leitos na Soweto.

Clique aqui para ler sobre a “sowetização de São Paulo”, que se agrava quando chove, como hoje.

(Está tudo alagado.)

(De tucano, só o bico consegue ficar acima d’água.)


Paulo Henrique Amorim


(*) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo é: dinâmico como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça. (**) Este Conversa Afiada chama a FIESP de FIE P. Sem o “s”. É uma tentativa de identificar o verdadeiro propósito da campanha da FIE P contra a CPMF. Apagar o “S” de “$”.
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Contraponto 4854 - Charges do Bessinha

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28/02/2011

Charges do Bessinha (309 e 310)

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Contraponto 4853 - "A frente pela regulação da mídia"


28/02/2011
A frente pela regulação da mídia

Enviado por luisnassif, seg, 28/02/2011 - 12:40

Por Edson Joanni

Da Folha.com

Frente governista entra em campo por regulação de mídia

Folha.com

A decisão do governo de propor um novo marco regulatório da mídia digital levou 171 deputados aliados a criar frente em defesa do projeto, coordenada por PT e PSB.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), disse que o debate é "prioritário" para a bancada e que será "iluminado pelos princípios da liberdade de imprensa".

Segundo a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), a frente "fará a base para o governo enviar o projeto do marco regulatório".

Na semana passada, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) disse que o marco deve ser encaminhado ao Congresso no segundo semestre e que não será divulgado agora, pois "tem grandes chances de ter uma besteira no meio".

A Folha apurou que o texto do governo já está quase finalizado, mas será enviado ao Congresso após a consolidação do movimento pró-marco. A ideia é anunciá-lo em março, com um manifesto em defesa da "democratização" do setor.

O representante do PT será o deputado Emiliano José (BA), jornalista e professor.
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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Contraponto 4852 - "A Folha e o neocolonialismo petroleiro"

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27/02/2011

A Folha e o neocolonialismo petroleiro

Da Carta Maior - 27/02/2011

Com o título de “TV Companheira”, a Folha de São Paulo publicou artigo de Eliane Cantanhede tentando atingir a credibilidade jornalística da Telesur, em seu esforço de cobrir a crise na Líbia. A Folha integra o leque de conglomerados midiáticos que, durante décadas, protegeu os "ditadores amigos" no Oriente Médio. Assim é que durante mais de 30 anos protegeu Mubarak, tratando-o como o árabe moderado, porque transformou o Egito em cúmplice do massacre do povo palestino por Israel, com o apoio de Washington. O artigo é de Beto Almeida.

Beto Almeida
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Com o título de “TV Companheira”, o jornal Folha de São Paulo – que tem o nome marcado por ter defendido e colaborado com operações da ditadura em torturas e mortes de prisioneiros políticos - publicou artigo de Eliane Cantanhede tentando atingir, sem o lograr, a credibilidade jornalística da Telesur, "La nueva televisión del sur", em seu esforço de cobrir a crise na Líbia.

Há muitas lições a partir da precária nota da jornalista. Primeiramente, está escancarado que a grande mídia comercial brasileira, seguindo orientações dos conglomerados internacionais midiáticos, editorialmente controlados pelas indústrias bélicas, petroleiras e a ditadura financeira, sempre protegeram os ditadores do Oriente Médio que serviram e ainda servem a estes interesses. A Folha de São Paulo está dentro deste leque de proteção aos “ditadores amigos”. Assim é que durante mais de 30 anos protegeu Mubarak, tratando-o como o árabe moderado, porque transformou o Egito em cúmplice do massacre do povo palestino por Israel, com o apoio de Washington.

Durante 30 anos a Folha de São Paulo jamais cobrou eleições diretas ou democracia no Egito, mas, revelando a imensa hipocrisia da sua linha editorial de dois pesos, duas medidas, engajou-se na campanha dos oligopólios midiáticos mundiais contra o governo da Venezuela que, em 12 anos, eleito pelo voto, realizou mais de 15 eleições, plebiscitos e referendos livres, vencendo 14 deles e respeitando democraticamente o único resultado eleitoral adverso registrado.

“Ditaduras amigas” foram protegidas
A reportagem de Telesur está sim na Líbia, como esteve no Egito e na Tunísia, para oferecer uma cobertura com linha editorial diferenciada, sem qualquer influência do poder petroleiro comandado pelos países imperialistas. Telesur não descobriu somente agora que Mubarak era um ditador e que saqueou recursos do povo egípcio, bem como seu comparsa Ben Ali, tunisino, sempre protegidos pelos grandes países imperiais como EUA, França, Inglaterra etc., por se transformarem em peões da política que facilita a intervenção militar imperialista no mundo árabe, com o óbvio objetivo de rapina sobre suas imensas riquezas energéticas, da qual são tão dependentes.

A linha editorial que protegia Mubarak, era a mesma que sempre condenou Kadafi. Não supreende. Kadafi nacionalizou a riqueza petroleira da Líbia e usou esta extraordinária receita para transformar o país , hoje possuidor do mais elevado IDH da África e dos mais elevados no mundo árabe. Este exemplo se chocava com os interesses imperialistas. Preferiam que Kadafi fosse como a oligarquia que reina sobre a Arábia Saudita, a mais maquiavélica das ditaduras da região, sob a proteção da mídia comercial internacional, inclusive a Folha de São Paulo. E sem uma linha sequer da articulista que esboce qualquer reivindicação democrática para este país, cujo petróleo é rigorosamente controlado por empresas dos EUA. Portanto, rigorosamente diferente da Líbia, onde o petróleo foi estatizado permitindo uma elevação do padrão de vida do povo, com progressos reconhecidos internacionalmente nos serviços públicos e gratuitos de educação e saúde, com uma renda per capta e um salário mínimo que superam em muito os registrados no Brasil e na Argentina. Estas informações nunca circularam nem no fluxo internacional da mídia comandada pelos poderes do petróleo, das armas ou do dinheiro, muito menos aqui na submissa Folha de São Paulo.

Ao contrário desta linha editorial complacente com os crimes que se comentem contra os povos árabes, em particular contra o povo palestino, Telesur , em sua curta existência, pouco mais de 5 anos de vida, procura revelar, com critérios jornalísticos, a falsidade e hipocrisia dos discursos “democráticos” que servem sempre de parâmetros para as coberturas que tentam esconder sob o palavreado democrático, o objetivo fundamental que esta mídia cumpre: dar suporte e favorecer o controle total das riquezas energéticas do Oriente Médio pelos trustes imperialistas.

É por esta razão que a Folha de São Paulo tenta, inutilmente, atacar a Telesur, porque questiona e se diferencia do jornalismo obediente ao poder bélico-petroleiro que tantas vidas ceifa na região, inclusive na própria Líbia, tantas vezes bombardeada, agredida e boicotada pelos países membros da Otan. É a subserviência a esta política imperial que leva a Folha e sua articulista a afrontarem as políticas externas soberanas que os países do eixo sul-sul estão desenhando, com o objetivo de libertarem-se das algemas da OTAN, inclusive postulando a criação de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, proposta defendida por vários países sistematicamente enfrentados pela linha editorial da Folha, inclusive por Kadafi, certamente, uma das tantas razões que o leva a ter sido sempre condenado pelos imperialistas, pela ONU, pela OTAN. Vale lembrar que Kadafi teve sua residência destruída por um bombardeio ordenado por Bill Clinton, no qual morreu sua filha recém-nascida. A articulista escreveu algum protesto na época? Ou lamentou que a pontaria poderia ter sido mais certeira?

Hipocrisia editorial
Mubarai foi protegido e elogiado por este jornalismo tipo Folha de São Paulo - que, aliás, não chamava Pinochet de ditador, mas de presidente - porque comandou o retrocesso das conquistas socioeconômicas que o Egito havia alcançado durante a Era Nasser. Tal como aqui a Folha serve aos interesses estrangeiros e de seus prepostos internos que operaram para demolir as conquistas da Era Vargas; o elogio e a tolerância para com a ditadura de Mubarak deve-se ao fato dele desconstruir o nacionalismo revolucionário de Nasser, aliado da Líbia e da Síria, colocando o Egito na posição de ser um vergonhoso coadjuvante da macabra política israelense na região, a serviço da indústria petroleira imperial. Mas, os milhões de egípcios nas praças estão escrevendo outra história para aquele país!

Telesur conta esta história. Faz jornalismo para revelar o direito histórico da luta dos povos árabes por sua independência, por sua soberania. É por isso que incomoda tanto. É por isso que agressão da Folha não surpreende, faz parte da blitz midiática internacional que sustenta o intervencionismo militar dos grandes países imperialistas. Esta mídia atua como os clarins que anunciam e clamam pela guerra!

Independente do desfecho que esta crise na Líbia produzirá, a esta altura imprevisível, não há como não perceber a imensa hipocrisia jornalística dos que se calam diante dos sanguinários bombardeios que estão caindo agora mesmo sobre a população civil no Afeganistão, ilegalmente ocupado pelos EUA, ou no Iraque, onde mais de um milhão de vidas foram dizimadas a partir de uma guerra iniciada por meio de grosseiras falsificações de notícias sobre a existência de armas químicas naquele país, fraude jornalística que a Folha de São Paulo endossou, o que lhe retira qualquer moral, juntamente à assessoria que prestou à ditadura militar no Brasil, para reivindicar democracia ou clamar por direitos humanos.

Colônia petroleira
Provavelmente, a crise atual na Líbia tenha também explicação pelos erros cometidos pelo seu governo, entre eles, provavelmente o mais grave, o de ter realizado inesperados e improdutivos acordos com os EUA, com a Inglaterra, com o FMI, inclusive dando início a medidas de privatização injustificáveis e abrindo mão, unilateralmente, do programa de energia nuclear, bobagem que o Irã e o Brasil, mesmo sob pressão, indicam não estarem dispostos a cometer. As concessões de Kadafi aos patrocinadores da morte e de opressão contra os povos iraquiano, afegão, palestino, entre eles Bush e Blair, aprofundou, certamente, os conflitos internos, agravando as disputas tribais, facilitando a infiltração dos que nunca aceitaram a nacionalização do petróleo líbio. Agora, a Folha de São Paulo, que se crê tão moderna, apresenta-se aliada aos que levantam novamente a bandeira da Líbia do Rei Idris, demonstrando preferir operar para o retrocesso histórico da república à monarquia, o que faria da Líbia uma colônia petroleira controlada pelos conglomerados anglo-saxões.

Enquanto as grandes redes oligopólicas de tvs comerciais operam para justificar, auxiliar e assessorar a pilhagem dos recursos energéticos dos povos, - por isso assumiram editorialmente as mentiras que justificaram a guerra de rapina contra o Iraque - Telesur coloca seu jornalismo a serviço do direito dos povos de conhecerem na íntegra a versão objetiva dos fatos, inclusive dando voz aos povos que lutam, que buscam construir modelos de sociedade em que a soberania sobre seus recursos e o seu uso em benefício da população sejam sagrados. Telesur tem consciência de quão árdua é a meta de fazer um jornalismo não controlado pelos oligopólios da guerra, do dinheiro e do petróleo. Mas, desta meta não se afastará, pois foi como expressão dos povos que se rebelam na América Latina contra a dominação imperial que nasceu e que assumiu como bandeira o princípio “ O nosso Norte, é o Sul”

(*) Beto Almeida é membro da Junta Diretiva da Telesur
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Contraponto 4851 - "Mexida no tabuleiro internacional"

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27/02/2011

Mexida no tabuleiro internacional

Do Direto da Redação -
27/02/2011

Mário Augusto Jakobskind
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O foco agora é a Líbia, governada por quase 42 anos por Muammar Khadafi, o dirigente árabe que passou a ser aceito pelo Ocidente a partir de 2003, quando decidiu fazer uma série de concessões, inclusive deixando de lado o programa nuclear. O ditador, homem forte, ou seja lá que denominação tenha, caiu nas graças dos Estados Unidos e da Europa. Afinal, o general petróleo pesa muito na balança.

De concessão em concessão, Kadhafi em 2006 abriu as portas da Líbia ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial adotando programas econômicos de austeridade em que o povo é sempre a principal vítima. As vozes roucas das ruas já se faziam sentir, mas o homem forte líbio/ditador se lixava.

Khadafi, hoje amigão do italiano Silvio Berlusconi, com quem firmou acordos petrolíferos de milhões de euros em 2008, chegou até a receber a visita da então Secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice. O dirigente líbio abriu o tapete vermelho para saudá-la. Esta, lépida e faceira, disse sorrindo que as relações estadunidenses-líbias entravam em uma nova etapa.

A questão dos direitos humanos então não passava de um mero detalhe. O cachorrinho de George W. Bush e o agora membro da Casa dos Lordes, Tony Blair, também começaram a relacionar-se com Khadafi as mil maravilhas. Cessaram as acusações raivosas segundo as quais o Coronel líbio ordenara o atentado nos céus da Escócia que derrubou um avião provocando várias mortes. Khadafi mandou até pagar indenizações aos familiares das vítimas. Agora, o tema voltou à tona.

Vão longe os tempos em que quando tomou o poder derrubando um rei subserviente aos europeus e estadunidenses, um tal de Idris, Kadhafi parecia seguir os passos de Gamal Abdel Nasser, o líder egípcio que nacionalizou o canal de Suez e trouxe grandes benefícios ao seu povo, que conheceu um tempo de estabilidade e melhoria de qualidade de vida.

Nos anos 70, Khadafi era uma espécie do que viria a ser no Terceiro Milênio o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad para os Estados Unidos e Israel. Eram sanções atrás de sanções contra o então integrante do “eixo do mal”.

Para ser ter uma ideia do tom de Khadafi, em uma entrevista para Marília Gabriela, claro, antes de 2003, ao ser perguntado o que faria se encontrasse Bush (pai), respondeu, deixando a entrevistadora desconcertada: “cuspiria na cara dele”.

Khadafi nos últimos tempos andava meio no ostracismo. Especulava-se que estaria muito doente e preparava o filho para sucedê-lo na missão de manter unidas as tribos que formam a Líbia. De fato, um dos filhos apareceu muito nos últimos dias com discursos inflamados de ameaça aos rebelados.

Uma parte da Líbia, segundo o noticiário das agências, já estaria sob controle dos rebelados e Khadafi só tinha consigo uma área da capital, Trípoli, podendo perdê-la a qualquer momento. Mas na verdade, todo esse noticiário é passível de dúvidas, porque em outros episódios históricos as agências internacionais no frigir dos ovos acabaram errando e na prática desinformando.

Os mortos pela repressão já chegariam a mil, mas não dá para confirmar o número exato de vítimas. Há informações segundo as quais a Força Aérea bombardeou a população civil, o que é desmentido pelos khadafistas. O embaixador brasileiro em Tripoli não confirmou bombardeios, mas a notícia se espalhou pelo mundo.

O líder líbio, que segundo a maioria dos analistas, estaria em seus estertores, sendo abandonado por colaboradores próximos e ministros, voltou à retórica de antes de 2003. Culpa drogados, adeptos de Bin Laden, que desmentiram em um site, o imperialismo e grupos religiosos de serem os responsáveis pela rebelião.

Como não poderia de ser, numa linguagem como sempre hipócrita, o Departamento de Estado, na palavra de Hillary Clinton condenou a violência contra o povo cometida pelo Exército líbio obediente a Khadafi. Quando o Presidente iraniano Ahmadinejad condenou a repressão ao povo, Clinton esbravejou dizendo que ele não tinha moral para falar o que falou. Como se o governo estadunidense, que sempre apoiou ditaduras sangrentas na região, tivesse. Até porque, quem apoia sem restrições a monarquia na Arábia Saudita não tem moral para coisa alguma, ainda mais falar em democracia na região ou em qualquer parte do mundo.

O que está acontecendo nos países árabes é, sem dúvida, uma grande mexida no tabuleiro internacional. Mubarak já ocupa seu lugar no lixo da história depois de 30 anos com o apoio incondicional dos governos estadunidenses. Agora, como o ventou mudou, a dupla Obama & Clinton se manifesta efusivamente em favor da democracia no Egito. Brincadeira. Ninguém perguntou aos manifestantes, que nestes anos todos foram reprimidos por armas da indústria da morte estadunidense, se aceitavam de bom grado a democracia propugnada pela potência que não quer perder o controle da região.

É complicado saber com precisão quem são os rebeldes que não querem mais Khadafi. Foi só o povo? Há notícias que em Benghazi, a segunda cidade líbia, os manifestantes que agora controlam a área, teriam hasteado a bandeira da monarquia derrubada por Khadafi e o povo, em 1969.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) lançou um comunicado dizendo que não pretende intervir na Líbia. Aí que mora o perigo. Basta consultar os jornais para ver que sempre em graves crises, como a de agora, inicialmente os dirigentes da Otan dizem que não pretendem intervir. Horas ou dias depois surgem os contingentes bombardeando ou ocupando cidades.

Como a Líbia, ou melhor, o petróleo líbio é estratégico e mesmo nos EUA o ouro negro é cada vez mais escasso, não será surpresa alguma se no país conflagrado desembarcarem tropas da Otan com parceria estadunidense sob o pretexto de estabelecer a paz.
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Mário Augusto Jakobskind*. É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
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Contraponto 4850 - "Mais de 700 mil empregados domésticos saíram da informalidade com abatimento da Previdência no IR"

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27/02/2011

Mais de 700 mil empregados domésticos saíram da
informalidade com abatimento da Previdência no IR

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Receita Federal calcula que mais de 700 mil empregados e empregadas domésticas tenham saído da informalidade, entre 2006 e 2010, com a regra que permitiu o abatimento da contribuição previdenciária no Imposto de Renda dos patrões.

A dedução, instituída pela Lei nº 11.324, foi a forma que o governo encontrou de estimular a retirada dos trabalhadores domésticos da informalidade. O benefício fiscal só é permitido a um empregado doméstico por declaração, inclusive no caso de ela ser feita em conjunto.

A renúncia fiscal com a medida, em 2010, será de aproximadamente R$ 500 milhões, de acordo com a Receita Federal. Mas o resultado definitivo só deve ser apurado após a entrega das declarações, que começa no dia 1º de março e vai até 29 de abril.

Entre 2006 e 2009, em termos nominais, São Paulo foi o estado que mais se beneficiou da regra. Os contribuintes paulistas puderam abater o total de R$ 346 milhões de contribuições previdenciárias do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Depois, vem Minas Gerais com R$ 148 milhões, seguido do Rio de Janeiro com R$ 116 milhões. Os contribuintes de Roraima, estado com menor população, abateram R$ 968 mil. Em todo o Brasil, no período, deixaram de ser recolhidos R$ 1,1 bilhão com a medida.

A contribuição patronal paga à Previdência Social incidente sobre a remuneração do empregado doméstico só poderá ser deduzida do IRPF do empregador até a declaração de 2012, quando o contribuinte mostrará à Receita seus ganhos e gastos referentes a 2011.

Edição: Lana Cristina
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Contraponto 4849 - "Revolta na Líbia?"

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27/02/2011

Revolta na Líbia?

Do O POVO Online/Colunas/concidadania

Coluna do
Valdemar Menezes

A hipocrisia de americanos e europeus em torno do que se passa na Líbia é de fazer corar frade de pedra. Na realidade, os governos ocidentais estão mais preocupados é com a questão econômica: o preço do petróleo e a migração em massa para a Europa. A questão democrática e as razões humanitárias, evidentemente, também os motivam, mas estão numa escala secundária. Com os rebeldes líbios se apoderando das áreas petrolíferas (incentivados pelo Ocidente) um pouco de alívio começa a chegar às chancelarias ocidentais. Há quem defenda, inclusive, a divisão territorial da Líbia. O raciocínio é: o petróleo ficando em “boas mãos,” o resto fica por conta do que for possível fazer. No entanto, a questão não é tão simples: causa calafrios aos governos europeus a perspectiva de uma invasão massiva de fugitivos. Embora dependam cada vez mais da mão de obra de imigrantes árabes para os serviços “sujos”, os europeus (que reduziram drasticamente o número de filhos) se desesperam com a falta de assimilação da cultura local pelos forasteiros muçulmanos, o que torna o futuro da Europa uma incógnita.

RISCO DE CAOS

Muamar Kadhafi é um tirano, todos concordam. O problema é encontrar quem o substitua sem levar a Líbia ao caos. O futuro herói teria que manter unidas as irascíveis tribos feudais líbias. Teme-se que estas partam para um genocídio autofágico. Algo como o que se passou na ex- Iugoslávia quando o país foi retalhado entre os diversos grupos étnicos, logo após a morte do ditador Josip Boz Tito. Paradoxalmente, Kadhafi não simpatiza com os fundamentalistas muçulmanos. Seu regime é laico. Mesmo assim, causa alergia nos governos ocidentais. Provavelmente, não por causa da ditadura (o Ocidente apoia a Arábia Saudita e outras tiranias semelhantes), mas, porque o líbio controla seu petróleo com mão de ferro. Ouvir EUA pregarem direitos humanos e democracia, quando suas tropas praticam horrores no Iraque, Afeganistão e Guantánamo exige sangue de barata. Claro, os povos americanos e europeus são favoráveis a uma democracia real no Oriente Médio. São eles que pressionam seus próprios governos para que sejam coerentes com os princípios que alegam defender. Estão unidos no “fora Kadhafi”, mas não deixam de identificar hipocrisia nos seus “indignados” dirigentes.
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Contraponto 4848 - "Distensão política"

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27/02/2011

Distensão política

Do Blog da Cidadania - 27/02/2011

Eduardo Guimarães

O desconforto com a presença de Dilma Rousseff na comemoração que a Folha de São Paulo promoveu pelos seus 90 anos de existência foi tão estridente que ganhou menção até na página A3 que o jornal aniversariante publicou neste domingo (27 de fevereiro de 2011), em artigo (para assinantes) de “consultor” da Associação Nacional de Jornais (ANJ) chamado Antonio Athaide. O texto afirma que o Google estaria privilegiando notícias “irrelevantes”.

O artigo em questão não teve o objetivo de tomar partido no debate sobre se a presidenta deveria ou não ter ido àquele evento, mas de reclamar do Google por, entre outras coisas, ter apresentado, no auge da repercussão do assunto e em primeiro lugar nas buscas do tópico “90 anos da Folha”, artigo do repórter da revista Carta Capital Leandro fortes que, sob o sugestivo título “Dilma na cova dos leões”, liderou as muitas reações da blogosfera política.

O artigo do jornalista da Carta Capital constituiu dura crítica à decisão da presidenta por ter ido prestigiar o jornal que muitos analistas políticos consideram que foi o que fez a oposição mais dura de um veículo de comunicação ao governo Lula, entre 2003 e 2010. E Fortes nem criticou a decisão de Dilma pelo oposicionismo da Folha, mas pela atuação do jornal na ditadura militar, atuação que o próprio veículo reconheceu, em sua edição do último dia 19, que foi de apoio inclusive logístico, além de político.

A única coisa que o artigo deixou de fora foi o fato eloqüente de que a edição de dez anos antes de uma comemoração que aquele jornal promove a cada dez anos – e que ocorreu em 2001, por conta de seus 80 anos – não contou com a presença do presidente da República de então, Fernando Henrique Cardoso, ou do governador Geraldo Alckmin, que recém-substituía o ex-governador Mario Covas, que faleceria um mês depois, em março daquele ano.

Detalhe: o editor deste blog participou da comemoração pelo octogésimo aniversário da Folha de São Paulo e, portanto, pode afirmar que não houve afluxo de autoridades nem parecido com o de sua nonagésima edição.

O fato que espantou a tantos ocorreu no âmbito de um claríssimo processo de distensão política que está em curso no Brasil e que aparenta ser uma obra de engenharia política que visaria acabar com um problema que alguns dirão de maturidade democrática do Brasil, de o país ter passado os oito anos anteriores em guerra política entre governo federal, de um lado, e a oposição e a imprensa do outro, a despeito de ter ingressado no que talvez seja a era mais dourada de sua história.

Um fato que poucos deixarão de reconhecer: ao conjunto da sociedade brasileira não interessa a guerra política que permeou os últimos oito anos. Desde o segundo mandato de Lula que este país não passou uma única semana sem que os jornais, telejornais, revistas semanais e portais de internet atirassem escândalos contra o ex-presidente Lula, que reagia criticando a imprensa em discursos quase diários.

O Legislativo foi tomado por CPI’s que não deram em nada e que impediram a discussão de temas relevantes para o país, o que obviamente desagrada a uma sociedade que, politicamente, vai confirmando a tradição brasileira de aversão aos conflitos e aos sobressaltos políticos, obviamente porque, em sua sabedoria fundada na luta pela sobrevivência, o povo só quer melhorar de vida e, assim, espera que os políticos executem o serviço para o qual os “contrata” a cada quatro anos.

O futuro dirá se a distensão política que está produzindo uma crescente troca de amabilidades e a radical redução do tom midiático em relação ao governo Dilma e simpatia dela para com os adversários políticos terá futuro ou será benéfica para o Brasil. Em princípio, pode ser que sim.

Duvido que alguém considere que o Brasil ganhou alguma coisa com a guerra entre Lula, a mídia e a oposição na década passada. E ganharam muito menos os que a travaram, pois, de um lado, o ex-presidente deixou de realizar tudo o que poderia e seus adversários, pela vez deles, sofreram desgaste político que provocou um forte encolhimento na representação da oposição no Legislativo federal, fenômeno que ficou evidente na votação do salário mínimo.

Em meio a tudo isso, uma voz segue, isolada, no mesmo tom da campanha eleitoral de 2010. José Serra, após curto intervalo de uns três meses, voltou à “tática” de desqualificar de alto a baixo os adversários – tanto a presidenta como o seu antecessor e o partido deles – enquanto luta para se manter relevante no próprio partido.

A dúvida razoável que surge é sobre se o que separava o governo Lula da grande imprensa era mera picuinha ou se ele contrariava interesses de impérios de comunicação como o grupo Folha. Não são poucos os analistas que consideram que não havia real divergência entre governo e oposição até o ano passado, mas uma mera guerra da mídia contra aquele governo que tinha como fundo a perda de prestígio dela junto ao poder, pois Lula não cansava de dizer que não lhe dava importância.

Sem bola de cristal, fica difícil saber o resultado de tudo isso. À primeira vista é bom. Dilma tem chance real de governar sem que transformem qualquer bobagem em crise, paralisando o Legislativo e desviando as atenções de todos os problemas descomunais que este país ainda tem que resolver e na pilotagem de uma economia que vai se convertendo em uma das mais dinâmicas e organizadas do planeta.

Neste primeiro ano de governo, talvez seja melhor assim. No futuro, haverá que ver quanto o governo federal fará para não causar estresse nas oligarquias midiáticas. Há questões como o pré-sal e a volúpia do andar de cima sobre essa riqueza que o país mal começa a colher, além da questão das políticas de distribuição de renda que precisam crescer devido ao resultado ainda tímido nesse campo, mesmo que a pobreza venha caindo em ritmo apreciável.

A grande sacada, agora, é adivinhar quanto custará ao país a distensão política em curso. Se avaliada pelo conceito de que o Brasil precisa quebrar paradigmas e contrariar interesses para dar dignidade a percentual aceitável de seu povo, pode vir a se tornar muito cara. A menos que a direita midiática tenha finalmente entendido que precisa ceder os anéis para preservar os dedos, o que parece bom demais para ser verdade.
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Contraponto 4847 - "O Trabalho intelectual no Brasil de hoje"

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27/02/2011
O Trabalho intelectual no Brasil de hoje

Do Blog do Emir - 27/02/2011

Emir Sader*

Nomeado, mas ainda não empossado para dirigir a Fundação da Casa de Rui Barbosa, eu não queria seguir alimentando mais entrevistas, declarações, palavras, enfim, depois de ter sugerido as ideias inicias com que pretendemos nortear o trabalho na direção da Casa.

No entanto, uma vez instaurado um debate saudável – um primeiro objetivo, o de suscitar o debate sobre a função de um espaço cultural público no momento que vive o país -, com as inevitáveis e bem vindas reações e as negativas manipulações ou edições unilaterais de matérias, vale a pena voltar ao assunto, com um breve texto de responsabilidade totalmente minha.

Antes de tudo, para reafirmar o respeito por todo o extraordinário trabalho que a FCRB vem desenvolvendo, seja na conservação do acervo, na pesquisa, na promoção de eventos e em tantas outras atividades, que o consagrou como um espaço de referência nessas atividades, em que abriga alguns dos melhores pesquisadores das distintas especialidades a que a Casa se dedica. Isto nunca esteve em questão. Trabalharemos, em estreita colaboração com o MINC e a Ministra Ana de Hollanda, assim como com outras instâncias do governo que já manifestaram interesse concreto em articular suas atividades considerando a Casa como um espaço de reflexão de todas as Secretarias do MINC, assim de outros Ministérios do governo – como o MCT, o Ministério da Saúde, de Comunicação, da Educação, do Meio Ambiente, dos Esportes, as Secretarias de Políticas para as Mulheres, dos Direitos Humanos, de Igualdade Racial, dos Esportes. A Casa buscará ser, além de todas as tarefas que já cumprem de forma efetiva, um espaço mais integrado ao MINC e ao governo federal, instâncias às quais pertence institucionalmente.

Essas demandas, junto à necessidade de incentivar debates que ajudem a compreensão do Brasil contemporâneo – além daqueles que a Casa já desenvolve – nos levam a programar atividades específicas, dirigidas a decifrar as imensas transformações que o Brasil sofreu nas duas últimas décadas. É uma lacuna que já apontava a conversa que tivemos com a atual Presidenta Dilma, quando Marco Aurélio Garcia e eu fazíamos uma entrevista para o livro "O Brasil, entre o passado e o futuro" (Editoras Perseu Abramo, organizado por Marco e eu), quando constatávamos como faz falta hoje ao Brasil um novo impulso teórico e cultural, que sempre acompanhou os momentos de grandes transformações politicas do país.

Recordávamos como isso ocorreu nos anos 30, concomitantemente ao primeiro governo do Getúlio, que dava origem ao Estado nacional contemporâneo, com obras como as de Caio Prado Jr., Sergio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Anísio Teixeira, entre tantos outros. Realizada um pouco antes, mas estendendo sua influência por todas as décadas posteriores, a Semana de Arte Moderna condensou todas as grandes correntes artísticas renovadoras que povoam até hoje a arte brasileira.

Na virada dos anos 50 para os 60 do século XX, juntos aos acelerados processos de urbanização e de industrialização, com o fortalecimento de classes e forças sociais fundamentais no processo de profunda democratização por que passava o país, o desenvolvimento de obras como de Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Werneck Sodré, todo o grupo do ISEB – sem querer mencionar a todos -, enquanto a bossa nova, o cinema novo, o boom e a renovação criativa no teatro brasileiro, assim como nas artes plásticas, agora a presença exponencial de Oscar Niemeyer, Burle Marx, para referir-nos apenas a alguns dos arquitetos e paisagistas. A lista e as atividades são extensas, na maior concentração de arte criativa e original que o Brasil conseguiu produzir em um espaço relativamente curto de tempo. (Certamente se podem acrescentar muito mais nomes e atividades, estas aparecem aqui apenas a titulo de exemplos.)

Não há dúvidas hoje de que o Brasil vive, ao longo da primeira década deste século, que tudo indica que se projetará pelo menos por esta década, um outro período de grandes transformações, que pode ser comparado com os mencionados anteriores, com suas particularidades, tanto na forma dessas transformações, como nos processos políticos que as levam adiante. A consolidação de um modelo econômico intrinsecamente associado à distribuição de renda faz com que o Brasil tenha começado a atacar o principal problema que o país arrasta ao longo dos seus séculos de história: a desigualdade social, que fez com que fôssemos o país mais desigual da América Latina, que por sua vez é o continente mais desigual do mundo.

Pela primeira vez na nossa história estamos conseguindo diminuir de forma significativa a desigualdade no Brasil, e em proporções que nos permitem dizer que a própria estrutura social a que estávamos acostumados – uma pirâmide bem larga na base, que ia se afinando conforme se subia na estrutura social, como um filtro que permitia que poucos pudessem estar no meio e muito menos ainda no topo da pirâmide – mudou radicalmente de figura.

Além de múltiplos outros fenômenos, que projetaram muito mais e de forma distinta o Brasil no mundo, aliado preferencialmente aos países vizinhos da América Latina e aos do Sul do Mundo, que representamos mais de 85% da população do mundo, mas contamos com percentual brutalmente inferior da riqueza mundial. Por isso o lugar do Brasil como potência emergente, que representa uma nova forma de encarar os problemas econômicos, sociais, políticos, energéticos, ambientais, educacionais, culturais, dos direitos das minorias politicas, entre outros, mudou, tendo sido dirigido na primeira fase desse processo por um líder politico de origem no movimento sindical de luta contra a ditadura, seguido pela primeira mulher Presidenta do Brasil, que esteve diretamente vinculada à resistência àquela mesma ditadura – passou a viver o período de sua maior projeção regional e mundial.

Muitos outros aspectos dessas profundas e extensas transformações – a principal das quais, ao diminuir substancialmente as desigualdades, passou a governar para todos no maior mecanismo de inclusão social que havíamos conhecido – podem ser mencionados, para ressaltar a transcendência do momento histórico que passamos a viver na entrada do novo século.

No entanto, sem subestimar a vigorosa e extensa produção intelectual que a vida acadêmica brasileira e outras instâncias inovadoras passaram a produzir nas últimas décadas, é necessário constatar que as transformações que o país vem vivendo, tem se dado em ritmo mais avançado do que o ritmo do avanço da capacidade de produção teórica de dar conta das profundas, diversificadas e novas transformações que o Brasil passou a viver, especialmente nas duas últimas décadas.

O próprio debate eleitoral refletiu isso. Por um lado, a grande maioria dos meios de comunicação, com uma visão sistematicamente crítica do desempenho do governo Lula – que acreditava que já em 2005 o governo estava morto ou ferido de morte, para dar apenas um exemplo da incapacidade de se situar diante das transformações já em curso naquele momento – e que, ao final desse governo, teve que conviver com um Presidente com 87% de apoio e apenas 4% de rejeição. O que dava conta, sinteticamente, como o ponto de vista amplamente majoritário na mídia – em uma mídia que havia reduzido seu pluralismo a espaços residuais – se chocava com o Brasil realmente existente, que havia entrado em um período da maior unificação nacional, de forma consensual, em torno de um projeto protagonizado por esse governo atacado por escrito, nas rádios e nas TVs, sistematicamente.

Por outro lado, é preciso dizer também – como referido em "O Brasil entre passado e o futuro" – que os grandes avanços do governo Lula foram feitos muito mais de forma empírica, pragmática, baseados na extraordinária intuição política do Lula, com ensaios e erros, com exploração de espaços novos e mais fáceis de avançar – como a prioridade das políticas sociais ao invés do ajuste fiscal, da integração regional, ao invés dos Tratados de Livre Comércio com os EUA -, mas sem uma teorização dos passos que se estavam dando, de reflexões estratégicas sobre as direções em que se caminhava, com seu potencial, seus limites, suas contradições.

O certo é que temos que nos orgulhar de todas essas transformações, que estão fazendo do Brasil um país menos injusto, mas como intelectuais, como artistas, temos que constatar que não estamos até aqui correspondendo, com a formulação de grandes debates sobre os caminhos que o Brasil está cruzando, seus potenciais, suas contradições, seus limites, suas novas necessidades. Um debate obrigatoriamente crítico, contraditório, que tem que dar lugar para todas as vozes, uma discussão pluralista, necessariamente multidisciplinar, para abordar todas as esferas e dimensões afetadas pelas transformações em um país tão amplo e contraditório como o nosso.

O mandato que pretendemos levar a cabo na Casa de Rui Barbosa não se choca em nada nem com as atividades que vêm sendo desenvolvidas com grande empenho e rigor na Casa, assim como com os objetivos tradicionais que a trajetória de um personagem ímpar na nossa história, como estadista, homem de visão ampla, de ideológica pluralista, como Rui Barbosa, projetou sobre a nossa história e nos deixou exemplos de formas de abordagens, para sua época de temas contemporâneos candentes, tanto de politica interna, como de defesa dos interesses do Brasil no mundo.

Buscaremos fomentar grandes conferências – mensais ou mesmo quinzenais – com participação dos grandes pensadores contemporâneos que têm, de uma ou de forma, buscado decifrar os enigmas representados pelas novas circunstâncias históricas que vivemos ou pelas tradicionais, revestidas de novas roupagens. Não há limite, nem no número, nem nas correntes dos que serão convidados pela Casa – indo de Marilena Chauí a José Murilo de Carvalho, de José Miguel Wisnik a Caetano Veloso, de Tania Bacelar a Bresser Pereira, de Carlos Nelson Coutinho a Maria Rita Kehl, de José Luis Fiori a Chico de Oliveira (e a lista é necessariamente grande e, ainda assim redutiva). Chamaremos para reuniões periódicas todos os intelectuais e artistas que se disponham a participar, para ouvi-los, escutar suas propostas, promover intercâmbios de ideias sobre os rumos das atividades da Casa. Ao mesmo tempo abriremos um espaço de consulta na página da Casa, para que sugestões de nomes, temas e modalidades de atividade, sejam encaminhados.

Essas conferências, assim como todas as outras que viermos a realizar – seminários sobre Cultura e Politicas Culturais, sobre Propriedade Intelectual, entre outros – serão transmitidas ao vivo pela internet, com possibilidade de participação e formulação de perguntas à distância, com os vídeos sendo arquivados na página da FCRB para serem vistos posteriormente e gravados, se assim se desejar.

Está claro que pretendemos seguir cumprindo todas as atividades atuais da Casa, reforçando-as. Ao buscar dispor de melhores condições de trabalho e de espaço para os acervos, necessariamente temos que ter, como um esforço conjunto da FCRB, junto com o MINC e outras instâncias do Governo Federal que já têm se mostrado sensíveis, o aumento de pessoal, seja mediante novos concursos, seja mais bolsas e outras modalidades de expandir nossa capacidade de trabalho.

Vários outros projetos já foram propostos à Casa – como, em coordenação com a Biblioteca Nacional, desenvolver um amplo trabalho coordenado para a participação do Brasil como país convidado da Feria de Frankfurt de 2013, e realizar um seminário no curto prazo, junto com a Secretaria dos Direitos Humanos, sobre experiências similares à Comissão da Verdade, em países vizinhos, entre outros. Buscaremos as formas e meios para executar esses projetos, o que impossível sem o aumento e a melhoria da capacidade de ação da Casa.

A FCRB e nenhum órgão publico produzem cultura. Eles devem fomentá-la, incentivá-la, gerar as melhores condições de sua produção e difusão. Como disse a Presidenta Dilma na referida entrevista, nós não acendemos foguinhos, mas vamos assoprar a favor todos os que existam ou apareçam. Modestamente a Casa pretende se inserir nessa dinâmica, plural e criativa, de apoiar o surgimento e o fortalecimento das distintas formas de expressão intelectual e artística que nos tornem mais contemporâneos deste momento extraordinário que o Brasil vive.

Em momentos anteriores, o pensamento crítico e os movimentos artísticos de vanguarda apontavam os caminhos de futuro para o Brasil. Hoje devemos dizer que a História avança mais rápido que nossa capacidade de compreensão e de criação culturais correlatas a seu ritmo e a seus novos itinerários. O Brasil tem como um dos seus melhores patrimônios seus artistas e seus intelectuais. Trabalhemos para que a compreensão teórica do Brasil e a criação artística do século XXI, se fortaleçam ainda mais. Nós sopraremos, com todas as forças, todas as milhares de brasinhas que existam e apareçam.

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político

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Contraponto 4846 - Charge on line do Bessinha

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27/02/2011
Charge do Bessinha (308)

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Contraponto 4845 - Frases da Carta Maior

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27/02/2011

Frases da Carta Maior

LUCRO PRIVADO E INTERESSE PÚBLICO


" Defensores da privatização sempre argumentaram que, uma vez vendidas, as estatais prestariam contas aos mercados, o que por definição as tornaria mais eficientes, honestas, antiácidas e belas, propiciando ganhos a acionistas, empregados e consumidores. A troca parecia barata e bacana. No Brasil, o exemplo arrematado das virtudes privadas seria a Vale do Rio Doce, que esta semana lustrou prognósticos dourados ao informar o maior lucro da história das mineradoras em todo o mundo: R$ 30 bilhões, limpinhos, em 2010. A euforia durou menos de 24 horas. Antes que as manchetes comemorativas envelhecessem, a Petrobrás -- que também tem ações no mercado, mas é controlada pelo Estado brasileiro-- veio divulgar que o seu lucro em 2010 foi um pouco maior: de R$ 35 bilhões. Com algumas notáveis diferenças. O plano de investimentos da petroleira, em processo de revisão, o que poderá ampliá-lo-- prevê inversões de US$ 224 bilhões de dólares até 2014. Por ser predominantemente pública, a empresa deu ao país a maior descoberta de petróleo do planeta dos últimos 30 anos. A exploração soberana das reservas do pré-sal --com agregação de valor local e formidável demanda por equipamentos - figura como o maior impulso industrializante da história econômica brasileira. O que seria do pré-sal se a Petrobrás tivesse se transformado numa Vale do Rio Doce do petróleo? Vejamos: a mineradora vai distribuir US$ 4 bi em dividendos aos acionistas este ano. Mas se recusa a investir 5% do lucro líquido, US$ 1,5 bi, em uma unidade produtora de trilhos no Brasil. Para atender ao imediatismo dos mercados, prefere intensificar o embarque de minério bruto à China, de onde importamos trilhos para a expansão ferroviária brasileira. O círculo virtuoso, como se vê, tem um raio mais estreito do que apregoavam os tucanos para justificar a venda da empresa em 1997, por apenas R$ 3 bi --dez vezes menos do que o lucro obtido agora. "

(Carta Maior, Domingo, 27/02/2011)
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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Contraponto 4844 - "Piso salarial dos professores tem reajuste de 15,85%"

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26/02/2011


Piso salarial dos professores tem reajuste de 15,85%



Do Amigos da Presidente Dilma - por Zé Augusto - 26 de fevereiro de 2011

O piso salarial dos professores passa a R$ 1.187,00 para jornada semanal de 40 horas de trabalho. O aumento foi de 15,85% e é retroativo a janeiro.

Este salário é o mínimo obrigatório em todo o território nacional, em todas as escolas, sejam públicas ou privadas.

O reajuste segue a variação do custo anual mínimo por estudante do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb).
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Contraponto 4843 - "Lucro da Petrobrás é espetacular: R$ 35 bi."

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26/02/2011

Lucro da Petrobrás é espetacular: R$ 35 bi.

Alô, alô, Globo ! Vai encarar ?


Do Conversa Afiada - Publicado em 25/02/2011

Só para irritar o Ali Kamel



Saiu no G1:

Petrobras tem lucro líquido recorde de R$ 35,2 bilhões em 2010

Valor representa alta de 17% em relação aos R$ 30,051 bilhões de 2009. No quarto trimestre, ganhos chegaram a R$ 10,6 bilhões.

Bernardo Tabak Do G1 RJ

A Petrobras fechou 2010 com lucro líquido recorde de R$ 35,189 bilhões, alta de 17% em relação aos R$ 30,051 bilhões apurados em 2009. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (25) pelo diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Almir Guilherme Barbassa, em entrevista coletiva na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. “Fizemos a maior capitalização da história, de R$ 120 bilhões”, destacou o diretor.

Somente no quarto trimestre do ano passado, a estatal registrou lucro líquido de R$ 10,602 bilhões, valor 24% superior aos R$ 8,566 bilhões do trimestre anterior. “O quarto trimestre também foi recorde para a empresa”, destacou Barbassa.

“Alguns dos fatores que levarem ao lucro recorde foram a redistribuição do portfólio financeiro, que gerou menos impacto para as contas da empresa. O processamento de 4% a mais de óleo nacional, o aumento do refino de diesel, o nível de geração e de venda de gás também aumentou muito. Tudo isso contribuiu para esse resultado”, detalhou o diretor.

Barbassa também falou a respeito do aumento da produção da Petrobras. “A produção de gás natural cresceu 5% em 2010, em comparação com 2009. A atividade econômica crescente no Brasil provocou uma demanda muito grande pelo gás natural e, claro, por outros tipos de gás, como o GLP (gás liquefeito de petróleo), entre outros combustíveis. Entretanto, com a produção de gás ainda é muito menor do que a de petróleo, o aumento da produção total ficou em 2%”, explicou.

Em 2010, a Petrobras investiu R$ 76,411 bilhões, ante R$ 70,757 bilhões em 2009. “O investimento em 2010 ficou 14% abaixo do que esperávamos investir. Mas isso já esperado, pois ocorrem atrasos em entregas de equipamentos, algumas licitações não são feitas”, disse o diretor.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) — que mede a capacidade de geração de caixa — foi de R$ 60,323 bilhões no ano, com alta de 1,4%, e atingiu R$ 14,584 bilhões no trimestre, um aumento de 1,9%.

Nesta sexta-feira, o Conselho de Administração aprovou o pagamento R$ 2,217 bilhões de juros sobre o capital próprio, que corresponde a R$ 0,17 por ação. Ainda vão ser pagos R$ 1,565 bilhão de dividendos”

O balanço está de acordo com os padrões internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards – IFRS).


(Com informações do Valor Online)

Navalha

O Globo é o jornal que tenta destruir a Petrobras desde que foi fundada pelo Dr Getulio, em 1953.

Na época, o Roberto Marinho trabalhava de mãos dadas com o Assis Chateaubriand e a Embaixada americana.

Hoje, com o Estadão, Roberto Campos, o resto do PiG (*) e a Chevron do Cerra.

E talvez a Embaixada americana, nunca se sabe.

É preciso esperar pelo WikiLeaks.

O record espetacular desmoraliza os jenios neoliberais que ocupam os jornais do PiG (*) para subir na vida à custa da Petrobras.

Recentemente, o Economista-Chefe do banco espanhol Santander tentou desqualificar a Petrobras num debate público.

Ele disse também que no Orçamento da União, com a Dilma, cabe qualquer coisa.

Deve ser alguma viúva da Petrobrax, que o Nunca Dantes sepultou no fundo do mar, ao lado da P-36.

Como diz um blogueiro ansioso: a eleição de 2010 foi sobre o pré-sal.

A de 2014 também será.

Quem mandará no pré-sal: o povo brasileiro ou a Chevron do Cerrra ?

Em tempo: liga o Vasco. É o maior lucro de uma empresa negociada na Bolsa do Brasil. Quem vai cortar os pulsos é aquele Agnelli da Vale.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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Contraponto 4842 - "Paulo Bernardo e a 'pegadinha' que pegou na blogosfera"

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26/02/2011

Paulo Bernardo e a "pegadinha" que pegou na blogosfera


Do Blog do Nassif - 25/02/2011

Enviado por luisnassif, sex, 25/02/2011 - 20:29

Quando o Ministro Paulo Bernardo explicou que estava passando um pente fino na proposta de nova lei das comunicações, para impedir que escapasse alguma bobagem, a intenção era clara. Em muitos outros momentos – Lei do Audiovisual, Conferência Nacional da Mídia, a própria Lei das Comunicações – a velha mídia pegava um ponto qualquer, uma palavra solta, tirava do contexto e armava o escândalo.

A intenção do pente fino não era questionar o conteúdo da proposta de Lei das Comunicações legada por Franklin Martins, explica ele, mas analisar o que poderia ser utilizado como «pegadinha» por parte da mídia.

Justo na entrevista em que procurava se calçar contras as «pegadinhas», Paulo Bernardo falou em «bobagem». Era a pegadinha que faltava.

Hoje, os jornalões saíram com chamadas, insinuando que o Ministro estava criticando o autor do estudo, Franklin Martins. Conseguiram criar um enorme alarido em toda a blogosfera. Uma colunista da velha mídia ligou para ele perguntando qual tinha sido a reação de Franklin Martins. Resposta: ele sabe como vocês atuam.

Criou-se uma situação paradoxal.

Dias atrás, Paulo Bernardo esteve no Sindicato dos Bancários explicando de viva voz as intenções do governo em relação ao tema. No entanto, bastou uma «pegadinha» da velha mídia para a discussão degringolasse. Os críticos da velha mídia esqueceram da palestra ao vivo do Ministro e passaram a tratar como verdade absoluta a «pegadinha».

Explica Paulo Bernardo que esteve hoje com Dilma Rousseff e que a agenda continua do mesmo modo. Primeiro, leitura detalhada do projeto, discussões internas no governo e debate aberto com a sociedade. Antes de remeter para o Congresso, nova discussão interna para uniformizar o entendimento do governo em relação à matéria.

Será mantida a proposta de regulação da mídia tal qual apresentada por Franklin: sem nenhum tipo de controle prévio de conteúdo, mas com uma Agência regulando o percentual de produção independente, produção nacional e, a posteriori, os conteúdos que ferem a constituição e o código penal.

Não se mexerá na questão do capital estrangeiro. Para produção jornalística permanecerá o máximo de 30%. Mas Paulo Bernardo admite não ter como controlar, por exemplo, o trabalho de um Terra, de uma Reuters.

Lembra algo que testemunhou esta semana em Foz do Iguaçu. Uma emissora argentina alcança ouvintes brasileiros. Passou a vender comerciais para lojas do lado brasileiro. As emissoras brasileiras foram reclamar mas o Ministro constatou que nada podia ser feito: era uma emissora argentina, legalizada, vendendo publicidade para lojas brasileiras.

Ou seja, se uma BBC, Reuters ou Terra pretender vender publicidade no Brasil, não haverá como impedi-los.
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Contraponto 4841 - "Zeitgeist, o espírito da nossa época"

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26/02/2011


Zeitgeist, o espírito da nossa época

Do Blog Cidadania - 25/02/2011

Zeitgeist ( (audio); pronúncia: tzait.gaisst) é um termo alemão cuja tradução significa espírito de época, espírito do tempo ou sinal dos tempos. O Zeitgeist significa, em suma, o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo numa certa época ou as características genéricas de um determinado período de tempo.

(by Wikipedia)

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A época em que vivemos. O homem como ele se tornou. Seus costumes, sua devassidão, seus ódios, seus rancores, seus medos, sua cobiça, sua inveja, seu ciúme, sua violência, sua impiedade, sua perversidade, sua mesquinhez, seu imediatismo, sua indolência, seu fanatismo, seus exageros, sua imprecisão, sua desonestidade, sua parcialidade, sua omissão, enfim, seus demônios interiores da forma como atravessaram os séculos e de como o fizeram se converter no ser previsível, movido pelo bombardeio da informação e nunca, jamais, pela capacidade de pensar individualmente.

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Zeitgeist, o Filme (Zeitgeist, the Movie, no original) é um filme de 2007 produzido por Peter Joseph, aborda temas como Cristianismo, ataques de 11 de setembro e o Banco Central dos Estados Unidos da América (Federal Reserve).Ele foi lançado online livremente via Google Video em Junho de 2007. Uma versão remasterizada foi apresentada como um premiere global em 10 de novembro de 2007 no 4th Annual Artivist Film Festival & Artivist Awards.

Em 2 de outubro de 2008 foi lançado um segundo filme, continuação do primeiro, chamado Zeitgeist: Addendum, no qual se tratam temas como aglobalização, a manipulação do homem pelas grandes corporações e instituições financeiras, e aborda a atual insustentabilidade material e moral dahumanidade, apresentando o Projeto Vênus como solução para o problema.

(By Wikipedia)

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Graças a dica do leitor Joelson, apresentarei, a seguir, a terceira parte da trilogia (até aqui) Zeitgeist : “Moving forward”, ou “O Futuro é Agora”. Foi lançada em outubro do ano passado com embargo para difusão livre na internet até 25 de janeiro deste ano. Julguei melhor apresentar o documentário em 12 partes, de forma que não ficasse muito pesado. Faça o que fizer, leitor, não deixe de assistir.




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